Ao saber que a Globo começou as gravações do remake da novela “Vale Tudo” no Paraná, o Gaiato da Boca Maldita foi rápido na estocada: “Cenário perfeito”.
18:00As apostas
65% dos brasileiros dizem que os sites de apostas deveriam ser proibidos. Os outros 35% defendem atacando e garantem que essa maioria não aposta – e que falar é fácil.
17:34O FLAGRA DE ONTEM
O advogado Luis Fernando Pereira, no ar, ao centro, comemora a vitória na eleição realizada ontem (22) para a presidência da OAB/PR – Foto de Roberta Ling
17:31Pagospel
de Carlos Castelo
Em 2032, no auge do segundo Reich de extrema-direita, Joãozinho Lobo Villas, um conhecido compositor de pagodes, viu sua vida virar de cabeça para baixo. Naquele momento histórico, até o ritmo alegre do samba podia ser considerado uma ameaça à moralidade da pátria — ao menos na opinião do Ministério da Cultura, rebatizado de Ministério do Bem-Estar Tradicional.
A crise começou quando Joãozinho Lobo Villas, com seu hit “É calote, mas eu pago”, liderava as paradas, embalando o povo com versos sobre a vida financeira apertada. Mal sabia ele que a canção tinha chegado aos ouvidos de Messias II, filho do antigo líder e presidente por direito hereditário. Durante um churrasco informal com seus ministros, alguém botou o pagode numa caixinha de som para animar o papo. Foi um desastre.
– Como é que tu me bota um troço desses pra tocar aqui, rapaz? Isso é terrorismo, pô! – teria gritado o tirano, cuspindo seu pão com leite condensado sobre a mesa.
No dia seguinte, um artigo apareceu no Verdadeiramente Livre, o jornal oficial do governo, com o título “Caos em vez de música: a degradação do pagode bolivariano”. Diziam que Lobo Villas promovia uma mensagem subversiva, que incitava a desobediência fiscal e a balbúrdia financeira. A partir daí, a vida do compositor desandou.
Sob pressão do novo decreto cultural, Lobo Villas teve que retirar de circulação sua nova obra-prima, em parceria com o agogoísta Neco Reco: “Pagode do emprego que não vem”. Isso antes mesmo de lançá-la nos streamings. Daí em diante precisou entrar em modo sobrevivência, resgatando antigos sucessos mais neutros, como o batuque gospel “Fica com Deus” e o partido alto “Conte a benção”.
Em 2033, sob o comando de Dona Floriana, a poderosa ministra do Bem-Estar Tradicional, o Decreto do Samba de Raiz foi instaurado. Lobo Villas, acostumado à fusão de pagode com gêneros mais contemporâneos, foi acusado de “formalismo melódico”, uma infração gravíssima na política cultural brasileira. “Música elitista que não serve ao brasileiro honesto” diziam os censores. Se quisesse sobreviver, teria que compor algo que estivesse mais de acordo com os interesses da nação: músicas sobre louvores, família, armas e motociatas.
Lobo Villas foi obrigado a aparecer em público, numa cerimônia constrangedora, onde leu uma carta de desculpas à nação. Passou a criar trilhas sonoras para documentários governamentais. Era isso ou arriscar uma temporada no Pantanal, que tinha se incendiado e virado reserva de dissidentes políticos.
Enquanto isso, o sambista levava uma vida dupla. Gravava álbuns patrióticos sob a tutela do Estado, mas, no fundo dos botecos, improvisava letras repletas de ironia e crítica.
Quando Messias II finalmente saiu do poder, o pagode voltou às rádios, as escolas de samba retomaram seus desfiles, as novelas continuaram ruins, e o país permanecia quebrado, mas dessa vez com trilha sonora. Lobo Villas passou a ser reverenciado como mártir cultural.
Após passar três anos como preso político no Pantanal, Neco Reco declarou à imprensa ao ser libertado:
– Ninguém gosta de ditadura, mas ela fica melhor com um cavaquinho.
10:00Periferia preferiria
de Mário Montanha Teixeira Filho
Faço daqui
minha casa,
embora não me ouçam
as pessoas por quem canto.
