6:32Combate ao crime organizado é questão de Estado

por Oscar Vilhena Vieira, na FSP

Sem paz não haverá prosperidade nem democracia

Debelar o crime organizado constitui hoje o principal desafio da democracia brasileira. Muitos dirão que temos desafios mais importantes. O fato, porém, é que dificilmente conseguiremos êxito em outras frentes sem que a criminalidade organizada seja contida.

A expansão da criminalidade organizada vem submetendo parcelas cada vez maiores da população brasileira à brutalidade e à exploração econômica. Estima-se que 23 milhões de brasileiros vivam hoje em áreas dominadas por milícias e facções. Nessas áreas não há lei nem direitos. A regra são a violência e o arbítrio.

É um erro acreditar que o crime organizado se interesse apenas por atividades ilegais altamente lucrativas, como o narcotráfico, o garimpo ilegal, a grilagem, o desmatamento criminoso, o tráfico de seres humanos ou a prostituição. O crime tem expandido suas ações para a distribuição de combustíveis —e mesmo a produção de álcool—, o mercado imobiliário, de transporte coletivo e de apostas e a lavagem de dinheiro, para ficar apenas nos exemplos mais evidentes.

Milícias e facções têm se dedicado a controlar o acesso da população aos serviços públicos, ao mercado local, à liberdade básica de ir e vir e até mesmo o acesso à religião. O chamado “narcopentecostalismo” é hoje um fenômeno que vem ganhando força em muitas comunidades. São, portanto, milhões de brasileiros reféns de um estado cotidiano de exceção.

Particularmente preocupante é a expansão do crime organizado pela amazônia. Como aponta Marta Machado, secretária Nacional de Políticas sobre Drogas, há hoje uma forte conexão entre narcotráfico e degradação ambiental. Pistas clandestinas, rotas de escoamento, lavagem de dinheiro e prostituição fazem parte das mesmas redes. O enfrentamento da questão climática, no Brasil, está hoje umbilicalmente ligado ao combate ao crime organizado.

Múltiplos são os fatores que levaram a essa expansão do crime, que vão da ausência ou presença arbitrária do Estado à inexistência de oportunidades econômicas. Há, porém, uma dimensão institucional, que decorre de escolhas erradas no campo da segurança pública e da política criminal.

O primeiro desses erros tem sido apostar numa política de encarceramento indiscriminado e em massa. O Estado tem se tornado, assim, o principal parceiro do crime organizado. Nas prisões, as facções cresceram e se fortaleceram.

Um segundo erro tem sido negligenciar a profissionalização, a integração, as boas condições de trabalho, o investimento em inteligência e o controle das polícias, reduzindo sua eficiência e, em algumas circunstâncias, favorecendo a milicianização das forças de segurança.

Um terceiro erro foi flexibilizar o acesso a armas e munições, que têm migrado para as mãos de criminosos, aumentando o poder de fogo contra a população e mesmo contra a polícia.

O mais preocupante, neste momento, tem sido o avanço do crime organizado sobre a política partidária, o Legislativo, governos, polícias e mesmo a Justiça. É fundamental que medidas urgentes sejam tomadas antes que esse processo de captura do Estado se torne irreversível.

A PEC apresentada pelo Governo Federal aos governadores nesta semana pode representar um primeiro passo na criação de uma política de Estado de segurança pública. Conservadores e progressistas têm que se unir contra o crime.

15:16NELSON PADRELLA

Juscelino balangou mas não caiu em Olha a Canga e Ora à Garça. Olhou uma, orou pra outra e passou o pé-de-moleque para Janio o gênio. Jânio começou varrendo o quintal e aproveitou que o Exército estava sem calças. Os soldados faziam a Corrida do Facho, uns de facho aceso, outros apagado. Deixou a vassoura atrás da porta e picou a mula.

15:11JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

O Brasil está muito mais adiantado do que os Estados Unidos – pelo menos num quesito. Enquanto lá existem “estados-pêndulo”, aqui quem balança-mas-não-cai é o país inteiro.

15:05Voltar e votar

Em entrevista à revista Veja, o ex-presidente Jair Bolsonaro garantiu que “vai voltar em 2026”. O Gaiato da Boca Maldita fez o sinal da cruz assim que leu e, na sequência, baixou o porrete: “Votar, vai sim – ele pode. Voltar, só se for para o condomínio da Barra da Tijuca onde era vizinho do Ronie Lessa”.

