8:28Pacote prensado e risco de fritura

Ao ver Fernando Haddad, ministro da Fazenda, sentado entre os maiorais do Banco Itaú e BTG Pactual, o Gaiato da Boca Maldita teve a nítida certeza de que o pacote do governo estava mais prensado do que cana na máquina de fazer caldo. Depois Haddad foi flechado ao defender as medidas, principalmente o aumento da isenção do imposto de renda para a turma do andar de baixo. Aí saiu pela cozinha. O Gaiato acha que foi uma estratégia perigosa. “Ele poderia ser fritado ali mesmo”.

8:19O Serpro e a Celepar

Os 60 anos da Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) serão comemorados na Assembleia Legislativa no plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. Será segunda-feira (2) a partir das 9h30. O Serpro é a maior empresa pública de tecnologia do mundo. A homenagem foi proposta pelo deputado estadual Renato Freitas (PT). Ele faz parte da bancada da oposição, que não conseguiu suspender o projeto do governo de  privatização da Celepar.

7:16No lado escuro da campanha

Do Goela de Ouro

No lado escuro da campanha para a presidência da OAB/PR teve de tudo, até candidato sendo catalogado como comunista, como se a disputa fosse um bate-boca entre militantes ideológicos e não profissionais respeitados pela classe. Faltou alguém vestir a camisa da seleção brasileira, mas aí a baixaria estaria completa.

6:43A Revolução Industrial deles

por Demétrio Magnoli, na FSP

‘Reparação histórica’ como meio para financiamento climático é receita de fracasso na COP30

À undécima hora, a COP29 fechou o acordo sobre o financiamento climático. Os países desenvolvidos comprometeram-se com US$ 300 bilhões anuais, três vezes mais que o compromisso anterior. Não obtiveram aplausos: os países em desenvolvimento e os mais vulneráveis qualificaram o valor como “pífio” e os ativistas ambientais declararam o fracasso da COP. De fato, porém, o resultado iluminou a falência do conceito que preside as negociações financeiras desde o Acordo de Paris (2015).

As COPs converteram-se em teatros farsescos. A penúltima ocorreu nos Emirados Árabes e esta última, no Azerbaijão, países cujas economias assentam-se sobre o petróleo e o gás. Os tais US$ 300 bilhões, além de insuficientes para amenizar o aquecimento global e promover adaptação às mudanças climáticas, são uma miragem no deserto, pois a maior parte dos recursos emanaria de fontes incertas. Mas o núcleo do impasse é outro: a regra que só impõe pagamentos às nações desenvolvidas.

A regra deita raízes no princípio das responsabilidades comuns mas diferenciadas, consagrado na ECO-92. O Acordo de Paris o interpretou como isenção absoluta às economias em desenvolvimento.

A China, maior emissor mundial de gases de estufa, com 30% do total, detentora de vastas reservas financeiras, não tem responsabilidade de financiamento. O mesmo ocorre com a Índia, fonte de 7,4% das emissões, situada no terceiro posto, com o Brasil (2,4%), no quinto posto, e com grandes exportadores de petróleo com elevada renda per capita, como Arábia Saudita e Emirados Árabes. Como explicar aos eleitores espanhóis, portugueses, gregos ou mesmo alemães que tais países não precisam contribuir com nenhum dólar?

A justificativa ritual investe numa versão ambiental da ideia de “reparação histórica”: “vocês fizeram a Revolução Industrial e, portanto, devem limpar a sujeira”. A Revolução Industrial teve seu berço nos países desenvolvidos, que foram seus maiores beneficiários, mas esculpiu todas as sociedades modernas. Só povos que vivem da caça, pesca e coleta têm o direito de sintetizá-la como mera sujeira. As tecnologias industriais revolucionaram os transportes, as comunicações e a produtividade agrícola, pariram a medicina atual, geraram as vacinas. A “Revolução Industrial deles” pertence ao domínio da caricatura militante.

O Brasil de hoje é fruto da Revolução Industrial. A metrópole paulistana surgiu do café, droga típica do mundo industrial. A borracha deflagrou a expansão de Manaus, que se tornaria a segunda maior metrópole equatorial do globo. A certidão de nascimento do PT tem como endereço as montadoras do ABC paulista. Lula foi torneiro mecânico nas Indústrias Villares.

COP30, em Belém, daqui a um ano, ocorrerá à longa sombra de Trump. A perpetuação do discurso da “reparação histórica”, que já desvia votos para partidos europeus engajados no negacionismo climático, é receita certa de um novo fracasso. O governo brasileiro, anfitrião do encontro, dispõe de pouco tempo para articular uma regra sustentável de financiamento climático, com base no PIB per capita, nas emissões per capita ou numa combinação de indicadores. A alternativa é um intercâmbio estéril de acusações –isto é, teatro político para entreter a audiência.

18:47JOÃO UBALDO RIBEIRO

…E, quanto a ela, agora não tinha mais desculpa para não fazer o que achava que devia fazer, que, aliás, fizesse isso mesmo: o que achava que devia fazer.
Era um presente em que ele tinha pensado muito antes de dar a ela e era um presente de grande amor.
Não o dinheiro, que ele não tinha ninguém no mundo a não ser ela e, portanto, era sua obrigação cuidar dela direito, pois que ela tampouco tinha alguém por si no mundo. Mas, sim, a liberdade de ser e escolher, coisa para que, pelo menos da parte dele, ela acharia ajuda, embora fosse encontrar dificuldade de todas as outras partes, dificuldade mortal mesmo, dificuldade dura e sem misericórdia.
Mas este conselho lhe dava: que não fosse boba, que não confiasse, não confidenciasse e não desistisse com facilidade; que não fosse mentirosa.
Mas também não imprudente: que não quisesse lutar sempre do mesmo jeito, mas que visse que para cada luta há um jeito próprio, dependendo sempre das circunstâncias; e que gostasse dele, porque ele gostava tanto dela que o coração lhe doía e, se não tinha sido melhor avô, fora porque não soubera, mas tudo o que sabia e procurara aprender tinha feito para ela. Ela gostava dele?

*Em “Viva o Povo Brasileiro”

 

17:16E na Libertadores…

Do correspondente esportivo:

Um ônibus foi parado com torcedores do Botafogo. Após conferir todos os documentos, a polícia descobriu que único que estava com pendências era o motorista. Daí um dos torcedores apresentou uma carteira de motorista que permitia dirigir ônibus – e seguiu pilotando até a Argentina.

16:41Mais da metade dos brasileiros não lê livros

Da Rádio Senado

Pela primeira vez, a proporção de não-leitores, que chega a 53%, supera a de leitores, que é de 47% no País. 53% da população afirmou não ter lido nenhum livro, seja impresso ou digital, nos três meses anteriores à Sexta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil do Instituto Pró-Livro. A perda foi de quase 7 milhões de leitores nos últimos quatro anos. O cenário é ainda mais preocupante quando se observa a leitura de livros inteiros: 73% dos brasileiros, 148 milhões, não completaram nenhuma leitura. Essa perda de consumidores de livros é registrada em todas as faixas etárias, classes sociais e níveis de escolaridade, com exceção das crianças de 11 a 13 anos e das pessoas com 70 anos ou mais.

 

16:06Black Friday, a arte de gastar para economizar

por Carlos Castelo

Bem-vindo ao Carnaval do capitalismo, à vitória do cartão sobre a razão. Escolha sua promoção
e leve o supérfluo embrulhado em plástico bolha e culpa. Vem!

Promoção especial de Black Friday em agência funerária: “Compre um caixão e leve um
upgrade para madeira nobre grátis. Oferta válida apenas para enterros realizados até
domingo.”

Megapromoção de vasectomia e laqueadura: “Faça o casal completo e ganhe um voucher
para jantar romântico no pós-cirúrgico.”

Desconto progressivo em sessões de terapia de casal: “Quanto mais discussões você relatar,
maior o desconto! Relate três rusgas acaloradas e ganhe 50% Off.”

Compre um, leve dois em um curso de hipnoterapia: “E, de brinde, uma aula extra
para aprender a hipnotizar o chefe”.

Compre e ganhe um em aula de canto tirolês: “E mais: ganhe um chapéu alpino com pena,
made in China, para completar o visual tradicional.”

Descontos relâmpago em curso de treinamento para abrir cocos: “Inclui um martelo decorado
com glitter, para abrir cocos com estilo”

Oferta muito especial em curso de manipulação de marionetes: “Pague com Pix e receba um mini Pinóquio, made in China, como brinde.”

Promoção em um curso de escrita em hieróglifos: “Material incluso: 10 placas de
argila e um estilete egípcio legítimo importado da Coreia.”

Compre uma e leve três (se voltar à sua existência) em sessão de regressão a vidas passadas: “Leve um bônus para descobrir o que você foi na Atlântida”

Queima de estoque em uma loja de sinos tibetanos: “Na compra de dois sinos, ganhe um
tapete de meditação perfumado com incenso degengibre.”

Condição imperdível em uma loja de armaduras medievais: “Cada armadura vem com adesivos de Ricardo Coração de Leão e Boemundo de Taranto para personalizar sua experiência.”

Descontos espetaculares em um curso de comunicação interespécies: “Inclui uma consulta inicial com uma cacatua terapeuta”

Só no dia da Black Friday em um curso de leitura de aura: “Ganhe um cristal energizado para se comunicar com seu espírito. Se adquirir duas inscrições, leve grátis um espírito de luz”.

Queima total em uma loja de chifres de caça: “Compre dois e leve um berrante sertanejo para
diversificar seu repertório.”

Brinde especial em um curso de dança irlandesa: “A aula teste inclui meias  antiderrapantes para evitar quedas cênicas. Na matrícula, desconto exclusivo em nove hospitais especializados em ortopedia”

*Publicado em O Dia

11:32Encurralado

de Charles Bukowski

bem, eles diziam que tudo terminaria
assim: velho. o talento perdido. tateando às cegas em busca
da palavra

ouvindo os passos
na escuridão, volto-me
para olhar atrás de mim…

ainda não, velho cão…
logo em breve.

agora
eles se sentam falando sobre
mim: “sim, acontece, ele já
era… é
triste…”

“ele nunca teve muito, não é
mesmo?”

“bem, não, mas agora…”

agora
eles celebram minha derrocada
em tavernas que há muito já não
frequento.

agora
bebo sozinho
junto a essa máquina que mal
funciona

enquanto as sombras assumem
formas

combato retirando-me
lentamente

agora
minha antiga promessa
definha
definha

agora
acendendo novos cigarros
servido mais
bebidas

tem sido um belo
combate

ainda
é.