9:00PARA NUNCA ESQUECER SKANK E É UMA PARTIDA DE FUTEBOL
8:39Leocádio, em livro
Com iniciativa e coordenação do jornalista Dias Lopes, Sergio Brandão, colaborador do blog, lança em breve um livro sobre Leocádio, atacante do Coritiba que fez história ao integrar o time que, a partir de 1971, dominou o futebol paranaense e conquistou o hexacampeonato estadual. Atualmente o ex-jogador mora em Mafra (SC), onde nasceu.
7:58Democracia
Democracia é um sistema político com a cabeça a prêmio. (Millôr)
7:55SOLDA (Alceu Dispor)
7:47CIRCULA NA INTERNET
Não vejo mais telejornal pelas notícias, mas sim pelas panturrilhas das apresentadoras. Se elas estão de calça, imagino.
7:38Destino
Do Goela de Ouro
O destino de Luiz Fernando Jamur, o poderoso secretário de Governo na atual administração da prefeitura de Curitiba, ainda não foi definido – mas não vai demorar.
7:30A banana e o bananal
Ao saber que uma banana pregada com fita numa parede foi vendida por R$ 35 milhões na casa de leilões da Sotheby’s, o Gaiato da Boca Maldita achou que o caminho para o Brasil não precisar mais do pacote do corte de gastos se abriu. “É só vender o bananal todo para bilionários colecionadores de arte”.
6:55A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Foto de Maringas Maciel
6:43O hat-trick planetário em menos de 24 horas
por Juca Kfouri, no UOL
No espaço de menos de 24 horas, entre quarta (20) e quinta (21) desta semana, o mundo viveu a deliciosa sensação de um _hat-trick_ planetário, que só os maiores craques do futebol — como Cristiano Ronaldo, Messi, Lewandowski e Haaland — experimentaram. Aconteceu quase simultaneamente em Haia, Brasília e Montevidéu.
Na quinta 21, em Haia, o Tribunal Penal Internacional, instituição da ONU, emitiu uma ordem de prisão contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. Junto com seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, demitido no início do mês, Netanyahu foi acusado de crimes contra a humanidade por ações de extermínio contra a população civil da Faixa de Gaza, onde desde outubro passado as tropas de Israel já mataram mais de 44 mil pessoas — 70% delas mulheres e crianças, segundo estimativas da ONU, que o governo de Tel-Aviv classifica como “terrorista”.
Pela decisão da corte internacional de Haia, Netanyahu agora corre o risco de ser preso se transitar por algum dos 124 países signatários do Estatuto de Roma, entre eles o Brasil. Em apenas três países o premiê israelense pode viajar impune: Estados Unidos, China e Rússia, que não assinaram o tratado de Roma.
Na mesma quinta, 21, em Brasília, a Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas, suspeitos e cúmplices nos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
No duro, detalhado relatório de 884 páginas, a PF mostra que os conspiradores tramaram até mesmo a morte do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
O capitão Bolsonaro tinha, na conspiração, a companhia de 25 militares de alta patente, incluindo três ex-comandantes do Exército e um da Marinha. É a primeira vez, na história da República, que um ex-presidente eleito no período democrático é acusado por tramar contra a democracia no Brasil.
Na véspera, quarta, 20, em Montevidéu, a juíza Sílvia Urioste, do Tribunal Penal de 27º Turno, condenou à prisão o coronel do Exército da reserva Eduardo Ferri pelo sequestro dos militantes uruguaios Universindo Rodríguez e Lilián Celiberti, e seus dois filhos, Camilo (8 anos) e Francesca (3), presos ilegalmente em Porto Alegre em novembro de 1978 e transladados ilegalmente para a capital uruguaia por um comando clandestino da repressão da ditadura de Montevidéu, agindo em conluio com o DOPS gaúcho comandado pelo delegado Pedro Seelig.
Denunciado pela imprensa brasileira, o sequestro se converteu no único e mais clamoroso fracasso da Operação Condor, a conexão repressiva que unia as ditaduras militares dos seis países do Cone Sul, na década sangrenta de 1970.
Os repórteres Luiz Cláudio Cunha e JB Scalco, da sucursal da revista Veja, em Porto Alegre, foram os responsáveis pela corajosa reportagem que salvou a vida do casal.
Ferro, 77 anos, já tinha sido condenado a 21 anos de prisão, em 2023, pelo desaparecimento do militante comunista Óscar Tassino durante a ditadura. Agora, 46 anos após o sequestro de Porto Alegre, o coronel Ferro foi denunciado por quatro delitos de privação de liberdade, especialmente agravados, que só não resultaram na morte de Universindo e Lilián graças à denúncia da imprensa brasileira, que obrigou a repressão a abortar a ação na capital gaúcha.
