8:41Ratinho pai entra na campanha

O apresentador Carlos Ratinho Massa, pai do governador Ratinho Junior, desembarca na campanha de Eduardo Pimentel na próxima semana. Vai gravar para o horário de tv e rádio e, no sábado (28), participa de uma grande carreata pelas ruas dos bairros mais populosos. Isso é campanha!

8:13Marçal para curitibano

Pablo Marçal foi entrevistado pela Gazeta do Povo. Disse que vai vencer a eleição em São Paulo e todo mundo vai respeitá-lo. O maluco é adepto daquela teoria de que em futebol o melhor acontece antes e depois do jogo; durante, só deus sabe. Neste caso, porém, todo mundo sabe que ele não ganha, portanto, deve se dar por contente em ganhar espaço no jornal digital da família curitibana e, quem sabe, começar a pensar em transferir seu domicílio eleitoral.

7:02É preciso não saber envelhecer

por Tati Bernardi, na FSP

Ser muito feliz é que é um desserviço aos outros

Estou com dificuldade em lidar com o deleite interestelar com o qual algumas famosas envelhecem. Melhor fase da vida delas, grande momento, nunca se sentiram mais dispostas, taradas e belas.

Faz umas semanas minha bochecha caiu dois centímetros e meu queixo, por conta da queda, aumentou de tamanho. Sobre minha papada ainda não estou pronta pra falar. Me olho no espelho e penso todas as manhãs “quem é essa tia e o que ela quer de mim?”.

As pelancas das minhas pálpebras me trouxeram uma nova chateação, que é explicar todos os dias pra alguém que não preciso me sentar, não estou passando mal ou virada 48 horas trabalhando.

Minha barriga tem gominhos, o problema é que cada um deles é uma barriga por si só. Minha coxa está começando a dar aquela caída por cima do joelho o que me faz pensar em rótulas falantes com suas boquinhas. O que elas me diriam? Você já foi mais sexy, senhora.

Outro dia olhei uma foto minha em uma festa, eu estava de perfil, e meu cotovelo parecia o vácuo da privada do avião. Um cu murcho. Uma flor que seca e se retrai. Sei lá o que parecia aquilo. Ali jaz um cotovelo.

Passei a andar meio mancando. Esses dias uma amiga me perguntou se eu estava com o pé machucado. Tenho desgastes, bursites, protusões e artrose na lombar. Chego aos lugares como a tia Márcia chegava na ceia de Natal com seu arroz doce e a tigela sacolejando. Eu tinha uns 14 anos quando pensava “que horror, tia Márcia, anda direito”. Trinta anos depois eu entrego ao Brasil todo o charme de tia Márcia.

Meu ombro arredondou. Eu inteira arredondei. Não é ganho de peso (é um pouco sim, posso ficar 15 dias na salada com peito de frango que não perco nem meio quilo), é arredondar mesmo. Como se eu fosse feita de massa de modelar e então alguém acariciasse toda a minha forma até que tudo meu ficasse redondo. Só que ninguém tem acariciado minha forma.

Minhas tias italianas têm braços imensos, molengos, que um dia ouvi serem “de polenteira”. Pois bem, estou ficando com braços assim. Eles me dão ares de matrona, de mama italiana. Não faz nem três anos eu tinha braços mais fortes e dinâmicos, agora, em uma função específica do enlace sexual, observo a dança de meu bíceps braquial e me desconcentro do membro.

Ah, Tati, mas isso é um desserviço. Você como colunista. Você como progressista. Você como mulher. Você como mulher que entrevista mulheres. Você como sei lá o quê. Não deveria. Não deveria. Falar mal de envelhecer. Olha eu quero mais é que se dane. Eu sou livre pra dizer que envelhecer não é fácil. Eu não aguento mais gente trincada de alegria, maturidade, equilíbrio e aceitação com o fato de que, sim, nossas axilas, gengivas e vaginas estão desmoronando.

Não precisamos deprimir seriamente ou chorar uma tarde inteira, agora dizer que não sentimos saudades profundas daquele corpo dos 20 anos, dos 30 anos, é mentira. E quem acha que está melhor hoje é porque tem tempo/saco/dinheiro/falta de interesse em livros pra malhar feito uma maluca, fazer 500 tratamentos e ainda meter um chip de testosterona. É preciso dizer a verdade. Inclusive ser muito feliz é que é um desserviço aos outros.

