8:19O direito de circular em vias seguras

por Cláudio Henrique de Castro

O direito à circulação nas vias urbanas e rurais está previsto no Código de Trânsito Brasileiro e está assegurado na Constituição Federal.

Há o direito à circulação segura, dentro de padrões mínimos. 

Por exemplo, se há uma estrada com nevoeiro intenso, é dever das autoridades ou das concessionárias de pedágios de fecharem o trânsito na via até que fique segura para a circulação.

Ocorre o mesmo em decorrência de deslizamentos, quedas de pontes, rompimento de barreiras, buracos nas vias e tudo mais que merece a intervenção para o restabelecimento da normalidade do trânsito.

E o revestimento das vias?

No geral o asfalto é o revestimento mais comum nas estradas de rodagem, tendo inclusive normas técnicas para a sua implantação (NT IBR 001/2021).

E a qualidade do asfalto brasileiro?

Recente pesquisa coloca o asfalto brasileiro como o segundo pior do mundo.

A conclusão deu-se pela análise de dados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE e do Comparative Market na comparação dos preços praticados (Estado de Minas).

Em consequência, o Brasil também é o segundo pior para dirigir, considerando a mortalidade no trânsito, congestionamento das vias e os custos para a manutenção dos veículos.

A questão do asfalto diz respeito ao desgaste excessivo e à falta de manutenção das vias  e está menos relacionada com a qualidade asfáltica.

Mais da metade das rodovias do país está em situação regular, ruim ou péssima segundo a Confederação Nacional do Transporte. Continue lendo

7:58Manifestação será um teste para que Bolsonaro se qualifique

por Elio Gaspari, na FSP

Ex-presidente poderá reaparecer como um líder político, ainda que inelegível, ou como um incitador de desordens

Jair Bolsonaro assumiu a Presidência em janeiro de 2019. Dois meses depois, atacou a neutralidade das urnas eletrônicas. Em maio, compartilhou uma mensagem que dizia: “A hipótese nuclear é uma ruptura institucional irreversível, com desfecho imprevisível”.

Essa ruptura não podia vir do nada. Ao fim do ano, diante das manifestações ocorridas no Chile, Bolsonaro sacou o que viria a ser seu bordão: “A gente se prepara para usar o artigo 142 da Constituição Federal, que é pela manutenção da lei e da ordem, caso eles [integrantes das Forças Armadas] venham a ser convocados por um dos três Poderes.”

Bolsonaro operava uma manobra de pinça. Numa ponta, brandia o Apocalipse. Noutra, investia contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. No dia 8 de janeiro a pinça fechou-se. Felizmente, estava torta.

Fora do poder e declarado inelegível, Bolsonaro convocou uma manifestação para domingo (25) em São Paulo. Desde a sua saída do Planalto, o Brasil continua com seus problemas, mas livrou-se de um presidente apocalíptico.

Como cidadão, ele deve avaliar o comportamento de seus aliados. Mensagens coletadas pelo repórter Levy Teles mostram que os maus espíritos do 8 de janeiro continuam lá.

O Laboratório de Humanidades Digitais (LAB-HD) da Universidade Federal da Bahia (UFBA) captou alguns exemplos: “O presidente Bolsonaro está dando um recado: estamos a dias do maior evento de democracia e resgate aos movimentos patrióticos como os 70 dias nos quartéis. Eu estava lá e vocês?”

Ou ainda: “O Brasil vai se levantar. Os motoclubes estão se levantando, o povo está se levantando, caminhoneiros vão se levantar”.

Bolsonaro jura que nunca pretendeu sair das quatro linhas da Constituição e que nada teve a ver com as invasões do dia 8 de janeiro. Acreditando-se nisso, a manifestação do domingo será um teste para que ele se qualifique. Poderá reaparecer como um líder político, ainda que inelegível, ou como um incitador de desordens, um enamorado pelo Apocalipse.

Há 60 anos, nesses dias, o professor San Tiago Dantas dizia que o Brasil tinha duas esquerdas, a positiva e a negativa. Não lhe deram ouvidos. Passado o tempo, o Brasil tem hoje duas direitas. A direita negativa, na qual Bolsonaro sentou praça, perdeu na eleição de outubro e na ilusão de um golpe em dezembro de 2022.

17:07JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cívico

Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça, viaja para Mossoró neste domingo. Se entrar no mato com a capa preta que usava no STF – e  imitar Bela Lugosi como o Conde Drácula, os fugitivos se entregam imediatamente.

16:48Ousado!

