11:07O que é uma Ditadura

por Cláudio Henrique de Castro

Entre 501 a 202 a.C. foram nomeados 85 ditadores em Roma. A principal função da ditadura era militar. Apenas um ditador era nomeado por decreto do Senado romano.

A ditadura no mundo romano representou a legalização da tirania por um instrumento superior à República em momentos de perigo, para proteger a ordem existente. O tirano não tinha limites para impor a normalidade da República. Sua função era transitória e todas as magistraturas ficavam suspensas pelo seu poder.

Passaram-se os séculos e no Brasil as Forças Armadas, a partir do século XIX, em vários episódios históricos, foram protagonistas de golpes e tentativas da tomada de poder do Estado.

Os períodos recentes de malfeitos foram: a ditadura de 1964-85 e o golpe parlamentar de Temer de 2016 que se prolongou até 2022. Na passagem de bastão de Temer para Bolsonaro as eleições foram garantidas pela prisão do candidato que poderia derrotar o então militar reformado, eleito em 2018, e a repentina mudança na jurisprudência do STF.

Essas histórias ainda não foram contadas adequadamente, nem a de 1964-85 nem os seis anos de 2016-22.

Duas obras analisam esse período recente: “Os Onze” e “O Tribunal”, de Felipe Recondo e Luiz Weber, uma radiografia da atuação pendular do STF.

A possibilidade de os poderes serem totalmente engolidos pelo Poder Executivo veio com a estratégia esfarrapada de questionar as urnas eletrônicas. Iriam sucumbir o Congresso, o Supremo e a Constituição.

Dentre outros discursos, atos e tentativas frustradas, o ataque ao STF foi no sentido de isolá-lo institucionalmente dos outros poderes e da população. Um derretimento constante por meio de discursos hostis e desabonadores por parte do Poder Executivo.

Agora, na marcha inevitável da prisão de golpistas, tem-se a resistência de um Congresso Nacional e de alguns governadores com parcela composta por apoiadores daquela proposta de ditadura, eleitos na esteira das emendas secretas e com o apoio neopentecostal messiânico que se instalou na política.

Duas posturas foram preponderantes nesse caminho: a da omissão às investidas antidemocráticas e a do apoio ora velado, ora explícito, pelos partidos a esse movimento ditatorial.

O retrato dessa era de suspiros e pretensões autoritárias é a leitura da biografia de Adriano da Nóbrega, o chefe do Escritório do Crime no Rio de Janeiro. 

No livro Decaído, o autor, Sérgio Ramalho, dá uma ideia de como as milícias cresceram e sua íntima ligação com setores da política brasileira.

De um matuto que vivia na miséria, Adriano, no crepúsculo da sua vida, faturava 800 mil reais por mês, uma quantia digna de um CEO, com valores auferidos com a exploração de atividades ilegais: caça-níqueis, assassinatos a soldo, construção de prédios ilegais e da cobrança de taxas de proteção.

Antes do assassinato de Marielle Franco, três políticos foram executados em circunstância análogas, o mesmo modus operandi do Escritório do Crime.

Defendido de forma veemente pelo ex-presidente da República e seus filhos numerais, à medida que os malfeitos de Adriano foram sendo divulgados, a mesma verve foi no sentido contrário, a de negar a amizade com o criminoso.

As semelhanças entre Adriano da Nóbrega e Cláudio Guerra, um ativo e destacado policial da ditadura militar (1964-1985), são muito grandes: grampos ilegais, ligações com o jogo do bicho, milícias, matadores de aluguel e os narcos, mas o principal; o fascínio pelo assassinato de inocentes e dos opositores políticos.

As ditaduras são assim.

10:45Onze milhões e uma pancada

Do correspondente esportivo

Inventaram agora o “Fight Music Show”. Luta-livre perto da enganação é arte pura. No sábado, com transmissão da Globo, o ex-boxeador Popó “enfrentou” o ex-BBB Bambam. Deu-lhe uma pancada aos 36 segundos do primeiro assalto e faturou R$ 5 milhões. O nocauteado ganhou mais: R$ 6 milhões. Isso porque falou muita caca para promover o evento e fez acordo com os patrocinadores. Querem mais?

10:29Hoje é dia de pagar IPTU em Matinhos

Do enviado especial

Hoje vence a primeira parcela do IPTU da Prefeitura de Matinhos. Tem muita gente pensando se vale a pena pagar ou não o imposto. Ontem uma chuva fez com que carros fossem levados pela água entre a avenida principal de Caiobá e a segunda rua que corta o balneário. Casas foram alagadas e tudo o que de pior que pode acontecer num município onde não há limpeza de bueiros mas tem show no final de semana e praia ampliada.

