8:40Peixeira e bisturi

O ministro Flávio Dino, do STF, prensou Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, ao perguntar os motivos que o fizeram sentar em cima do pedido da CPI dos Planos de Saúde. Os dois são nordestinos e estão com a peixeira entre os dentes. Os donos das empresas que administram os planos já empunham bisturi. A ninguenzada aguarda – e vai pagando, com medo de ter de entrar na fila do SUS.

8:22JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Lula disse que Silvio Santos o procurou por estar com medo de ser preso por causa das mutretas do Banco Panamericano. O que ninguém contou é que o petista perguntou: “É namoro ou amizade?”

7:43Em Maringá, Silvio Barros domina

A Paraná Pesquisas divulgou hoje o levantamento feito em Maringá sobre a corrida eleitoral para a prefeitura. Em um dos cenários o ex-prefeito Silvio Barros (PP) aparece com 57% das intenções de voto, contra 15,4% de Edson Scabora (PSD). Em seguida aparecem Humberto Henrique (PT, com 7%), Evandro Oliveira (PSDB, com 3,8%) e Pastor José Santos (Mobiliza, com 1%). Nenhum, brancos e nulos somaram 8,9%, enquanto 6,9% não souberam ou não responderam. Com este resultado, Barros seria eleito no primeiro turno. A pesquisa foi realizada nos dias 15 a 18 de agosto. Foram ouvidos 710 eleitores. A margem de erro é de 3,8 pontos percentuais. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tem o número  PR-02892/2024. Confira:

Maringá_Ago24 – Mídia

 

7:25Os melhores são todos

Deltan Dallagnol, agora apresentado como “embaixador do Partido Novo”, disse que Eduardo Pimentel (PSD) é o candidato mais bem preparado para ser prefeito de Curitiba. Campanha é assim. Se perguntarem para o senador Sergio Moro (União), ele vai retrucar o grande parceiro na Lava Jato e dizer “nananinão”, pois o melhor é Ney Leprevost (União), principalmente porque tem uma vice, Rosangela Moro, que conhece melhor do que qualquer pessoa e sabe que os dois farão uma excelente administração em Curitiba. Luciano Ducci (PSB), que se reinventou como candidato dos partidos da chamada esquerda, nem precisa ficar repetindo que seu principal cabo eleitoral é o presidente do Brasil – e que algumas palavras emitidas por Lula com aquela voz rouca poderão fazer a diferença na eleição. Uma vitória poderá lhe abrir as portas da esperança do governo federal – porque  é assim que funciona. Maria Victoria (PP) tem o pai, Ricardo Barros, um grande articulador político, mas está demonstrando força para um voo solo; Roberto Requião (Mobiliza) é Roberto Requião – e vai conferir nas urnas, se não desistir, se o seu eleitorado continua fiel. Os outros cinco candidatos também acham que são as melhores escolhas para a cidade. Não fosse isso, não se candidatariam. Isso é política!

6:30Fins sem princípios levam à tirania

por Lygia Maria, na FSP

Ideais precisam se curvar aos direitos individuais que fundam a democracia liberal

“Os fins justificam os meios” é um argumento perigoso de que todo democrata deve desconfiar. Afinal, não há regime totalitário que não tenha se respaldado nessa máxima.

Revolução FrancesaURSS, o Terceiro Reich. Todos partiam da perspectiva de que a humanidade é agente da história e que, para concretizar um projeto idílico de organização social, qualquer ação é aceitável.

A consequência é a desumanização de pessoas em prol de uma ideia. Por isso tal idealismo predispõe à infração de direitos individuais duramente conquistados ao longo de séculos. Na última semana, vimos dois casos de meios justificados por fins.

Lula disse que a Venezuela não é uma ditadura, mas um regime desagradável, e cogitou um novo pleito como solução para a fraude eleitoral perpetrada por Nicolás Maduro.

O fim da liberdade de imprensa e de expressão, prisão, tortura, mortes e migração em massa de venezuelanos não são suficientes para conter a marcha da história que chegará a um novo e melhor estágio social imaginado por parte da esquerda.

Do mesmo modo, os fins do interminável inquérito das fake news no STF apoiam o desrespeito a ritos do Judiciário. Para proteger a democracia, a expansão sem transparência do poder de polícia sobre a população, promovida pelo ministro Alexandre de Moraes, torna-se aceitável.

O apego à ideia é tão ferrenho que até a imprensa —por cumprir seu papel de fiscal do poder público, ao revelar atos temerários como usar criatividade na produção de provas contra uma revista— foi acusada de incitar ataques à democracia.

Mas as democracias liberais se sustentam em valores que traçam uma linha clara entre o Estado e os cidadãos. Trata-se de mecanismo de autopreservação: o Estado não pode invadir o espaço dos direitos individuais, sob risco de descambar no autoritarismo. Qualquer meta pretendida deve respeitar essa demarcação.

Não importam os fins. Se, para alcançá-los, princípios democráticos são solapados pelo caminho, o destino só pode ser a tirania.

