Lucinha Lins – Foto de J.R. Duran
11:26JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
A ficha limpa recuperada por Zé Dirceu na Justiça indica que ele pode tocar o horror pra cima dos bolsonaristas ao anunciar que pensa em reativar o projeto de suceder Lula na presidência.
11:07EPR em dose dupla
Do enviado especial
A concessionária EPR, que já tinha ganho o Lote 2 dos novos pedágios, vai administrar também o Lote 6, com rodovias no Oeste e Sudoeste. Em extensão é o maior trecho de concessão, com 662 quilômetros. Quase metade disso na BR 277, de Foz do Iguaçu a Guarapuava, trecho que terá que ser duplicado. Como no leilão anterior, a EPR deu 0,08% de desconto sobre a tarifa base. São nove praças de pedágio e os valores das tarifas devem variar de R$ 11,00 até R$ 18,00.
11:02PARA NÃO ESQUECER RENATO BORGHETTI, NELSON FARIA, DANIEL SÁ E SÉTIMA DO PONTAL
10:51Demissões, ontem e hoje
A demissão de repórteres experientes da TV da RPC repercutiu na mídia nacional e redes sociais. Ao acompanhar o assunto, um jornalista veterano lembrou que, há alguns anos, não recebeu nem a informação de que a revista em que trabalhava estava fechando – e muito menos um agradecimento da empresa pelos anos de dedicação exclusiva.
10:34Perfeição
Perfeição é coisa de menininha, tocadora de piano. (Nelson Rodrigues)
10:26O frango sem cabeça que nasceu antes de Bolsonaro
Brian Brainerd/Getty Images – Superinteressante
por Luiz Cláudio Cunha*
A galinhagem do bolsonarismo começou dez anos antes de seu Messias, o capitão Jair Bolsonaro, nascido em março de 1955. A espantosa revelação foi feita pela repórter Maria Clara Rossini, na última semana de novembro, na edição da revista Superinteressante. Ela conta a história inacreditável de Mike, um frango do Estado americano do Colorado que sobreviveu um ano e meio sem cabeça – uma proeza quase tão incrível quanto a sobrevivência nessas condições improváveis, já há seis anos, do aviário bolsonarista, que nasceu em 2018 quando o Messias do penoso e estridente criadouro voou para o poleiro mais alto da República.
Mais do que interessante, a saga sem pé (de galinha) nem cabeça de Mike é superintrigante. Em meados de setembro de 1945, uma semana após o término da Segunda Guerra Mundial, um casal de fazendeiros de Fruita, uma pequena cidade do Meio-Oeste americano, na fronteira do Colorado com Utah, hoje com sete mil habitantes, fazia seu trabalho no galinheiro: o abate de 50 aves diárias. Lloyd Olsen decapitava os animais e sua mulher Clara os depenava. Naquele 10 de setembro, ao contrário dos outros, uma das aves continua andando e batendo as asas, embora sem a cabeça. Por um acaso, o golpe do facão decepou boa parte da cabeça, mas manteve intactas a veia jugular, parte da orelha e outra do cérebro, responsável justamente pela respiração, digestão e outras funções vitais.
O frango decapitado, batizado com o nome de Mike, sobreviveu graças a um coágulo situado estrategicamente, que permitia que ele respirasse pelo esôfago e vias aéreas expostas. Os Olsen, com mais cabeça que Mike, começaram a ganhar dinheiro com aquela coisa bizarra. Levaram Mike e as outras carcaças ao mercado local, onde apostaram cerveja e dólares na existência de uma galinha viva sem cabeça.
Começaram então uma turnê pelos Estados Unidos, cobrando 25 centavos de dólar (hoje, cerca de US$ 4,40, ou R$ 27 reais pela cotação do dólar desvairado de hoje). Num único dia, faturaram mais de R$ 16 mil reais com o Mike decapitado, que atraía filas de mais de 600 curiosos. O frango vivo sem cabeça ganhou espaço até na prestigiada revista Life.
Afinal, como alimentar um Mike desmiolado? O casal Olsen usava um conta-gotas para pingar água e comida líquida diretamente no esôfago escancarado. Com uma seringa, Lloyd e Clara limpavam o muco acumulado na garganta. Com esses cuidados, Mike sobreviveu 18 meses e uma semana. Até a madrugada de 17 de março de 1947, quando o casal acordou de madrugada com o barulho da ave em agonia, num motel em Phoenix, Arizona, numa escala da turnê que cumpriam pelo país. Mike estava engasgando com o próprio muco, sem a seringa salvadora que poderia reparar a respiração. O casal havia esquecido a seringa na parada anterior e assistiu, impotente, à morte de Mike por asfixia.
