8:48Meu encontro com o Vampiro

por Marcos Barrero

Foi uma das minhas grandes admirações. Hoje, nem tanto. Em 1979, porém, lia tudo que ele escrevia, e o que escreviam sobre ele. Assim, convenci o escritor Gilberto Mansur, diretor da revista Status – concorrente da Playboy – a me dar passagens e dinheiro pra caçar o escritor Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, em seu próprio território. Caçar como jornalista – ou seja, entrevistá-lo. Fui. Fiquei três dias em Curitiba, instalado num hotel do centro, na célebre Boca Maldita. E voltei com um perfil, longa entrevista e fotos raras e inéditas da infância do escritor. Deu oito páginas e chamada na capa da revista, edição de maio de 1980.

Não fui original nem genial. Fui jornalista. Obedeci a um princípio acaciano segundo o qual compete ao jornalista investigar, se jogar no fato e domá-lo assim como um toureiro, um El Cordobés, um Dominguín. Pra explicar melhor: fiz o  contrário do que fazem hoje os repórteres pasteurizados, telefone em punho e produção na retaguarda. Minhas missões na profissão e na vida sempre foram solitárias. Prefiro assim. Pelo menos erro sozinho e presto contas apenas ao espelho partido de cada manhã.

Recém-chegado e refestelado na cama do hotel curitibano, planejei o ataque ao Vampiro. Fiz ligações a amigos, tentei por eles uma aproximação com o escritor. Ninguém quis me ajudar, mas todos se candidataram a falar. Notei vaidade ali. Na mesma noite, madrugada alta, uns cinco ou seis amigos íntimos do escritor, cometiam inconfidências à minha volta numa mesa repleta de garrafas vazias e copos cheios. Onde? No bar do hotel – nem precisei sair, a notícia veio a mim. Sentou-se à minha mesa e falou. Disse tudo o que eu queria ouvir, o que eu sabia e o que jamais supunha, o que perguntei e – muito mais – o que nem imaginei inquirir.

Fiquei com o perfil quase pronto. Dia seguinte, fui à caça do Vampiro. Tinha um mapa, desenhado no papel, de sua rotina – hora a hora do seu dia a dia. Resolvi então cercá-lo numa banca de jornal na Boca Maldita. Ali, diariamente, ele comparecia para folhear, meio escondido, revistas pornográficas. A dica dos amigos foi perfeita. Deu certo – me apresentei como professor, que de fato era, e com um gravador minúsculo no bolso de dentro do paletó, que usava como repórter da Jovem Pan, gravei um papo de quase uma hora com o autor de Virgem Louca, Loucos Beijos.

Havia levado uma primeira edição de Novelas Nada Exemplares, 1959, também recomendação dos amigos. Dalton enlouquecia com velhas edições de seus livros. Destruía todas que encontrava. Dizia que só valia a última. Quase insano, ele revisa todas suas obras a cada nova edição. Usei o livro como isca, apresentando-o para um autógrafo. O Vampiro ficou doido, propunha compra, troca, qualquer coisa pra ficar com o Novelas. E eu fiz o jogo, ganhei tempo, fui falando com ele e fazendo minha entrevista. Cedi, sim, mas quando quis – e troquei a edição da José Olympio Editora (a primeira do Vampiro por uma  grande editora) por livros novos, também dele, autografados e dedicados a mim, ali mesmo na banca. Escreveu Marcos, vírgula, etc e tal, em letras miúdas. Nos despedimos amigavelmente. Ok, venci – já tinha o perfil e a entrevista. Podia ir embora. Fiquei. Continue lendo

7:42Sem presentes

Do Goela de Ouro

Os titulares da Casa Civil e do Planejamento do governo de Ratinho Junior terminam o ano sem trocar presentes. Ao contrário: os grupos de João Carlos Ortega e Guto Silva vão entrar 2025 reforçados porque o que está em jogo são as eleições de 2026.

