10:10Lira e o impeachment

A oposição pediu mais uma vez o impeachment do presidente Lula. Agora por causa da frase maldita. Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, está acostumado a isso. No governo Bolsonaro foram mais de cem pedidos. Ele ignorou, barganhou – e vai continuar assim, ganhando.

8:53Ratinho Junior vai cobrar!

Do Goela de Ouro

O governador Ratinho Junior retorna dos Estados Unidos e deverá marcar uma reunião do secretariado para a próxima semana. Não será para fazer elogios. Os estremecimentos causados por denúncias recentes e os relatos de que teriam como origem “fogo amigo” acenderam uma luz de alerta. Com pretensões a voos mais altos na política, ele sabe que administrar um segundo governo de certa forma afrouxa o que no primeiro foi coesão. Por isso, vai cobrar principalmente na área de coordenação política e também o fato de secretários estarem colocando projetos políticos próprios acima do interesse do estado – ações feitas sem muito controle ou satisfação a quem manda.

8:15Visão primeira de Brasília Teimosa

de Mário Montanha Teixeira Filho

Cachorro triste que olha o mar,
late pra a lua e vai
por caminhos proibidos, assim sou, eu e minha cabeça e meus problemas, eu pelas ruas cheias de mistério,
eu bebendo a madrugada da Recife de brilhos e miséria, que não se esconde e é tudo: viva Brasília Teimosa,
teimosa vida, teimoso destino,
Brasília Teimosa que eu amei
profundamente assim
que nos encontramos pela vez primeira!

7:56Olha a placa!

Do enviado especial

A licitação é federal, mas quem mais faz festa por conta da nova concessão de rodovias é a turma do Palácio Iguaçu. Até a apresentação da frota de viaturas da concessionária que vai cobrar o pedágio do povo paranaense é motivo de comemoração. Aliás, é sobre a cobrança que fica a grande expectativa. Quem viaja pelo interior diz que as praças estão ficando bonitas. Mas ainda não tem aquela placa azul com o valor das tarifas. Quando será instalada? Quanto vai custar?

7:47NELSON PADRELLA

Comecei a fazer uma coleção de nadas. O colecionismo é bom porque delineia os músculos do cérebro. Encontro um amigo na rua: “que é que você tem, cara?” “Tenho nada”. “Troca comigo?”
Nada como um nada atrás de outro. Pronto, já tinha que falar em Política.

7:42Lula fez provocação que ofende até quem condena premiê de Israel

por Wilson Gomes, na FSP

É evidente que para criticar Netanyahu não havia necessidade de evocar Hitler com retórica do Holocausto

Lula precisaria fazer tantas declarações sobre o conflito em Gaza, esse que divide o mundo? Certamente, não. Não há interesses nacionais implicados nessa guerra que exijam que o presidente se considere parte envolvida. Um chefe de Estado, além disso, tem canais de influência que não passam por declarações públicas.

Entretanto, mesmo que fosse inevitável dar declarações públicas, Lula poderia caminhar sobre o que é mais consensual e entregar a mensagem humanista que lhe interessa. “Não é uma guerra entre soldados e soldados; é uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças” não é uma frase tão ruim.

Poderia ter parado por aí.

Há um consenso bem sólido de que os horrores que ocorrem em Gaza devem ser duramente condenados. Arriscando-se mais, poderia ir até à tese do genocídio. Não é tão consensual, mas aceitável diante de massacre tão pavoroso.

Obviamente, Lula teria mais credibilidade ou seria visto como menos parcial se condenasse igualmente pelo menos as mais clamorosas violações de direitos humanos, massacres e guerras injustas no mundo. Coisa que ostensivamente evita, alegando seletivamente desconhecimento ou prudência diplomática.

A condenação, contudo, não lhe pareceu suficiente. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando Hitler resolveu matar os judeus.” A primeira parte é inteiramente falsa, mas isso é o menos importante; o espantoso foi a tranquilidade com que o Holocausto entrou na narrativa do presidente.

É evidente que para criticar Netanyahu pelo que acontece em Gaza não havia necessidade evocar Hitler nem de usar Holocausto como arma retórica. O Holocausto tem que estar fora dos limites dos jogos retóricos de acusações políticas. É uma regra moral que não deveria ser transposta, um presidente progressista e humanista deveria saber disso.

