8:22Desafio

O Gaiato da Boca Maldita ficou feliz com a pesquisa feita pelo instituto paranaense nos EUA, mas como é ranheta, agora pede para que a mesma coisa seja feita na Coréia do Norte, Cuba, Rússia e Venezuela. “Aí sim, a empresa vai conseguir projeção mundial”.

8:08Paraná Pesquisas na eleição dos EUA

A Paraná Pesquisas entrou nos Estados Unidos e fez um levantamento sobre a eleição presidencial daquele país no Arizona, Geórgia, Michigan, Nevada, Pensilvânia e Wisconsin, considerados “pêndulos” e fundamentais para a escolha. Foram feitas 2581 entrevistas online com eleitores com 18 anos ou mais. A pesquisa foi realizada nos dias 12 a 17 de setembro. A margem estimada de erro é de 2,0 pontos percentuais.

O resultado: Kamala Harris, candidata do partido Democrata, teve 49%; Donald Trump, do partido Republicano, 44%. Os indecisos foram 7%.

Confira: USA_Set24Eleições

 

7:16Caminhando no apocalipse

por Carlos Castelo

Em um futuro distópico, onde o cotidiano se funde às catástrofes ambientais, um casal tenta manter um resquício de normalidade em meio ao caos climático.
— Dei uma olhada lá fora, tá bom pra uma caminhada. Bora?
— Hummm, termômetro marcando 62 graus, friozinho…
— Então, vamos lá, coragem!
— Deixa eu só ver se tem gelo em cima do Tiago. Às vezes, ele se descobre dormindo.
— Vai ver o garoto que eu vou botando o traje de amianto.
— E vê se limpa os visores da tua máscara, Alberico, tá uma porquice aquilo, nem sei como você enxerga.
— Enxergar pra quê, Jana, pra ver fumaça preta?
— Eu sei, mas é mais pelos outros. Vão achar que a gente é uma família anti-higiênica.
— E eles, por acaso, veem a gente? Poxa, vai olhar se o menino não cozinhou, vai!
— Espera! Esqueci de uma coisa: hoje, a gente vai ter que fazer um trajeto diferente. A rota da rua debaixo, a que andamos sempre, está interditada.
— Ué, por quê?
— Vi no celular. Um posto de gasolina antigo explodiu e o trecho está pegando fogo desde anteontem.
— Esses postos de gasolina são verdadeiras minas. Vira e mexe vão pelos ares.
— Tudo bem, vamos andar na praça São José.
— Negativo.
— O quê?
— A praça se autoinflamou, do nada. Não tem mais nem o coreto lá.
— Hummm, a gente desce e consulta o Google Flames antes do passeio.
— Melhor prevenir que remediar, né? Mas falando sério, Alberico, como é que vamos sair de casa? Até a calçada em frente tá cheia de brasas.
— Não é um problema, Jana. Eu vi um tutorial ontem no YouFire. O pessoal tá usando aquelas raquetes de fritar mosquito nas botas pra andar por cima das cinzas. Parece bem eficiente.
— Boa! Vou levar as nossas.
— Olha só, acabei de ver aqui no app: temos uma janela de 15 minutos antes que os ventos de fogo voltem com tudo. É a nossa chance de ir.
— Eu só tô meio preocupada com o Tiago, sabe? Ele anda meio pálido esses dias. Já chequei a temperatura, está normal, mas será que a máscara dele ainda aguenta esse inverno rigoroso?
— Pois é, boa pergunta. Ele não tem tido mais problemas de visão, tipo, as coisas parecendo derretidas?
— Só aquela vez que ele disse que o cachorro da mamãe parecia uma poça de lama. Mas, pensando bem, o cachorro estava derretendo de verdade naquele dia.
— É a vida nesse século, né? Antes era só trânsito e preços altos, agora é posto de gasolina explodindo, chamas espontâneas, e pets evaporando. Quem diria?
— Alberico, esquece o Google Flames, vamos arriscar. A gente dá uma volta no quarteirão, respira um ar — quer dizer, pelo menos tenta — e volta. Se a gente der sorte, só vai ser uma camada fina de fumaça tóxica hoje.
— Fechou. Só me dá um minuto pra eu achar as chaves.
— Chaves? Pra quê, homem? Nem porta a gente tem mais. Incinerou há mais dois meses, lembra?
— É mesmo… Desculpa, força do hábito.
— Vamos lá, meu bem. Mas só por garantia, deixa eu pegar um extintor. Vai que a gente precise apagar algum foco de incêndio no caminho.
— Ai, Jana, você realmente sabe como apimentar um passeio, hein? Amo!