A celebridade virou estátua em Fruita, onde todos os anos, em maio, acontece o celebrado Headless Chicken Festival, o Festival do Frango Sem Cabeça. O cerebral capitão Jair Bolsonaro já pensa em enviar Eduardo – o filho que fala inglês e aprendeu a fritar xisburger no Estado americano do Maine – para representar a família e a cacarejante criação de bolsonários nas próximas homenagens a Mike, símbolo comovente de uma população sem miolos.
No último censo conhecido, de 2003, a população de galináceos do mundo superava os 24 bilhões – três vezes mais do que os seres humanos do planeta. É uma infame maledicência da extrema-ixquerda e do Eixo do Mal dizer que a maioria deles vota no capitão. É uma grossa mentira. Somente Mike e uma minoria semelhante cometeu esse deslize, sem pé nem cabeça.
*Luiz Cláudio Cunha, jornalista gaúcho, gosta de churrasco, costela, vinho e chimarrão, coxa e peito de frango. Não gosta de pé, pescoço e cabeça de frango. Nem de bolsonarista
10:12Pra fechar!
Em Londrina, uma representação do jornalista José Antônio Pedrialli contra a vereadora Mara Boca Aberta resultou em determinação do Conselho de Ética da Câmara Municipal. Qual? Que Mara feche a mesma que lhe dá sobrenome. Confira:
9:33DR. ZURETA
A mentira foi tão bem contada que se transformou numa verdadeira mentira.
9:23A VIDA COMO ELA É
Foto de Sonia Maschke
9:16O Durski fechou!
O Gaiato da Boca Maldita lamenta o fechamento do Restaurante Durski, depois de 25 anos de funcionamento. Ele nunca entrou ali porque sabe que gastronomia internacional não é para seu bolso. “Pelo valor da entrada eu poderia comer sanduíche no Madero por uma semana”, exagera ao lembrar que a famosa rede de lanchonetes pertence ao mesmo dono.
9:05Nuvem cinza na possível sucessão de Barros
A operação da Polícia Federal em Maringá nesta semana pode colocar uma nuvem cinza na negociação do provável sucessor de Ricardo Barros na secretaria da Indústria e Comércio quando ele retornar à Câmara dos Deputados. O nome do atual prefeito, Ulisses Maia, continua forte mas, de qualquer forma, em Brasília há quem coloque Marco Brasil, suplente de Barros, como alternativa. Resta saber o que pensa o governador Ratinho Junior.
8:42A diplomação
Eduardo Pimentel foi diplomado ontem prefeito de Curitiba pela Justiça Eleitoral. Disse que vai cumprir metas e que sabe ouvir para tomar a melhor decisão. Não disse, mas sabe, que barulho não vai faltar nos próximos quatro anos. Tem a maioria dos 38 vereadores para lhe ajudar. Hoje ele deve anunciar os nomes que faltam para compor sua equipe. Depois vai descansar até a posse, dia 1 de janeiro.
7:01A VIDA COMO ELA É
Foto de Ralf G. Stade
6:53Justiça Militar dá show de corporativismo diante de viúva
por Bruno Boghossian, na FSP
Quantos tiros um grupo de agentes pode dar em inocentes desarmados sem acabar na cadeia? O STM liberou a marca de 257
Quantos tiros um grupo de militares pode disparar contra uma família de civis desarmados sem cumprir pena na cadeia? O Superior Tribunal Militar liberou a marca de 257. Na noite de quarta (18), a corte reduziu a punição dos agentes que mataram o músico Evaldo Rosa e o catador Luciano Macedo, em 2019. Eles passarão três anos em regime aberto.
O julgamento consagrou a tese de que os oficiais, cabos e soldados que participavam da operação no Rio não tinham a intenção de matar ninguém, com tiros dados num contexto de confronto com bandidos. Analisar as circunstâncias de dolo e culpa de agentes de segurança é dever de qualquer juiz. Os ministros vencedores, porém, preferiram tratar os atiradores como vítimas.
O tenente-brigadeiro Carlos Augusto Oliveira, relator do caso, aceitou a defesa dos militares, que dizem ter confundido o carro de Evaldo com um veículo usado por bandidos. Ele afirmou que os agentes tentavam “conter uma ação criminosa, ainda que imaginária”. Num exercício de especulação, disse ainda que o músico pode ter sido morto numa troca de tiros com criminosos, sem a certeza de que os disparos partiram dos agentes do Exército.
No voto, o relator fez uma ponderação. Apontou que o grupo de militares errou na identificação do carro, deixou de verificar se Evaldo estava armado e não considerou a opção de ferir o motorista em vez de atirar para matar. Faltou explicar se alguma parte da abordagem estava certa.
Outros ministros encenaram um show de corporativismo diante da viúva e do filho de Evaldo. Revisor do processo, José Coêlho Ferreira descreveu a situação das mortes como “uma grande confusão”. O general Lúcio Mário de Barros Góes disse que lamentava sentenciar “pessoas de bem pela trágica ocorrência”.
