7:05Autoritarismo não é resposta às fake news

por Joel Pinheiro da Fonseca, na FSP

Recriar confiança básica é mais importante que refutar fake news

O Estado não faz nada, é incompetente no pouco que faz e até mesmo sabota os esforços da iniciativa privada. Segundo levantamento do professor da USP Pablo Ortellado, 31% dos conteúdos compartilhados sobre as enchentes no RS na rede social tentam descredibilizar o poder público. Em muitos, há informações falsas ou exageradas, como a de que o governo teria negado ajuda do Uruguai, que caminhões com donativos estão sendo barrados por falta de nota fiscal ou mesmo que toda a tragédia foi planejada.

Num momento de crise, com nervos à flor da pele, sociedade polarizada e smartphones nas mãos de todos, é quase inevitável que muito conteúdo falso e/ou com forte teor político venha à tona. Misturam-se aí várias motivações: busca por fama ou dinheiro, oportunismo político e até mesmo equívoco sincero na intenção de ajudar. A questão é como reagir a ele.

A reação da Secom do governo federal até agora tem sido o confronto direto. Em primeiro lugar na Justiça, segundo ofício enviado ao ministro da Justiça para tomar medidas legais contra diversos perfis. É uma peça de indisfarçável autoritarismo. Dentre os conteúdos que levaram a Secom a recorrer à Justiça está a opinião veiculada por uma influenciadora de que “o Estado não estaria fazendo nada, mas apenas a sociedade civil”.

É óbvio que essa opinião é totalmente sem base —e que ela parte de certos interesses políticos—, mas ela é isto: uma opinião, e não a asserção de um fato concreto que não ocorreu e que pode enganar as pessoas. Imagine a distopia de milhares de cidadãos sendo processados —multados e quiçá presos— por escrever textos ou gravar áudios com exageros e críticas injustas ao governo. A boa notícia é que, além de ditatorial, isso seria impossível. A não ser que optemos por um controle das redes de nível chinês (que inclui banir aplicativos estrangeiros), o governo não tem como lidar com o volume de conteúdo gerado.

Numa coisa estou de pleno acordo com o ofício da Secom: “É fundamental que ações sejam tomadas para proteger a integridade e a eficácia das nossas instituições frente a tais crises”. Mas essas ações têm que ser pensadas com inteligência, para não tornarem o problema ainda maior.

Olhamos muito para o lado da oferta —quem veicula as tais fake news e conteúdo polarizante—, e pouco para o da demanda: quem consome e compartilha. O post é compartilhado na medida em que entrega o que o público quer, ou seja, confirma seus desejos e vieses. E hoje, parte expressiva da sociedade olha com desconfiança tudo o que venha das instituições estabelecidas, vistas como corruptas e incompetentes.

Reconstruir uma confiança básica é muito mais importante do que refutar uma ou outra fake news que circula graças à desconfiança. E isso significa baixar a sensação de que metade da população (no Sul, muito mais) é vista como inimiga pelo governo. Falar com prontidão, simplicidade e transparência pode ser melhor que acusar e processar.

Surgiu a denúncia de que o governo rejeitou a ajuda do Uruguai? Em vez de sair acusando de fake news —que foi o que o governo fez— por que não explicar a realidade toda de maneira aberta? O Uruguai ofereceu um avião, que foi rejeitado pelas dificuldades técnicas de trazê-lo, e um helicóptero, que foi aceito e já estava em operação. Baixar a temperatura em vez de partir para o combate. E, claro, estar sempre comunicando e contando sua história de “união e reconstrução”. Imagens de funcionários públicos e voluntários trabalhando lado a lado fazem um bem maior do que ficar discutindo qual lado é melhor.

6:53Ruídos no ar

por Nilson Monteiro

Sou inocente ou exigente (ou equivocado) demais ao estranhar jornalistas da RPC comemorando ontem a chegada de uma nova plataforma (não sei se esse é o nome), “Radar”? Adaptada ao aplicativo do jornalismo da emissora, ela permite que o telespectador transmita, ao vivo, munido de um celular, áudio e imagem, fatos que interessem à edição do Jornalismo. Atualmente, aliás, repórteres já trabalham usando o celular para áudio e imagem… Tenho a impressão de que os cinegrafistas já podem procurar emprego.
Com a novidade de hoje, importada de Israel, anunciada quatro ou cinco vezes efusivamente pelos apresentadores do “Jornal do Meio-Dia” como uma forma de interação com os telespectadores, acho (ou seria ranhetice minha) que repórteres também podem preparar o couro. Ando meio desconfiado de tudo. Vou enumerar alguns exemplos que dão “suporte” à minha chatice.