7:29Previsão de tempo quente no Parceiro da Escola

Hoje o governo do Paraná decide se inclui as 83 escolas públicas que não tiveram quórum na recente votação para a inclusão no programa Parceiro da Escola. Dos 177 estabelecimentos onde a comunidade votou, só 11 aceitaram a administração por empresas privadas. O decreto que criou a parceria prevê tal procedimento, mas se for concretizado, pode aumentar muito a temperatura da reação desencadeada pelo sindicato dos professores e pais de alunos desde que a ideia surgiu e ganhou aval do Legislativo. Para a FSP o secretário Roni Miranda justificou a ausência de quórum mínimo às chuvas ininterruptas do final de semana passado. A APP Sindicato rebate dizendo que onde houve votos suficientes a vitória sobre a recusa ao projeto foi esmagadora (83 a 11) – e que o governo deveria, sim, abrir as urnas onde não houve votos suficientes e divulgar a quantidade dos que são contra e a favor. Os sindicalistas acreditam que a proporção seria a mesma que recusou a proposta. A conferir.

 

6:41O Botafogo e a amizade

por Renato Terra, na FSP

Torcer para um time de futebol é uma escolha para a vida toda

Muitos torcedores dizem que não escolheram torcer pelo Botafogo, mas foram escolhidos. Não se deve subestimar a capacidade do futebol de revelar mais sobre o comportamento das pessoas do que os fatos, a razão, a antropologia e a psicanálise.

Torcer para um time de futebol é uma escolha para a vida toda. Quase metade do Rio de Janeiro é Flamengo, o time com maior torcida, mais títulos, mais dinheiro, mais otimismo, mais pênaltis a favor. Não raro, numa classe com 20 alunos, há somente um botafoguense presente na turma.

Torcer para o Botafogo forma, ainda na infância, um elo entre pessoas que se identificam pela resistência e pela originalidade. Para uma criança, compartilhar a paixão pela estrela solitária com um amigo é construir uma relação baseada numa complexa rede de afinidades que orbitam escolhas menos óbvias.

Para quem nasceu no século 20, manter-se botafoguense é parte essencial para a formação de caráter. Foram décadas e décadas de formação de elos em torno de um time que triturou o otimismo. O botafoguense aprendeu a rir de si mesmo nas derrotas épicas, nos rebaixamentos e na falta de perspectiva. Aprendeu a encontrar significado nas superstições mais divertidas, nas explicações mágicas, nos desvios da realidade que o futebol permite. E, mais importante, ele não se afastou do clube.

É muito fácil ser parça de Neymar no auge da carreira do jogador. Mas não há troféus para os momentos silenciosos da vida em que a gente se joga sem buscar nada em troca —a não ser a própria amizade. Uma relação forjada na presença cria um elo verdadeiro.

Há algo de único que une o torcedor e o Botafogo. Não é uma relação qualquer. Vai além de se reunir em grupos para celebrar o desempenho antológico de um time dentro de campo em 2024. Ou de resgatar a tradição de um clube fundamental para a formação do que há de melhor no futebol brasileiro. De exaltar o êxito de um time que joga um futebol virtuoso e bonito. Vai além de vencer a luta contra adversários, árbitros, bastidores. Além de louvar o gosto pela resistência e pela originalidade. Da poesia do Garrincha. A alegria condensada numa sequência de títulos é pouco para explicar essa relação.

Meus amigos botafoguenses, aqui vai um abraço admirado deste tricolor.

16:14Roberto Requião surpreende de novo em primeira pesquisa – agora para o governo

Amigo do blog cravou os olhos no cenário abaixo divulgado na pesquisa Quaest sobre a disputa ao governo do Paraná em 2026:

Sergio Moro (União Brasil): 23%
Roberto Requião (Mobiliza): 16%
Rafael Greca (PSD): 12%
Beto Richa (PSDB): 10%
Cida Borghetti (PP): 5%
Indecisos: 7%
Branco/nulo/não iria votar: 28%

Aí lembrou que o segundo colocado, Roberto Requião, também foi um estrondo na primeira pesquisa para a prefeitura de Curitiba feita pelo mesmo instituto. Ele tinha 18%, assim como Luciano Ducci, e estava a um ponto de Eduardo Pimentel, que conseguiu 19% e depois foi eleito prefeito no segundo turno. Quando os resultados das urnas do primeiro turno foi divulgado, Requião não tinha nem 2 %.

