6:57A história por trás das homenagens

por Cláudio Henrique de Castro

O Brasil é o único país da América Latina que não fez a sua justiça de transição, isto é, não julgou os crimes cometidas pela ditadura militar e não revogou a lei da autoanistia editada pelo regime.

Uma verdadeira transição democrática deveria ter renovado todos os membros das instituições, reeleito e preenchido todos os cargos com uma nova leva democrática, em todos os poderes.

Incluindo nisso o Supremo Tribunal Federal e todas as cúpulas do poder judiciário, inclusive nas universidades que, em certa medida, abrigaram pensadores favoráveis à ditadura.

Passados 36 anos da Constituição de 1988, os novos golpistas estão gradativamente sendo presos, sendo que a maioria dos militares são parentes de golpistas antigos, seus netos, sobrinhos e filhos daqueles que se beneficiaram com o regime de exceção e nunca foram punidos.

Ou até aqueles que participaram diretamente do regime, como por exemplo o general Heleno, quando era capitão e integrava o gabinete do ministro Sílvio Frota no governo Geisel, que tentou enfrentar e impedir o projeto de abertura política em 1977.

Há uma endogamia do golpismo, isto é, desenvolve-se dentro das famílias, assim como os agrupamentos de políticos, que ensinam seus filhos, netos, sobrinhos, primos etc., a receita e o sabor do poder.

Em resumo, se nunca forem punidos, continuarão a tramar contra a República.

A cidade de São Paulo, tradicionalmente, eleitora de personagens afeitos à corrupção; Ademar de Barros, Paulo Maluf dentre outros, e ao discurso autoritário, – agora a cidade terá que passar a limpo os nomes de ruas, avenidas e logradouros públicos.

O Tribunal de Justiça de São Paulo proferiu uma decisão provisória que obriga aquele município a renomear espaços e equipamentos públicos que homenageiam datas referentes à ditadura militar e agentes que, durante o período, violaram direitos humanos.

De acordo com a decisão, a prefeitura tem sessenta dias para apresentar um cronograma que direciona as mudanças (Correio Braziliense).

A decisão da 3ª Vara de Fazenda Pública é proveniente de ação civil pública ajuizada pela Defensoria Pública da União e pelo Instituto Vladimir Herzorg.

No documento, as instituições listaram endereços cujos nomes homenageiam agentes do regime militar que comandou o Brasil entre 1964 e 1985, bem como um que faz referência à própria data em que o golpe foi instaurado.

Alguns exemplos: a Avenida Presidente Castello Branco, que reverencia um dos líderes do golpe de 64 e governante do país durante os primeiros anos da ditadura, e a Ponte das Bandeiras Senador Romeu Tuma, que remete ao diretor-geral do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), órgão de repressão durante o regime.

O Ministério da Justiça Espanhol, fez a sua lição de casa, em 2019, por meio da Direção Geral de Memória Histórica, solicitou a 656 cidades espanholas que eliminassem os vestígios do franquismo que ainda possam ficar nos espaços públicos de seus respectivos municípios.

Passou da hora de lavar a roupa suja do golpismo na história brasileira e, em decorrência disto, retirar as homenagens conferidas a estes personagens; em monumentos, bustos, praças, comendas, títulos, homenagens universitárias, ruas, avenidas e logradouros públicos.

Quem mais dará o exemplo?

6:43Nada passou a ser levado mais a sério do que o humor nos últimos anos

por Claudio Manoel, na FSP

Durante toda a existência humana, a risada sempre foi uma reação espontânea a algo surpreendente, mas isso mudou

Abril de 1988. Foi quando tudo começou a mudar para mim. No dia 4, uma segunda-feira, estreamos o primeiro show —e também primeiro projeto em comum— do Casseta & Planeta. Na terça, dia 5, teve a estreia do TV Pirata, onde éramos roteiristas, mas ainda em dois grupos distintos.

