7:19Reunião entre Lula e governadores sobre Segurança Pública foi inútil

por Elio Gaspari, na FSP

Evento realizado em Brasília na última quinta-feira não resolve coisa alguma

Lula organizou na quinta-feira (31) uma reunião com governadores para encaminhar seu projeto de reforma da política nacional de segurança pública. Para seu gosto, foi um êxito, pois adora reuniões, e todos os presidentes que gostam de eventos sonham com pactos. Foi uma solene inutilidade.

A proposta do ministro Lewandowski tem um lado positivo em tese, e outro discutível na prática. Em tese, a unificação dos sistemas de informação é uma boa ideia. Vale lembrar que outra boa ideia, a do cartão nacional de saúde do SUS, com os dados pessoais e médicos das pessoas, veio do século passado e só agora ficou de pé. No caminho, aconteceu de tudo em outros governos, inclusive a compra de equipamentos que não saíram das caixas.

Os sistemas de informação não se comunicam porque os fornecedores querem ter exclusividade e os operadores, por algum motivo, não querem compartilhar informações. Um juiz plantonista que liberta um traficante de drogas quer que sua decisão fique do escurinho do tribunal. Se Deus é brasileiro, o Sistema Único de Segurança funcionará nesta década. Afinal, o Lula 3.0 completará dois anos e o sistema da Polícia Rodoviária não está inteiramente integrado com o da Polícia Federal.

Já a transformação da Polícia Rodoviária numa POF, ou Polícia Ostensiva Federal, tem ingredientes tóxicos. No governo passado, a PRF era conhecida como Polícia Rodoviária do Flávio (Bolsonaro). Nos primeiros dias de governo, havia companheiros querendo recriar uma Guarda Nacional para Brasília.

O pacote da segurança aumentará num tiquinho o campo de atuação do governo federal. Os governadores que reclamam por isso evitam expor seus verdadeiros motivos.

Como a situação chegou a um grau alarmante, Brasília poderá trabalhar à vontade (ou não), valendo-se da Polícia Federal. O caso do assassinato da vereadora Marielle Franco é uma prova disso. O crime havia sido cometido sem um só bandido profissionalmente exclusivo. Na base, estavam dois ex-policiais. Na cúpula, irão a julgamento um deputado, um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e um poderoso delegado. Isso posto, percebe-se porque a investigação patinou no Rio.

A segurança pública desandou porque um conjunto de interesses trava a repressão ao crime. Aí entram interesses políticos, conexões y otras cositas más. Federalizando-se alguns crimes e dando-se poder à Polícia Federal, joga-se contra as organizações criminosas o melhor aparelho de que o Estado dispõe. É o melhor aparelho levando-se em conta seus competidores, mas também não há ali um mar de rosas. Basta dizer que a PF batalha para que seu diretor tenha mandato de dois anos.

Ministério da Justiça contabiliza 88 organizações criminosas no Brasil

Mapeamento da Secretaria Nacional de Políticas Penais mostra retrato assustador

A Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça, mapeou a extensão do crime organizado no país e sua penetração nas prisões. O retrato assusta.

Existem pelo menos 88 organizações criminosas e elas têm delinquentes detidos em 1.760 pavilhões do sistema prisional. Duas delas, o Comando Vermelho, com predomínio no Rio, e o Primeiro Comando da Capital, predominante em São Paulo, têm alcance nacional. As demais são regionais ou locais. Em três estados, operam 46 organizações: Bahia (20), Minas Gerais (13) e Rio Grande do Sul (13).

Como essas quadrilhas se aliam ou combatem entre si, 7 das 10 cidades mais violentas do país estão na Bahia. Lá existe uma verdadeira guerra de bandidos, na qual vários grupos se enfrentam e combatem a expansão do Comando Vermelho e dos aliados do PCC.

Em Minas Gerais, pela sua posição geográfica, o PCC e o Comando disputam áreas.

O trabalho da Senapen mostra que as rivalidades entre essas quadrilhas é um fator relevante na produção de altas taxas de criminalidade em algumas regiões do país.

