19:01NELSON PADRELLA

É muito bom ter companhia no Natal. Em minha janela formigas pretas graúdas caminham numa direção e cumprimentam as que vêm em sentido contrário. Daí, as que foram para o lado de lá retornam e cumprimentam de novo as mesmas formigas cumprimentadas. Fazem isso todo santo dia, dia após dia. Trabalhar que é bom, nem pensar.
Tentei encontrar uma lógica nesse comportamento e tudo o que consegui foi um torcicolo pré-nataĺino.

15:06Em Maringá, PF deflagra a segunda fase da operação Cold Meal que investiga fraudes a licitações

A Polícia Federal informa

A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, 19/12, a segunda fase da Operação Cold Meal, com a finalidade de investigar desvios de verbas públicas por meio de crimes de frustração do caráter competitivo de licitação, constituição de organização criminosa, lavagem de dinheiro, além de outros crimes correlatos.

A investigação foi iniciada a partir de denúncia anônima que narrava possível desvio de verbas públicas por meio de fraudes a licitações realizadas pela Prefeitura de Maringá, durante a Pandemia do COVID-19, as quais custaram cerca de R$ 1.700 milhão aos cofres públicos.

Com a deflagração da 1ª fase da Operação, foram localizados diversos elementos que corroboram a ocorrência de fraudes em licitações em Maringá e região, não se restringindo àquelas ocorridas durante o período da pandemia global. Foram encontrados indícios de que empresários em conluio, através de simulação de concorrência, combinação de preços e lotes, participavam de diversas licitações já com direcionamento de vencedores e aumento do preço dos produtos. Outro método verificado foi a utilização de notas fiscais fraudadas para induzir ao reequilíbrio de preços do contrato, aumentando assim os valores obtidos.

Esta segunda fase teve como alvo outros envolvidos, inclusive dois servidores públicos da Prefeitura de Maringá, em razão de indícios de conluio com empresários para fraudar as licitações.

10:13O problema é o time da Gleisi

De Rubens Ometto, dono da Cosan, um dos maiores grupos empresariais do país:

Eu acho que Haddad e o pessoal dele pensam direito. O problema é político, com o time da Gleisi. Fica ali pressionando o presidente e dificulta a tomada das medidas que, tecnicamente, têm que ser tomadas. Mas se eles tiverem coragem de fazer, esse país decola fácil.

9:40PetBras

O Gaiato da Boca Maldita leu que o presidente Lula sancionou a lei que obriga união e municípios a cadastrarem pets. Segundo o colunista Leandro Mazzini, “seria um tipo de RG nacional bicho, como nome do pet, endereço onde vive, cadastro atualizado de vacinas, nome dos tutores e o mais curioso, ainda não obrigatório, porque precisa regulamentar: uso de chips para monitoramento, caso se crie um órgão a nível federal”.  A possibilidade de aparecer uma “PetBras” deixou o Gaiato entusiasmado. Tanto que logo começou a se manifestar na Boca: “Au, au, au!”

9:17Cícero disse há mais de 2 mil anos, e é como se repetisse hoje e sempre

No Blague do blog, de Jorge Mosquera 

— Uma conspiração criminosa — ele disse, balançando desesperadamente a cabeça. — Pior: uma conspiração burra. Esse é o problema, Tiro, quando soldados resolvem fazer política. Imaginam que a única coisa que precisam fazer é sair dando ordens, e todo mundo vai obedecer. Não conseguem perceber que a única coisa que em princípio os torna atraentes, o fato de serem supostamente grandes patriotas, acima da imundície da política, é, no final, o que pode derrotá-los, porque ou eles permanecem acima da política, e nesse caso não vão a lugar nenhum, ou entram de cabeça na lama junto com todos os demais, e aí se mostram tão venais quanto qualquer mortal.