Era a realização de um desejo antigo e, finalmente, o começo de uma profissão nova, quando virei roteirista de humor, um humorista profissional. Criávamos, simultaneamente, para o show, a TV e, de vez em quando, claro, aproveitávamos a mesma ideia.

Uma dessas vezes foi o quadro “Piada em Debate“, que interpretávamos, entre aspas, no palco e roteirizamos, posteriormente, para o baita elenco do programa. Tem no Youtube.

No ou na esquete —o gênero dessa palavra, seguindo as tendências atuais, parece que mudou, virou fluido, acho—, uma piada é debatida com toda a seriedade, por especialistas, sindicalistas e afins. Na época, a graça estava no ridículo e na improbabilidade da situação. Discutir uma anedota não era dissecá-la para elucidar suas intenções, era apenas absurdo.

No entanto, como diria um Marx em algum metaverso: “A farsa se repete como história” e, de repente ou lentamente, nada passou a ser levado mais a sério do que o humor.

Suponho que, durante toda a existência humana, a risada sempre foi uma reação espontânea a algo inesperado, inusitado, surpreendente. Não sei precisar quando, mas isso mudou.

Surgiu uma espécie de VAR da piada —um protocolo ou tecnologia de verificação se a risada que demos, ou daríamos, é válida. Caso não, se poderia ser anulada, se é possível “des-rir”.

Como me disse certa vez Danilo Gentili: “Hoje em dia, a responsabilidade de tratar as coisas com seriedade é cobrada mais dos humoristas que dos governantes”.

Faz sentido, mas não é só isso. Se olharmos com mais atenção, o protagonismo nacional do humor, nos últimos 20 anos, foi mudando de lugar e, talvez até sem perceber, tomando o poder.

Nossos últimos presidentes —incluindo a presidenta— poderiam, com tranquilidade, ser personagens de “A Praça é Nossa” e contracenar semanalmente com seus bordões e trejeitos, com o grande Carlos Alberto da Nóbrega, sentado em seu duradouro e delicioso banco de praça.

E estariam entre os mais caricatos.

20:12Dois irmãos

Enxerguei os dois irmãos no escuro. Estavam no alto de uma pirambeira. Tive medo. Cá embaixo, no asfalto selvagem, uma motocicleta passou em baixa velocidade. Pelo ronco era daquelas cujo som foi patenteado. Olhei o relógio. Três da madrugada. Olhei o capacete do piloto. Viseira erguida. Os olhos… Conhecia de algum lugar. A memória trabalhou. Lembrei de um outro som. Muito diferente, porque descrito numa revista. Uma bola de vôlei batendo numa parede. Várias vezes, seguidamente. Anos depois li algo parecido, mas era pesado e anunciando morte. A fumaça do crack entrando no corpo humano e disparando um alarme no cérebro. Olho para o asfalto e os pés estão sobre o sinal de internet livre. Os dois irmãos continuam como sombras concretas dominando tudo. A bola de vôlei volta a bater. Os olhos do motociclista da madrugada são de Marcelo Rezende, que partiu antes do tempo, autor de uma brilhante reportagem sobre Renan Dal Zotto. A do crack, no começo da praga, era de Elio Gaspari. Sozinho na avenida, as ondas do mar parecem mensageiros. Uma pede para olhar direito os irmãos. Os monumentos em rocha pura se fundem na memória afetiva. Fica claro que o mais alto sou eu. O menor, meu único irmão que partiu sem dizer adeus – porque isso não existe para quem ama. Da portaria do prédio que aparece em em cenas de “Ainda estou aqui”, me acenam para entrar. Entro, durmo assim que me estico no colchão. Antes dos sonhos vívidos, certeza de que os dois irmãos…

18:28JAMIL SNEGE

Quando menino, nascido
serra acima, o que
mais eu desejava era o mar.
Eu queria apenas o mar
a mais nada – para nele
desfraldar meus
sonhos marinheiros.
Fui crescendo e ampliando
meus desejos.
Uma casa junto ao mar,
um barco a motor, festas,
empregados, piscina.
Obtive tudo isso, Senhor.
Mas aí então o mar dentro de
mim já havia secado

17:52Para enterrar o PL da Anistia

A prisão do general Braga Netto aumentou a pressão sobre o deputado federal Arthur Lira, presidente da Câmara, para que arquive o PL da Anistia, que segue vivo no Congresso. Se for aprovado, os golpistas do 8 de janeiro vão ficar impunes. Mais que isso, defendem os que mais alertam sobre o perigo, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode se tornar elegível novamente – o que acham o absurdo dos absurdos. A conferir.

