Foto de Ralf G. Stade
6:53Justiça Militar dá show de corporativismo diante de viúva
por Bruno Boghossian, na FSP
Quantos tiros um grupo de agentes pode dar em inocentes desarmados sem acabar na cadeia? O STM liberou a marca de 257
Quantos tiros um grupo de militares pode disparar contra uma família de civis desarmados sem cumprir pena na cadeia? O Superior Tribunal Militar liberou a marca de 257. Na noite de quarta (18), a corte reduziu a punição dos agentes que mataram o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo, em 2019. Eles passarão três anos em regime aberto.
O julgamento consagrou a tese de que os oficiais, cabos e soldados que participavam da operação no Rio não tinham a intenção de matar ninguém, com tiros dados num contexto de confronto com bandidos. Analisar as circunstâncias de dolo e culpa de agentes de segurança é dever de qualquer juiz. Os ministros vencedores, porém, preferiram tratar os atiradores como vítimas.
O tenente-brigadeiro Carlos Augusto Oliveira, relator do caso, aceitou a defesa dos militares, que dizem ter confundido o carro de Evaldo com um veículo usado por bandidos. Ele afirmou que os agentes tentavam “conter uma ação criminosa, ainda que imaginária”. Num exercício de especulação, disse ainda que o músico pode ter sido morto numa troca de tiros com criminosos, sem a certeza de que os disparos partiram dos agentes do Exército.
No voto, o relator fez uma ponderação. Apontou que o grupo de militares errou na identificação do carro, deixou de verificar se Evaldo estava armado e não considerou a opção de ferir o motorista em vez de atirar para matar. Faltou explicar se alguma parte da abordagem estava certa.
Outros ministros encenaram um show de corporativismo diante da viúva e do filho de Evaldo. Revisor do processo, José Coêlho Ferreira descreveu a situação das mortes como “uma grande confusão”. O general Lúcio Mário de Barros Góes disse que lamentava sentenciar “pessoas de bem pela trágica ocorrência”.
A índole dos agentes não estava em julgamento. A única questão a ser considerada é se um grupamento que ignora as circunstâncias de uma abordagem e dispara 257 tiros assume ou não a intenção de matar. Militares “de bem” podem cometer erros, mas precisam ser responsabilizados na medida de suas ações. A Justiça Militar deu todas as provas de que não tem interesse em submeter os seus a essa provação.
6:50A VIDA COMO ELA É
Foto de Roberto José da Silva
6:45Apertem os cintos: criança a bordo!
por Carlos Castelo
O homem tinha acabado de descobrir que seu assento no voo era ao lado de uma criança.
O terror começou antes mesmo de ele se acomodar; o menino, com a energia de um coelho que caiu numa piscina de cafeína, chutava o assento da frente com vontade.
Ele suspirou, ajustou os fones de ouvido e lançou um olhar fulminante para a pequena criatura ao seu lado.
A mãe do garoto, em estado de exaustão parental, já havia abandonado qualquer esperança de controlar o minitornado. Apenas sussurrou: “ele é tão animado!” com um sorriso que pedia desculpas por todas as decisões de vida que levaram àquele momento. Inclusive, o ato sexual.
O homem respondeu com um sorriso triste que queria dizer: “Se ele ficar animado assim por mais tempo, vou abrir a saída de emergência e jogá-lo”.
O avião decolou, e começou a batalha. O garoto estava mesmo disposto a desrespeitar as leis da física ou as normas básicas de convivência. Começou espancando a mesinha retrátil, tentando descobrir se ela poderia ser usada como catapulta. Depois, abria e fechava a janelinha. A cada “CLACK!”, o homem sentia a paciência escorrer pelos poros.
Mas o auge veio quando o tsunami decidiu formular perguntas. Aquelas que apenas uma criança daquela idade consegue inventar, com um nível de criatividade que faria Picasso parecer Romero Britto.
— Moço, o que acontece se eu puxar essa coisa? — perguntou ele, apontando para a máscara de oxigênio.
