9:14Sobrou a faca!

E, no final, o pacote do corte de gastos do governo resultou na liberação urgente de uma montanha de verbas das emendas dos parlamentares. Eles estavam com o queijo e faca nas mãos. Ficaram com o queijo e deixaram a faca com a dupla Lula/Haddad – com a recomendação de que era permitido apenas lamber a lâmina.

9:05A bordo

Na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém do Pará em novembro de 2025, o curitibano Ernani Paciornik vai apresentar ao mundo a primeira embarcação marítima a produzir hidrogênio verde a bordo. Ele espera que ela se transforme num símbolo do compromisso do Brasil para a transição energética.

7:27A réplica imaginária de Roberto Campos Neto

por Demétrio Magnoli, na FSP

‘Escrevo-lhe para externar a esperança que um dia o PT afaste-se do seu dogma econômico’

Prezada Gleisi Hoffmann,

Recebi sua carta com surpresa e alegria (shorturl.at/YEAQ1). Escrevo-lhe, também em caráter privado, para externar uma esperança e uma confissão.

A esperança: que um dia, finalmente, o PT afaste-se do seu dogma econômico. Nunca duvidei de sua inteligência, nem na de Lula ou dos demais dirigentes petistas. Não sou político, mas imagino que seja muito difícil rever artigos de fé. Contudo, o Brasil precisa disso.

Há tempos, o PT não é socialista –quanto mais comunista! De fato, talvez jamais tenha sido. Sou um conservador, mas reconheço no teu partido uma das mais relevantes correntes políticas nacionais. Já passa da hora de vocês atualizarem seu pensamento econômico, sem renunciar à alma de esquerda.

A esquerda, penso eu, não se distingue pela crença supersticiosa no poder mágico do gasto público, mas pelo combate à pobreza e às desigualdades. Por que flertar com a inflação, um imposto oculto que vandaliza a economia popular?

Galípolo no comando do BC talvez deflagre reflexões urgentes sobre as leis da economia, o sistema de metas de inflação e a necessidade de coordenação entre as políticas fiscal e monetária. Sonho, quem sabe, mas aguardo o dia em que a tua carta possa tornar-se um documento público. A militância irredutível espernearia, mas a revisão histórica impulsionaria o PT a voar na etapa pós-Lula.

Você aventurou-se pela sinceridade. Sigo teu exemplo. Confissão: errei bastante. Não nas decisões sobre política monetária nem nas declarações sobre política fiscal. Meu equívoco foi misturar as bolas: na condição de presidente do BC, não tinha o direito de agir como garoto-propaganda do bolsonarismo.

Falo de direito no sentido amplo, “filosófico”. Todo cidadão pode expressar suas preferências políticas. Contudo, quando fui votar de camiseta amarela (e, ainda, em outras ocasiões) violei uma regra não escrita sobre o lugar do BC na arquitetura institucional do Brasil. O BC autônomo não tem partido –e, portanto, seu presidente fica eticamente proibido de fazer política durante seu mandato.

É pior. O presidente que apoiei consagrou seu tempo no Planalto a conspirar contra a democracia. Evitarei a desculpa (maltrapilha) do teu apoio à ditadura de Maduro: um gesto vergonhoso não redime o outro. Supostamente, liberais abominam tiranias, pois têm a convicção de que as liberdades econômica e política são indivisíveis. Na prática, a regra comportou clamorosas exceções: Milton Friedman e Pinochet, meu avô e Castelo/Geisel, entre outras. Acreditamos mesmo, eu e você, no princípio do governo democrático?

Tua carta trouxe-me à mente a palavra “destino”. Você, que conta com a confiança de Lula, desperdiçou a oportunidade de alinhar o PT ao conceito de equilíbrio fiscal defendido por Haddad –apenas para garantir o aplauso da esquerda passadista. Eu, que frustrei Bolsonaro cumprindo o dever de elevar a Selic em 2022, desperdicei a chance de ficar afastado da política bolsonarista –apenas para ganhar o aplauso da direita autoritária. Autossabotagem –será esse nosso destino compartilhado?

