6:25A ruína dos generais palacianos

por Elio Gaspari, na FSP

Braga Netto seguiu os exemplos errados

O general Walter Braga Netto fez uma correta carreira militar. Chegou a general de quatro estrelas e começou a perder-se em 2018, quando foi jogado na função de interventor na segurança pública do Rio de Janeiro.

Logo nos primeiros dias, outro general foi inspecionar um quartel de batalhão da PM e a guarda que o recebeu não lhe deu continência. Ninguém desconfiou que o gesto teatral da intervenção acabaria em fracasso. No Planalto, dizia-se que havia sido “um golpe de mestre”. Certo, golpe de mestre-sala de escola de samba.

Viviam-se dias estranhos de renascimento da vivandagem nos quartéis e o ex-capitão Jair Bolsonaro elegeu-se presidente da República. Encheu a administração de generais, coronéis e oficiais amigos. E lá foi o Braga Netto. Tornou-se chefe da Casa Civil e candidato a vice-presidente na chapa da eventual reeleição de Bolsonaro.

Nessa nova encarnação, pouco tinha do oficial que ralou nos quartéis. Mandava recados de que, se o voto não fosse impresso, não haveria eleição. Houve, e ele perdeu. Deu-se a armações impróprias com o chefe da ajudância de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. Meteu-se em redes sociais ativando ódios e fofocas. Finalmente, segundo Mauro Cid, entregou dinheiro “do pessoal do agro” para algo que a Polícia Federal sustenta ter sido uma tentativa de golpe a ser desfechado em dezembro de 2022.

Desde os primeiros meses de seu governo, o ex-capitão Bolsonaro sonhou com um apocalipse que acordaria os cavaleiros do golpismo. Fez isso publicamente.

Do dinheiro arrecadado por Braga Netto, conhece-se apenas o destino de uma parcela. No dia 7 de dezembro de 2022, o major Rafael de Oliveira comprou um iPhone 12 por R$ 2.500 e colocou-o em nome da mulher. Podia ter comprado um aparelho mais barato porque, em tese, ele serviria apenas para campanar o ministro Alexandre de Moraes.

Bolsonaro nunca passou de capitão. Governou descumprindo regras elementares do meio militar. Deu alguns meses de fama a seu ajudante de ordens. Erro. Foram três os governos desastrosos que deram holofotes a alguns desses oficiais: João Goulart, Costa e Silva e João Figueiredo. O atual comandante do Exército, Tomás Paiva, foi ajudante de ordens de Fernando Henrique Cardoso e ninguém notou.

Cada arma do Exército tem seu patrono. Os palacianos teriam o seu. É o general Argemiro de Assis Brasil, que montou o dispositivo militar de Goulart. Acabou deixando o presidente deposto numa quebrada do pampa gaúcho, para se apresentar ao novo governo.

A turma do golpe de 2022/23 certamente achava que poderia reeditar a façanha do general Jayme Portella, chefe da Casa Militar de Costa e Silva. Em 1968, ele costurou um lado da crise do Ato Institucional nº 5. Um ano depois, fabricou uma Junta Militar e tornou-se virtual dono da República por algumas semanas. Eleito o general Emilio Médici, foi para o Ministério do Exército seu colega Orlando Geisel. Portella viu-se defenestrado para a Região Militar de Fortaleza, comando de muita mesa e pouca tropa. Acabou a carreira sem ganhar a quarta estrela.

Braga Netto conseguiu ser candidato a vice-presidente numa chapa derrotada. Como general palaciano, achou que mandava. Está preso numa unidade da tropa que comandou ao tempo em que era um oficial que não se metia em política nem em palácio.