15:05Dalton, o concurso e a entrevista

Por Walter Schmidt*

O renomado escritor Dalton Trevisan, que morreu em Curitiba na última segunda-feira aos 99 anos, venceu o I Concurso Nacional de Contos, promovido pelo então Governo Paulo Pimentel. O evento foi realizado pela Fundepar, que funcionava na Rua Marechal Deodoro, e seu superintendente era Cândido Manoel Martins de Oliveira. Era junho de 1968. O concurso teve 1.219 contos inscritos.
Dalton concorreu com três contos: “O senhor marido”. “Trinta e sete noites de paixão” e “O esfolado vivo”. Ele se inscreveu sob o pseudônimo João Maria. O prêmio, de 12 mil cruzeiros novos, foi entregue pelo governador Pimentel, no enceramento do I Seminário Nacional de Literatura, realizado no Palácio Iguaçu.
Como repórter da Gazeta do Povo, fiz toda a cobertura jornalística do concurso, desde o seu lançamento até a premiação, incluindo uma viagem ao Rio de Janeiro e São Paulo para acompanhar a entrega dos originais aos jurados, entre eles Rubem Braga, Léo Gilson Ribeiro e Fausto Cunha. Os jurados de Curitiba eram o ex-governador Bento Munhoz da Rocha Netto e o professor e crítico de arte Temístocles Linhares.
Tive o privilégio de entrevistar Dalton Trevisan na sede da Fundepar no dia do anúncio do vencedor do concurso. O escritor disse que havia recebido a notícia com surpresa: “Tenho agora 12 mil novas razões de alegria. Eu realmente não esperava ser premiado. Foi uma surpresa porque o Brasil possui bons contistas e, em tão grande número de concorrentes, não esperava ser eu o vencedor”.
Na época, Dalton já tinha a fama de ser uma pessoa reclusa e o questionei sobre isso. Sua resposta ficou famosa: “tanto não é difícil alguém me encontrar que eu esbarro comigo diariamente em todas as esquinas de Curitiba”.
No fim da entrevista, Dalton Trevisan declarou que trabalhava numa cerâmica (de propriedade de sua família), que era casado, “bem casado”, e que tinha duas filhas que “gostariam muito de ler o nome delas no jornal: Rosana e Isabel”.

*Walter Schmidt é jornalista.

9:28TC determina à SESP que não suspenda alimentação a presos

O Tribunal de Contas informa:

Antecipando a possibilidade da ocorrência de situações graves no setor penitenciário do Paraná, a 6ª Inspetoria de Controle Externo do Tribunal de Contas do Paraná (TCE-PR), que tem como superintendente o conselheiro Fábio Camargo, determinou, na noite de ontem (14) que a Secretaria de Segurança Pública adote todas as medidas para garantir a não interrupção da prestação do serviço essencial de alimentação ao sistema penitenciário.

Na liminar, o conselheiro destaca que a Pasta não proceda com a desmobilização dos fornecedores dos alimentos até que toda a transição, fruto da realização de nove pregões que atrasou, esteja planejada e coordenada para a substituição dos fornecedores, evitando-se, assim, riscos de desabastecimento e garantindo a continuidade do fornecimento de refeições de forma ininterrupta. Continue lendo

