8:57As dragas do “auxílio ceia”

Ao saber que os juízes do Mato Grosso pediram “auxílio ceia” de R$ 10 mil – e iam levar, não fosse a intervenção do Conselho Nacional de Justiça, o Gaiato da Boca Maldita perdeu a compostura: “Para dragas carcomidas como estas, nem panetone embolorado é rejeitado, quanto mais dinheiro público”.

8:23Malas prontas

No Rio de Janeiro um historiador que trabalhou para a Comissão da Verdade estava de malas prontas para sair do país por conta das tramas do golpe militar que acabou em trapalhada e prisão de militares da ativa e da reserva. Ele conta que, se desse certo, o que aconteceu na fase negra da repressão na ditadura ia parecer conto de fadas.

8:14JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Jair Bolsonaro vai terminar o ano como o melhor presente para a direita e para a esquerda no Brasil. Aos partidários porque até agora não foi preso. Aos adversários porque o general Braga Netto está engaiolado e a notícia esperada está muito próxima de ser anunciada.

8:06Os milhões que agitaram o TC

No Tribunal de Contas do Paraná até o espelho d’água que cerca o prédio principal fez marola com as notícias da semana que precede a do Natal. Primeiro foi a suspensão, pelo Tribunal de Justiça, da decisão sobre o pagamento de R$ 12 milhões ao conselheiro Maurício Requião referentes ao tempo em que ele ficou afastado, por decisão judicial, do cargo. Quando tudo estava praticamente certo e ele já agradecia Papai Noel, a coisa emperrou e agora ficou para o ano que vem, quando tudo pode mudar, como no slogan da BandNews. Depois foi a licitação de 25 mil tablets, pelo governo do Paraná, a serem alugados por 3 anos – e devolvidos depois, a um custo de 37,8 milhões. A 2ª Inspetoria de Controle Externo do TC entrou de sola e uma das coisas que apontou foi a que que os tablets poderiam ser comprados definitivamente por cerca de R$ 25 milhões. Por isso pediu a suspensão da licitação. Segundo o blog Politicamente, a Secretaria de Educação respondeu informando que o recurso é federal e específico para locação. Resultado: o conselheiro Durval Amaral negou o pedido de suspensão, o pregão foi realizado na quinta-feira e a empresa Sistemas Convex Locações de Produtos de Informática, do Jardim São Luis, em São Paulo, ganhou a disputa com um deságio de 50% do valor máximo estipulado.

7:12A mágica verbal com a economia chegou ao fim

por Elio Gaspari, na FSP

Governo Lula fingia e o ‘mercado’ fazia que acreditava

alta do dólar e a erosão da popularidade do governo fecharam a primeira metade de Lula 3.0. Prenuncia-se uma segunda metade cinzenta, na qual acumulam-se dificuldades do calendário, como o ano eleitoral, e imprevistos, como a incerteza em relação à saúde do presidente. Uma coisa era certa: a mágica verbal com a economia teria um limite e se esgotou.

Desde sua posse, Lula alternou malabares. Nos dias pares, culpava Roberto Campos Neto por uma economia que patinava. Nos ímpares, buscava, sem sucesso, um protagonismo internacional. Gastou dois anos tentando trocar êxitos, como a reforma tributária, enquanto escondia que seu governo não cortava despesas. Portanto, não cumpriria a meta do equilíbrio fiscal prometido durante a campanha eleitoral.

O golpe final na mágica veio do futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípoloesvaziando a teoria segundo a qual o real desvalorizou-se por causa de uma ataque especulativo.

Nas suas palavras: “Eu acho que não é correto tentar tratar o mercado como um bloco monolítico, vamos dizer assim, como se fosse uma coisa só, que está coordenada, andando em um único sentido”.

Galípolo cortou o caminho para a criação de um novo bode. O dólar estaria onde está porque a Faria Lima, essa eterna malvada, moveu-lhe um ataque especulativo. Tudo culpa da ganância. Se a Faria Lima especulou, fez isso enquanto fingia acreditar no Lula 3.0. Muita gente boa perdeu dinheiro porque fingiu demais.

Há especulação na alta do dólar, mas na essência ela reflete falta de confiança no governo. O “mercado” fingiu por dois anos que acreditava nas promessas. Como em todos os piripaques da economia, num determinado momento ele para de fingir. No Brasil, essa dissimulação ocorre com grandes empresários elogiando o governo no atacado, com entrevistas ou eventos, enquanto bicam no varejo, no escurinho de Brasília.

Na segunda metade do mandato, essa esperteza estará congelada. Com a chegada do verão na vida real, começou o inverno na economia.

16:19João Batista Natali, adeus

por Luciana Coelho, na FSP

Morre o jornalista João Batista Natali, que desvendava música clássica e geopolítica

Repórter, editor e colunista que trabalhou na Folha por mais de quatro décadas tinha 76 anos e teve complicações de um câncer no cérebro

João Batista Natali voltou da ginástica e se sentiu “dentro de um imenso parque infantil, sem saber ao certo por qual brinquedo começar”. Era 3 de novembro de 2008, e ele escolhia o que fazer com o tempo uma vez que a Folha, titular daquela rotina por quase dois terços de seus então 60 anos, não mais o ocupava.

“A nova vida de verdade começa nesta segunda-feira”, contou em email a esta amiga naquele primeiro dia de aposentadoria.

“Acho que vou primeiro ler um pouco de Stendhal, um dos livros que trouxe da França. Depois, dar um jeito nas tranqueiras que trouxe de meu gaveteiro. E em seguida almoçar, dormir um pouco e mais tarde ficar abraçado com o violoncelo.”