Segundo Marx (ôps, cito Marx, não Mises!), fazemos nosso destino, em circunstâncias que não controlamos. Que tal, no ano novo, sabotarmos a autossabotagem?

Att. Roberto Campos Neto, já ex.

7:09Boas intenções e más notícias para os mais pobres

por Fernanda Richa

Mais burocracia para concessão de benefícios e menos investimento em CRAS e CREAS prejudica as pessoas mais vulneráveis

Más notícias, muitas vezes, vêm embaladas em boas intenções. É o caso das recentes mudanças nos programas de Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Bolsa Família, que, embora busquem combater fraudes e otimizar recursos, podem aumentar barreiras burocráticas e dificultar o acesso dos mais vulneráveis.

As medidas anunciadas pelo Governo Federal para os dois programas reacendem o debate sobre os desafios de garantir a proteção social de maneira efetiva, ao mesmo tempo em que apontam para fragilidades históricas em gestão. É fundamental analisar como essas ações impactam a população mais pobre e expõem limitações estruturais da assistência social no Brasil.

O Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congemas) definiu as medidas do Governo Federal como “criminalização da população mais pobre e que vive do trabalho, impactando, especialmente nas mulheres, crianças, população negra, pessoas com deficiência e idosas”. Outro ponto de preocupação, afirma o Congemas, é o fato de as mudanças terem o nítido objetivo de limitar o acesso ao benefício e reduzir sua cobertura, representando mais uma barreira para que pessoas idosas e com deficiência acessem um direito

Nos últimos anos, casos de concessão indevida de benefícios a pessoas não elegíveis revelaram falhas nos controles administrativos. A ausência de mecanismos eficazes para cruzamento de dados e fiscalização permitiu o acesso de indivíduos fora dos critérios legais, desviando recursos que deveriam ser destinados a famílias em situação de pobreza extrema. No entanto, corrigir essas distorções não pode significar o aumento indiscriminado de barreiras burocráticas, que acabam punindo aqueles que mais dependem do sistema. Medidas como recadastramentos frequentes e exigências documentais excessivas podem dificultar ainda mais o acesso de quem vive em áreas remotas ou em situação de extrema vulnerabilidade.

Outro fator crítico é o desinvestimento nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), responsáveis por implementar ações de proteção social e acompanhar as famílias beneficiárias. Esses equipamentos enfrentam sobrecarga de trabalho e insuficiência de recursos humanos e materiais, o que compromete sua capacidade de atender às demandas da população e de realizar o acompanhamento sociofamiliar necessário para garantir a efetividade dos programas. Sem o fortalecimento da rede de assistência, as mudanças podem agravar a exclusão social e aumentar a dependência de ações emergenciais.

Além disso, o cenário atual de insegurança alimentar e pobreza extrema reforça a importância de programas como o Bolsa Família e o BPC. Apesar das fragilidades no controle, esses benefícios são instrumentos essenciais para a redução das desigualdades e a promoção da dignidade humana. Qualquer revisão nos critérios de acesso deve ser feita com cautela, para evitar que populações já marginalizadas sejam ainda mais prejudicadas.

Por fim, a solução para os desafios enfrentados pelos programas socioassistenciais passa por uma abordagem equilibrada, que combine maior rigor na fiscalização com o fortalecimento da estrutura de proteção social. Investir nos CRAS e CREAS, modernizar os sistemas de controle e ampliar a capacitação das equipes são passos fundamentais para garantir que os benefícios cheguem a quem realmente precisa, sem comprometer a integridade dos programas.

Proteger os mais vulneráveis não é apenas uma obrigação moral, mas também um pilar para o desenvolvimento sustentável do país. Fortalecer a gestão e a implementação dos benefícios socioassistenciais é investir em justiça social e na construção de um Brasil mais solidário e inclusivo.

