7:52Na língua!

Na trombada entre Lula e a Anvisa, sobre o tempo de liberação de medicamentos, a resposta de Antonio Barra Torres, presidente da autarquia, pode ser comparada a uma injeção de Benzetacil na língua.

7:35A desestatização como presente

Quem cuida da pré-campanha de Ratinho Junior à presidência da República ganhou um presente hoje com o editorial da Folha de S.Paulo que escancara o apoio à desestatização da Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Juntando o lé do presente com o cré do incerto futuro, só não se sabe se, eleito, o governador conseguiria bater o martelo da venda das estatais com a rapidez que virou sua marca registrada no Paraná.

7:03Bolsonarismo não existe, é antipetismo essencialmente conservador

por Elio Gaspari, na FSP

Eleitor brasileiro só seguiu maciçamente um líder, Getúlio, e depois Lula

Está ocorrendo uma certa confusão entre as preferências eleitorais conservadoras e aquilo que seria um fenômeno chamado de bolsonarismo. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Um conservador não é necessariamente um bolsonarista.

Se o bolsonarismo fosse o que parece ser, Alexandre Ramagem, candidato a prefeito do Rio de Janeiro, estaria disputando competitivamente com Eduardo Paes. Pelo Datafolha, Paes tem 56% das preferências, e Alexandre Ramagem, fiel escudeiro de Bolsonaro, tem 9%.

Em 2018, quando uma onda antipetista e conservadora varreu o país, Bolsonaro levou a Presidência, elegeu seu filho para o Senado e o “poste” Wilson Witzel levou o Governo do Rio.

Já em São Paulo, dois candidatos com atitudes diferentes (Pablo Marçal e Ricardo Nunes) unidos contra um candidato de esquerda (Guilherme Boulos) têm 40% das preferências. Esse é o tamanho do bloco conservador. O bolsonarista oficial seria Nunes que, estando na prefeitura, tem 19% e foi ultrapassado por Marçal, o dissidente.

A onda de 2016 perdeu vigor em São Paulo na eleição municipal de 2020, e Lula ganhou na capital em 2022.

Em 2018, Bolsonaro encarnou um sentimento antipetista e conservador. Passados seis anos, quatro dos quais com ele no Planalto, o voto conservador, quando tem caminho, afasta-se dele. No Rio, ele pode se juntar ao bloco de Eduardo Paes. Em São Paulo, essa opção não parece disponível. Diante disso, ele migra para Nunes ou Marçal. Eleitores paulistanos de Jair Bolsonaro dispostos a seguir o candidato que ele indicar talvez estejam pouco acima dos 9% de Ramagem no Rio.

O eleitor brasileiro só seguiu maciçamente um líder político que, a partir do governo, deu-lhe resultados sociais e políticos. Foi Getúlio Vargas. Depois dele, veio Lula, em ponto menor, até porque mais de meio século separa os dois.

O suposto bolsonarismo é uma tendência conservadora e antipetista, apenas isso. Esse bolsonarismo não tem nem sequer o tamanho do velho lacerdismo. Carlos Lacerda, como Bolsonaro, foi um feroz oposicionista de Getúlio Vargas e de seus herdeiros.

À diferença do ex-capitão, Lacerda governou a cidade do Rio por quatro anos e teve um desempenho exemplar, coisa que não aconteceu com a Presidência de Bolsonaro. (O candidato de Lacerda perdeu a eleição em 1965 porque era pesado e ambos estavam associados à ditadura. Se tudo isso fosse pouco, Negrão de Lima, o vencedor, era a bonomia em pessoa.)

Não existe bolsonarismo, o que há na cena é um antipetismo, essencialmente conservador. O ex-capitão ajudou a tirá-lo do armário. Antes de Bolsonaro, o Brasil teve uma ditadura de 21 anos com quatro generais num grande armário. Nenhum deles se dizia conservador, muito menos direitista.