14:57Jaime e Coppola

por Paulo Krauss

Estávamos no Instituto no início de tarde de uma sexta quando o telefone do Jaime Lerner tocou. Alguém falando em inglês dizia ser Francis Coppola. Jaime achou que era um trote, mas seguiu com a conversa até acreditar que o sonho era verdadeiro. Era 2003 e Coppola fazia pesquisas para um filme sobre a cidade do futuro. Sua equipe colocou Curitiba na lista de visitas obrigatórias.
Depois de alguns dias na cidade e conversando com Alceu Vezozzo Filho, dono do Hotel Bourbon, onde estava hospedado, Coppola ouviu sobre Jaime pela primeira vez. Vezozzo lhe explicou a importância do ex-prefeito na configuração de Curitiba e Coppola quis conhecer. Vezozzo ligou para Jaime e passou o telefone para o cineasta. Meia hora depois Coppola chegava no Instituto Jaime Lerner.
Conversaram por algumas horas e marcaram um jantar ali mesmo, com a equipe do Jaime. Tive a honra de fazer parte da equipe por dois anos e participar desse encontro de dois gênios mundiais. Jaime era cinéfilo, fã do cineasta. Parecia uma criança encontrando Papai Noel pela primeira vez.
Passaram o fim de semana juntos, numa agenda reservada à família Lerner, Coppola queria discrição. Jaime mostrou a cidade para o cineasta, uma visita técnica com um de seus criadores.
Foram ao Mercado Municipal porque Coppola queria comprar ingredientes para cozinhar para Jaime no domingo. Fez nhoque com molho do próprio Coppola. O almoço foi regado a vinho Coppola até dez da noite.
Antes de partir, Coppola convidou Jaime para passar o fim de ano com ele na vinícola do cineasta na Califórnia. Jaime foi, e os dois mantiveram contato e amizade até o falecimento do ex-prefeito em 2021. A homenagem de Coppola ao amigo vem agora de forma póstuma, retratando Jaime no urbanista protagonista de Megalópolis.

10:33O Chefe Político

Possuímos, segundo dizem os entendidos, três poderes: o Executivo, que é o dono da casa, o Legislativo e o Judiciário, domésticos, moços de recados; gente assalariada para o patrão fazer figura e deitar empáfia diante das visitas. Resta ainda um quarto poder, coisa vaga, imponderável, mas que é tacitamente considerado o sumário dos outros três. (…) Aí está o rombo na Constituição quando ela for revista, metendo-se nela a figura interessante do chefe político, que é a única força de verdade. O resto é lorota.

de Graciliano Ramos, em artigo de 1915, no Jornal de Alagoas

10:08O sistema

Um dos beneficiários do resultado das eleições municipais agora fala com frequência sobre o que aconteceu – e o veneno escorre pelo canto da boca: “O sistema venceu!”

9:54JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

As disputas simultâneas do Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Taça Libertadores da América e Copa Sul-Americana deixam o torcedor tão baratinado que já há campanha para que não coloquem neste angu os campeonatos estaduais, considerados de raiz.

9:02Obras para eleições

Do Goela de Ouro

No Palácio Iguaçu está em gestação um megaprograma de obras para todo o estado a ser implementado no próximo ano. Se alguém pensou nas eleições de 2026 e lembrou da propaganda de Ratinho Junior para a reeleição… é isso aí mesmo! Ele quer que tudo faça parte da vitrine para seu projeto nacional em 2026 – e também para a viabilização de quem vai apoiar na sucessão estadual.

8:17Quinze dias antes dos quatro anos

Eduardo Pimentel assume hoje a prefeitura de Curitiba. Rafael Greca, o titular, viaja para a Europa em missão oficial de 15 dias. Pimentel foi eleito sucessor de Greca e nas próximas duas semanas vai aproveitar para começar a montar a equipe com quem vai trabalhar a partir de 1 de janeiro. O gabinete do prefeito serve também para controlar e peneirar o grande fluxo de pedidos que viraram avalanche depois da confirmação da vitória nas urnas no domingo passado. Isso é política!

8:05Sucessões e negociações

Anteontem aqui foi publicado que Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, poderia “cair pra cima” quando deixar o comando do partido. Uma das possibilidades citadas era o Tribunal de Contas da União. Ontem o deputado federal Arthur Lira, presidente da Câmara, revelou que o PT pediu uma vaga no TCU em troca do apoio a Hugo Motta, candidato à sucessão dele no Legislativo. A conferir.