(Marco Túlio CÍCERO em conversa com seu escravo e secretário Tiro, em Roma, há cerca de 2080 anos. Extraído da biografia romanceada Trilogia de Cícero, Livro I – Imperium, de Robert Harris, tradução de André Pereira da Costa, Editora Record – 2009)

https://blaguedoblog.blogspot.com

9:00Da presidente do STM: “Militares devem se subordinar ao poder civil”

De Luiz Claudio Cunha:

A nova presidente do STM, que assume em março, é a única mulher entre os 15 ministros. Essa entrevista da Elizabeth Rocha ao UOL, hoje, é uma das coisas mais importantes e inspiradoras que li na imprensa. “Militares devem se subordinar ao poder civil. Militar não deve ocupar cargos políticos. Isso leva a política para dentro dos quartéis. MIlitar só sobe em palanque no 7 de Setembro, e não é um palanque político”. São algumas das frases memóraveis dela. Leia tudo e espalha:

https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2024/12/19/entrevista-elizabeth-rocha-ministra-stm.htm?utm_source=whatsapp-network&utm_medium=compartilhar_conteudo&utm_campaign=organica&utm_content=geral

7:23O ataque de ilusão de achar que o real sofre ataque especulativo

por Vinicius Torres Freire, na FSP

Parece haver exagero em preço de dólar e taxas de juros, mas os motivos são outros

Há quem tente ganhar dinheiro com a perspectiva de desvalorização ainda maior do real. Quem invente operações financeiras engenhosas para tentar faturar com a variação frequente e grande do dólar (“volatilidade”). Há até operações automatizadas (“robôs”) que permitem identificar essas oportunidades.

É verdade também que, a julgar pelas condições econômicas do Brasil, dólar a R$ 6,27 parece exagero, assim como Selic a 17% ao ano, como se vê no atacadão do mercado de dinheiro.

Se há exagero, há necessariamente “ataque especulativo”? Não.

A péssima recepção ao plano fiscal do governo agravou uma situação ruim que vinha desde abril. O impacto do fracasso de público do pacote, que elevou dólar e juros, causou acidentes (perdas de dinheiro, reversão de planos de investir etc.). Que isso tenha acontecido no dezembro seco de dólares piorou a situação. Há um dominó em queda, bola de neve, o nome que se dê: problemas que se realimentam.

O que seria um “ataque especulativo? Uma tentativa de forçar a desvalorização de uma moeda que está em certo nível, por decisão de governo ou similar, e que está valorizada além da conta, dado um contexto ruim.

Qual contexto? O de um país com déficit externo crescendo rápido e para um nível perigoso. Um aumento rápido e sem limite da dívida pública. Reservas internacionais insuficientes para defender um certo nível de cotação da moeda.

Um ataque especulativo seria, grosso modo, um maciço e variado conjunto de operações com o objetivo de pressionar a desvalorização de uma moeda, induzindo governo e/ou banco central a vender dólar, no caso, a preço bom, “barato”, de real supervalorizado.

A fim de manter a taxa de câmbio desejada (tantos reais por dólares), o BC teria de vender dólares baratos, tirados de seu estoque de segurança (reservas internacionais).Quando o BC fica quase sem reservas, joga a toalha. A moeda, no caso o real, se desvaloriza (“o dólar sobe”). Lucra muito quem montou operações financeiras que ganham com a grande desvalorização da moeda.

Mas a moeda brasileira, o real, não está “supervalorizada”, por quase qualquer critério, faz tempo —ao contrário. Chutava-se ainda neste ano que o dólar poderia voltar a algo um tanto abaixo de R$ 5 (R$ 4,80?) se houvesse perspectiva de limite para o crescimento da dívida pública, inflação controlada e ambiente mais calmo nos EUA.

As autoridades econômicas brasileiras também não estão defendendo, tentando fixar, uma cotação ou uma faixa de flutuação para a moeda brasileira. O câmbio é flutuante.

O BC não intervém a fim de evitar a tendência de alta do dólar, mas de evitar estrangulamentos e altas aberrantes por faltas pontuais de dólares (“pouca liquidez”). Por ora, nem está vendendo o suficiente ou operando de modo adequado (via swaps cambiais) para conter o preço do dólar.

Quem procura ganhar com a alta do dólar em regime de câmbio de fato flutuante, corre muito risco. Por outro lado, se o BC viesse a intervir a fim de fixar um preço para o dólar, estaria financiando o eventual especulador ou subsidiando em geral quem quer tirar dinheiro do país (torrando reservas), com alto risco de fracasso também.

Solução? Lidar com a origem do problema (fiscal), com o presidente Lula reconhecendo o motivo da crise e tomando providências.