Num mundo angustiado pela impunidade recorrente e pela falta de punição aos abusos contra direitos humanos, a tripla vitória dessa semana em Haia, Brasília e Montevidéu mostra que, no campo pesado da Justiça, um _hat-trick_ também pode ser festejado.
6:39A VIDA COMO ELA É
Fotos de Roberto José da Silva e Ralf G. Stade
6:24A lenda, a conspiração e um mistério
Uma lenda cerca o 8 de janeiro de 2023 de Brasília: naquele dia, Bolsonaro e os seus teriam tentado o golpe de Estado. Sabe-se, há tempo, que a verdadeira conspiração golpista desenrolou-se antes, em novembro e dezembro de 2022. A prisão do general Mário Fernandes, ex-comandante de Operações Especiais do Exército, e sua quadrilha de kids pretos, confirma o que o já era conhecido, em linhas gerais, pelo STF e pela imprensa. Passa da hora de separar um evento do outro, para que se faça justiça.
A lenda nasceu do impacto das imagens espetaculares, bárbaras, da invasão dos edifícios do STF e do Congresso pela turba de vândalos idiotas incensados por uma miragem, e consolidou-se por meio das sentenças performáticas emitidas pelos juízes de capa preta. Não era razoável imaginar uma operação golpista desencadeada depois, não antes, da transmissão do poder para o governo eleito. Mas lendas tendem a subsistir, desafiando a lógica e os fatos.
A conspiração real carece de imagens ou sons. Sua trama, porém, está radiografada e desenrola-se da segunda semana de novembro de 2022 até meados de dezembro. O plano operacional do golpe foi impresso, por duas vezes, no Planalto. Os kids pretos reuniram-se para afinar o complô que culminaria com os assassinatos de Alexandre de Moraes, Lula e Alckmin. Formulou-se a minuta político-jurídica do golpe. O círculo próximo de Bolsonaro organizou o “clamor popular” expresso nos acampamentos diante dos quartéis.
Antes da prisão de Fernandes, acreditava-se que tudo teria naufragado no 7 de dezembro, data da reunião de Bolsonaro com o Alto Comando do Exército, quando a maioria dos comandantes recusou a “obediência devida” ao presidente subversivo, batendo continência à Constituição. Sabe-se agora, porém, que Fernandes encontrou-se com Bolsonaro no Palácio da Alvorada em 8/12 e, dias depois, os kids pretos deslocaram-se para Brasília e monitoraram os passos de Moraes a fim de executar sua missão sangrenta.
Emerge, daí, a pergunta: o que aconteceu no fatídico 15/12, data programada do sequestro de Moraes, para abortar o desenlace? A cronologia da trama não termina na célebre reunião de 7/12, mas segue por mais oito dias e abrange algum evento decisivo ainda oculto.
A solução do mistério depende das investigações da PF. Mas a justiça depende de uma reviravolta do STF, que concentrou sua atenção na lenda, desviando-se confortavelmente da conspiração efetiva. Os zumbis do 8/1 sonhavam com um golpe que já fracassara. Sua tentativa bizarra de acender o pavio da intervenção militar merece punição justa, não “sentenças exemplares” destinadas a produzir aplausos frenéticos da plateia e, ao mesmo tempo, ocultar os crimes dos “homens de bem” que articularam o verdadeiro complô.
Os juízes de capa preta dispõem dos nomes, das datas, da delação e dos documentos. Evidentemente, o general Fernandes e seus kids pretos não agiram de modo próprio. Quanto demorará para o chefe deles sentar, finalmente, no banco dos réus?
As penas dos zumbis descalços abandonados por seu líder em terra incógnita atingem a marca estratosférica de 17 anos. O número merece ser lembrado. Qual será a sentença do STF para os golpistas bacanas, de farda ou terno, que circulam no pátio da impunidade?
18:28A VIDA COMO ELA É
Na praia da Tabuba, Alagoas – Fotos de Ricardo Silva
18:27Fernando Casagrande Pereira é eleito presidente da OAB/PR
Da assessoria de imprensa da OAB/PR
Com 48,33% dos votos válidos, a chapa XI de Agosto, liderada pelo advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira, venceu a eleição para compor a diretoria e o conselho seccional na gestão 2025-2027 da OAB Paraná. A chapa Pela Ordem, encabeçada pelo advogado Flávio Pansieri, ficou em segundo lugar, com 34,9 % dos votos. Em terceiro lugar, ficou a chapa OAB Democrática, liderada pelo advogado Marlus Arns, com 16,77 % dos votos válidos.
