11:54A voz da ninguenzada arquibalda

Silvio Luiz conseguiu ser a voz do torcedor dos estádios e daqueles diante da televisão. A voz que estava dentro deles – e que não sabiam expressar. Narrava com a invenção do que se pode dizer língua de brasileiro, com emoção, humor, enfim, como um privilegiado porta-voz da ninguenzada arquibalda.

11:39Ney Leprevost e Ratinho antes da fama

O deputado estadual Ney Leprevost publicou uma foto antiga em seu endereço na internet. Está ao lado de Carlos Roberto Massa, o Ratinho, e explica que era estagiário de jornalismo na CNT antes de o apresentador ir para São Paulo e ganhar fama nacional. Também diz que Ratinho era grande amigo do falecido pai dele. Leprevost é pré-candidato a prefeito de Curitiba – e como no presente o período é de conversas nos bastidores sobre a eleição de outubro, obviamente as especulações de todo tipo ganharam os gabinetes de quem só pensa nisso. Segue a foto e o texto. Interpretar é livre, pois pode ser tudo e pode ser nada: Continue lendo

11:22Silvio Luiz, adeus

Do G1

Silvio Luiz, lendário narrador esportivo, morre aos 89 anos em SP

Segundo o Hospital Oswaldo Cruz, onde ele estava internado desde o dia 8 de maio, narrador faleceu às 9h40 desta quinta (16), em decorrência de falência de múltiplos órgãos.

O narrador esportivo Silvio Luiz morreu nesta quinta-feira (16), em São Paulo, aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo Hospital Oswaldo Cruz, onde ele estava internado desde o dia 8 de maio.

Segundo o hospital, o narrador faleceu às 9h40, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. Ele deixa três filhos e a esposa.

“O Hospital Alemão Oswaldo Cruz informa que o paciente, Sr. Sylvio Luiz Perez Machado de Souza, 89, faleceu nesta quinta-feira (16) às 9h40, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. O narrador esportivo e jornalista estava internado na UTI do Hospital desde o dia 8 de maio. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz lamenta o falecimento, a direção, equipe médica e assistencial se solidarizam com os familiares e amigos neste momento de dor.”

Ele já havia sido internado em abril, após passar mal durante a transmissão da final do Campeonato Paulista entre Palmeiras e Santos.

Na ocasião, o narrador estava participando da transmissão online da Record ao lado dos humoristas Bola e Carioca quando um dos colegas sinalizou para a produção que ele não estava bem.

Silvio teve dificuldades para falar e precisou ser socorrido pelos bombeiros. Foi levado para o Hospital Oswaldo Cruz, onde ficou internado até 30 de abril, quando teve alta após passar por exames. Ele acabou voltando a ficar internado após passar mal no último dia 8.

Carreira

Silvio Luiz é um dos maiores nomes do jornalismo esportivo brasileiro. O narrador eternizou diversos bordões no mundo do futebol, dentre eles:

  • “Olho no lance”;
  • “Pelo amor dos meus filhinhos”;
  • “Foi, foi, foi, foi, foi ele!”.

Silvio imortalizou pelo menos 10 bordões que, entre 2011 e 2016, foram utilizados no jogo de videogame Pro Evolution Soccer (PES). No game, ele narra e comenta as partidas online.

Durante um período, sua voz também pode ser usada para orientações de trânsito no aplicativo Waze de direção.

Outra marca de Silvio foi ter deixado as transmissões esportivas menos sérias. Ele protagonizou o primeiro palavrão da televisão no país.

“O Luizinho, que é o Pequeno Polegar, foi expulso num jogo do Corinthians e eu, naquele afã de repórter muito metido, falei: ´O que houve, Luiz´? Ele falou: ‘Esse filho da p… me expulsou’. Porra, 1953! Filha da p… na televisão era um negócio que foi parar na Câmara de Vereadores, proibida a entrada dos repórteres. Agora, que culpa eu tenho se ele falou que o juiz era filho da p…?”, contou Silvio Luiz em entrevista ao portal UOL.

Silvio participou da transmissão de seis Copas do Mundo e nove Olimpíadas e apresentou programas esportivos no Grupo Bandeirantes, na Record, no SBT e na RedeTV!.

Foi vencedor de dois prêmios Aceesp (Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo), um como narrador de TV, em 2015, e outro pela indicação da diretoria do concurso, em 2010.

Em 2012, venceu o Prêmio Comunique-se como melhor locutor esportivo.

A ligação com o futebol foi além das telas e dos rádios: aos 31 anos, se formou como árbitro na Federação Paulista de Futebol e apitou partidas durante cinco anos.

Silvio também foi ator. No final da década de 1980, fez dois papéis em novelas da TV Record.

 

11:04O horror!

A tragédia do Rio Grande do Sul está se transformando num pavoroso espetáculo político, com os espectadores do lado de fora da lona do circo – e com água chegando na boca depois de perderem tudo nas enchentes e com futuro mais do que cinzento. É o horror!