1. Há alguns anos, a proprietária do mesmo grupo, perguntou o que eu achava da adoção do modelo de Navarra para seu jornal. O culto a esse tipo de “jornalismo” começava a se espalhar por alguns países. Eu respondi que para os patrões não saberia dizer o resultado da contratação dessa empresa de consultoria, mas que para os profissionais de imprensa que lá trabalhavam, ganhadores de um vagão de prêmios, inclusive internacionais, eu antevia pesadas sombras em futuro próximo. Nem sei se o modelo foi todo implantado, mas pouco tempo depois, todos saberiam o fim das dúvidas e do próprio jornal.

2. Décadas atrás, encontrei o Luiz Fernando Levy e lhe perguntei como os proprietários de jornais estavam encarando a ascensão da Internet, cujas ondas já nos batiam na bunda e poderiam representar para os patrões um duro concorrente no mercado e para os jornalistas, o olho da rua. Ele foi brincalhão: “Isso vai demorar muito tempo, muito tempo, fique frio”. Não demorou tanto, parece que os patrões não estavam preparados e, pouco tempo depois, não só a previsão do Levy naufragaria como a Gazeta Mercantil, de só uma facada, cortou 150 jornalistas. E, uma titica de tempo à frente, aquele que era o maior de Economia da América Latina, assim como vários outros jornais, fechou as portas;

3. Os profissionais de Esporte, especialmente de futebol, coçaram o bolso e muitos perderam o emprego, há bem pouco tempo, quando alguns passaram a transmitir e comentar os eventos direto… “do estúdio”, em jogada aliada à avalanche de contratação de ex-atletas de várias modalidades, substituindo jornalistas, especialmente em TV, rádio etc.; Continue lendo

17:06JAMIL SNEGE

O velho índio foi encontrado vagando pela floresta, aparentemente perdido. Perguntaram-lhe. Respondeu cheio de brios: “Perdi foi minha casa; não consigo encontrá-la”. Quanta lição, Senhor. O homem pode perder sua casa, sua rua, os rostos que ama – sem jamais se perder de si mesmo.

15:56Governo do Paraná quer instituir Rede de Ajuda Humanitária com abrangência nacional

Da Agência Estadual de Notícias

O Governo do Paraná enviou nesta segunda-feira (13) para a Assembleia Legislativa um projeto de lei que institui a Rede Estadual de Ajuda Humanitária , com o objetivo de dar assistência emergencial e acolhimento a pessoas que ficam em situação de vulnerabilidade após crises humanitárias, como as climáticas (chuvas ou secas). O Paraná é o primeiro do País a instituir uma rede de ajuda que pode se estender a todo o Brasil. O texto vai tramitar em regime de urgência.

https://www.aen.pr.gov.br/Noticia/Governo-do-Parana-quer-instituir-Rede-de-Ajuda-Humanitaria-com-abrangencia-nacional

15:31Mágico!

Ao ler a manchete “Ratinho Junior articula maneira de atrair lava-jatismo do Novo e bolsonarismo do PL em Curitiba”, o Gaiato da Boca Maldita atirou no alvo: “Ele fez curso de mágico e, se bobear, emplaca a presidência”.

15:25Ansiedade pelo balaio

Do Goela de Ouro

O cobiçado balaio de votos que o PL pode dar ao candidato que apoiar para prefeitura de Curitiba está deixando muita gente impaciente. Nem é a questão de definir qual o nome,  mas como o martelo já está batido, o que deixa gente ansiosa é de quando vão chegar a uma data para anunciar oficialmente – para aproveitar o tempo.

15:15Castigo

Nenhuma emissora de televisão de canal aberto ou cabo, com suas longas horas de reportagem, conseguiu dimensionar a tragédia que desabou sobre o Rio Grande do Sul em forma chuva – mesmo porque, impossível. Temos recortes da vida como ela é, mas sempre lembrando o número de mortos e desaparecidos. Destruição, resgates, desespero, lama… e a solidariedade que une o país por um fiapo de dignidade. Mas parece pouco, porque a chuva não para. Até onde vai? Logo, em meio ao lado tenebroso dos saques e das notícias falsas vai aparecer um arauto da verdade afirmando que é castigo divino. Muita gente vai acreditar – e os erros do ser humano continuarão. Até quando?

15:10Amanhã, nova pesquisa

Amanhã a Paraná Pesquisas divulga o novo levantamento sobre a disputa pela prefeitura de Curitiba. Como sempre, tem gente roendo as unhas e outros, confiantes, achando que vai ser um bom incentivo para quando junho chegar. A conferir.

14:54Resposta pronta

Quem conhece a fera tem certeza que, se Roberto Requião for mesmo candidato a prefeito de Curitiba, ele já tem a resposta pronta para quem mirar em Eduardo Requião para balançar o coreto dele, afinal, foi o responsável pela colocação no comando do porto de Paranaguá.

14:50Pelando!

Há quem acredite que a volta de Eduardo Requião ao noticiário policial é informação requentada. Nananinanão. É outra, que saiu do mesmo forno, a gestão no Porto de Paranaguá, desta vez por acaso, mas com muita consistência e pelando de quente.