15:50Amaury Pasos, adeus

Da FSP

Morre o bicampeão mundial de basquete Amaury Pasos, aos 89

Lenda do esporte fez parte de uma das maiores gerações do país nas quadras

Por muito pouco, o Brasil não perdeu o talento de Amaury Pasos para nossos arquirrivais. Filho de argentinos, ele nasceu em São Paulo, em 11 de dezembro de 1935. A família havia deixado o país durante o governo de Agustín Pedro Justo (1932-1938), conhecido como “Década Infame”, caracterizado por fraudes nas eleições e corrupção. Posteriormente, com a doença da mãe, que morreu pouco depois, a família retornou a Buenos Aires, onde Amaury morou dos 5 aos 16 anos.

“Devo toda a minha formação à Argentina. Tenho profundas raízes lá”, costumava dizer.

Lenda do basquete brasileiro, Amaury morreu na madrugada desta quinta-feira (12), segundo a Confederação Brasileira de Basquete. Ele estava ao lado dos netos e outros parentes mais próximos em São Paulo. O velório será aberto aos fãs e acontecerá na rua São Carlos do Pinhal, 376, das 10h às 18h.

Em terras portenhas, o garoto começou a mostrar talento em vários esportes. Praticou natação, duelando nas categorias de base com Oscar Kramer, futuro medalhista de bronze nos 400 m livre no Pan do México-1955. De volta ao país, quando a família fugiu do governo populista de Juan Domingo Perón (1946-1955), deixou as piscinas e adentrou às quadras para treinar basquete e vôlei no Clube de Regatas Tietê. Versátil, também se aventurou no polo aquático, atuando pelo Paulistano, e no atletismo, no qual disputou competições universitárias nos 400 m, revezamento 4 x 400 m, salto em altura e triplo.

A opção pelo basquete veio com a convocação para a seleção brasileira que treinava para o Mundial do Rio de Janeiro, em 1954. Aos 18 anos, o pivô do Tietê foi chamado pelo técnico Togo Renan Soares, o Kanela, a princípio, para completar o time reserva. Com a bola nas mãos, o jovem se destacava pela precisão dos arremessos e pelo fôlego na marcação. Acabou como titular da equipe vice-campeã mundial ao lado de outro jovem, o ala Wlamir Marques.

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15:18Vendido!

Do Goela de Ouro

O enorme terreno onde está a casa de Dalton Trevisan foi vendido há algum tempo. Ali deverá ser construído um edifício de apartamentos, pois o Alto da XV é bairro nobre. A única exigência para bater o martelo na negociação foi a de que a residência fosse preservada como bem cultural.

15:13CCR de volta

Do enviado especial

A CCR venceu o leilão do Lote 3 das concessões de rodovias do Paraná. Ofertou 26,6% de desconto sobre a tarifa base. A empresa volta a administrar a rodovia do Café.

15:12Liminar da Justiça determina apenas pagamentos de descontos na indenização de Mauricio Requião no TC

O juiz substituto Eduardo Lourenço Bana, da 4ª Vara da Fazenda Pública, concedeu liminar parcial à ação pública protocolada pelo advogado Jorge Augusto Derviche Casagrande contra o pagamento de verbas devidas ao conselheiro Mauricio Requião durante o período que ficou afastado do cargo por decisão da Justiça. “Ante o exposto, defiro parcialmente a liminar, para determinar aos réus que calculem e procedam à retenção do imposto de renda e da contribuição previdenciária incidentes sobre a verba ressarcitória”, decidiu o juiz. Ou seja, os R$ 12 milhões serão pagos, mas com os descontos descritos na liminar. Confira:

liminar requiao

10:33Os milhões em pauta

Do enviado especial

O processo em que o conselheiro Mauricio Requião pede ressarcimento pelos anos em que ficou afastado do TC volta à pauta do plenário virtual a partir da próxima segunda-feira. Isso se não houver manifestação da Justiça que impeça a reanálise do processo, em função da ação popular recentemente proposta.