8:27O apoio de Bolsonaro

Queiram ou não o apoio de Jair Bolsonaro é importante no ambiente político que está aí. Mas (e sempre há um mas),há maneiras de se expressar. Beto Richa surpreendeu ao se encontrar com o  ex-presidente tempos atrás e a tacada não vingou. Eduardo Pimentel deu uma entrevista à rádio Banda B e cravou seco o nome dele numa resposta. Uma velha raposa política disse que aí faltou um pouco de traquejo político pois o que deveria ser dito é que a cobiça é pelo apoio do PL – o capitão é quem manda, mas ele “apenas” faz parte do todo e é fundamental. Ficaria mais palatável para o gosto até de quem não engole o inelegível, mas sabe que sem votos não se vence uma eleição. Isso é política!

8:17O dilúvio sem arca

O que aconteceu no Rio Grande do Sul foi um dilúvio. A Arca de Noé apareceu depois, na lama, mas com pretensos capitães querendo comandar para faturar politicamente. Ainda bem que nessa história sobressai a solidariedade nacional e a enorme força de sobrevivência dos gaúchos atingidos pelo desastre natural na era do que chamam inteligência artificial.

7:34Operação churras

por Carlos Castelo

Seu Heleno trabalhava como técnico numa instaladora de aparelhos de som, a JC Sound System, na Vila Borges. Há mais de 30 anos atuava na firma e era respeitado por seu conhecimento, tendo participação em cursos de aperfeiçoamento na TojoRoadstarKenwood.
Numa sexta-feira, ganhou de um cliente abonado, proprietário de um Porsche Cayenne, o vale especial. Podia usá-lo em sua churrascaria rodízio num prazo de 15 dias.
A última vez que estivera num espeto corrido fora numa convenção da AC Delco. No tempo em que símbolo de status era ter um Santana Quantum.
É claro que não esperou sequer um dia para usar o brinde. No sábado mesmo já iniciou a operação churras na imponente Querência, numa das transversais da rodovia Raposo Tavares.
A casa era rústica, todos se vestiam de modo tradicional.
Seu Heleno escolheu estrategicamente uma mesa ao lado do ciclópico bufê de saladas. Só ali passou 70 minutos experimentando de sushi a queijos diversos e ainda frios, camarões empanados, pastéis e feijoada.
Terminado o prólogo mudou a plaquinha do vermelho para o verde para que trouxessem as carnes.
Foi comendo o que dispunham no prato: maminha, picanha, costela, cupim casqueirado, bife ancho, fraldinha, paleta de cordeiro, alcatra, linguiça apimentada e entretantos. Tudo acompanhado de arroz carreteiro e farinha branca.
Como o vale incluía open bar, ordenou um baldão com gelo e acomodou nele meia dúzia de garrafas de cerveja de garrafa. Cada garfada, uma golada de brahma.
Passadas duas horas e meia, um dos garçons comentou com o gerente que estava preocupado com a performance daquele freguês.
«Já tá dando prejuízo pra casa» – disse o gerente.
O garçom emendou:
«Não, estou achando que o sujeito vai passar é mal…»
Ficaram os dois observando seu Heleno chupar o tutano de um osso de mocotó. Súbito, o instalador deu para ficar rubro e a se tremer, feito um jipe Toyota em ponto-morto.
Uma zaga de garçons o acudiu. Levaram o freguês para o reservado.
Os frequentadores se entreolhavam, aturdidos. Minutos após, se ouviu um arroto que, se inscrito no Guinness Book, teria pegado primeiro lugar, com honra ao mérito. Houve informes de que o eco da eructação teria sido ouvido no longínquo bairro do Ipiranga.
O azedume e a pestilência, vindas da bofada, foram tão violentas que uma idosa teve de passar por um desfibrilador. Um bombeiro, à paisana, que almoçava no Querência, orientou as pessoas a se deitarem de borco e procurarem respirar calma e pausadamente.
Foi então que, para surpresa geral, seu Heleno saiu do banheiro fresco e corado. Novinho em folha, sentou-se à mesa, e perguntou ao gerente que viera ver se tudo transcorria bem.
« Tem banana split de sobremesa?»