O conservadorismo segue caminhos próprios. Esse é o caso de Ronaldo Caiado em Goiás, que começou a liderar o agronegócio quando Bolsonaro ainda era um capitão indisciplinado. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas é uma criação de Bolsonaro, mas, governando o estado, segue-o de forma tímida.

De certa maneira, a ideia de que exista um bolsonarismo afaga o ego de Jair Messias e convém ao PT, pois associa alguns adversários conservadores à gestão do ex-presidente.

Esse suposto bolsonarismo tornou-se uma película que embaça a vista da janela. Um conservador não precisa de Messias.

16:40Saudades do amigo imortal

por José Maria Correia

Hoje o celebrado poeta , compositor, músico , jornalista, professor e publicitário Paulo Leminski faria 80 anos.

Uma explosão de talentos e muito rara em uma única pessoa.

Fizemos parte da geração dos anos dourados e fomos rebeldes dos 60 e 70 que combateram a ditadura militar nas ruas.

E do período dos hippies , da Tropicália , da contestação, da contracultura, e do amor, da paz e as flores nos cabelos.

Da época da jovem guarda, dos festivais de música, da Bossa Nova, de Caetano, Gil, Raul Seixas, Rita Lee, Bob Dylan , Janis Joplin e Jim Morrison.

Do Underground, do Cinema Novo, de Ruy Guerra, Glauber Rocha , Cacá Diegues e Nélson Pereira dos Santos .

E do Teatro de Vanguarda de Ademar Guerra, Ruth Escobar, Flávio Rangel e José Celso Martinez

Das peças revolucionárias O Rei da Vela , Cemitério de Automóveis , Hair e Roda Viva

Fomos ainda colegas na mesma sala do terceiro ano de Direito da Universidade Federal do Paraná , onde estava sempre conosco na cantina, outro compositor e amigo, o Lápis, que também passou prematuramente para o andar de cima.

O Paulo foi um dos meus mentores em literatura também.

E juntos, como atletas, recebemos as honrosas faixas pretas de Judô , após anos lutando nos tatames da antiga Academia Kodokan.

Depois, em 1983, em meu mandato como vereador de Curitiba, o homenageei com o Prêmio de Literatura Cidade de Curitiba em uma concorrida sessão que terminou de madrugada em uma tertúlia literária no Bar Palácio com o Paulo declamando os haicais que mais gostava.

Foi por sugestão do poeta e sua companheira a cineasta Berenice Mendes que elaborei e consegui aprovar a lei do Fundo Municipal de Cinema.

Nos deixou precocemente aos 44 anos , mas como acontece com os gênios, sua obra revolucionária ganha cada vez mais admiração e seguidores.

E as reedições de seus livros, como Distraídos Venceremos e Antologia Poética, batem recordes de vendas nas livrarias.

Saudades do amigo imortal. Continue lendo

11:42Bozo, Xandão e a ordem de prisão

Ao saber que Jair Bolsonaro vai comparecer a um ato que pede a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o Gaiato da Boca Maldita foi rápido no gatilho: “Se fizer isso, o Bozo vai autorizar a ordem de prisão dele mesmo que o Xandão tem há muito tempo e estava esperando a hora certa de autorizar a Polícia Federal”.

9:14O valetão como lição

A combinação da chuva e frio em Curitiba é perfeita para candidatos a prefeito percorrerem os locais onde o valetão é paisagem da ninguenzada que não aparece na pirâmide social porque esmagada. Ali se aprende mais sobre vida do que nas mansões e coberturas onde a poeira é inexistente.

8:50O pacto

Belíssima iniciativa da UFPR e TRE/PR em criar o Pacto pela Paz nas Eleições. O fato de apenas sete dos 29 partidos terem comparecido ontem na cerimônia de lançamento e assinado o documento pode ser um sinal de que a realidade neste universo de disputa pelo poder é complexa – e onde a baixaria é uma constante.