— Você aprende a voar — respondeu o homem, sem levantar os olhos do tablet.
— Sério?! — O garoto arregalou os olhos, considerando puxar o objeto.
Depois vieram as perguntas filosóficas.
— Por que o avião é branco? — ele perguntou, com uma expressão de quem precisava muito dessa resposta.
— Porque a manutenção é mais barata — o homem respondeu, sem a menor paciência.
— Mas e se fosse vermelho? Ele ia ser mais rápido, tipo o carro do meu pai?
— Talvez — disse o homem, já conformado com o interrogatório.
A mãe tentou intervir algumas vezes, mas o garoto tinha o instinto de detectar o momento exato em que ela estava dormindo. Era aí que ele tocava o terror.
Quando o lanche foi servido, o passageiro achou que teria um momento de paz. Doce ilusão. O diabinho derrubou suco de laranja na camisa dele, seguido por um angelical “foi sem querer”. O homem, que até então conseguira manter uma fachada de dignidade, olhou para a criança como se fosse um juiz prestes a dar uma sentença de prisão perpétua. Mas, antes que pudesse dizer algo, o menino completou:
— Moço, sua camisa ficou igual a um tigre! Agora você é feroz!
O homem, contra todas as probabilidades, soltou uma gargalhada. Como é que uma criatura tão novinha podia ser tão irritante e, ao mesmo tempo, tão verdadeira? Olhou para o menino, que estava agora com um pedaço de bolacha grudado no nariz, e percebeu que era um mini humano sem filtro — e talvez houvesse algo de admirável nisso.
Quando aterrissaram, o homem estava exausto. Porém, era parte do jogo, os guris têm prioridade na vida.
Enquanto pegava a bagagem de mão, o menino lhe disse:
— Moço, você é muito legal.
— Obrigado, meu amiguinho – o passageiro respondeu, enternecido.
Ao que o guri completou:
— Quando eu crescer, quero ser igual a você, só que não vou usar peruca.
(Publicado no Estadão)
6:41A VIDA COMO ELA É
Foto de Lina Faria
19:29JAMIL SNEGE
O velho índio foi encontrado vagando pela floresta, aparentemente perdido. Perguntaram-lhe. Respondeu cheio de brios: “Perdi foi minha casa; não consigo encontrá-la”. Quanta lição, Senhor. O homem pode perder sua casa, sua rua, os rostos que ama – sem jamais se perder de si mesmo.
19:12O palito de Ratinho Junior
Ratinho Junior disse que o pacote de corte de gastos de Lula “é como economizar palito em banquete”. O governador do Paraná quer ser candidato à presidência em 2026. A frase é boa e marqueteira, mas o líder petista pode responder afirmando que, onde todo mundo enxerga um palito, ele vê a floresta. Isso é política!
19:01NELSON PADRELLA
É muito bom ter companhia no Natal. Em minha janela formigas pretas graúdas caminham numa direção e cumprimentam as que vêm em sentido contrário. Daí, as que foram para o lado de lá retornam e cumprimentam de novo as mesmas formigas cumprimentadas. Fazem isso todo santo dia, dia após dia. Trabalhar que é bom, nem pensar.
Tentei encontrar uma lógica nesse comportamento e tudo o que consegui foi um torcicolo pré-nataĺino.
15:10A VIDA COMO ELA É
Foto de Zeca Corrêa Leite
15:08DR. ZURETA
Neste Natal, muita gente não quer saber do presente – quer mesmo saber o que lhe reserva o futuro.
15:06Em Maringá, PF deflagra a segunda fase da operação Cold Meal que investiga fraudes a licitações
A Polícia Federal informa
A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, 19/12, a segunda fase da Operação Cold Meal, com a finalidade de investigar desvios de verbas públicas por meio de crimes de frustração do caráter competitivo de licitação, constituição de organização criminosa, lavagem de dinheiro, além de outros crimes correlatos.
A investigação foi iniciada a partir de denúncia anônima que narrava possível desvio de verbas públicas por meio de fraudes a licitações realizadas pela Prefeitura de Maringá, durante a Pandemia do COVID-19, as quais custaram cerca de R$ 1.700 milhão aos cofres públicos.