9:15LEROS

de Carlos Castelo

§ A notícia de que o general Braga Netto foi preso gerou pânico entre os golpistas. E, como cereja no bolo, dizem que o General Heleno foi flagrado, em plena avenida Nossa Senhora de Copacabana, tentando fugir em um patinete. Ao que tudo indica, o caos tomou conta da chamada tropa de elite da resistência golpista. Os velhos generais, que sonhavam com uma glória militar digna de um filme do Clint Eastwood, acabaram se transformando em memes de WhatsApp. Bananinha, sempre com a finesse política de um adolescente, já estaria considerando pedir asilo político na embaixada dos Estados Unidos. Nada mais coerente: se tem uma coisa que Trump adora são sujeitos com zero habilidade diplomática. Mas falemos mais sobre a fuga de General Heleno. Copacabana já viu de tudo, mas um general octogenário, em apuros, pilotando um patinete é novidade. É uma pena que o vídeo da cena ainda não tenha viralizado. Heleno, segundo testemunhas, tentava ganhar velocidade enquanto xingava os pedestres e desviava de pombos, tudo isso sob o olhar atônito de vendedores de biscoito Globo e banhistas. Enquanto isso, em Brasília, os remanescentes do grupo que planejava instaurar um novo regime autoritário estão agindo como galinhas quando falta milho no galinheiro: estão tontos. Os que não foram presos ainda tentam apagar seus rastros, o que é complicado quando você fez parte de um golpe onde todos os planos estavam online, e em PowerPoint. Muitos dizem que foi amadorismo, mas esperar competência de gente que acha que acha Olavo de Carvalho foi o novo Montaigne é pedir demais. Rumores indicam que estão usando pseudônimos para tentar comprar passagens de avião e fugir para o Paraguai. Outros acreditam que estão ensaiando uma nova versão do golpe, desta vez com dancinhas no TikTok. Porém, nada foi confirmado. A prisão do Messias, por outro lado, deve estar causando mais crise nervosa entre seus seguidores do que a revelação de que ele come pão com leite condensado. Por fim, entre prisões, fugas dignas de desenho animado e planos tramados em PowerPoint, só podemos dizer uma coisa: o Brasil não é para amadores. Muito menos para armadores.

9:12A pressa

O Gaiato da Boca Maldita acha que o senador Sergio Moro está se expondo demais antes do tempo ideal para ser candidato ao governo do Paraná. Diz isso lembrando o que aconteceu com a vontade dele se candidatar à presidência da República. E arremata: “Quem se apressa demais, apanha primeiro”.

8:15Moro na Boca

Do enviado especial

Na jantar da Boca Maldita, que aconteceu sexta passada, o senador Sergio Moro foi mais tietado do que Luciano Szafir, ex da Xuxa e pai da Sasha, um dos que foram agraciados com o título de Cavaleiro da Boca. O ex-juiz e ex-ministro circulou como se fosse governador eleito. No evento onde, por tradição, não entra mulher, a festa foi encerrada com o ex-governador Orlando Pessutti cantando músicas de Renato Teixeira.

7:58O velho Vampiro

por Miguel Sanches Neto

Durante anos tentei me encontrar com Dalton Trevisan (1925-2024), de quem havia lido os principais livros. Leitor devoto é sinônimo de chato. Eu percorria as ruas de Curitiba tentando identificar o vampiro, que para mim era o principal morador da cidade.

Contratei uma vez um pedreiro idoso que havia trabalhado na Fábrica de Vidros Trevisan, do pai do autor.

– O seu Dalton era um chato – ele me disse. Era uma alma irmã, portanto.

Mas foi minha amizade com Deonísio da Silva que abriu as portas da convivência com ele. Todas as vezes que o Deonísio ia a Curitiba, nós três nos encontrávamos. Depois comecei a escrever uma série de artigos sobre as coletâneas do vampirinho, que me recomendou como colunista para a Gazeta do Povo. E assim nos tornamos amigos, ao ponto de ele me ligar todos os dias, para pedir as coisas mais estapafúrdias.

