Se a causa não foi uma estaca no coração, um colar de alho, um banho de água benta ou um sol de rachar, então o vampiro continua vivo. (Marden Machado)
10:32Roubei um livro do Dalton
por Paulo Ambrósio
A panificadora beira-mar em Piçarras tinha uma estante com uns 40 livros. Os clientes poderiam ler durante o café. Gentileza urbana, mas sem muito sucesso de público.
Fucei e achei uma raridade. O Rei da Terra, de Dalton Trevisan, meu vizinho de bairro em Curitiba e maior contista brasileiro. Edição de 1972 da Civilização Brasileira, exemplar 2086, volume 164 da Coleção Vera Cruz de literatura brasileira. Velho e amarelecido, com o nome Sueli de Fátima Chaves da Silva escrito à mão na página de rosto.
Edição impressa na Gráfica Borsoi, Benfica, Estado da Guanabara. O exemplar tinha uma etiqueta da Livraria Osório, no Centro de Curitiba. Esse livro tinha que ser meu.
Falei para a atendente que queria comprar o Rei da Terra, ela disse que não vendiam, era para os clientes lerem. Insisti e ela respondeu que teria que consultar a proprietária.
Nos dois dias seguintes passei lá perguntando do livro, não tinham conseguido falar com a dona. Ofereci dois livros novos em troca, falei que para eles era um bom negócio. A proprietária teria que autorizar.
Mesma resposta no terceiro dia. Ainda ficaria mais quatro dias na praia, mas tinha medo que o livro desaparecesse. Tive que agir.
No dia seguinte, entrei na panificadora com um livro na mão e o usei para acenar para a atendente. Pedi café, sentei perto da estante e comecei a ler. Numa distração dos funcionários, fui rápido na troca. Deixei meu livro novo na estante, que não lembro qual era, e peguei O Rei da Terra.
Terminei o café, paguei e na saída acenei com o livro trocado, mostrando a contracapa para a atendente. Sempre dou para alguém os livros que termino. O Rei da Terra não. Será minha lembrança eterna do Vampiro.
9:48PARA NUNCA ESQUECER PAULO BELLINATI E UNDIÚ
9:33A casa preservada
Já chegou ao prefeito eleito de Curitiba. Eduardo Pimentel, a ideia de se preservar a casa e o terreno onde morou e trabalhou por décadas o escritor Dalton Trevisan, que morreu ontem aos 99 anos. Ele gostou da ideia – e vai pensar a respeito. A conferir.
8:40Jerson e José da Silva
O serviço funerário municipal de Curitiba informou que Valter José da Silva, 56 anos, atendente, morreu no Hospital de Clínicas no mesmo dia que “advogado” Dalton Jerson Trevisan, 99. Por estar junto na publicação dos obituários, José da Silva partiu como o João do escritor. Não se sabe ainda quem era sua Maria.
8:16Escritor
Não ligo se o escritor / É leviano ou denso / Nem me importo se o livro / É pequeno ou imenso / Eu gosto é de autor / que só pensa o que eu penso. (Millôr)
8:05A VIDA COMO ELA É
Fotos de Ricardo Silva
7:38Lula tem hemorragia cerebral e faz cirurgia de emergência em SP
Da FSP
Hematoma tem relação com queda sofrida por presidente em outubro; petista segue internado em leito de UTI
O presidente Lula sentiu fortes dores de cabeça na noite de segunda (9) e, depois de exames feitos no hospital Sírio-Libanês, em Brasília, foi transferido para a unidade de São Paulo para uma cirurgia de emergência.
Ele foi submetido a uma craniotomia para drenagem de hematoma, que foi bem sucedida, segundo boletim médico divulgado pela instituição. Ele foi atendido pelos médicos Roberto Kalil Filho e o neurocirurgião Marcos Stavale, e está agora sob cuidados da infectologista Ana Helena Germoglio.
Segundo o boletim médico, o petista está sob observação em um leito de UTI.
Em outubro, o petista sofreu uma queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Foi tratado e levou pontos. O sangramento ocorre quase dois meses depois, em decorrência do acidente doméstico.
O boletim informa que o “presidente Lula esteve ontem à noite (9/12) no Hospital Sírio-Libanês, unidade Brasília, para realizar exame de imagem após sentir dor de cabeça. A ressonância magnética mostrou hemorragia intracraniana, decorrente do acidente domiciliar sofrido em 19/10”.
“Foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês, unidade São Paulo, onde foi submetido à craniotomia para drenagem de hematoma. A cirurgia transcorreu sem intercorrências. No momento, o presidente encontra-se bem, sob monitoração em leito de UTI”.
Segundo o hospital, uma coletiva de imprensa será realizada na manhã desta terça para atualizar o estado de saúde do petista.
7:22A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba, a casa de Dalton Trevisan em foto feita há pouco pelo jornalista Paulo Krauss
7:19JOEL MENDES, ADEUS
por Valdeci Lizarte
Faleceu nesta segunda-feira, aos 78 anos, o ex-goleiro Joel Mendes. Ele estava internado em Curitiba por causa de um AVC. Recentemente entrevistei-o para este blog e para o Jornal Folha de Santa Felicidade. É o que segue:
https://www.zebeto.com.br/2019/12/17/o-quase-anonimo-joel-mendes/
7:13JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
Pensando bem, o pacto do Athletico com o Demônio deu certo: foi pro inferno.
7:05A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Fotos de Daniel Castellano
6:38O voo do Vampiro
por José Maria Correia
Ah essas lutas com as palavras , se tornam as mais vãs.
Enquanto lutamos, mal nasce a manhã.
Se assim escreveu Drumonnd, imagine um simples mortal como eu.
E escrever logo sobre o nosso maior contista.
Alguém que conheci ou assim imagino, aos doze anos de idade.
Em um velório de um defuntinho.
Uma criança, amigo meu de brincar na rua Guttemberg – e que se foi.
De uma doença da infância .
O pai disse na casa dos vizinhos Trevisan, “aquele é o parente que é escritor”.
E disse o nome Dalton, “ele é o Vampiro de Curitiba”.
Eu fiquei apavorado , ele poderia ter a altura de um Bela Lugosi , o ator romeno e o Drácula mais famoso.
Mas era bem mais jovem e em nada lembrava o personagem das sombras e dos filmes que eu assistia no Cine Curitiba.
Bem, o tempo passou e claro que aprendi muito sobre o Dalton e passei a ler seus livros e gostar dos personagens entre erotismo, relações freudianas, ironias e violência de uma forma descrita sem apelações, com um humor noir.
Não sou crítico literário, portanto apenas percorro minhas lembranças.
Em 1964, bem depois, eu já estava no Colégio Estadual e na biblioteca lendo todas as obras proibidas de Jorge Amado, o que faço até hoje de forma alternada.
Foi uma escola para ler Dalton Trevisan e Nelson Rodrigues .
Os três são construtores de personagens como foram Machado de Assis, Garcia Marques e tantos outros que amei conhecer .
Saindo do período do Colégio Estadual, fui dar aula de literatura para vestibular em um Cursinho próximo da Livraria do Chaim, em frente à Reitoria,e ali passei a encontrar comprando livros o famoso escritor .
Foi uma oportunidade de trocarmos umas palavras nas estantes ,
Depois, nessa via cultural e já acadêmico de Direito da Universidade Federal em 1968, eu frequentava a Livraria do Senhor Colares, na Presidente Farias, e saindo de lá para a livraria Guignone , encontrava o onipresente Dalton conversando com o livreiro Dude , pai do meu amigo Fernando, ex-secretário de Cultura.
Ali eu já estava mais enturmado e admitido para ouvir um pouco do que conversavam sem ser inconveniente.
A próxima parada era a tradicional Confeitaria Schaffer,que o Vampiro frequentava, não para beber sangue, mas uma angelical coalhada elegantemente servida entre pessoas muito bem trajadas.
Era um ponto de intelectuais, profissionais liberais, jornalistas, doutores, políticos e pessoas da sociedade que ali se reuniam para conversar e desfrutar da tranquilidade.
Pena que fechou. Deveria ser mantida como fizeram com a Colombo no Rio de Janeiro onde até Dom Pedro II frequentou .
O Vampiro não voava, mas o Dalton tinha pernas ágeis e percorria todo o circuito cultural a pé, como gostava, de livraria em livraria, e depois partia para a “Cinelândia”.
Na quadra dos cinemas da mesma rua XV e da João Pessoa, mergulhava na penumbra de um Ópera, poderia ser a do Fantasma, mas não era, ou Avenida, o Palácio ou o Rívoli , todos com telas de seda, assentos estofados e projeção em Cinemascope.
Eu também – e assim me tornei cinéfilo.