6:36JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

A diretoria do Atlético Paranaense inventou o pacto – e a torcida aderiu. Durou um jogo. Ontem, ao ser derrotado por 2 a 1 no Caldeirão do Diabo pelo Vitória da Bahia, o time voltou à zona de rebaixamento e aumentou o risco de ser rebaixado neste ano de comemoração do Centenário de nascimento. Como em futebol o pacto principal é entre o jogador e a bola, que não colabora se não for bem tratada, ao final da partida cada um dos fanáticos torcedores que lotaram o estádio descobriu quem era o verdadeiro pato nessa história.

17:33O silêncio que restou

de Viriato Gaspar

O silêncio, na mesa, não almoça.
Apenas marca faltas, os hiatos,
as vozes que não pedem mais arroz,
favor, passe a salada e o macarrão,
um pouco mais de carne ou de ternura,
a voz que garantia afeto e pão,
em generosas colheradas quentes.
O silêncio é agora o comensal,
o convidado ilustre e reservado
dos antigos saraus, das alegrias.
Comemos faltas, vultos que não vêm,
que faltaram ao jantar e deixam assim
este amargo sem cor no prato cheio
de um vazio calado e sem sabor.
Jantamos no silêncio que restou.

12:11Medida cautelar contra Parceiro da Escola

Da assessoria de imprensa da Bancada da Oposição na Alep

Professor Lemos entra com medida cautelar no TC e pede suspensão imediata do Programa Parceiro da Escola
Parlamentar critica o Programa Parceiro da Escola, afirmando que a iniciativa transfere para empresas privadas a gestão de atividades em escolas públicas, colocando em risco a transparência e a qualidade da educação estadual.

O deputado Professor Lemos (PT) protocolou nesta sexta-feira (1), uma representação com pedido de medida cautelar contra o Programa Parceiro da Escola, iniciativa da Secretaria de Estado da Educação (SEED) no Paraná. Segundo Lemos, o programa, que autoriza a contratação de empresas privadas para gerenciar atividades em escolas públicas, representa um passo direto na privatização da educação estadual.

Instituído pela Lei nº 22.006/2024, o Parceiro da Escola permite a terceirização de serviços essenciais, como manutenção, limpeza, segurança e gestão administrativa, em uma tentativa de transferir responsabilidades da gestão pública para a iniciativa privada. O deputado sustenta que essa mudança ameaça a transparência e compromete a autonomia das instituições educacionais. Continue lendo

7:43Bolsonaro explica como “piscou” para Cristina

Do ex-presidente Jair Bolsonaro explicando, na entrevista à revista Veja, a participação que teve na eleição para prefeito de Curitiba:

-Em Curitiba, “pisquei”, sim, para a Cristina Graeml, não vou negar. O prefeito atual, Rafael Greca, que apoia o Pimentel, desceu a porrada em mim de graça. Eu liguei para a Cristina, falei para batermos um papo, tiramos foto e deixei usar, mas não falei que ia votar nela.

7:37Tarcísio em Cambé

Conrado Scheller, prefeito eleito de Cambé com 73,5% dos votos, aposta em Tarcísio de Freitas (Republicanos) como próximo presidente da República. Ele é do PSD e, ao que parece, não combinaram com ele a história de Ratinho Junior, governador do Paraná e seu colega de partido, ser candidato à sucessão de Lula.

7:10Sem intermediários

O combinado entre os cabeças da candidatura e Eduardo Pimentel sempre foi que, em caso de vitória, não haveria intermediários para a montagem da equipe que vai administrar a cidade pelos próximos quatro anos. O entendimento é que todos saíram ganhando para os planos futuros com o resultado na capital, ou seja, Ratinho Junior, Rafael Greca e Alexandre Curi. Se isso, de fato, vai ocorrer, é uma questão de conferir. Isso é política!