10:44Nem tudo que é sólido desmancha no mar

por Carlos Castelo

Tenho enchentes em meu DNA. E, por isso, tragédias como as do Rio Grande do Sul me deixam mais sensibilizado do que a média nacional.

Dito isto, agora vem a história.

Todo meu ramo materno é oriundo de uma cidade, no Sul do Maranhão, por nome Nova Iorque. A localidade começou como uma vila, em 1886. Mesmo ano em que se vendeu a primeira Coca-Cola nos Estados Unidos.

Meu avô, Luiz Bandeira de Mello, nasceu na Little Apple em 1893. Em março de 1926, quando contava com 33 anos, a região foi surpreendida por uma fortíssima e inesperada chuva que a inundou, destruindo residências, comércios e prédios públicos, deixando a totalidade dos habitantes desamparados, sem ter a quem recorrer. Diante do acontecimento, a população se transferiu para uma área mais alta e construiu uma nova cidade, sem receber qualquer ajuda externa.

Durante a reconstrução, Nova Iorque manteve a mesma estrutura: 13 ruas e duas praças, sofrendo apenas ligeiras modificações. Essa foi a mais espantosa enchente do rio Parnaíba até então, registrando-se fatos que a tornaram terrivelmente inesquecível.

O avô materno foi nomeado, pelo estado do Maranhão, como um dos coordenadores das ações na desdita. Nunca descobri as razões para a escolha, mas imagino que aconteceu por ele ser farmacêutico de formação e homem probo, respeitado pela municipalidade.

Sob a batuta de seu Lula Bandeira, e outras lideranças locais, foi erigida a nova Nova Iorque e, com o tempo, tudo voltou à normalidade.

A vida, no entanto, é mudança. Assim, em 1963, o presidente João Goulart desapropriou uma área de 78,700 quilômetros, destinada à construção da usina hidrelétrica de Boa Esperança.

A submersão da segunda cidade deixou seus habitantes atônitos, restando a eles apenas aguardar por mais dias de aflição.

A terceira Nova Iorque foi construída pela estatal COHEBE. A população teve seus bens imóveis urbanos e rurais indenizados, recebendo uma nova casa numa localidade totalmente planejada.

Em 1968, aos poucos, todos foram saindo de seus domicílios, levando consigo o que podiam e abandonando a sua história. Houve muito pranto na despedida e resistência por parte de alguns. Há relatos de antigos residentes que precisaram ser retirados, à força, pelo Exército do marechal Costa e Silva, pois as águas já tomavam suas moradas.

A mudança da Nova Iorque velha para a repaginada, acarretou ainda mais problemas. As águas da barragem se tornaram impróprias para consumo e para a pesca, devido à putrefação da vegetação. Além disso, a convivência social já não era a mesma, os vizinhos haviam se mudado para longe.

A energia elétrica também não chegou logo; se passaram quase dez anos para que Nova Iorque pudesse usufrui-la. Durante o período, até às 22 horas, era emitido um sinal: as lâmpadas piscavam por três vezes, indicando que o desligamento do fornecimento estava próximo, permitindo que a população se recolhesse a tempo em casa.

Em abril de 1970, entrou em operação o primeiro gerador de Boa Esperança, trazendo a confiança de que, afinal, a eletricidade chegaria para os que foram sacrificados pelo avanço do progresso.

Segundo o IBGE, a população de Nova Iorque, em 2022, era de 4.320 pessoas. Um nada se comparada ao número de cidadãos flagelados agora pelas enchentes no Rio Grande Sul. Contudo, nada é para sempre. Hecatombes, grandes, médias, ou pequenas, uma hora hão de findar.

O que restou para mim foram as lembranças da avó Alzira, narrando as tribulações dela, e do marido, em meio ao dilúvio maranhense de 1926. Portanto, não percamos as boas esperanças: o fator humano, a água nunca leva. Palavra de quem tem enchentes no DNA.

(Publicado no Rascunho)

10:37Abismo

de Ticiana Vasconcelos Silva

Baixando para elevar
Caindo para alcançar
Chorando para curar
Criando para ousar
Sair do comum
Do lançador
De flechas
Reta e discreta
Meta sempre inquieta
E a floresta intensa
Do meu amor
Uma cor: mil
E um covil de crimes
Que se intimidem
Com o meu segredo
Sagrado é viver
E ser
Lá, no caminho
Havia um abismo
Me joguei
E voei
Sonhei
Acordei
Reatei a órbita
Sólida e intrépida
Façam festa
Porque eu vim
Porque eu quis
Porque eu sabia prometer
E cumprir
Cumpri a palavra
Porque é sagrada (repito)
E minto para fugir
Sinto o porvir
Pinto o iludir
Vivo o sair
Saí e juntei
Pó com pedra
E a baleia eu vi
No mar a me ensinar
A sorrir
Vim, vi, vivi
Perdi
Renasci
E sumi
Vejam o que ela pode
Porte de besteiras
Mas a lua é cheia
E eu me enchi
Me preenchi
De vazios
Esqueci
Mas sempre lembro
Porque hoje é cedo
E amanhã já se foi