(Publicado no Estadão)

17:41De Frontal

Deitava na cama do faquir, mas não sabia o motivo. Disseram que a ordem vinha da sombra – da própria sombra que o acompanhava desde a concepção. Na verdade a coisa estava lá há décadas, logo depois da noite de amor que balançou a rede e não houve nenhum gemido, porque ao lado, em outro quarto da tapera, estavam os pais do noivo. No mato ao lado uma coruja virou o pescoço e seu olho era vermelho. Carcará ainda se deliciava com o que encontrou no bucho do burrego que Bethânia cantou séculos depois. Silki, o grande, veio à mente quando não mais sentiu pregos varando a carne da alma. Ele estranhou e logo acordou no meio da madrugada. Uma lua varou a telha de vidro e um raio de luz invadiu sua testa. Levitou – e não era sonho. Virou-se no ar e a cama agora era de flores, rosas em sua maioria. Brancas. Num canto havia algo diferente. Uma caixa de remédio. Tarja preta. Foi ver. Era Frontal. Saiu dali com a confiança que trocara de anos pela angústia esmagadora do peito, garrote na garganta, a mente pelo avesso e negra como uma graúna que nunca vira.

14:33Para ferir

No texto bilíngue que a comitiva do governador Ratinho Junior distribuiu no périplo internacional que termina agora, uma palavrinha em português chamou a atenção de um curioso que procura agulha em palheiro. Ao se referir às concessões do pedágio, está lá a palavra extenção da malha rodoviária. É de ferir a leitura.

13:55Jornalista é condenado por difamar advogada, esposa de Chico Buarque

Do Migalhas

Magistrada fixou pena de prisão em regime aberto, convertida em multa, ao jornalista José Roberto Guzzo por difamação à advogada Caroline Proner.

O jornalista José Roberto Dias Guzzo foi condenado por difamação contra Caroline Proner, advogada, professora, assessora internacional do BNDES e esposa de Chico Buarque. A juíza de Direito Suzana Jorge de Mattia Ihara, da 1ª vara Criminal de Santana, em São Paulo/SP, fixou a pena em quatro meses de prisão em regime aberto, substituída pelo pagamento de 23 salários mínimos, além de indenização por danos morais de R$ 10 mil.

Proner apresentou queixa-crime após Guzzo publicar, em fevereiro de 2023, um artigo intitulado “Amigos de Lula atacam o erário com a voracidade de um cardume de piranha” no jornal “O Estado de S. Paulo”.

No texto, o jornalista mencionou implicitamente Proner ao referir-se à “mulher do compositor Chico Buarque” como beneficiária de um cargo de assessoria no BNDES, insinuando que sua nomeação foi indevida e desqualificada.

A advogada alegou que o artigo atacou sua reputação, imputando-lhe ações que desmereciam sua qualificação profissional e a retratavam como parte de um esquema de corrupção. Continue lendo

10:42JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

O STF enterrou o habeas corpus preventivo para o capetão Bozo por causa da tentativa de golpe. Isso quer dizer que os ministros continuam dando um trato na cela e mantendo a porta aberta para qualquer eventualidade.

9:37De camiseta

O Gaiato da Boca Maldita acha que William Bonner deveria continuar a apresentar o Jornal Nacional de camiseta preta naquele cenário futurista. “Combina”, ele justificou – sem explicar. Ressalvou, no entanto, que Renata Vasconcellos pode aparecer vestida do jeito que quiser, mesmo num traje feito de saco de estopa.

9:27JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Se o Novo for mesmo coadjuvante na chapa do candidato do PSD nas eleições para a prefeitura de Curitiba, ele poderá ser chamado de Novo Velho ou Velho Novo?

9:24Audiência total na pauta única do TSE

Na próxima terça-feira (21) não convidem para nada nenhum dos vários declarados pré-candidatos à vaga do Senado caso o senador Sergio Moro seja cassado pelo TSE. Eles estarão ligados no julgamento dos recursos que pedem a reversão da decisão do TRE/PR que livrou o ex-ministro e ex-juiz federal das acusações sobre gastos de campanha. A decisão será conhecida no dia. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, confirmou ao jornal Valor a informação que já tinha vazado: “Será processo único de pauta. Começaremos e terminaremos o julgamento. Até porque, na terça, temos a vantagem de não termos sessão no Supremo de madrugada”. Em tempo: Moraes deixa a presidência do TSE no próximo dia 03 de junho.