7:09A meio metro do Vampiro

por Célio Heitor Guimarães

Conheci Dalton Trevisan de vista. Estive algumas vezes a menos de meio metro dele, mas nunca lhe dirigi a palavra. Ele não admitia. Primeiro, encontrei-o na Gráfica Requião, onde nós então imprimíamos a revistinha TV-Programas.  Eu ia lá revisar a montagem gráfica e, volte e meia, ali encontrava Dalton, que revisava a composição de seus primeiros livros, editados pela Requião e pagos pelo autor.

Anos mais tarde, encontrávamos Dalton no cafezinho da Praça Zacarias. Todo mundo sabia quem era, mas ninguém podia dirigir-se a ele. Nem para um olá ou boa tarde. Se isso acontecesse, ele abandonava o café e dava no pé. Sem uma palavra.

O que tinha de talentoso e genial nos escritos que escrevia e reescrevia incontáveis vezes, tinha de esquisito. Contou aqui Miguel Sanches Neto que, ao caminhar pelo Passeio Público, Trevisan implicava com o canto metálico de certa araponga. Tanto que pediu a Miguel que, sob pseudônimo, encaminhasse uma reclamação à prefeitura para que retirasse o pássaro do viveiro das aves canoras. 

Dalton também tinha fases de amor e ódio com as pessoas. Miguel viveu momentos de grande amizade com o nosso Vampiro. De repente, ele passou a tratá-lo como inimigo. A razão? O Correio Brasiliense publicou uma matéria sobre os hábitos do escritor e Trevisan achou que as informações foram dadas por Sanches.

O jornalista Marcos Barrero teve mais sorte. Veio de São Paulo para uma entrevista/perfil de Dalton para a revista Status. Depois das dificuldades iniciais, com a ajuda de amigos do escritor, conseguiu flagrá-lo em uma banca de jornais da Boca Maldita, onde Dalton rotineiramente comparecia para, meio escondido, folhear revistas pornográficas.

Conta o Marcos, aqui mesmo no Zé Beto, que teve o desplante de levar uma primeira edição (1959) de Novelas Nada Exemplares para um autógrafo. Por que?! Trevisan enlouqueceu. Vivia à cata de velhas edições de seus livros para destruí-las. Dizia que só valia a última, na qual fizera todas as correções possíveis e impossíveis. Segundo Barrero, o Vampiro ficou doido. Queria porque queria aquele velho exemplar. Propôs compra, troca. Enquanto os dois discutiam, o jornalista ia fazendo o seu trabalho. Enfim, cedeu. Trocou a edição da José Olympio Editora por livros novos autografados e dedicados a ele. E conseguiu a almejada entrevista. A despedida foi amigável.  

No entanto, quando o perfil foi publicado, o editor-chefe de Status sofreu um tormento bem daltiano. Metódico, por meses, Trevisan remeteu bilhetinhos para três endereços: redação da revista, Livraria Cultura (na qual Gilberto era também editor) e sua própria casa. Em algum deles a mensagem “vingadora” haveria de chegar: “Agora, estais feliz, Gilberto, à sombra de uma figueira, com 30 dinheiros na mão, Dalton”.

Inúmeras eram as manias de Dalton Trevisan. Por exemplo: almoçava todos os dias no mesmo restaurante, o vegetariano Verão Natural, na Rua João Negrão, centro de Curitiba. Era um buffet com saladas e pratos quentes. Narra Maringas Maciel, sobrinho do fundador do restaurante:

“O restaurante abria as 11h30 e assim que a porta pantográfica subia, o vampiro entrava, cumprimentava minha mãe que estava no caixa e, invariavelmente, sentava na mesma mesa discreta num canto, quase embaixo da escada”. 

“Certa vez” – continua Maciel –, “Dalton chegou ao restaurante e se deparou com um casal sentado em sua mesa. Não disse nada. Apenas ficou parado no meio do salão. Minha mãe percebeu a situação e pediu de forma gentil que os ocupantes trocassem de mesa. Com os lugares vazios, o escritor se sentou e seguiu com sua rotina”.

Assim foi Dalton Trevisan, honra e glória das letras curitibanas. Em 99 anos de vida, jamais deixou a sua Curitiba. Agora, está deixando saudade.