15:38Dalton Trevisan no Mangue carioca

… O mais desconcertante é que Dalton Trevisan —o escritor e vampiro de Curitiba, morto na segunda (9) com quase 100 anos— talvez tenha escrito o melhor texto sobre o Mangue carioca e suas personagens perdidas. O bairro é o centro de “A Velha Querida”, que está nas “Novelas Nada Exemplares”, o livro de 1959 tão duramente criticado por Otto Maria Carpeaux. É um relato perfeito; e até longo demais para os padrões minimalistas do autor:

“Todas elas, solitárias às janelas ou enfileiradas umas atrás das outras, nos degraus vacilantes das escadas, comidos no meio, de tantos passos que o subiram e desceram, todas elas, silenciosas ou erguendo súplicas em voz baixa e lamuriosa aos passantes, repetiam o mesmo gesto em que, após unir o polegar e o indicador, formavam com os dois dedos o símbolo de seu amor perdido”.

*De Alvaro Costa Filho na FSP

15:19Garro e o Londrina “Série A”

Do argentino Rodrigo Garro, camisa 10 do Corinthians, em entrevista ao GE:

…O futebol brasileiro (também), a forma como as equipes jogam, todos tentam jogar, todos tentam ter um bom controle, um bom passe, é algo lindo de ver. Quando cheguei aqui, fizemos amistoso contra um time da Série C (Londrina), eu não conhecia e pensava que esse time era um time de primeira, pela forma como jogava, como os jogadores paravam a bola. E aí me dei conta que estava em um lugar onde eu ia melhorar muito, também meu nível de exigência teria que ser alto, porque os jogos são a cada dois ou três dias, não tem tempo de recuperação. Então, eu acho que vir aqui foi uma bela decisão.

14:36O caminho para Brasília

O deputado estadual Marcio Pacheco assumiu ontem a presidência do diretório do PP em Cascavel e anunciou que vai disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2026. No PSD quem pensa seriamente em seguir este caminho é Luiz Claudio Romanelli, ainda mais depois de ver evaporar sua vontade de ser presidente da CCJ na Assembleia Legislativa.

14:29PARA JAMAIS ESQUECER O ATO INSTITUCIONAL NÚMERO 5

Da Agência Brasil de Comunicação

Há 56 anos, entrava em vigor o Ato Institucional número 5, o mais repressor instrumento jurídico da Ditadura Militar. Decretado pelo General Costa e Silva, no dia 13 de dezembro de 1968, o AI-5 foi uma resposta aos protestos contra o regime militar, liderados principalmente pelo movimento estudantil.

Ele autorizava o presidente a suspender as atividades do Congresso Nacional e cassar mandatos de parlamentares, além de suspender os direitos políticos de qualquer cidadão brasileiro e confiscar bens considerados ilícitos. Também impedia que a Justiça julgasse qualquer ato presidencial.

De acordo com o historiador e cientista político Francisco Carlos Teixeira, o objetivo do AI-5 era consolidar a ditadura, anulando a influência de outros poderes.

“Uma das características fundamentais do AI-5 era não reconhecer a independência dos poderes da República. A ideia de três poderes harmoniosos funcionando conjuntamente era suprimida. Particularmente, era violenta a ação contra o poder judiciário, que era considerado um estorvo para a consolidação da ditadura militar”, explica Teixeira, que é professor das universidades federais do Rio de Janeiro e de Juiz de Fora e pesquisador na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e na Escola Superior de Guerra.

9:30NELSON PADRELLA

NATAL ESTÁ CHEGANDO. VAMOS PRATICAR MALDADES?

Não é segredo para ninguém que certos animais tem mais sensibilidade no ouvido do que os humanos. Sabemos que determinados sons agridem essa sensibilidade (som de piano, por exemplo faz cães chorarem. Imaginem foguetório). Nós dizemos que amamos nossos animais de estimação. No entanto, não abrimos mão do prazer de matá-los de pavor com nossos festejos barulhentos. Talvez nossa violência seja o jeito que a gente encontrou para demonstrar o amor pelos bichos.

8:48Meu encontro com o Vampiro

por Marcos Barrero

Foi uma das minhas grandes admirações. Hoje, nem tanto. Em 1979, porém, lia tudo que ele escrevia, e o que escreviam sobre ele. Assim, convenci o escritor Gilberto Mansur, diretor da revista Status – concorrente da Playboy – a me dar passagens e dinheiro pra caçar o escritor Dalton Trevisan, o Vampiro de Curitiba, em seu próprio território. Caçar como jornalista – ou seja, entrevistá-lo. Fui. Fiquei três dias em Curitiba, instalado num hotel do centro, na célebre Boca Maldita. E voltei com um perfil, longa entrevista e fotos raras e inéditas da infância do escritor. Deu oito páginas e chamada na capa da revista, edição de maio de 1980.