Se coloco um casaquinho e me vejo espelhada em alguma loja tento abraçar minha avó. E precisei escrever essa crônica em Times New Roman 18 porque parei de enxergar no Times New Roman 14 e nem acho esse parágrafo muito elaborado porque na verdade eu esqueci o que ia dizer.

6:43Tá rindo de quê?

por Carlos Castelo

A adolescência é uma fase da vida que deveria ser pulada. Posso dizer isso porque também já fui um adolescente arrogante, preguiçoso, grosseiro e nada cheiroso.

A presença desse grupo é facilmente notada. Andam em bandos, como manadas de gnus. A barulheira, a inquietação e as risadas sem sentido podem ser ouvidas a léguas de distância. Aliás, sempre me perguntei: de que tanto riem os adolescentes? Qual é a graça que nunca consigo alcançar? Pensando bem, não são como gnus; estão mais para hienas.

Dos 10 aos 19 anos, a vida é como um longo túnel escuro de espinhas inflamadas, roupas suadas e a constante sensação de que o universo inteiro está contra você. Essa raça de seres insones e mal-humorados caminha pela Terra como se tivesse descoberto todos os mistérios do universo. O pedantismo beira o absoluto, e tudo isso sem sequer saber dobrar uma toalha.

Lembro-me bem da época em que fui assim. Tudo em mim era um protesto. Se não era o cabelo, era a postura, ou minha total incapacidade de articular uma frase sem encaixar três ou quatro palavrões. Meu odor era algo extraordinário: uma mistura agridoce de suor, hormônios e frustração. Não sei como não matei minha família intoxicada.

O cardápio da adolescência também é uma obra de arte: pizzas, hambúrgueres, salgadinhos com sabores mais artificiais que aplausos em reuniões corporativas. Tudo regado a refrigerantes que dissolveriam ferrugem. É um milagre não brilharem no escuro depois de tantos anos de exposição a tais substâncias.

As conversas, se é que podemos chamar aquilo de conversa, ocorrem em um dialeto próprio, um idioma repleto de gírias e expressões que mudam a cada semana. Um vocabulário que, em tese, deveria expressar a revolta interior, mas que soa mais como um radinho de pilha sintonizado numa emissora AM de Cochabamba.

A dependência tecnológica dos adolescentes é impressionante. O celular não é mais apenas um meio de comunicação; é uma parte vital de sua identidade, um órgão externo que precisa ser checado a cada cinco segundos. E não adianta tentar interagir com eles sem esse artefato.

Mesmo imersos numa imensa bolha digital, os adolescentes ainda conseguem ter opiniões sobre o mundo ao seu redor. E a profundidade filosófica é, no mínimo, singular. São especialistas em tudo: política, arte, música, física quântica, relacionamentos. São donos de verdades titânicas, até a próxima modinha ou cancelamento digital, quando mudam de ideia tão rápido quanto trocam de crush.

Por fim, há algo nessa tribo que permanece um grande mistério. Alguém me explicaria a obsessão por usarem tênis desamarrado? Vivo tentando acertar os cadarços dos da minha filha, mas toda vez sou cancelado por ela. Que fase!

(Publicado no O Dia)

17:44Pranto para o homem que não sabia chorar

de Carlos Heitor Cony

Havia quitandas naquele tempo. Vendiam verduras, legumes, ovos, algumas chegavam a vender galinhas em pé, quer dizer, vivas, mas eram poucas, pois todas as casas tinham quintal e todos os quintais tinham galinhas. Ia esquecendo: as quitandas mais sortidas tinham à porta, bem visíveis aos passantes, um feixe de varas de marmelo.

Para que serviam? Fica difícil explicar, mas serviam para os pais comprarem uma delas e a guardarem em casa, num lugar à mão e bem visível aos filhos. Quem nunca tomou uma surra de vara de marmelo não pode saber o que é a vida, de que ela é feita, de suas ciladas e enigmas. Há aquela frase: “Quem nunca passou pela rua tal às cinco da tarde não sabe o que é a vida”. A frase não é bem essa, mas o sentido é esse.