10:19JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Um milhão de pessoas na Paulista, 50 milhões de um lado, 50 milhões do outro discutindo ideologia e quem tem um líder melhor – e prontos pro pau, e no resto do Brasil outros 50 milhões desprovidas de tratamento de esgoto e um número enorme de gente fazendo no mato.

10:06Aviso para amarrar

Do Goela de Ouro

O governador Ratinho Junior ainda não marcou a reunião do secretariado, mas só a possibilidade aventada na semana passada, quando ele ainda estava em Nebraska, nos Estados Unidos, balançou o coreto de muita gente. Já chegou ao ouvido de quem manda de fato que a percepção que se tem agora no Centro Cívico é a de um governo que parece firme nos propósitos e na propaganda, mas de falto está “solto” nas entranhas. Isso só facilita quem quer se aproveitar para ganhar espaço, ainda mais pensando em eleições, mas cria um cenário complicado para quem pretende se expor nacionalmente como postulante à presidência do país.

9:34CURITIBA EM DOIS TEMPOS

Enviado pelo fotógrafo e chapa João Urban

Caras amigas, caros amigos, irmã, irmão, filha,filho, o lançamento do meu novo livro será na “CASA PORTFÓLIO – FOTOGRAFIA E GASTRONOMIA” (Rua Alberto Folloni, 634 – (41)99655-0271), dia 29 de fevereiro, próxima quinta feira. Nesse livro faço o “repeteco” (ou releitura, para quem preferir), de 40 fotografias de Arthur Wischral. Wischral fotografou o Paraná na primeira metade do século XX, até meados dos anos 60. O livro tem o desenho gráfico de Jussara Salazar e texto de José Castello. As fotografias de Arthur Wischral foram gentilmente cedidas pela CASA DA MEMÓRIA. O evento contará com um “bate-papo” com a presença do jornalista, professor e escritor José Carlos Fernandes, sobre coisas da fotografia e da cidade. (Projeto realizado com recursos do Programa de Apoio de Incentivo à Cultura – Fundação Cultural de Curitiba e da Prefeitura Municipal de Curitiba).

8:11Nuvem e pontes

Do Analista dos Planaltos

Ratinho Junior não foi à manifestação da avenida Paulista, não emitiu opinião, enfim, manteve a postura de sempre que pode ser interpretada como nuvem e também como cautela para não implodir pontes.

8:05Ajude!

O Gaiato da Boca Maldita acha que a CBF deveria fazer um acordo com o ex-presidente Bolsonaro para que convoque toda sua galera para apoiar a seleção brasileira de futebol – aquela que, no filme atual, está com o prestígio mais por baixo do que cocô do cavalo do bandido.

7:51JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Depois da manifestação de ontem, os bolsonaristas foram correndo pra casa para ver as imagens  do evento na TV Globo. Já o pastor Silas Malafaia, o rebelde do templo, ficou torcendo pra ser preso no ato e, assim, aumentar a arrecadação da igreja dele.

7:45Quantos?

O ato pró-Bolsonaro entupiu de gente a avenida Paulista. A discussão de hoje é o bate-cabeça sobre quantas pessoas haviam ali, a maioria com a camisa da seleção brasileira e/ou nas cores da bandeira. No Fantástico, da Globo, a chamada não falava na quantidade, mas sim que os bolsonaristas ocuparam sete quarteirões da avenida. 750 mil foi a estimativa do secretário de Segurança Pública de São Paulo, apoiador do ex-presidente, Guilherme Derrite, bem mais tarde confirmada pela Polícia Militar em nota, apesar de ter informado antes que não fazia este tipo se cálculo. Por coincidência os organizadores da manifestação divulgaram na véspera que esperavam o comparecimento de 750 mil partidários. Na Folha de São Paulo o grupo “USP Monitor do Debate Político no Meio Digital” estimou em 185 mil pessoas o público presente no pico da manifestação, às 15h, e informou que, “para o cálculo, foi utilizada metodologia que conta o número de cabeças em imagens ao longo de toda a avenida, sem sobreposição”. O resumo é que, dentro das perspectivas dos bolsonaristas, a manifestação foi de fato um sucesso e que a chamada direita está aí, viva e atuante sempre que for convocada. O que isso significa? O outro lado, o do governo Lula, recebeu o recado, vão assimilar, não fazer marola e, obviamente, seus seguidores não farão manifestação, mesmo porque movimento a favor seria assinar recibo de preocupação. O ano, de eleições, promete. Isso é política!