Essa nova rotina espelhava uma vida. Natali, afinal, sempre foi música e literatura tanto quanto foi jornalismo, e a França onde vivera de 1971 a 1982 se fez presença permanente, das preferências culturais às precisas análises geopolíticas.

Ele próprio explicou, em um longo depoimento com vocação para livro, em 2001: “Nunca me senti única e exclusivamente jornalista. Sou muitas coisas ao mesmo tempo”.

Era mesmo. Após aquele 2008 da virada, acrescentaria outras tantas em sua lista, que já acumulava correspondente internacional, orientando do filósofo Roland Barthes (1915-1980), secretário de Redação da Folha, repórter, editor de “Mundo”, pai do André, marido da Daniele e cozinheiro talentoso.

Ainda seria comentarista da TV Gazeta, professor, diretor de Redação do Diário do Comércio, colunista da Folha. A mais importante veio no fim de 2009, quando nasceu Heitor: aos 61, era pai pela segunda vez. Os feitos do filho nos esportes e na escola eram objeto de um orgulho incontível que compartilhava com os amigos.

João Batista Natali Jr —Natali para os amigos e leitores, Júnior para a família, João para a mulher— morreu na madrugada deste sábado (21), em São Paulo, mesma cidade onde nascera em abril de 1948. Ele estava internado desde 11 de novembro no hospital Sírio-Libanês para tratar de complicações decorrentes de um câncer no cérebro.

O tumor, que lhe roubou por um curto período sua intimidade com as palavras, foi o primeiro a combali-lo.

Doenças passadas, como um câncer no pulmão no início do ano, um quadro gravíssimo de Covid em 2021 e sucessivos problemas cardíacos antes disso, eram tratadas pelo jornalista com humor e pragmatismo.

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9:41LEROS

de Carlos Castelo

§ Caríssimo senhor, São Pedro. Com o devido respeito à sua santidade meteorológica, mas é com grande pesar que redijo esta humilde mensagem. O motivo é a sua gestão pluvial sobre São Paulo. Ela tem sido, no mínimo, questionável. Hoje, por exemplo, uma chuvarada de 10 míseros minutos conseguiu transformar a metrópole em uma espécie de Veneza pós-apocalíptica. São Paulo é uma senhora de idade avançada, que há décadas não visita o ortopedista. Suas ruas têm mais buracos do que as paredes de um clube de tiro, e quando chove, se tornam armadilhas mortais. As galerias pluviais, criaturas mitológicas que deveriam carregar a água para longe, estão mais obstruídas do que pia após almoço com feijoada. Dentro delas, suspeito, há objetos arqueológicos, como discos de vinil, máquinas de escrever, e talvez até um ou dois membros da TFP. É claro que nenhum cristão ousa limpá-las; afinal, mexer ali seria como destrancar a porta do WC de uma rodoviária no fim do dia. As calçadas, então, São Pedro, estão de lascar. Com a primeira gota de chuva, viram pistas de patinação. É impossível caminhar sem parecer uma mistura de Bambi e Carlitos. E não para por aí. A luz é outro problema. Bastou um raio e a rede elétrica foge com medo. Tudo apaga. Semáforos, elevadores, até a esperança. É como se São Paulo tivesse um botão de desligar que Sua Santidade insiste em pressionar. E quando isso acontece, o trânsito vira um espetáculo de horrores. O metrô, que em dias normais já se assemelha a uma lata de sardinhas humana, durante as chuvas, se transforma em submarino. Os ônibus lembram balsas Rio-Niterói navegando por avenidas de rios. Por tudo isso, São Pedro, peço que revise sua agenda de chuvas sobre São Paulo. Em outras palavras: restaurem-se as galerias pluviais ou afoguemo-nos todos.

9:29ticiana vasconcelos silva

A menina com lágrimas nos olhos, no meio da chuva, sem saber para onde ir, investiga as possibilidades de sair de suas próprias tempestades. A água que cai do céu a encharca de esperança e ela se sente novamente no útero de sua mãe natureza. Pede aos mistérios que apresentem um novo caminho para a busca de sua alma abandonada e rejeitada. Há tempos lembra que um dia a guardou em uma pequena caixa de presente e a deixou dentro daquela escrivaninha onde nunca mais sentou para escrever. Sabia que na hora em que estivesse pronta, abriria a gaveta e a caixa para nunca mais esquecer quem ela era. Porém, por um descuido, ela se desfez da mesa. E sua alma foi embora. Não soube mais de seu destino, mas sabe que ela ainda existe. Hoje, o coração a recordou novamente deste dia. Por isso, chorou. E, por isso, partiu. Baterá em todas as portas com cuidado e investigará o paradeiro de sua alma. Quando a reencontrar, haverá a simbiose de duas partes que se buscam eternamente. E então a chuva cairá novamente, as lágrimas secarão e a vida celebrará o reencontro da alma e do ser que por ela chama.
Essa é a história daqueles que ouviram o chamado. E retornaram ao seio materno de sua ancestralidade. E, assim, se tornaram livres. Para sempre.

9:14Sobrou a faca!

E, no final, o pacote do corte de gastos do governo resultou na liberação urgente de uma montanha de verbas das emendas dos parlamentares. Eles estavam com o queijo e faca nas mãos. Ficaram com o queijo e deixaram a faca com a dupla Lula/Haddad – com a recomendação de que era permitido apenas lamber a lâmina.

9:05A bordo

Na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém do Pará em novembro de 2025, o curitibano Ernani Paciornik vai apresentar ao mundo a primeira embarcação marítima a produzir hidrogênio verde a bordo. Ele espera que ela se transforme num símbolo do compromisso do Brasil para a transição energética.