Uma surra de vara de marmelo era o recurso mais eficaz para colocar a prole em bom estado de moralidade e bom comportamento. Acima dela, só havia o recurso capital de ameaçar o filho com um colégio interno da época: Caraça! Ir para o Caraça, a possibilidade de ir para o Caraça era uma pena de morte, uma condenação ao inferno, um atestado de que o guri não tinha jeito nem futuro.

Houve a tarde em que o irmão mais velho fez uma lambança com umas tintas que o pai comprara para pintar a casa de Segredo, o cachorro, que era solto à noite para evitar que os amigos do alheio pulassem para o quintal e roubassem as galinhas — repito, todas as casas tinham galinhas.

E “amigos do alheio” era uma expressão, uma metáfora civilizada que os jornais usavam para se referirem aos ladrões de qualquer coisa, inclusive de galinhas.

Pois o irmão foi surrado com vara de marmelo e chorou. O pai então proferiu a sentença que ele jamais esqueceria:
Homem não chora!

Em surras seguintes e sucessivas, com a mesma vara de marmelo (ela nunca se quebrava, por mais violenta que tivesse sido a surra anterior), o irmão tinha o direito de gritar, de urrar, de grunhir como um leitão na hora em que entra na faca, mas não de chorar.

Por isso, mesmo sem nunca ter tomado uma surra daquelas, ele sabia que um homem não pode chorar, nem mesmo quando açoitado por vara de marmelo. O vizinho do Lins, que tinha um filho considerado perdido, percebendo que a vara de marmelo era ineficaz como um remédio com data de validade vencida, adotou uma tira de borracha que servira de pneu a um velocípede desativado. Tal como a vara de marmelo, era maleável mas inquebrável, deixava lanhos nas pernas do filho — que mais tarde chegaria a ser capitão-do-mar-e-guerra, medalhado não em guerra nem em mar, mas por tempo de serviço.

Homem não chora e, por isso, ele decidiu que seria um homem e jamais choraria. O irmão, sim, era um bezerro desmamado, chorava à toa, nem precisava de vara de marmelo. Chorou no dia em que Segredo morreu envenenado — um amigo do alheio, antes de pular no quintal, jogou-lhe um pedaço de carne com arsênico.

Chorou mais tarde, quase homem feito. Esquecido de que homem não chora, ele chorou quando o Brasil perdeu para o Uruguai no final da Copa do Mundo de 1950. Não era homem. Atrás do gol, viu quando Gighia chutou e o estádio emudeceu e logo depois chorava, seguramente o maior pranto coletivo da história da humanidade, 200 mil pessoas que não eram homens, chorando sem vergonha de não serem homens.

Ele não podia ou não sabia chorar? Essa era a questão. Volta e meia forçava a barra, lembrava as coisas tristes que lhe aconteceram, o dia em que o pai o colocou de castigo, atribuindo-lhe a quebra de uma moringa. A perda da medalhinha de Nossa Senhora de Lourdes que a madrinha lhe dera, uma medalhinha de ouro que, segundo a madrinha, o livraria de todo o mal, amém. Não chorou nem mesmo quando, naquela primeira noite após a morte de sua mãe, ele se sentiu sozinho na vida e perdido no mundo.

Daí lhe veio a certeza. Poder chorar até que podia. O diabo é que ele não sabia mesmo chorar. Chorar é como o samba que não se aprende na escola: ou se nasce sabendo, ou nunca se sabe. Bem verdade que ele desconfiou de que os outros chorassem errado, misturando motivos. Por exemplo: o irmão, que era um Phd na matéria, quando chorava, fazia um embrulho de coisas e desditas, um mix de quebrações de cara e obtinha um pranto copioso, sincero, lágrima puxando lágrima, soluço puxando soluço.

Quando perdeu uma bolada num cassino de Montevidéu, foi para o quarto do hotel, bebeu meia garrafa de uísque e, tarde da noite, telefonou dizendo que, passados 40 e tantos anos, ainda estava chorando pela morte de Segredo.

Tivera ele essa virtude, aquilo que os ascetas chamam de “dom das lágrimas”! José, vendido por seus irmãos ao faraó do Egito, tornou-se poderoso e um dia recebeu os irmãos que o procuraram para matar a fome. Os irmãos não o reconheceram. José perguntou-lhes sobre o pai e retirou-se a um canto para chorar. Depois, sim, deu-se a conhecer e matou a fome dos irmãos que o venderam.