18:39Verdade Clara

Há um anjo com cabelos de ouro no meu colo. Conto a verdade porque os meus ficaram dentro de um cofre do pensamento – procuro o segredo para abrir e sentir do passado a mesma coisa do agora. Não consigo. A busca é eterna e com final feliz, porque eu os tenho para sempre. Sobreviveram ao meu longo período de trevas, me abraçam como carentes que também são. Então nos transformamos no que foi, é e será. O anjo de cabelos ouro pergunta os nomes deles. Ela tem três anos e os meus são três. Ela sorri com a pronúncia. Sabe que também são crianças adultas como o pai explicando porque usa aparelhos auditivos. Crio uma história de mini-robôs que me contam sobre coisas que não existem, não vejo, mas é tudo verdade Clara como ela.

16:2810 mil a 300

Em São Paulo a Câmara Municipal aprovou projeto que vai resultar no corte de 10 mil árvores. Em Curitiba continua o impasse da obra na avenida Arthur Bernardes que prevê a derrubada de pouco menos de 300  árvores, segundo a prefeitura. O barulho dos que são contra na capital paranaense tem decibéis para mais de milhão. A conferir.

16:12O time completo de Pimentel

Da Banda B

O prefeito diplomado de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD), anunciou nesta sexta-feira (20) os últimos nomes do primeiro escalão da equipe de governo para o mandato de 2025 a 2028.

Os 14 novos secretários e presidentes de autarquias foram escolhidos com foco na eficiência, inovação e continuidade de projetos para fortalecer os serviços municipais e a qualidade de vida na capital. A apresentação dos integrantes completa o quadro de gestores que terão a missão de colocar em prática as propostas do plano de governo, aprovado nas urnas por 57,64% da população, com 531.029 votos.

Seguindo os mesmos critérios dos primeiros indicados, o restante da equipe é composta por homens e mulheres de diferentes áreas, do setor público e privado, com perfil técnico e alinhados ao compromisso de uma administração inovadora, eficiente, sustentável, democrática, igualitária, transparente e voltada ao cuidado das pessoas e ao desenvolvimento.

“Hoje anunciamos a equipe completa que, ao meu lado e do vice-prefeito Paulo Martins (PL), vai transformar nosso plano de governo – aprovado pela população – em ações e obras. Com dedicação, responsabilidade, união e sinergia entre integrantes mais jovens e os mais experientes, nosso compromisso é manter o que já funciona bem em Curitiba e avançar com qualidade no que ainda pode ser aperfeiçoado, sempre colocando as pessoas em primeiro lugar”, afirma Pimentel. Continue lendo

11:26JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

A ficha limpa recuperada por Zé Dirceu na Justiça indica que ele pode tocar o horror pra cima dos bolsonaristas ao anunciar que pensa em reativar o projeto de suceder Lula na presidência.

11:07EPR em dose dupla

Do enviado especial

A concessionária EPR, que já tinha ganho o Lote 2 dos novos pedágios, vai administrar também o Lote 6, com rodovias no Oeste e Sudoeste. Em extensão é o maior trecho de concessão, com 662 quilômetros. Quase metade disso na BR 277, de Foz do Iguaçu a Guarapuava, trecho que terá que ser duplicado. Como no leilão anterior, a EPR deu 0,08% de desconto sobre a tarifa base. São nove praças de pedágio e os valores das tarifas devem variar de R$ 11,00 até R$ 18,00.

10:51Demissões, ontem e hoje

A demissão de repórteres experientes da TV da RPC repercutiu na mídia nacional e redes sociais. Ao acompanhar o assunto, um jornalista veterano lembrou que, há alguns anos, não recebeu nem a informação de que a revista em que trabalhava estava fechando – e muito menos um agradecimento da empresa pelos anos de dedicação exclusiva.

