O pescoço é uma curiosidade móvel.
10:13CIRCULA NA INTERNET
O que é melhor: a Inteligência Artificial ou a burrice natural?
10:10A VIDA COMO ELA É
Foto de Ricardo Silva
10:00Bolsonaro continua impune
por Conrado Hübner Mendes, na FSP
Aras pré-anistiou e Gonet vai ajudando a postergar juízo criminal
O primeiro turno das eleições municipais confirmou que Bolsonaro sobrevive como ator influente e capaz de forjar eleitos pelo país. Não sabemos a exata medida dessa influência antes do resultado do segundo turno, mas a conclusão é incontornável.
Depois do mais radical período de delinquência governamental em muitas gerações, tudo que o sistema de Justiça brasileiro conseguiu realizar, em relação ao líder do movimento, foi declarar sua inelegibilidade por oito anos em razão de ataques à urna em reunião com embaixadores e do uso político das comemorações do Bicentenário. O TSE não se pronunciou sobre outros crimes eleitorais. O PGR nem sequer provocou o STF a julgar crimes comuns.
A falta de responsabilização justa e robusta de agentes que evisceraram as capacidades de o Estado executar políticas públicas e atentaram contra o regime democrático é convite a que essas práticas se repitam. O argumento é tão trivial quanto correto. Está em todas as cartilhas da resistência democrática contra a terceira onda global de autocratização da qual o Brasil não se apartou.
Não é surpresa que, por baixo do alarde sobre “punição exemplar” pelos crimes de 8 de janeiro, nessa simulação teatral de uma heroica “recivilização” dos radicalizados, o STF tem se esmerado mesmo é em punir peixes pequenos. A investigação de militares, políticos e empresários segue na gaveta.
Lambaris vão caindo na rede, tubarões continuam nadando. E o STF se orgulha da corajosa façanha. Não deixa de ser fiel à tradição do Judiciário brasileiro, para quem sempre foi mais fácil punir quem carece de força política, econômica e social; mais difícil punir quem frequenta as suas rodas de convívio real e simbólico, quem pode pagar o arsenal de chicanas advocatícias geradoras de atraso, prescrição e impunidade.
9:51SPONHOLZ
9:38Bolsonaro, Marçal e Orlando Silva
Se Cristina Graeml conseguir trazer Jair Bolsonaro e Pablo Marçal para um passeio pelo Calçadão da XV, um curitibano com memória acha que vai juntar mais gente do que quando Orlando Silva cantou na sacada de uma rádio na rua Barão do Rio Branco, provando que era mesmo o “Cantor das Multidões”.
9:30Desconstrução e agressividade
No time da campanha de Eduardo Pimentel o mote agora sobre a adversária Cristina Graeml é “mostrar quem ela é”. Traduzido em filosofia barata, seria algo como “desconstruir a imagem que ela passa”. A sinalização, portanto, é que a agressividade vai aumentar, não chegando ao grau 5 na escala dos furacões, mas também não ficando como brisa suave diante das certezas que ela dispara como se tivesse a convicção dos escolhidos. Isso é política! A conferir.
8:57Ideologia
Pior que a patrulha ideológica só a picaretagem ideológica. (Millôr)
8:42PARA JAMAIS ESQUECER TIM MAIA E BOM SENSO
8:34Acorda, Aristeu!
por Carlos Castelo
No dia 15 de novembro de 1989, ao ser aberta a primeira urna da eleição direta para presidente, Aristeu estava com a família, acompanhando a apuração. Foi até a cozinha, pegou um cafezinho e, ao se sentar no sofá, teve um mal súbito. Estatelou-se diante da TV e foi levado ao hospital mais próximo de sua casa, em Brasília.
Ontem, após 35 anos em coma, ele acordou. Estava ladeado pelo filho Filinto, agora com 40 anos, que o inteirou da situação do país.
– Filinto… onde estou?
– Pai, você acordou! Está no hospital. Faz 35 anos que está em coma.
– 35 anos? Mas e a eleição? Quem ganhou?
– O Collor venceu, pai.
– Aquele playboy de Alagoas? E o que aconteceu depois?
– Bom, ele foi impichado.
– Impi…? Como assim? O que houve?
– Foi cassado.
– Ah, entendi.
– Aí veio o Itamar, depois o Fernando Henrique. Em seguida, teve o Lula.