Ainda na rota do nosso contista estavam as magníficas bancas de jornais onde ele ia buscar revistas da semana e jornais do dia posterior, hábito que muitos tinham em tempos que não havia internet nem os meios digitais de hoje, e era tudo muito melhor.
O Dalton tinha um Physique du rôle de escritor e intelectual como tinha o Nego Pessoa e tem o Carlos Castelo, o Zé Beto e o Padrella pessoas que não passam anônimas mesmo que desejem.
E para encerrar a noite, aí sim surgia o Vampiro . Podia estar em alguma esquina à espreita ou em um ambiente boêmio para ouvir as histórias dos habitués que frequentavam pelos mais diversos motivos .
Diversão com as moças da noite, sexo, para beber, buscar drogas ou simplesmente para conversar com amigos .
E havia grandes orquestras e shows com os artistas mais famosos como Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Cauby Peixoto e Angela Maria .
Da boêmia musical ao Bas-Fond.
E o Vampiro não .
Ia na mais absoluta discrição por ofício e em um dos cantos tudo observava com os jornais embaixo do braço.
E ali não foram poucas as vezes em que eu como, Delegado, já em 1973, supostamente à trabalho para a captura de bandidos perigosos, para obter informações ou atender alguma ocorrência mais grave, encontrei amigos jornalistas, contistas e esporadicamente e solitário nosso Dalton Trevisan.
Permanecia analisando as pessoas e buscando elementos culturais para os seus contos como se fosse um Lautrec ou um Hemingway.
No meu imaginário eu julgava ter certa identidade por estar no mesmo elemento da criação. mesmo assim nunca ousei me insinuar para me tornar próximo do Dalton ou atrapalhar seu processo criativo.
Essas singelas lembranças são fruto do afeto e da profunda admiração pelo mestre do conto com a veia paranaense, nossas polaquinhas, santas populares, crendices e pessoas do povo que contêm revelações e críticas de costumes, conservadores locais
Dalton escapou da sanha das fogueiras de livros e das campanhas de ódio dos tempos atuais e dos haters.
Viveu 99 longos anos e deixou uma obra que durará 990 ou enquanto houver bibliotecas. Se eternizará.
Tive o privilégio de estar umas duas vezes na antiga casa do Dalton levando minha mulher Angel em festividades da esposa e irmã de Ivete Fruet.
Não me demorei e respeitei a privacidade do escritor .
Não sou dos que se jactam de terem sido amigos de todos os famosos que falecem.
Não fui, mas, sim, um espectador privilegiado com os encontros que Vinicius dizia ser a arte do encontro, apesar de tantos desencontros.
E quando passo pela antiga casa da rua Ubaldino do Amaral, já fechada e desabitada, sinto uma certa sensação de pertencimento pelos encontros fortuitos nas livrarias, por ser leitor e pela cordialidade do Doce Vampiro, o que é muito quando esperamos apenas um olhar de quem admiramos e resta a solidão.
“toda casa era um corredor deserto,
Até o canário ficou mudo
Não dar parte de fraco
Ah Senhora fui beber com os amigos
Uma hora da noite eles se iam
Ficava só sem o perdão da sua presença
Última luz na varanda
A todas as aflições do dia” (Dalton)
6:23DALTON TREVISAN, ADEUS
16:20A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Foto de Daniel Castellano
16:11Uma concessão e quatro propostas
Do UOL
Concessão de rodovia no PR tem 4 propostas e investimento previsto de R$ 9,8 bi
Trecho total de 569,7 km prevê duplicações e melhorias na região norte do estado
O governo recebeu, nesta segunda-feira (9), quatro propostas para o leilão de concessão das Rodovias Integradas do Paraná, lote de estradas que faz a ligação da região norte do Paraná com a BR-277, para escoamento para o porto de Paranaguá.
Os envelopes foram entregues na sede da B3, em São Paulo, e o leilão está marcado para a próxima quinta-feira (12). Segundo informações obtidas pela Folha, as empresas que entregaram propostas foram Pátria, 4UM, CCR e EPR. Continue lendo
15:56A grande novidade
A única grande novidade da série B será o gramado sintético da Baixada. (Valdeci Lizarte)
15:53Chuva
de Oswald de Andrade
Quando o português chegou
Debaixo duma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
15:11JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
O presidente do STF deu um soco na mesa e obrigou o governador de São Paulo a manter o modelo de câmeras usadas pelos policiais militares com gravação automática e ininterrupta. Agora faltam o resto das polícias do Brasil e, para dar o exemplo, os políticos e os magistrados.