18:10Pacotinho

Do senador Oriovisto Guimarães, na TV Senado:

O pacote de ajuste fiscal, que chamo de pacotinho, é claramente insuficiente e deve passar porque, apesar da necessidade de cortes mais profundos, parlamentares estão condicionando a votação à liberação de emendas, o que é lamentável

15:58Com e sem segurança

Do enviado especial

No jantar da Boca Maldita o senador Sergio Moro estava protegido por dois seguranças da Polícia Federal. Deve estar fazendo inveja ao seu colega, o juiz federal Marcelo Bretas, ex-Lava Jato do Rio de Janeiro, que perdeu carro e seguranças da PF por decisão do STJ.

13:23Concessão minguada

Do  enviado especial

Minguou a alegria dos palacianos que comemoravam a concessão do Lote 3 dos novos pedágios, com desconto de 26,6% e quatro empresas na disputa. Venceu a conhecida CCR. Na próxima quinta haverá o leilão do Lote 6, com rodovias do Oeste e Sudoeste, e apenas uma empresa se inscreveu. É a EPR, que já administra a ligação entre Curitiba e o Litoral, e trechos que levam ao Norte Pioneiro. Os dois lotes eram considerados o filé mignon da privatização porque incluem a BR-277 e a BR-376 (Rodovia do Café).

10:04O retorno

Ricardo Barros deixa o governo do Paraná em fevereiro para reassumir a cadeira de deputado federal. Em Brasília ele costura há algum tempo a união do PP, Republicanos e, provavelmente, o União Brasil para dar apoio efetivo a Lula. A conferir.

9:10Mais um!

Do Goela de Ouro

Está muito enganado quem pensa que o vice-prefeito eleito Paulo Martins está fora do jogo 2026. Vai entrar pra valer na briga pelo governo do Paraná.

8:24A canetadas

Ao saber que o STJ vai julgar hoje ações da Lava Jato que envolvem José Dirceu, Antonio Palocci e Sergio Cabral, o Gaiato da Boca baixou a marreta: “Serão absolvidos. Assim, a Justiça acaba de destruir a golpes de caneta a criação da República de Curitiba”.

7:56Crônica roxa

de Nilson Monteiro

(poema em homenagem a Londrina, que completou 90 anos em 10/12/2024)

De um relâmpago se fez luz
e no dia que era noite
meus olhos adolescentes gulosos
lamberam, fêmea,
seu corpo estirado vermelho.

Meus pedaços
no colo do espigão vulcânico
sentiram frêmitos
e se renderam à paixão,
amor e ódio,
enroscados em tempos
que busco desfiar fibra por fibra.

Tento saber
se ainda é virgem
nos vincos de nove décadas
como a mata que te permitiu vida
ou o sopro ao barro que te fez fértil.

Tento saber
se é indiferente
às suas cores e dores,
largada em meio a espinhos
dentes trincados de raiva
ou lábios acolhedores.

Tento saber
porque teu cheiro me confunde
e tenho convulsões de amor
ou sinto coices de ódio.

Um século te chama

Meus olhos te passeiam
e desnudam
uma lasca de menina
e seu chumaço sensual,
gaze verde,
algodão despenteado por pássaros
galhos embalados
pelos sinos sagrados do Ângelus,
bênçãos em meio
às nuvens sangradas
entre sarrafos de concreto.

Melos olhos te passeiam
e lacrimejam
uma toada caipira e aflita
de boias-frias de sua história
enterrados em meio a carreadores
e sacos de café,
o matiz de seu ouro
no arco do finito.

Meus olhos te passeiam
e lembram
tempos tétricos
cicatrizes abertas
brancas e geladas
a te cortar o corpo e o espírito,
a deixar sangue pisoteado
e esperanças mortas,
ressuscitadas em cabeleiras feudais. Continue lendo

7:31PARA NUNCA ESQUECER

  • Não importa se os animais são incapazes ou não de pensar. O que importa é que são capazes de sofrer. (Jeremy Bentham)
  • A grandeza de um país e seu progresso podem ser medidos pela maneira como trata seus animais. (Mahatma Gandhi)
  • A compaixão para com os animais é das mais nobres virtudes da natureza humana. (Charles Darwin)