Jesus chorou quando soube da morte de Lázaro e o ressuscitou. A lágrima é um dom, e ele não mereceu esse dom nem mesmo quando Débora foi embora de seus sonhos e, como nos tangos, nunca mais voltou.

16:26Projeto para o Canal do Varadouro

Da Agência Estadual de Notícias

Governador apresenta projeto do Canal do Varadouro no maior evento náutico da América Latina

O projeto de reativação do Canal do Varadouro, entre os litorais do Paraná e de São Paulo, foi apresentado nesta quinta-feira (19) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior no 9º Congresso Internacional Náutica, dentro da programação do São Paulo Boat Show 2024, maior salão náutico da América Latina. O Governo do Estado contratou os estudos para explorar o potencial turístico da faixa litorânea, que tem cerca de 6 quilômetros de extensão e conecta Paranaguá a Cananéia (SP), passando pela Ilha das Peças e Ilha de Superagui.

https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Canal-do-Varadouro-governador-mostra-projeto-no-maior-evento-nautico-da-America-Latina

16:16Sobre foguetório e toalhas

Na próxima semana pelo menos mais uma pesquisa será divulgada sobre a eleição para prefeito de Curitiba. Tem gente preparando foguetório sem barulho, para não perder o chamado voto pet, e outros olhando a gaveta onde estão guardadas as toalhas.

15:59É chocha!

Palavra de quem acompanha eleições em Curitiba desde que a Rua São Francisco era a mais sofisticada da cidade: “Nunca antes houve uma disputa tão chocha como esta de agora. É água com açúcar com doses de adoçante. Emoção zero.”

15:41Lancha e lanche

O governo de São Paulo vai liberar R$ 600 milhões em crédito para quem quiser comprar lancha. O estado tem hoje quase 130 mil pessoas em situação de rua. Alguém duvida que eles ficariam felizes e com esperança se ganhassem pelo menos um lanche por dia?

 

15:29LEROS

de Carlos Castelo

§ Céu, Tulipa Ruiz, Tim Bernardes, Rodrigo Amarante etc. Sei que esse pessoal tem uma audiência e tanto, palmas para eles. Mas a nova MPB (Música Pachorrenta Brasileira) me entedia. Acho morna. E pior do que morna, só morta. Muito maneirismo pra pouca entrega. Sei lá, o jeito “cool” de cantar, o som dos instrumentos. Tudo me anestesia. Não estou dizendo que não tenha qualidade. Tem, sim. Nota-se o cuidado nos arranjos, nas letras, um olhar apurado para as menores filigranas. Só que entorpece, que vou fazer? Talvez isso aconteça porque minha infância foi influenciada pelos grandes festivais da Record. Aqueles hinos de luta contra a exceção, entoados por gente como Chico, Gil, Vandré e Edu Lobo. E agora? Temos esse “bim, bim, bom, bom”, que lembra um mimimi. Mas, enfim, gosto não se discute. Ouça o que lhe bem aprouver, só evite fazê-lo enquanto dirige. Você pode dormir ao volante.

15:04Itaipu quer que general devolva dinheiro

Da coluna de Guilherme Amado, no Metrópoles

General bolsonarista é notificado a devolver dinheiro a Itaipu

General Bolsonarista e outros diretores deram a si mesmos uma bonificação de R$ 1,3 milhão, que segundo denúncia, foi ilegal

O general bolsonarista Joaquim Silva e Luna, ex-diretor de Itaipu, foi notificado extraoficialmente pela empresa para que devolva os valores que recebeu de forma supostamente indevida, segundo uma denúncia protocolada na ouvidoria da empresa e que deu origem a uma sindicância. A denúncia a Itaipu foi revelada pela coluna, e o recebimento pelo jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com o registro na ouvidoria, Luna e outros cinco diretores autorizaram em 2019 o pagamento de R$ 1,3 milhão a si mesmos como bonificação por perda de direitos trabalhistas. No entanto, ainda de acordo com a denúncia, o recebimento da bonificação era um direito apenas dos empregados celetistas e não dos diretores, que recebem honorários.

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