– O sindicalista?
– Sim, ele mesmo. Foi eleito duas vezes, preso, e agora é o presidente. Mas antes disso teve uma reviravolta. A Dilma, que foi ministra do Lula, também foi impichada.
– Mas espera aí, filho, o país virou circo?
– É, em seguida veio o Temer e continuou a palhaçada. Mas olha, pai, não se estressa, tá? Respira fundo.
– Conta mais, eu quero saber!
– Bom, depois entrou o Bolsonaro, um militar da reserva metido à extrema-direita.
– E conseguiu virar presidente?
– Isso mesmo. Ele ficou durante uma pandemia. O país passou por umas coisas bem complicadas.
– Pandemia? A Gripe Espanhola voltou?
– Não, não. Foi outra coisa: um vírus chamado COVID-19. Matou muita gente. Quase 700 mil só no Brasil.
– Santo Deus… E como o povo reagiu?
– Foi dureza. Muita desinformação, negacionismo. As pessoas não queriam tomar vacina…
– Negaram vacina? Depois de tudo que a gente passou com varíola, sarampo?
– Pois é. E teve o 7×1 também.
– 7×1?
– Na Copa do Mundo de 2014, pai. A Alemanha nos goleou no Mineirão.
– Espera: golearam a seleção canarinho por 7×1? Na nossa casa? E como aguentaram isso?
– Não muito bem… Teve de tudo depois. Ah, e agora ainda quase elegeram, com mais de um milhão e meio de votos, um estelionatário que tentava virar prefeito de São Paulo.
– Você não está fazendo piada, Filinto?
– É sério, papai.
– E o povo ainda votou nesse sujeito?
– Pior que votou.
– Santo Deus, acabaram os debates?
– Não. Só que agora tem cadeirada entre os candidatos.
– Não pode afundar mais então.
– Pode, pai. Com as queimadas na Amazônia, as enchentes no sul. O clima tá todo desregulado.
– Não acredito. Alguém fez alguma coisa pra evitar?
– Calma… Não se agita. Tem gente tentando, mas as coisas estão difíceis.
– O Brasil virou um hospício!
– Respira… Eu sei que é muita coisa pra digerir, mas você precisa descansar. Vai ficar tudo bem.
– Ah, pra mim já era. Nem quero saber de mais nada.
– A gente vai levando. Como sempre fez.
– …
– Pai, pai… Fala comigo!
– …
– Enfermeira, corre! Meu pai voltou ao coma!
(Publicado no Estadão)
8:03A VIDA COMO ELA É
Em Curitiba – Fotos de Roberto José da Silva
7:46JORNAL DO CÍNICO
Do Filósofo do Centro Cínico
Cristina Graeml disse em entrevista que duzentos especialistas elaboraram o plano de governo dela. Errou. Se utilizou a Inteligência Artificial para produzir o documento, poderia garantir que foram milhares ou milhões de especialistas.
7:42Três debates
Até o dia 27 de outubro o eleitor paranaense terá três debates na televisão (Band, RIC e RPC) entre Eduardo Pimentel e Cristina Graeml para decidir em quem vai votar – ou não. Pelo aquecimento dos candidatos, os confrontos prometem. A conferir.
7:15NELSON PADRELLA
Sou de um tempo que o Brasil era formado por pessoas humanas.
7:11A VIDA COMO ELA É
6:57Direita, volver!
por Célio Heitor Guimarães
E então, eleitor curitibano, satisfeito com o resultado do 1º turno das eleições municipais? Em Curitiba, houve certa surpresa: Eduardo Pimentel não venceu desde logo, como apregoava, e Cristina Graeml chegou de repente e, com a bênção do nome do Bozo, aninhou-se em segundo lugar.
E aí fico sabendo pelos analistas políticos que a grande vitoriosa das recentes eleições, no Paraná e no Brasil, foi a “direita”, e acho graça. ‘Direita’? ‘Esquerda’? O que é isso hoje em dia. Na esfera municipal?!
