6:57JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Os petistas estão procurando mas ainda não acharam o PT nesta campanha para prefeito de Curitiba. Se alguém falar em estratégia, as bandeiras podem cantar – de cima pra baixo.

6:39Despolitização contra polarização

por Luiz Felipe Pondé, na FSP

Quanto mais politizado é um corpo social, pior é a vida e o convívio

Um dos problemas estruturais da adesão a política —não me refiro aqui aos políticos profissionais— é que essa adesão é adolescente, regressiva em termos morais, cognitivos e epistêmicos, necessitando, portanto, de um baixo uso do pensamento para existir.

Complicado? Nem tanto. A adesão apaixonada pela militância política é coisa de adolescente, mesmo que com 60 anos de idade. Resumo da ópera: a política é regressiva. Não é de se estranhar, já que ela é, de certa forma, fruto do nosso cérebro réptil.

Sei que essa hipótese entra em choque com gurus da política como Deleuze ou Foucault —o primeiro um tanto fora de moda. Para esses, e muitos outros, tudo é política. Corpo político, café político, posição de dormir política, arroto político. Pois, arrisco dizer que, quanto mais “politizado” é um corpo social —a sociedade aqui incluída— pior é a vida e o convívio. Precisamos de menos política.

Dito de outra forma: a polarização violenta em que vivemos hoje é resultado necessário da natureza da militância política e, por isso mesmo, não tem saída, só se as pessoas recuarem da política. Só uma “despolitização” da sociedade pode reduzir a polarização louca.

Esta sim, poderá destruir as instituições da democracia, mesmo que a narrativa da esquerda hoje chame para si o papel de “anjo guardião da democracia”. Vê? Coisa de criança.

O filósofo húngaro radicado nos EUA, John Kekes, com uma obra essencial em política e moral, é quase completamente desconhecido no país e sem tradução até hoje. O mercado editorial hoje no Brasil é uma indústria cooptada pela polarização —editores, vendedores de livrarias, donos de livrarias: se você não vestir o manto da santidade política da esquerda, você é apagado. Restam pouquíssimas exceções, e que quase sempre morrem à míngua. Existem, claro, as editoras à caça de best-sellers variados.

Seu livro lançado em 2023 pela Oxford, “Moderate Conservatism, reclaming the center” é essencial para pensarmos a polarização “fora da caixa”. Para Kekes, uma saída possível da polarização que está destruindo a sociedade americana —mas serve para o Brasil também— é um recuo da politização da vida. Uma “despolitização da vida”.

Politização aqui é, antes de tudo, militância a esquerda ou a direita. Todo grupo político que se acha portador do BEM político —ele escreve no livro GOOD em maiúsculas— destrói a vida em sociedade.

Não são teóricos e “especialistas” que podem reduzir o caráter destrutivo da militância política polarizada, mas sim as pessoas comuns no seu dia a dia entenderem que o que garante o cotidiano é a manutenção de um sistema político sem grandes arroubos à esquerda ou à direita. Sem ideologia política.

Lembro-me, quando criança, durante a ditadura —ditadura esta que enriqueceu muita gente que hoje posa portando o manto da santidade—, ouvia os adultos dizerem “o problema do Brasil é que o povo não é politizado”. Pois bem: agora é, e?

Sei. Dirão que a politização do povo —graças às redes sociais, essas mesmas objetos de perseguição cada vez mais sistemática pelo Estado— é a politização errada. A esquerda sempre teve nojinho do povo. Aqui se revela uma diferença, entre a esquerda e a direita, quanto à tipologia regressiva típica da adesão a política.

Pablo Marçal é um Bolsonaro modelo 4.0. O crescimento, e o medo que ele tem causado —inclusive nos jornalistas que tem sofrido de desorientação diante dele—, se deve ao fato que, além de ele poder ganhar as eleições municipais em São Paulo, ele representa uma imensa maioria da população, aquela mesma que dá nojinho na esquerda. Ele dá esperança para uma imensa maioria da população, com sua salada de cristianismo mágico e liberalismo para os pobres. Quanto a mentir, todos mentem, ele o faz sem verniz.

O caráter regressivo de grande parte da direita é mais evidente: quase cospem quando falam. São obcecados pelo Bolsonaro, em pânico diante do risco de acordarem um dia apaixonados pelo Marçal.