18:11Insignificâncias

de Manoel de Barros

Sou livre para o silêncio das formas e das cores.
Só quem está em estado de palavra pode enxergar as coisas sem feitio.
A poesia não existe para comunicar, mas para comungar.
A palavra é o nascedouro que acaba compondo a gente.
A palavra amor anda vazia. Não tem gente dentro dela
Melhor ser as coisas do que entendê-las.

18:09A aposentadoria dos concursados

Sobre a nota jocosa do Filósofo do Centro Cínico a respeito do concurso de hoje para repartições federais, um leitor esclareceu de forma didática a questão da aposentadoria dos que forem aprovados:

Acho importante destacar que todos que entrarem após aprovação nesse concurso serão aposentados no mesmo valor máximo do INSS. Para receber mais, precisarão pagar previdência privada, como qualquer trabalhador. Aposentadoria integral e com altos salários, hoje, é só para Juízes e promotores. Para funcionários do Poder Executivo as regras são semelhantes às do INSS desde 2019.

10:08Alain Delon, adeus

por Inácio Araújo, na FSP

Morre Alain Delon, um dos maiores astros do cinema francês, aos 88 anos

Ator de filmes de Jean-Pierre Melville e Visconti foi um dos mais brilhantes de sua geração e teve conexões com o crime

Morreu neste domingo o ator Alain Delon, um dos maiores do cinema francês, aos 88 anos. A morte foi confirmada pela família do artista à agência AFP. Ele morreu em sua casa em Douchy-Montcorbon, na França, mas a causa da morte não foi divulgada.

Delon sofreu um AVC em 2019, poucas semanas depois de receber uma Palma de Ouro honorária em no Festival de Cannes, e, desde então, enfrentava problemas de saúde.

Em março do ano passado, o ator, que definiu sua vida como “bela”, reivindicou o direito a uma morte assistida —ou seja, induzida. Queria evitar o sofrimento dos hospitais, da dor, dos remédios que apenas encompridam a vida. Seu filho Anthony, do casamento com a atriz Nathalie Delon (que durou entre 1964 e 1969) seria o responsável por assisti-lo.

Ele foi um dos atores mais famosos do mundo, é certo. Mas podia ter sido diferente. Na vida de Alain Delon o que não falta são acasos.

Não falemos das atribulações do menino nascido em Sceaux, em 1935, cujos pais se separaram quando tinha quatro anos. Nem da expulsão de seis colégios que frequentou. Nem de sua passagem pela Marinha francesa, onde fez o serviço militar na antiga Indochina, e de onde foi expulso depois de roubar um jipe, dirigi-lo em alta velocidade e acabar com o carro tombado num córrego.

Estávamos em 1953, ainda não era famoso, longe disso, mas já era conhecido pela insubmissão. Depois, ele vive em Roma por um tempo, quando é detectado por David O. Selznick, o produtor de “E o Vento Levou”, entre outros, e convidado para ir a Hollywood, com um contrato de sete anos.

A condição era aprender a falar inglês. De volta a Paris, bem que ele começa seu aprendizado da língua, ao mesmo tempo em que vive de pequenos trabalhos, como o de garçom de bar, o que o acaba aproximando do mundo do crime —em particular da chamada gangue dos Trois Canards, nome do cabaré em Pigalle, bairro de Paris, onde costumavam se reunir.

Essa ligação marcará Delon para sempre como um associado do mundo do crime, já que da gangue fazia parte Jackie Imbert, morto em 2019, considerado um dos chefões do submundo de Marselha.

Mas haverá outra vida, em que o jovem Delon acaba sendo lançado no cinema graças à atriz Michèle Cordue, casada com o cineasta Yves Allegret, que convence o marido a dar um papel ao jovem, de quem ela era amante.

Assim, em 1957 ele acaba sendo lançado em “Uma Tal Condessa”. Mas Cordue durará pouco. Em 1958, conhece Romy Schneider, com quem manterá um romance até 1964 e a quem reencontrará em 1969 para filmar “A Piscina”.

O estrelato chegaria algum tempo depois, com “O Sol por Testemunha” (1960), famosa adaptação de “O Talentoso Ripley”, de Patricia Highsmith, dirigida por René Clement. No mesmo ano faz o papel central de “Rocco e Seus Irmãos”, de Luchino Visconti, que ganha o prêmio Especial do Júri no Festival de Veneza.

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9:45Objeto sujeito

de Paulo Leminski

Você nunca vai saber
quanto custa uma saudade
o peso agudo no peito
de carregar uma cidade
pelo lado dentro
como fazer de um verso
um objeto sujeito
como passar do presente
para o pretérito perfeito
nunca saber direito

você nunca vai saber
o que vem depois de sábado
quem sabe um século
muito mais lindo e mais sábio
quem sabe apenas
mais um domingo

você nunca vai saber
e isso é sabedoria
nada que valha a pena
a passagem pra Pasárgada
Xanadu ou Shangrilá
quem sabe a chave
de um poema
e olhe lá