Como caminhava pelo Passeio Público, odiava o canto metálico de certa araponga. Então pediu para eu encaminhar com pseudônimo uma reclamação à prefeitura para retirar a araponga do viveiro das aves canoras. Fiz isso e mais uma infinidade de tarefas irrelevantes, próprias de um secretário a soldo. Publiquei os caderninhos dele, conversei com editores em nome do mestre, revisei seus livros – tenho aqui em casa cartas e os originais de 234 – etc., enquanto recebia lições de escrita. Ou seja, fui bem remunerado.

– Não use a expressão ‘via de regra’, quem tem regras é mulher – ele me disse.

Toda semana, tomávamos café na Rua XV, com um ou outro convidado. Ele lia meus textos e opinava. Assim nossa amizade se tornou antiga, embora fosse recente. Até o dia em que saiu uma matéria sobre seus hábitos no Correio Brasiliense e ele me acusou de ter dado as informações sobre como o vampiro vive, o que come e como se reproduz.

E me riscou do rol de amigos, fazendo de tudo para me prejudicar nas editoras e nos meios de comunicação em que eu trabalhava. Fez uma campanha difamatória contra mim. Reclamei para Wilson Martins, companheiro de geração e intelectual que sempre elogiou Dalton no início da carreira e também depois, sendo o principal responsável pela divulgação da obra do curitibano. Há mais de 20 anos os dois amigos não se falavam.

– Um dia o Dalton briga com você e você nem sabe por qual motivo – ele me disse –. Bem-vindo ao grupo dos inimigos dele.

E foi assim que o contista começou a me tratar. Como inimigo.

Depois disso, nós nos encontramos em um ou outro lugar, ele sempre simpático, mas pouco expansivo. Continuei escrevendo sobre os livros dele, mas não éramos mais próximos.

Dalton proibiu a editora de encaminhar os lançamentos dele para mim. Comprei os volumes e escrevi, elogiando o estilista primoroso. Um dia, tentei entender em que momento nossa amizade tão intensa se quebrou. Cheguei a um episódio. Eu falava da tara de um amigo dele, que era incansável na conquista de mulheres socialmente mais frágeis, e chamei o conquistador de velho.

– Pô, Sanches. Tá pensando que só você é jovem? Puta merda.

Eu tinha ofendido o mestre, merecia ser excluído. Mas ele esperou a matéria sobre a vida dele no jornal para me acusar com um fato grave. Depois, espalhou que eu estava escrevendo uma biografia dele. Deixei que isso passasse como verdade, confesso.

E um dia pensei que já pagara o preço, então ia escrever um livro a partir de Dalton Trevisan. Não sobre ele. E como sou antes de tudo um ficcionista – meu velho vampiro, você não devia ter me ajudado! –, rascunhei o romance Chá das cinco com o vampiro (Objetiva, 2010).

Este romance foi recusado pela Record, que publicava meus livros, e ficou em meus arquivos de inéditos. Um amigo em comum, o cearense Pedro Salgueiro, que sempre me visitava, pediu acesso ao romance, testei a honestidade do homem e imprimi uma cópia para ele. Salgueiro correu entregar o troféu de X9 para o vampiro, que intensificou uma campanha contra mim, para que me desligassem da Gazeta do Povo. Era direito dele, fora o responsável pela minha entrada no jornal. Mas ninguém me demitiu. Depois, Dalton produziu uma peça acusatória, “Hiena papuda”, publicada em Duzentos ladrões (L&PM, 2008). Daí me liberei de qualquer compromisso de lealdade.

Contei tudo em uma entrevista ao Paiol Literário, veiculada no jornal Rascunho, e a editora Isa Pessoa me ligou dizendo que queria publicar o romance. Valeu, Isa! A edição resultou em meu maior sucesso de mídia – saiu matéria em todos os jornais e fui destruído. O livro nunca esgotou a primeira edição.

Continuei resenhando positivamente os lançamentos dele. Hoje, concluo que tinha razão, nunca havia sido nem seria um velho. Era um contemporâneo de cada geração. Agora, definitivamente atemporal.

*Miguel Sanches Neto é escritor, crítico literário, professor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).