7:54Mauricio Requião e o dinheiro do TC

Mauricio Requião, conselheiro do Tribunal de Contas do Paraná, entrou com ação na própria Corte reivindicando os salários dos 13 anos que em que não assumiu a vaga por questões judiciais. Agora, enquanto ele está em licença médica, o processo bateu na trave por conta do fundamento da ação, segundo informou fonte do TC. Como ele pode entrar de novo com o pedido, tem tudo para ser aprovado, até porque, desde o início, o montante, cujos cálculos giram em torno de R$ 5 milhões, já está reservado no orçamento. A dúvida entre os outros conselheiros é se do valor pode ser descontado o que ele recebeu no período, quando trabalhou como professor universitário.

7:21TSE inicia julgamento de ação contra Moro em cenário favorável para senador

Da FSP

Ex-juiz da Lava Jato tem manifestação positiva do Ministério Público; Moraes tem feito movimentos ao Senado

TSE (Tribunal Superior Eleitoral) pretende iniciar nesta quinta-feira (16) o julgamento da ação que pode levar à perda de mandato do senador Sergio Moro (União Brasil-PR), em um cenário favorável ao ex-juiz da Lava Jato.

A análise do processo deve começar a menos de três semanas da saída do ministro Alexandre de Moraes da corte, comandada por ele desde 2022. Em 3 de junho, o ministro encerra sua participação como integrante do TSE —Cármen Lúcia será sua sucessora na presidência.

Nas últimas semanas, Moraes e outras autoridades aliadas a ele têm feito acenos ao Senado para evitar o acirramento dos atritos entre o Judiciário e o Legislativo.

No ano passado, senadores chegaram a aprovar uma PEC (proposta de emenda à Constituição) que limita as decisões individuais de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), em reação a pautas votadas pela corte.

Além disso, há um movimento do próprio Senado contra a perda de mandato de seus integrantes. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tratou pessoalmente do tema com Moraes.

Pacheco afirmou ao magistrado que gostaria que tanto o julgamento de Moro como o do também senador Jorge Seif (PL-SC) fossem justos. Segundo relatos, ele afirmou que Moro deve ser julgado como senador, e não como ex-juiz. Seif, por sua vez, deve ser julgado como político, não militante bolsonarista.

Pacheco também tem se manifestado publicamente em defesa da dupla. O senador disse a pessoas próximas que vê a conversa com Moraes de forma natural, em razão do cargo que ocupa, e não como tentativa de interferência.

Recentemente, o senador Seif, que também corria o risco de perder o mandato, teve o julgamento suspenso no TSE.

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7:04Arriba, Rio Grande!

por Célio Heitor Guimarães

Como frequentador costumeiro do Rio Grande do Sul e admirador de sua terra e de sua gente, registro aqui a minha profunda tristeza com a tragédia que se abate, no momento, sobre o território gaúcho, e o meu apoio aos bravos irmãos do vizinho Estado. Do total de 497 municípios, 440 foram afetados, incluindo a Capital, edifícios públicos, escolas, hospitais, estádios, igrejas, indústrias, rodoviárias, ferroviárias e aeroportos, impactando cerca de 2 milhões de pessoas. Os números são aterradores: mais de 600 mil pessoas estão desalojadas, as mortes chegam a 147, os feridos a mais de 800 e os desaparecidos a 127.

A solidariedade e a ajuda tem chegado de todo o Brasil e até do Exterior. Os governos – municipais, estadual e federal – até têm feito o possível, nas atuais circunstâncias, fornecendo pessoal, encontrando abrigos, transportando pessoas, reconstruindo pontes e estradas, oferecendo atendimento médico e alguma segurança. Os recursos, como de costume, são parcos e tropeçam na burocracia. O povo gaúcho é destemido por natureza, forte, batalhador, hospitaleiro, fraterno, cordial e afetuoso. Mas isso será o suficiente? Talvez não. Afinal, há um Estado a ser reconstruído. Mas é um começo. E do começo chega-se ao fim.

A vida é, por certo, cheia de riscos. Mas é preciso viver, aceitando os riscos que nos cercam. Rubem Alves chamava isso de coragem. Para ele, coragem não é a ausência de medo. É viver a despeito do medo. O povo gaúcho está assustado. O céu continua carregado, as chuvas continuam e o perigo aparece em cada esquina.

Muita gente perdeu tudo: casa, carro, móveis, roupas, utensílios, emprego, animais de estimação e boa parte da própria história. Mas não pode perder a esperança, a vontade de viver e de lutar. Perdida uma esperança – como também dizia o velho Rubem –, outra nasce em seu lugar. “Como capim que brota sob a primeira chuva, depois da devastação da queimada”. 

Logo o sol nascerá de novo no Rio Grande do Sul. Para ficar.