(Publicado no Rascunho)

6:49Quer ser criminoso, vá de crime ambiental

por Conrado Hübner Mendes, na FSP

Ecocidas já matam em massa, Congresso Nacional ignora

A agenda nacional de desastres ambientais tem alternado chuva e seca, calor e incêndio. Os autores do script da distopia programaram eventos climáticos cuja dimensão territorial, frequência e intensidade vão aumentar. Se nada inovador for feito dentro do que dá para fazer, vão aumentar ainda mais.

Mal sabemos calcular os danos comensuráveis dos desastres. Nem temos tido coragem de reconhecer, olho no olho, os danos incomensuráveis a nossos projetos de vida. A não ser que seu projeto de futuro seja o crime ambiental. Pode não ser uma vida digna, mas é rentável. O Estado brasileiro lhe oferece boas oportunidades de negócio.

Conhecemos o roteiro da desinteligência penal brasileira: criminalizar novas condutas; aumentar pena de condutas criminalizadas; apertar regime de execução da pena; encarcerar pretos pobres; multiplicar população prisional com réus sem condenação; transformar presídios em propulsores do crime organizado. Premiamos o político que pratica o populismo do pânico e circo. Justamente ele, que se esmera na manutenção do crime para continuar a ser eleito na plataforma de guerra ao crime.

Mas a desinteligência penal brasileira também se destaca no sentido inverso: não criminaliza, ou criminaliza com pena irrisória, ou deixa de fiscalizar e processar crimes que produzem graves consequências para a vida coletiva e o desenvolvimento. Ou ainda pune e depois anistia. Alguns são crimes de causalidades complexas, multiautorais, pouco cênicos, estruturados em cadeias de comando com gente poderosa. Outros são crimes visíveis numa fotografia.

A leniência com o crime ambiental se inscreve nessa tradição. Pesquise pela frase “crime ambiental compensa”. A inércia legislativa e judicial diante de empresas mineradoras depois do “maior crime ambiental da história do Brasil” na cidade de Mariana, ou diante de incendiários, desmatadores, traficantes e poluidores, mesmo quando a fiscalização ambiental consegue fazer autuações, dá incentivos insuperáveis à devastação que enriquece indivíduos e empobrece o país.

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6:26Um adeus ao velho Mazza

por Célio Heitor Guimarães

O jornalismo paranaense perdeu, na semana passada, um dos últimos ícones da velha geração. Luiz Geraldo Mazza faleceu aos 93 anos, depois de uma vida toda dedicada à imprensa. Entre outras atividades, comandou duas das maiores escolas jornalísticas do Estado – o Diário do Paraná e Última Hora. E, como todo secretário e/ou diretor de redação que se prezava, tinha todos os requisitos próprios do cargo: dor no fígado, calo, unha encravada e, muito provavelmente, hemorroidas. Mas conhecia como poucos a profissão e a exercia com talento, competência e resultado.

Mazza foi meu chefe, durante algum tempo, na sucursal paranaense de Última Hora. Nunca tivemos qualquer atrito, até porque eu era apenas um colunista setorial e ele, não sei bem porque, sempre me tratou muito bem. Mas assisti a vários perrengues promovidos pelo velho Mazza.

Um deles, envolveu o então futuro secretário do Planejamento (e, depois, de Finanças) de Jaime Lerner no governo do Estado, Miguel Salomão. Na época, Salomão era correspondente de Última Hora no litoral. Naquele dia, trouxera um texto escrito, mas, com receio de entregá-lo pessoalmente ao Mazza, deixou as laudas sobre a mesa do chefe, que estava ausente, e desceu do mezanino-redação e ficou batendo papo com o pessoal da expedição, no térreo. Lá pelas tantas, Mazza chega, sobe e assume a sua mesa. Lá em baixo, Miguel Salomão prende a respiração. No exato momento, ecoa o brado de Luiz Geraldo: “Quem foi que escreveu esta merda?!” Salomão saiu de fino e embarcou no primeiro trem de volta para Paranaguá.

Da Última Hora, Mazza transferiu-se para a CBN e para a Folha de Londrina. Marcou presença no jornalismo da RPC e, durante uma temporada, assinou também, de Curitiba, uma coluna na página de opinião da Folha de S.Paulo. Mas reinava mesmo era na Boca Maldita, à qual comparecia praticamente todos os dias para semear ideias e alimentar polêmicas. Fazia uma bela dupla com Walmor Marcellino.

Já Nilson Monteiro achava que o melhor de Luiz Geraldo “era (poder) acompanhá-lo às barrancas dos rios Iguaçu e da Várzea para pescar lambaris de rabo vermelho e ouvi-lo, espumando pelos cantos da boca e girando os braços como pás de ventilador, sobre qualquer assunto: política, economia, religião, arte, esporte, história, cultura, ética etc.”.