O tema deve ser enfrentado por especialistas. Mas ouso colocar a minha colher de pau neste angu. Historicamente, essa questão de ideologia teria sido proposta pelo filósofo francês Destutt de Tracy (1754-1836), durante os debates da Revolução Francesa, atribuindo a origem das ideias humanas às percepções sensoriais do mundo externo. Algo muito elevado para o meu modesto raciocínio. Quando entrou em campo o filósofo alemão Karl Marx, atou a ideologia aos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe social dominante. Marx foi um dos expoentes da chamada ‘esquerda’, que, em tese, defenderia a implantação de igualdade social. No outro extremo localizar-se-ia a “direita”, cujo objetivo, segundo os compêndios, seria a proteção da classe dominante, a chamada burguesia, visando, acima de tudo, o lucro e o acúmulo de riquezas.
Numa análise mais recente, o escritor e jornalista Olavo de Carvalho, tido então como o grande porta-voz da ‘direita’, entendeu que a ‘esquerda’ “favorece o controle estatal da economia e a interferência ativa do governo em todos os setores da vida social, colocando o ideal igualitário acima de outras considerações de ordem moral, cultural, patriótica ou religiosa”, enquanto que a ‘direita’ “favorece a liberdade de mercado, defende os direitos individuais e os poderes sociais intermediários contra a intervenção do Estado e coloca o patriotismo e os valores religiosos e culturais tradicionais acima de quaisquer projetos de reforma da sociedade”.
Os novos e os futuros prefeitos e os novos vereadores saberiam disso?
Pois é, tudo certinho, muito bonito, mas, no frigir dos ovos, apenas “nhe-nhe-nhem”. Na prática, ficamos onde sempre estivemos. Até porque, segundo os entendidos, há muitas ‘esquerdas’ e muitas ‘direitas’. E, na prática, todas sem maior resultado, a não ser para os de costume.
Quem seria o grande ícone da ‘esquerda’ no mundo atual? A Rússia, de Putin, ex-União Soviética, certamente não é. Não passa de uma federação falida, que rosna baixo e é dominada pelas máfias. Tanto que hoje – depois de grande protagonista durante a Guerra Fria – marca presença na série B mundial, no BRIC dos emergentes, juntamente com o Brasil. Então a China? Mas na China (outro membro do BRIC), como se sabe, impera o capitalismo de Estado, com produtos baratos e mão de obra escrava, e uma bruta desigualdade social.
E a ‘direita’? Continuaria tendo o seu estandarte empunhado pelo império norte-americano? Só que nunca houve um avanço social tão significativo quanto na América de Barak Obama!…
Quer dizer: tem alguma coisa errada nessa receita.
Voltando ao resultado das recentes eleições municipais, aonde nos levaria a ‘direita’ do menino Pimentel ou a da jornalista Cristina Graeml, neo-bolsonarista, que se diz “direita de raiz”, mas já foi petista de carteirinha? Melhor não fazer conjecturas, porque todos os resultados possíveis serão tristes e desanimadores.
Quanto à ‘esquerda’ curitibana (ou paranaense), a bem da verdade, só existiu quando Edésio Passos e Walmor Marcellino viviam. Depois, resultou enterrada com eles.
E o ‘esquerdista’ Lula da Silva? Parece que a maior obra do governo Lula 3, tal qual foi a de Lula 2, tem sido o endividamento do povo brasileiro, em nome da igualdade social. E agora com o vasto cardápio das bets à disposição dos contemplados pelo Bolsa-Família.
6:54A VIDA COMO ELA É
Fotos de Claudia Herrerias Stade e Ralf G. Stade
17:48Deixa que eu durma
de Janske Niemann
Deixa que eu durma… que a tristeza cesse,
que a mão enfim possa quedar tranquila,
que o passo errante já não mais se apresse,
que eu sinta a morte… sem contudo ouvi-la…
Deixa que eu durma enquanto a noite desce
e sopra a brisa… Deixa-me senti-la!
Não rezarei aquela antiga prece:
é muito tarde para repeti-la…
Deixa que eu durma… e que afinal, dormindo,
possa embalar aquele sonho lindo
que a vida inteira não sonhei jamais.
Deixa que eu durma… e que na minha face
nenhum vestígio de agonia passe…
Deixa que eu durma… e não acorde mais…
17:42OTTO LARA RESENDE
Um poeta é só isto: um certo modo de ver. O diabo é que, de tanto ver, a gente banaliza o olhar. Vê não-vendo. Experimente ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver. Parece fácil, mas não é. O que nos cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade. O campo visual da nossa rotina é como um vazio.