A não ser que não dê a menor importância à dor que provoca em tantos o Holocausto. Nem ao significado deste evento para qualquer humanista. Nem todos os judeus são israelenses, os mortos nos campos de extermínio certamente não.

Nem todo israelense apoia Netanyahu, e a memória do Holocausto existe para nos lembrar que toda brutalidade humana dirigida contra um povo deve ser condenada. Não se pode menosprezar a dor de milhões e o significado do Holocausto simplesmente para provocar Netanyahu. Que, aliás, adora ataques como esses que servem para desqualificar o crítico como antissemita.

Ah, mas muitos judeus que criticam Netanyahu fazem essa comparação. Pois, que o façam, quem não pode fazê-lo é o presidente da República do Brasil. Ah, mas uma frase de Lula não pode indignar mais do que 30 mil mortos em Gaza. Bem, a frase do presidente, absolutamente evitável, não impedirá qualquer morte em Gaza e conseguiu atingir milhões de pessoas que nada têm a ver com esse conflito.

Ah, mas Lula se dirigiu a Netanyahu e não aos judeus. Ora, Lula tem mil caminhos para se dirigir a Netanyahu e poderia usar outros meios, mas deliberadamente escolheu fazer uma provocação infame que ofende até quem condena o primeiro-ministro de Israel.

Ah, mas Lula disse a verdade e a verdade precisa ser dita. Junto com a Presidência não vêm obrigações de ser o bedel do mundo. Quem “precisa” dizer as próprias verdades, apontar dedos e lutar por superioridade moral são militantes, não o presidente de todos os brasileiros.

Se, também para Lula, governar é incendiar a esfera pública com polêmicas verbais, está no caminho certo. Pode ser um caminho eficiente, muitas evidências o confirmam. Bolsonaro, que seguiu à risca este princípio, quase ganhou duas eleições consecutivas, apesar de ser, como ele próprio admitiu, um homem sem qualidades.

avanço eleitoral dos populismos de extrema direita em todo o mundo também segue o preceito, pois, afinal, a serenidade é aliada da racionalidade e da construção de entendimentos, mas é no barulho, no divisionismo e na fúria que os radicais prosperam.

Lula, porém, precisa tomar uma decisão. Se quer ser o presidente da reconciliação ou alguém que ajuda a soprar as brasas da discórdia e atiçar brigas, tão ao gosto da militância. Ele sabe que não precisa se meter em todas as confusões do planeta e que pode planejar a comunicação presidencial para produzir a imagem de grande reserva moral internacional com a qual sonha nesse seu mandato.

Transformar entrevistas coletivas no estrangeiro numa espécie de cercadinho do Alvorada, de triste memória, não vai nessa direção.

*Professor titular da UFBA (Universidade Federal da Bahia) e autor de “Crônica de uma Tragédia Anunciada”

18:09Numa tumba escura

de Jamil Snege

Tenho procurado por
todos os meios me destacar
dos demais.
É minha a intervenção mais
inteligente, o lance
intelectual mais audaz.
Procuro as luzes do palco
com o mesmo fervor
com que o peregrino procura
a tua face.
Que tolice, Senhor.
Dentro de alguns anos, numa
tumba escura, que
artifícios usarei para
chamar a atenção sobre o meu
pobre crânio descarnado?

17:39O que sobrar no fim

de Viriato Gaspar

Apenas deixar ir, abrir os dedos
da alma e seus arfares avarentos.
Esse pavor de instar, reter o vento,
secar por dentro o coração nos medos.
Podar os brilhos. Largar as aparências.
E o que sobrar no fim é a tua essência.

16:59Parceria para fiscalização de obras públicas

Assim veio

A fiscalização de obras públicas do Tribunal de Contas do Paraná vai contar agora com um reforço: 60 universitários de Engenharia, de cinco instituições estaduais, vão auxiliar o órgão, com a supervisão do CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia. Além de visitar obras in loco nos municípios, as equipes vão atualizar o cadastro virtual de obras públicas, de caráter declaratório, que aponta a existência hoje de 1.083 obras em todos os 399 municípios. O primeiro passo foi dado nesta terça-feira, quando no TCE assinou termo de cooperação todas as universidades estaduais e foi apresentado o primeiro plano de trabalho. O convênio é amplo e envolverá 14 projetos em outros setores do controle externo. Faz parte da diretriz da gestão do presidente Fernando Guimarães ter a sociedade como parceira no processo de fiscalização.