As eleições foram realizadas nesta sexta-feira, 22 de novembro, na modalidade on-line, a exemplo do pleito anterior. Com grande adesão da advocacia paranaense ao pleito, o índice de participação foi de 84,76 %, com a participação de 55.345 eleitores de um total de 65 mil aptos a votar.
O resultado foi divulgado minutos após o encerramento da votação, às 17h, com a apuração dos votos das subseções e por último da seccional.
Luiz Fernando Casagrande Pereira, 54 anos, natural de Cascavel (PR), é doutor em Direito Processual Civil pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Atualmente é diretor-tesoureiro da OAB no Paraná. Já foi coordenador geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), presidente Congresso Brasileiro de Direito Eleitoral (CBDE) e é cofundador do Instituto Paranaense de Direito Eleitoral (Iprade).
18:06ticiana vasconcelos silva
Quem dera fôssemos poetas
E nossa meta fosse criar
Algo como a ilusão
Somos mais que concretos
E chegamos rápido à conclusão
Da vida esperamos esperanças
E do amor a aliança
Mas nos tornamos espectadores
E nossas dores nos dirão
Como saltar de pontes
Mesmo estando presos
E os pesos da alma
Se elevam pela manhã
Quando acordamos sabemos
Que eles são pequenos
E que tem menos quem tem mais
E aos ideais
Nos rendemos
Se podemos decifrar
O código da vida
Através da ferida
Que não sara
Mas é tão rara
Quanto o milagre do poema
Vamos ao cinema
E nos vemos distantes
E diante da realidade
A verdade?
Ninguém sabe
Mas já partimos pela metade
Nossos olhares
E vimos o coração
Em sua indecisão
Como tudo é insignificante
Vemos a constante
Criação
A nos criar
Pois nunca nascemos
Nem existimos
Apenas sentimos
E insistimos em ousar
Ser o que não somos
Sonho comum
E como um
Somos infinitos
E como eternos
Fomos o que rimos
Porque a causa maior
É a beleza da coesão
Entre o sim e o não
Opostos que trazem
Respostas
E quem aposta sou eu
Em tudo
Mas o mundo
Não é meu
16:33Quando as autoridades trocam “elogios”
Nas redes sociais, um exemplo de como é o tratamento entre as chamadas autoridades do Bananão quando elas brigam:
Tudo começou quando o juiz federal Marcelo Bretas publicou uma postagem sobre a “tentativa de um crime e a desistência voluntária”. Isso durante o terremoto da revelação da Polícia Federal de que havia um plano para matar Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Sem citar o caso, Bretas defende a tese que “orienta que nenhum pensamento ou desejo humano pode ser considerado criminoso, a não ser que se manifeste e provoque uma conduta injusta que prejudique um bem jurídico”. Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, entrou de sola, pois inimigo do togado: “Delinquente sendo delinquente”. O senador Sergio Moro tomou as dores do colega e respondeu ao prefeito: “Delinquentes eram os seus amigos que ele prendeu”. O prefeito então distribuiu pancada nos dois que fizeram parceria na Lava Jato: “Vocês dois são o exemplo do que não deve ser o Judiciário. Destruíram a luta contra a corrupção graças à ambição política de ambos. Você [Moro] ainda conseguiu um emprego de ministro da Justiça e foi mais longe na política. Esse aí [Bretas] nem isso. Ele era desprezado pelo próprio [Jair] Bolsonaro que fez uso eleitoral das posições dele. E quem me disse isso foi o próprio ex-presidente. Recolha-se à sua insignificância. Aqui você não cresce! Lixo!” Moro contra-atacou enviando uma foto de Paes ao lado de Lula e Sergio Cabral. Então, disparou: ” Errado, quem destruiu o combate à corrupção foram os amigos dos delinquentes, ou seja, sua própria turma da impunidade. Ofensa de baixo calão não muda os fatos e só mostra quem ou o que você é”.
Encerrado o tiroteio de “alto nível”, vem à lembrança uma das máximas do grande Luiz Solda: “Assim rasteja a humanidade”