Com a deflagração da 1ª fase da Operação, foram localizados diversos elementos que corroboram a ocorrência de fraudes em licitações em Maringá e região, não se restringindo àquelas ocorridas durante o período da pandemia global. Foram encontrados indícios de que empresários em conluio, através de simulação de concorrência, combinação de preços e lotes, participavam de diversas licitações já com direcionamento de vencedores e aumento do preço dos produtos. Outro método verificado foi a utilização de notas fiscais fraudadas para induzir ao reequilíbrio de preços do contrato, aumentando assim os valores obtidos.
Esta segunda fase teve como alvo outros envolvidos, inclusive dois servidores públicos da Prefeitura de Maringá, em razão de indícios de conluio com empresários para fraudar as licitações.
10:39DR. DIVAGO
Jackson Pollock, taí um cara que entendia do riscado.
10:38A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Foto de Daniel Castellano
10:16JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
Para quem acompanha o noticiário diariamente, o Brasil não dá um minuto de sossego – é um espanto seguido de mais dois e assim por diante.
10:13O problema é o time da Gleisi
De Rubens Ometto, dono da Cosan, um dos maiores grupos empresariais do país:
Eu acho que Haddad e o pessoal dele pensam direito. O problema é político, com o time da Gleisi. Fica ali pressionando o presidente e dificulta a tomada das medidas que, tecnicamente, têm que ser tomadas. Mas se eles tiverem coragem de fazer, esse país decola fácil.
10:06Coisas amargas
Certas coisas só são amargas se a gente as engole. (Millôr)
9:40PetBras
O Gaiato da Boca Maldita leu que o presidente Lula sancionou a lei que obriga união e municípios a cadastrarem pets. Segundo o colunista Leandro Mazzini, “seria um tipo de RG nacional bicho, como nome do pet, endereço onde vive, cadastro atualizado de vacinas, nome dos tutores e o mais curioso, ainda não obrigatório, porque precisa regulamentar: uso de chips para monitoramento, caso se crie um órgão a nível federal”. A possibilidade de aparecer uma “PetBras” deixou o Gaiato entusiasmado. Tanto que logo começou a se manifestar na Boca: “Au, au, au!”
9:20SPONHOLZ
9:17Cícero disse há mais de 2 mil anos, e é como se repetisse hoje e sempre
No Blague do blog, de Jorge Mosquera
— Uma conspiração criminosa — ele disse, balançando desesperadamente a cabeça. — Pior: uma conspiração burra. Esse é o problema, Tiro, quando soldados resolvem fazer política. Imaginam que a única coisa que precisam fazer é sair dando ordens, e todo mundo vai obedecer. Não conseguem perceber que a única coisa que em princípio os torna atraentes, o fato de serem supostamente grandes patriotas, acima da imundície da política, é, no final, o que pode derrotá-los, porque ou eles permanecem acima da política, e nesse caso não vão a lugar nenhum, ou entram de cabeça na lama junto com todos os demais, e aí se mostram tão venais quanto qualquer mortal.
(Marco Túlio CÍCERO em conversa com seu escravo e secretário Tiro, em Roma, há cerca de 2080 anos. Extraído da biografia romanceada Trilogia de Cícero, Livro I – Imperium, de Robert Harris, tradução de André Pereira da Costa, Editora Record – 2009)
9:00Da presidente do STM: “Militares devem se subordinar ao poder civil”
De Luiz Claudio Cunha:
A nova presidente do STM, que assume em março, é a única mulher entre os 15 ministros. Essa entrevista da Elizabeth Rocha ao UOL, hoje, é uma das coisas mais importantes e inspiradoras que li na imprensa. “Militares devem se subordinar ao poder civil. Militar não deve ocupar cargos políticos. Isso leva a política para dentro dos quartéis. MIlitar só sobe em palanque no 7 de Setembro, e não é um palanque político”. São algumas das frases memóraveis dela. Leia tudo e espalha: