por Carlos Castelo
Era uma vez Uma Vez. Uma Vez trabalhava com Matemática, no setor de Contas. Seu departamento era o de Multiplicação: para lá iam todas as operações que envolviam o “vezes”. E até mesmo contas com números fracionários.
Apesar de não entender nada de subtração, Uma Vez se sentia diminuído. O motivo era simples: tudo o que ele multiplicava ficava igual a si mesmo. Uma vez cinco continuava sendo cinco. Uma vez quatro trilhões e novecentos bilhões permanecia quatro trilhões e novecentos bilhões. Não tinha graça nenhuma.
Na real, ele invejava o Oito Vezes. Imagine só a emoção de se multiplicar por si próprio e se transformar em sessenta e quatro. Quem dera ter essa habilidade extraordinária.
Cansado da mesmice, Uma Vez decidiu pedir transferência para o departamento de Potenciação. “Quem sabe lá eu não me sentirei mais elevado, mais potente?”, pensou.
Porém, na nova função, nada mudou. Uma Vez continuava regredido. Desanimado, optou por se aposentar e passar o bastão para um estagiário, o Zero. Já era hora de dar chance às novas gerações.
(Publicado no O Dia)