Hoje cedo, em entrevista ao programa Ponto de Vista da Rede T de rádios do Paraná, Ricardo Barros, secretário da Indústria e Comércio, não só confirmou que é candidato ao Senado se Sergio Moro for cassado, como, ousado que só, se qualificou: “O Paraná precisa de um senador com o meu perfil”.

16:33Os paranaenses na Paulista

Dos 84 deputados federais que se comprometeram a participar da manifestação em apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro no dia 25 de fevereiro, cinco são paranaenses: Filipe Barros, Giacobo, Pedro Lupion e Reinhold Jr. Nenhum dos três senadores se incluiu nessa. O governador Ratinho Junior continua quieto, ao contrário de Tarcísio de Freitas e Ronaldo Caiado, que garantiram presença.

16:17Veados e caranguejos

Eduardo Affonso, em O Globo

O Brasil é uma grande Andrelândia, aprisionado em modelo binário (e eventualmente paradoxal)

Andrelândia é uma cidadezinha do Sul de Minas, daquelas que poderiam perfeitamente ser o cenário de uma bucólica novela das 7 (no tempo em que novelas das 7 eram bucólicas). O casario colonial se espalha, como as contas de um rosário, em torno da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação (é assim que o hino municipal descreve a enorme praça ovalada, mais parecendo uma nau) no centro histórico daquela que um dia foi a Vila Bela do Turvo.

A meio caminho entre Ibitipoca e São Thomé das Letras, Andrelândia não ostenta a natureza intocada de uma nem os toques sobrenaturais da outra. Mas tem algo que a faz única: um bipartidarismo próprio, que — para o bem e, principalmente, para o mal — sobreviveu aos mais de 150 partidos políticos da nossa História.

Nas cédulas e nas urnas eletrônicas, as siglas podiam ser UDN, PR, PL, PSD, PTB, PCdoB, MDB, Arena, PSDB, Novo, PT; na cabeça do eleitor, o voto seria nos veados ou nos caranguejos.

Esta é outra peculiaridade, e remonta ao século XIX, quando um grupo se insurgiu contra a hegemonia do Partido Liberal e fundou o Partido Republicano do Turvo. Os eleitores do primeiro, tradicionalistas, perderam terreno. Andaram para trás, viraram caranguejos. Os do segundo, dando saltos adiante, se autodenominaram veados — e desde então Andrelândia deve ser o único lugar em que esse termo tem uma acepção ideológica.

Emulando as mesquinharias da política nacional (em que Bolsa Família vira Auxílio Brasil para depois voltar ao nome original — que já era um rebranding dos vários programas de transferência de renda de outro governo), as obras dos veados eram abandonadas nas administrações dos caranguejos, e vice-versa. Como a resultante das forças dos que saltavam para a frente e dos que andavam para trás é nula, a cidade estagnou.

O Brasil é uma grande Andrelândia, aprisionado no modelo binário (e eventualmente paradoxal) em que se muda o rótulo, mas os ingredientes permanecem os mesmos. Lá, os veados — outrora reformadores — se acomodaram no PMDB; e foram os tucanos que acolheram os conservadores caranguejos. Mais ou menos como, noutra escala, os “progressistas” defendem estatização, protecionismo, censura — enquanto “reacionários” propõem liberalismo econômico (e um golpe de Estado, de vez em quando). Continue lendo

16:14JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Com medo de ser preso, levando pancada dia sim e no outro também – e sem poder fugir do país, o comandante Bozo inventou uma manifestação na avenida Paulista para o dia 25 de fevereiro. Tem sorvetão que acredita que, aí sim, o golpe que não deu certo… dessa vez vai. Melhor  seria descobrir o significado de haraquiri.

9:03O que pode vir por aí

Do Goela de Ouro

O próximo tiro da oposição ao governo Ratinho Junior está sendo engatilhado. Pode ser fogo amigo, onde se aproveita o lusco-fusco resultante dos acontecimentos do final do ano passado.

 

8:51JORNAL DO CÍNICO

Do  Filósofo do Centro Cívico

Depois de investigações e muito suspense sobre aquele caso do ministro Xandão e bolsonaristas no aeroporto de Roma, chegou-se finalmente a uma conclusão: todos conseguiram embarcar.

8:44Apreensão lógica

Nota divulgada ontem pelos clubes Militar, Naval e de Aeronáutica revela apreensão como “a exposição de distintos chefes militares” nas investigações sobre o golpe furado. Pensando bem, há uma lógica nisso.

8:28Lisandro

por Carlos Castelo

Dias atrás encontrei um colega cronista. Vou chamá-lo de Lisandro. Não o via há tempos. O companheiro me mandou uma mensagem onde revelava o desejo de conversar; marcamos num botequim no larguinho do Bonfiglioli.

Entre cervejas e acepipes, encetamos um longo papo sobre o tema que nos acompanha desde os tempos da faculdade: a crônica.

Obviamente, discorremos sobre Luís Martins, David Coimbra, Fernando Sabino, Sergio Porto e outros ícones do gênero.

A arenga esquentou ao entrarmos pela nova geração. Lisandro não era propriamente admirador da maioria deles, enquanto eu defendi alguns autores novos.

Comentamos ainda a ideia de que a crônica teria morrido. Conceito este defendido, em crônica, por um cronista finalista do prêmio Jabuti. Nesse ponto, Lisandro e eu tínhamos a mesma opinião. Afirmar que a categoria estava moribunda era uma provocação para que o público consuma mais textos do tipo.

Estava frio e passamos a complementar as cervejas com shots de steinhager. Molhar as palavras, ainda mais com a beberagem alemã, sempre leva a revelações.

Lisandro deu para falar de seu próprio trabalho. Antes, fez uma breve introdução elogiando meu estilo, concisão e fecundidade. Concordei no quesito produtividade. De fato, para ajudar na sobrevivência, naquele momento eu escrevia para dois jornais e duas revistas digitais, semanalmente.

Entendi ali que o pedido para conversar tinha a ver com o fato de Lisandro estar numa crise de criatividade. Angustiado, admitiu não conseguir colocar na tela mais nada que prestasse. Talvez a bebida tenha soltado sua língua em excesso e confessou, inclusive, estar adotando práticas heterodoxas em sua longa trajetória de autor.

Curioso, pedi que me contasse quais eram os expedientes.

Relatou-me então que vinha pegando temas de cronistas do passado e os “atualizando”. Deu como exemplo um material de Machado de Assis, do livro Bons dias! E outra temática proposta por Marques Rebelo, em seu O Trapicheiro. Lisandro, pelo que relatava com ares de emborrachado, tinha se tornado um plagiário juramentado.

É claro que eu não seria indelicado a ponto de jogar mais lenha na fogueira. Entrei pela via diplomática.

Tranquilizei-o afirmando que sabia de casos de outros colegas de ofício que, em instantes de secura, faziam o mesmo artifício. Que não era o ideal, mas acontecia nas melhores famílias. Normal, normalíssimo.

O semblante de Lisandro se iluminou. Na sequência pediu ao garçom que trouxesse a garrafa do destilado à mesa e fizemos outros brindes.

Quando o clima se amenizou, veio a maior das confidências. Trôpego, Lisandro foi até o carro e voltou com a prova de um livro nas mãos. Era o seu mais recente trabalho, uma alentada reunião de crônicas.

Olhou-me nos olhos e declarou que agora se sentia bem melhor. Aquela sua obra tinha sido inteiramente baseada no meu mais recente livro de crônicas. Ele o havia colocado numa plataforma de Inteligência Artificial, solicitado que os nomes dos personagens fossem alterados, e as tramas “atualizadas” para o estilo de suas narrativas.

Concluiu se declarando confortado por saber que eu achava normal aquele procedimento.

Por fim, levantou a taça de steinhager, mas, dessa vez, brindou sozinho.

 (Publicado no Estadão)

18:19MANOEL DE BARROS

Agora a nossa realidade se desmorona. Despencam-se deuses, valores, paredes… Estamos entre ruínas. A nós, poetas destes tempos, cabe falar dos morcegos que voam por dentro dessas ruínas. Dos restos humanos fazendo discursos sozinhos nas ruas. A nós cabe falar do lixo sobrado e dos rios podres que correm por dentro de nós e das casas. Aos poetas do futuro caberá a reconstrução — se houver reconstrução. Porém, a nós, a nós, sem dúvida — resta falar dos fragmentos, do homem fragmentado que, perdendo suas crenças, perdeu sua unidade interior. É dever dos poetas de hoje falar de tudo que sobrou das ruínas — e está cego. Cego e torto e nutrido de cinzas. Portanto, não tenho nada em comum com a Geração 45. E, se alguma alteração tem sofrido a minha poesia, é a de tornar-se em cada livro, mais fragmentária. Mais obtida por escombros. Sendo assim, cada vez mais, o aproveitamento de materiais e passarinhos de uma demolição.

17:19Notícia boa

O IBGE informa: no ano passado o Paraná registrou a menor taxa de trabalhadores desocupados desde 2014. O índice de 4,8% indica que, na outra ponta, o estado chegou a 5,9 milhões de pessoas empregadas, o maior da história segundo informou a Agência Estadual de Notícias.