6:58Chefão e chef

Do enviado especial

Ainda bem que Francis Ford Coppola não tinha entrado no palco do Guairão. Alguém no palco falou no Poderoso Chefão – trilogia famosa do diretor – e o cineasta Marcos Jorge, que também é curador do Cine Passeio, ergueu a voz da plateia pra dizer: “Olhem só que coincidência; o último filme paranaense a ser lançado foi o “Estômago 2 – O poderoso chef”. O estranhamento foi ainda maior para os que sabem que o diretor tinha tentado pegar carona no Chefão acrescentando o “poderoso chefão” ao nome.

6:32Combate ao crime organizado é questão de Estado

por Oscar Vilhena Vieira, na FSP

Sem paz não haverá prosperidade nem democracia

Debelar o crime organizado constitui hoje o principal desafio da democracia brasileira. Muitos dirão que temos desafios mais importantes. O fato, porém, é que dificilmente conseguiremos êxito em outras frentes sem que a criminalidade organizada seja contida.

A expansão da criminalidade organizada vem submetendo parcelas cada vez maiores da população brasileira à brutalidade e à exploração econômica. Estima-se que 23 milhões de brasileiros vivam hoje em áreas dominadas por milícias e facções. Nessas áreas não há lei nem direitos. A regra são a violência e o arbítrio.

É um erro acreditar que o crime organizado se interesse apenas por atividades ilegais altamente lucrativas, como o narcotráfico, o garimpo ilegal, a grilagem, o desmatamento criminoso, o tráfico de seres humanos ou a prostituição. O crime tem expandido suas ações para a distribuição de combustíveis —e mesmo a produção de álcool—, o mercado imobiliário, de transporte coletivo e de apostas e a lavagem de dinheiro, para ficar apenas nos exemplos mais evidentes.

Milícias e facções têm se dedicado a controlar o acesso da população aos serviços públicos, ao mercado local, à liberdade básica de ir e vir e até mesmo o acesso à religião. O chamado “narcopentecostalismo” é hoje um fenômeno que vem ganhando força em muitas comunidades. São, portanto, milhões de brasileiros reféns de um estado cotidiano de exceção.

Particularmente preocupante é a expansão do crime organizado pela amazônia. Como aponta Marta Machado, secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, há hoje uma forte conexão entre narcotráfico e degradação ambiental. Pistas clandestinas, rotas de escoamento, lavagem de dinheiro e prostituição fazem parte das mesmas redes. O enfrentamento da questão climática, no Brasil, está hoje umbilicalmente ligado ao combate ao crime organizado.

Múltiplos são os fatores que levaram a essa expansão do crime, que vão da ausência ou presença arbitrária do Estado à inexistência de oportunidades econômicas. Há, porém, uma dimensão institucional, que decorre de escolhas erradas no campo da segurança pública e da política criminal.

O primeiro desses erros tem sido apostar numa política de encarceramento indiscriminado e em massa. O Estado tem se tornado, assim, o principal parceiro do crime organizado. Nas prisões, as facções cresceram e se fortaleceram.

Um segundo erro tem sido negligenciar a profissionalização, a integração, as boas condições de trabalho, o investimento em inteligência e o controle das polícias, reduzindo sua eficiência e, em algumas circunstâncias, favorecendo a milicianização das forças de segurança.

Um terceiro erro foi flexibilizar o acesso a armas e munições, que têm migrado para as mãos de criminosos, aumentando o poder de fogo contra a população e mesmo contra a polícia.

O mais preocupante, neste momento, tem sido o avanço do crime organizado sobre a política partidária, o Legislativo, governos, polícias e mesmo a Justiça. É fundamental que medidas urgentes sejam tomadas antes que esse processo de captura do Estado se torne irreversível.

A PEC apresentada pelo Governo Federal aos governadores nesta semana pode representar um primeiro passo na criação de uma política de Estado de segurança pública. Conservadores e progressistas têm que se unir contra o crime.

15:16NELSON PADRELLA

Juscelino balangou mas não caiu em Olha a Canga e Ora à Garça. Olhou uma, orou pra outra e passou o pé-de-moleque para Janio o gênio. Jânio começou varrendo o quintal e aproveitou que o Exército estava sem calças. Os soldados faziam a Corrida do Facho, uns de facho aceso, outros apagado. Deixou a vassoura atrás da porta e picou a mula.