Como de pescaria mal sei colocar a isca no anzol, vou ficar nas letrinhas e, em homenagem ao Mazza, lembrar a equipe que ele comandou nos tempos da Última Hora do Edifício Asa, a maioria da qual recebeu o velho jornalista no plano superior da existência. Com o risco de cometer alguma omissão involuntária, vai aí: Mussa José Assis, Aramis Millarch, Walmor Marcellino, Adherbal Fortes de Sá Júnior, Sylvio Back, Jairo Regis, Maurício Fruet, Cícero Cattani, Celina Luz, Naim Libos, Alenir Dutra, Carlos Augusto Cavalcanti de Albuquerque, Raphael Munhoz da Rocha, Clóvis de Souza, Milton Ivan Heller, Milton Cavalcanti, Francisco Camargo, Walmor Weiss, Mauri Furtado, Mauro Ticianelli, Miecislau Surek, Jalvi Ferreira, Altamir Freitas, Francisco Bettega Neto, Lascir Costa, Maurício Távora, Renato Schaitza, Nelson Commel, Vinícius Coelho, Edson Jansen e o digitador que vos digita. 

Segundo página publicitária, “Esta é a equipe que faz o melhor jornal do Paraná”. E, sem nenhuma modéstia: “São jornalistas altamente capacitados que ÚLTIMA HORA reuniu em Curitiba para noticiar, interpretar e comentar os fatos, numa cobertura de 24 horas diárias. É evidente que eles não estão sozinhos. Há outras equipes nas três cidades-chaves do Estado: Londrina, Ponta Grossa e Paranaguá. Há correspondentes em todo o Interior. E há a Rede Nacional-UH”.

Não recordo quem dirigia a sucursal de Ponta Grossa, mas a de Londrina era dirigida por Carlos Eduardo Fleury, que depois transferiu-se para Curitiba para suceder Ary de Carvalho. A de Paranaguá era comandada por Miguel Salomão, como citado acima.

Bons tempos aqueles, que, se não voltarão jamais, fizeram história e deixaram saudade. Como o velho Luiz Geraldo Mazza está deixando.

 

16:48JORNAL DO CINICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Um dos grandes problemas das pesquisas é que, antes do tempo, elas deixam muitos candidatos parecidos como aquele personagem do Ronald Golias cujo bordão era: “Onde estou, é tudo tão estranho…”

15:41Candidato? Só entra se autorizado pelos traficantes

Do blog Paçoca com Cebola

Em bairro de Cornélio, só entra candidato se for autorizado pelos donos da biqueira, denuncia campanha

Nestas eleições, em várias cidades do país, pipocam informações de que, em alguns bairros, os candidatos a prefeito ou a vereador só entram se fizerem algum acordo com os donos do tráfico local.

Sem autorização, sem chance.

Em Cornélio Procópio, no Norte Velho, alguns bairros conhecidos, entre eles o Florêncio Rebolho. A coordenação da campanha do candidato Rafael Sampaio, por exemplo, impedido e entrar no bairro, fez um Boletim de Ocorrência e pedirá providências ao Tribunal Regional Eleitoral do Paraná.

15:18Presos da Lava Jato eram expostos como troféus, diz ex-juiz da operação em livro

Da coluna Painel, na FSP

Obra que critica métodos da investigação será lançado em 2 de outubro

Crítico dos métodos usados na Lava Jato, o juiz federal Eduardo Appio,que foi responsável pela operação, afirma, em livro, que os alvos eram presos às quintas-feiras, expostos como troféus e mantidos isolados de contato durante algum tempo para, geralmente na segunda-feira seguinte, serem chamados a fazer uma delação.

O bastidor está no livro “Tudo por dinheiro: A ganância da Lava Jato segundo Eduardo Appio”, de Salvio Kotter, que será lançado em 2 de outubro.

Em um trecho, ele diz que os presos, ao chegarem à carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR), eram “jogados em uma cela imunda com um colchonete inundado em urina e pulgas”. Eles ficavam lá, sem contato principalmente com familiares, até serem chamados para uma delação, afirma.

“Isto ocorreu em vários casos envolvendo inclusive idosas, avós presas na frente dos netos e que não tinham nenhuma culpa, mas sabiam de detalhes”, indica o juiz federal, em trecho da obra.

Em outro ponto do livro, Appio é citado falando do caso de Paulo Roberto da Costa, ex-diretor da Petrobras e primeiro delator da Lava Jato. O juiz diz que o ex-executivo foi privado de banho por diversos dias e teve ameaça de processo a sua filha.

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11:17RADUAN NASSAR

“… rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra o seu curso, não irritando sua corrente, estando aberto para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é.”