por Mário Montanha Teixeira Filho
No primeiro semestre deste ano, o conselho deliberativo (assim, em minúsculo) do CAP aprovou a mudança de nome do estádio do clube. Uma votação incrivelmente unânime deu ao templo histórico o nome de Mario Celso Petraglia. O todo-poderoso, enfim, impôs o seu egocentrismo, numa ação de completo desrespeito ao verdadeiro destinatário da homenagem: Joaquim Américo Guimarães. Sobrou para os conselheiros atuais a vergonha de participar, como coadjuvantes, de um roteiro mesquinho, personalista e ridículo, cumprindo sem nenhum questionamento a ordem que lhes foi ditada pelo chefe supremo.
Em campo, o time que veste as camisas horríveis concebidas por marqueteiros de araque acumulou – e segue acumulando – vexames. Um time sem rumo, sem direção, sem objetivos e sem nenhuma perspectiva. Curiosamente, o agora estádio Mario Celso Petraglia tem sido palco de sucessivas derrotas, algo que não acontecia nem mesmo nos tempos de vacas muito magras, quando nossos jogadores pisavam o gramado com uniformes desbotados e sem saber quando receberiam seus salários. Ainda que desprovidos de títulos e glórias oficiais, éramos quase invencíveis em casa. Sobrevivíamos de paixão, éramos livres para amar.
Agora, fazendo jus ao novo nome, nosso estádio não assusta mais ninguém. Há coerência nisso, uma vez que a persona que virou dona de tudo, a que insiste em destruir o passado, colocando-se acima de uma história centenária e bela, a que se diz especialista em dinheiro, transações milionárias e balanços contábeis, essa persona é absolutamente ignorante quando o que de fato interessa, o futebol, está em discussão. Petraglia não manja nada do assunto, e isso foi dito por ele mesmo algum tempo atrás.
O CAP, hoje mais do que nunca, é uma grande mentira, a ilusão de modernidade e gigantismo que só provoca tristeza e machuca o coração dos seus torcedores. Há quem diga que tudo isso é fruto de uma maldição trazida pelos abusos autoritários que se sucederam. Como não creio no sobrenatural, fico com a objetividade dos fatos. O Athletico, uma descaracterização bizarra do que fomos um dia, não é o nosso Atlético, feito de simplicidade e força coletiva. O Athletico não existe para nós.
Temos, portanto, o direito de reivindicar o que é nosso e nos foi retirado por uma sucessão de atos ilegítimos e tiranos. O primeiro passo é fazer com que os usurpadores nos devolvam o estádio Joaquim Américo, a Baixada que pertence a milhões de pessoas. E desfazer o conselho deliberativo que enlameou os símbolos atleticanos com sua omissão. Joaquim Américo é o nosso estádio! O outro – Mario Celso Petraglia – não passa de (mais) uma invenção dos ilusionistas que montaram o time sem alma que nos constrange e maltrata.