Não fui original nem genial. Fui jornalista. Obedeci a um princípio acaciano segundo o qual compete ao jornalista investigar, se jogar no fato e domá-lo assim como um toureiro, um El Cordobés, um Dominguín. Pra explicar melhor: fiz o  contrário do que fazem hoje os repórteres pasteurizados, telefone em punho e produção na retaguarda. Minhas missões na profissão e na vida sempre foram solitárias. Prefiro assim. Pelo menos erro sozinho e presto contas apenas ao espelho partido de cada manhã.

Recém-chegado e refestelado na cama do hotel curitibano, planejei o ataque ao Vampiro. Fiz ligações a amigos, tentei por eles uma aproximação com o escritor. Ninguém quis me ajudar, mas todos se candidataram a falar. Notei vaidade ali. Na mesma noite, madrugada alta, uns cinco ou seis amigos íntimos do escritor, cometiam inconfidências à minha volta numa mesa repleta de garrafas vazias e copos cheios. Onde? No bar do hotel – nem precisei sair, a notícia veio a mim. Sentou-se à minha mesa e falou. Disse tudo o que eu queria ouvir, o que eu sabia e o que jamais supunha, o que perguntei e – muito mais – o que nem imaginei inquirir.

Fiquei com o perfil quase pronto. Dia seguinte, fui à caça do Vampiro. Tinha um mapa, desenhado no papel, de sua rotina – hora a hora do seu dia a dia. Resolvi então cercá-lo numa banca de jornal na Boca Maldita. Ali, diariamente, ele comparecia para folhear, meio escondido, revistas pornográficas. A dica dos amigos foi perfeita. Deu certo – me apresentei como professor, que de fato era, e com um gravador minúsculo no bolso de dentro do paletó, que usava como repórter da Jovem Pan, gravei um papo de quase uma hora com o autor de Virgem Louca, Loucos Beijos.

Havia levado uma primeira edição de Novelas Nada Exemplares, 1959, também recomendação dos amigos. Dalton enlouquecia com velhas edições de seus livros. Destruía todas que encontrava. Dizia que só valia a última. Quase insano, ele revisa todas suas obras a cada nova edição. Usei o livro como isca, apresentando-o para um autógrafo. O Vampiro ficou doido, propunha compra, troca, qualquer coisa pra ficar com o Novelas. E eu fiz o jogo, ganhei tempo, fui falando com ele e fazendo minha entrevista. Cedi, sim, mas quando quis – e troquei a edição da José Olympio Editora (a primeira do Vampiro por uma  grande editora) por livros novos, também dele, autografados e dedicados a mim, ali mesmo na banca. Escreveu Marcos, vírgula, etc e tal, em letras miúdas. Nos despedimos amigavelmente. Ok, venci – já tinha o perfil e a entrevista. Podia ir embora. Fiquei. Continue lendo

7:42Sem presentes

Do Goela de Ouro

Os titulares da Casa Civil e do Planejamento do governo de Ratinho Junior terminam o ano sem trocar presentes. Ao contrário: os grupos de João Carlos Ortega e Guto Silva vão entrar 2025 reforçados porque o que está em jogo são as eleições de 2026.

7:29Previsão de tempo quente no Parceiro da Escola

Hoje o governo do Paraná decide se inclui as 83 escolas públicas que não tiveram quórum na recente votação para a inclusão no programa Parceiro da Escola. Dos 177 estabelecimentos onde a comunidade votou, só 11 aceitaram a administração por empresas privadas. O decreto que criou a parceria prevê tal procedimento, mas se for concretizado, pode aumentar muito a temperatura da reação desencadeada pelo sindicato dos professores e pais de alunos desde que a ideia surgiu e ganhou aval do Legislativo. Para a FSP o secretário Roni Miranda justificou a ausência de quórum mínimo às chuvas ininterruptas do final de semana passado. A APP Sindicato rebate dizendo que onde houve votos suficientes a vitória sobre a recusa ao projeto foi esmagadora (83 a 11) – e que o governo deveria, sim, abrir as urnas onde não houve votos suficientes e divulgar a quantidade dos que são contra e a favor. Os sindicalistas acreditam que a proporção seria a mesma que recusou a proposta. A conferir.