A índole dos agentes não estava em julgamento. A única questão a ser considerada é se um grupamento que ignora as circunstâncias de uma abordagem e dispara 257 tiros assume ou não a intenção de matar. Militares “de bem” podem cometer erros, mas precisam ser responsabilizados na medida de suas ações. A Justiça Militar deu todas as provas de que não tem interesse em submeter os seus a essa provação.
6:50A VIDA COMO ELA É
Foto de Roberto José da Silva
6:45Apertem os cintos: criança a bordo!
por Carlos Castelo
O homem tinha acabado de descobrir que seu assento no voo era ao lado de uma criança.
O terror começou antes mesmo de ele se acomodar; o menino, com a energia de um coelho que caiu numa piscina de cafeína, chutava o assento da frente com vontade.
Ele suspirou, ajustou os fones de ouvido e lançou um olhar fulminante para a pequena criatura ao seu lado.
A mãe do garoto, em estado de exaustão parental, já havia abandonado qualquer esperança de controlar o minitornado. Apenas sussurrou: “ele é tão animado!” com um sorriso que pedia desculpas por todas as decisões de vida que levaram àquele momento. Inclusive, o ato sexual.
O homem respondeu com um sorriso triste que queria dizer: “Se ele ficar animado assim por mais tempo, vou abrir a saída de emergência e jogá-lo”.
O avião decolou, e começou a batalha. O garoto estava mesmo disposto a desrespeitar as leis da física ou as normas básicas de convivência. Começou espancando a mesinha retrátil, tentando descobrir se ela poderia ser usada como catapulta. Depois, abria e fechava a janelinha. A cada “CLACK!”, o homem sentia a paciência escorrer pelos poros.
Mas o auge veio quando o tsunami decidiu formular perguntas. Aquelas que apenas uma criança daquela idade consegue inventar, com um nível de criatividade que faria Picasso parecer Romero Britto.
— Moço, o que acontece se eu puxar essa coisa? — perguntou ele, apontando para a máscara de oxigênio.
— Você aprende a voar — respondeu o homem, sem levantar os olhos do tablet.
— Sério?! — O garoto arregalou os olhos, considerando puxar o objeto.
Depois vieram as perguntas filosóficas.
— Por que o avião é branco? — ele perguntou, com uma expressão de quem precisava muito dessa resposta.
— Porque a manutenção é mais barata — o homem respondeu, sem a menor paciência.
— Mas e se fosse vermelho? Ele ia ser mais rápido, tipo o carro do meu pai?
— Talvez — disse o homem, já conformado com o interrogatório.
A mãe tentou intervir algumas vezes, mas o garoto tinha o instinto de detectar o momento exato em que ela estava dormindo. Era aí que ele tocava o terror.
Quando o lanche foi servido, o passageiro achou que teria um momento de paz. Doce ilusão. O diabinho derrubou suco de laranja na camisa dele, seguido por um angelical “foi sem querer”. O homem, que até então conseguira manter uma fachada de dignidade, olhou para a criança como se fosse um juiz prestes a dar uma sentença de prisão perpétua. Mas, antes que pudesse dizer algo, o menino completou:
— Moço, sua camisa ficou igual a um tigre! Agora você é feroz!
O homem, contra todas as probabilidades, soltou uma gargalhada. Como é que uma criatura tão novinha podia ser tão irritante e, ao mesmo tempo, tão verdadeira? Olhou para o menino, que estava agora com um pedaço de bolacha grudado no nariz, e percebeu que era um mini humano sem filtro — e talvez houvesse algo de admirável nisso.
Quando aterrissaram, o homem estava exausto. Porém, era parte do jogo, os guris têm prioridade na vida.
Enquanto pegava a bagagem de mão, o menino lhe disse:
— Moço, você é muito legal.
— Obrigado, meu amiguinho – o passageiro respondeu, enternecido.
Ao que o guri completou:
— Quando eu crescer, quero ser igual a você, só que não vou usar peruca.
(Publicado no Estadão)
6:41A VIDA COMO ELA É
Foto de Lina Faria
19:29JAMIL SNEGE
O velho índio foi encontrado vagando pela floresta, aparentemente perdido. Perguntaram-lhe. Respondeu cheio de brios: “Perdi foi minha casa; não consigo encontrá-la”. Quanta lição, Senhor. O homem pode perder sua casa, sua rua, os rostos que ama – sem jamais se perder de si mesmo.
19:12O palito de Ratinho Junior
Ratinho Junior disse que o pacote de corte de gastos de Lula “é como economizar palito em banquete”. O governador do Paraná quer ser candidato à presidência em 2026. A frase é boa e marqueteira, mas o líder petista pode responder afirmando que, onde todo mundo enxerga um palito, ele vê a floresta. Isso é política!