10:26O frango sem cabeça que nasceu antes de Bolsonaro

Brian Brainerd/Getty Images – Superinteressante

por Luiz Cláudio Cunha*

A galinhagem do bolsonarismo começou dez anos antes de seu Messias, o capitão Jair Bolsonaro, nascido em março de 1955. A espantosa revelação foi feita pela repórter Maria Clara Rossini, na última semana de novembro, na edição da revista Superinteressante. Ela conta a história inacreditável de Mike, um frango do Estado americano do Colorado que sobreviveu um ano e meio sem cabeça – uma proeza quase tão incrível quanto a sobrevivência nessas condições improváveis, já há seis anos, do aviário bolsonarista, que nasceu em 2018 quando o Messias do penoso e estridente criadouro voou para o poleiro mais alto da República.

Mais do que interessante, a saga sem pé (de galinha) nem cabeça de Mike é superintrigante. Em meados de setembro de 1945, uma semana após o término da Segunda Guerra Mundial, um casal de fazendeiros de Fruita, uma pequena cidade do Meio-Oeste americano, na fronteira do Colorado com Utah, hoje com sete mil habitantes, fazia seu trabalho no galinheiro: o abate de 50 aves diárias. Lloyd Olsen decapitava os animais e sua mulher Clara os depenava. Naquele 10 de setembro, ao contrário dos outros, uma das aves continua andando e batendo as asas, embora sem a cabeça. Por um acaso, o golpe do facão decepou boa parte da cabeça, mas manteve intactas a veia jugular, parte da orelha e outra do cérebro, responsável justamente pela respiração, digestão e outras funções vitais.

O frango decapitado, batizado com o nome de Mike, sobreviveu graças a um coágulo situado estrategicamente, que permitia que ele respirasse pelo esôfago e vias aéreas expostas. Os Olsen, com mais cabeça que Mike, começaram a ganhar dinheiro com aquela coisa bizarra. Levaram Mike e as outras carcaças ao mercado local, onde apostaram cerveja e dólares na existência de uma galinha viva sem cabeça.

Começaram então uma turnê pelos Estados Unidos, cobrando 25 centavos de dólar (hoje, cerca de US$ 4,40, ou R$ 27 reais pela cotação do dólar desvairado de hoje). Num único dia, faturaram mais de R$ 16 mil reais com o Mike decapitado, que atraía filas de mais de 600 curiosos. O frango vivo sem cabeça ganhou espaço até na prestigiada revista Life.

Afinal, como alimentar um Mike desmiolado? O casal Olsen usava um conta-gotas para pingar água e comida líquida diretamente no esôfago escancarado. Com uma seringa, Lloyd e Clara limpavam o muco acumulado na garganta. Com esses cuidados, Mike sobreviveu 18 meses e uma semana. Até a madrugada de 17 de março de 1947, quando o casal acordou de madrugada com o barulho da ave em agonia, num motel em Phoenix, Arizona, numa escala da turnê que cumpriam pelo país. Mike estava engasgando com o próprio muco, sem a seringa salvadora que poderia reparar a respiração. O casal havia esquecido a seringa na parada anterior e assistiu, impotente, à morte de Mike por asfixia.

A celebridade virou estátua em Fruita, onde todos os anos, em maio, acontece o celebrado Headless Chicken Festival, o Festival do Frango Sem Cabeça. O cerebral capitão Jair Bolsonaro já pensa em enviar Eduardo – o filho que fala inglês e aprendeu a fritar xisburger no Estado americano do Maine – para representar a família e a cacarejante criação de bolsonários nas próximas homenagens a Mike, símbolo comovente de uma população sem miolos.

No último censo conhecido, de 2003, a população de galináceos do mundo superava os 24 bilhões – três vezes mais do que os seres humanos do planeta. É uma infame maledicência da extrema-ixquerda e do Eixo do Mal dizer que a maioria deles vota no capitão. É uma grossa mentira. Somente Mike e uma minoria semelhante cometeu esse deslize, sem pé nem cabeça.

*Luiz Cláudio Cunha, jornalista gaúcho, gosta de churrasco, costela, vinho e chimarrão, coxa e peito de frango. Não gosta de pé, pescoço e cabeça de frango. Nem de bolsonarista