O caráter regressivo da esquerda tem mais verniz. É fingido. Como disse acima, veste o manto da santidade. Artistas, jornalistas, intelectuais, professores, cineastas, se vêm como merecedores do estilo literário conhecido como hagiografia. Hagiografia são biografias da vida de santos, sem fundamento histórico em si. São adolescentes mais narcisistas.

18:2589 medalhas

O Brasil ficou em quinto lugar nos Jogos Paralímpicos de Paris. Ganhou 89 medalhas no total, sendo 25 de ouro, três a mais do que as 22 conquistadas em Tóquio-2020. Medalhas de prata foram 26 e 38 de bronze. Recordes quebrados que merecem parabéns e toda gratidão da torcida aos atletas pela demonstração de dedicação ao esporte e superação.

 

8:52JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

O ministro Alexandre de Moraes jamais imaginou que num 7 de setembro ele conseguiria lotar a Avenida Paulista e ser mais citado que D. Pedro I e o famoso grito da independência.

8:45Os recordes e a grande lição dos paratletas brasileiros

Ontem os atletas brasileiros quebraram o recorde de conquistas em Paralimpíadas ao conseguir 86 pódios no total, superando os 72 de Tóquio em 2020. O recorde de medalhas de ouro também foi batido, com 23 contra 22 da competição anterior. O 7 de setembro vai ficar marcado também porque, neste penúltimo dia dos Jogos de Paris, seis medalhas de ouro, três de prata sete de bronze brilharam no peito dos brasileiros. Hoje os números podem aumentar, mas o que fica para sempre é o exemplo de superação, as lágrimas da emoção e os sorrisos que ilumina tudo. Talvez agora, com o espaço que ganharam na mídia, o anonimato que cobre tudo entre os jogos desapareça e estes grandes atletas recebam o apoio que merecem pela lição de vida que ensinam.

8:12CIRCULA NA INTERNET

O político chega numa vila no interior e as pessoas se aproximam e falam pra ele:
-Senhor, a gente aqui tem dois problemas grandes.
-Qual é o primeiro?
-Não temos médico.
O político pega o celular, caminha falando e volta e diz:
– Pronto! Amanhã chega um médico. Qual é o segundo problema?
– Aqui não pega o celular.

7:54Em Veneza, a premiação dos roteiristas curitibanos

O filme “Ainda Estou Aqui”, do diretor Walter Salles, ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Veneza, um dos mais importantes do mundo. Os roteiristas são os curitibanos Murilo Hauser e Heitor Lorega. O filme é baseado no livro do mesmo nome escrito por Marcelo Rubens Paiva. Nele, o escritor narra as lembranças da época em que a ditadura militar prendeu e desapareceu com o seu pai, Rubens Paiva, ex-deputado federal cujo corpo nunca foi encontrado depois de ser torturado e morto. Eunice Paiva, a viúva, criou cinco filhos e não descansou na busca e tentativa de fazer o governo reconhecer a atrocidade cometida.

7:23Bolsonaro na foto e na gaveta

O “abraço” que a deputada estadual Maria Victoria (PP) deu em Jair Bolsonaro ontem, 7 de setembro, deverá ser contabilizado na próxima pesquisa eleitoral. Na publicada ontem, da Linear, ela estava em sétimo lugar, atrás da bolsonarista raiz Cristina Graeml (PMB). Disparado na liderança, Eduardo Pimentel (PSB) também tem apoio do ex-presidente, mas desde o começo da campanha deixa isso quieto e só vai utilizar tal argumento se necessário, ou seja, se a briga com a esquerda de Luciano Ducci (PSB) ficar feia.

6:58LEROS

de Carlos Castelo

§ Um ministro dos Direitos Humanos assedia sexualmente uma ministra da Igualdade Racial. Isso equivale a um traficante palestrar sobre reabilitação de adictos em rede nacional. A ministra admite o fato. Vamos ser sinceros: o Brasil já não anda com a melhor das imagens. E, como se não bastasse, mais essa. Vivemos em um mundo onde há mais investidores do que cidadãos, e o fato pode impactar a nossa economia. Quem vai apostar na Bovespa quando um suposto humanista desrespeita sua colega de governo? Nem o desastrado Elon Musk investiria num cenário desses. Agora, o problema será ver até onde os “camisa-preta” usarão o ocorrido para atacar um governo, ao menos, sofrivelmente democrático. A extrema-direita, nas internas, deve achar esse quiprocó interministerial uma coisa linda. Mas, sem hipocrisia, como manter o Centrão positivo e operante?