11:42Auto-retrato

de Manuel Bandeira

Provinciano que nunca soube
Escolher bem uma gravata;
Pernambucano a quem repugna
A faca do pernambucano;
Poeta ruim que na arte da prosa
Envelheceu na infância da arte,
E até mesmo escrevendo crônicas
Ficou cronista de província;
Arquiteto falhado, músico
Falhado (engoliu um dia
Um piano, mas o teclado
Ficou de fora); sem família,
Religião ou filosofia;
Mal tendo a inquietação de espírito
Que vem do sobrenatural,
E em matéria de profissão
Um tísico profissional.

11:18Moro e Boulos

O senador Sergio Moro (União Brasil) aproveitou a volta do X para dizer que, embora a briga não seja dele,  “jamais, em tempo algum e sob qualquer circunstância, votaria, se paulistano fosse, em Boulos”. Hummmm. No primeiro comentário levou uma invertida. Confira: Continue lendo

9:53Saída de Gleisi da presidência do PT pode ser antecipada

por Lauro Jardim, no Globo

Lula avalia troca na presidência do PT

A troca de guarda no PT, ou seja, a saída de Gleisi Hoffmnn da presidência, está prevista para ocorrer entre abril e maio de 2025. Mas Lula já disse a interlocutores que quer antecipar a posse de Edinho Silva, o escolhido por ele para essa sucessão. O martelo será batido numa reunião da Executiva do partido marcada para novembro.

8:24Decisão apertada

Um sábio do Centro Cívico acha que o resultado da eleição para prefeito de Curitiba vai ser parecida com a de Roberto Requião contra Osmar Dias para o governo do Paraná em 2006. A decisão aconteceu no último minuto, de virada, em favor de Requião. A diferença foi de apenas 10.479 votos. Osmar teve 2.658.132. Isso é política!

8:16LEROS

de Carlos Castelo

§ Ao saber da morte de Washington Olivetto, lembrei-me de uma noite no Rodeio, quando a Garota do Primeiro Sutiã, Patrícia Lucchesi, e eu o entrevistamos para uma revista masculina. Ele nos escolheu para o encontro. Nunca havia conversado tanto tempo com o W, e fiquei impressionado com seu vasto conhecimento, especialmente sobre jornalismo. Só sobre os bastidores do New York Times, ele falou por uns 30 minutos. Após a conversa, o acompanhamos até seu apartamento, a um quarteirão da churrascaria. Na calçada, ele me convidou para um happy hour na W/Brasil. Na semana seguinte, fui visitá-lo. Bebemos Campari, e ele compartilhou algumas histórias, incluindo um divertido encontro com Mick Jagger em Saint-Barth. De Saint-Barth, ele pulou para a coxinha do Frangó, falou sobre Corinthians e democracia. W era um caleidoscópio de assuntos, sempre com uma perspectiva original sobre tudo. Animado com a nova sede da W/Brasil em Higienópolis, me mostrou cada departamento e apresentou os colaboradores. Era como se a Publicidade tivesse se tornado um amigo. E, de certa forma, foi isso mesmo.

8:00Pancadaria até o fim

No horário de propaganda de rádio e tv, que não é gratuito, a campanha de Eduardo Pimentel está batendo pesado na adversária, a jornalista Cristina Graeml. A pancadaria vai até o dia 25. antevéspera da eleição. No núcleo do comando da campanha do candidato do PSD, a informação é a de que só vai ao ar “fatos verdadeiros”. Ali também se tem a preocupação de dosar os ataques com as propostas do candidato, ou seja, para não passar do ponto. O exemplo da eleição de 2012 parece ter sido assimilado. Naquele ano, Ratinho Junior, que apoia Pimentel, foi para o segundo turno contra Gustavo Fruet e abriu a caixa de ferramentas para atacar o adversárioo, ao contrário do que fez no primeiro, quando o estilo era suave e propositivo, como dizem. Perdeu a eleição. A conferir.

7:39O primeiro debate

Acontece hoje, às 22h00, na Band TV, o primeiro dos três debates entre os dois candidatos a prefeito de Curitiba que estão no segundo turno. A expectativa é que a chapa esquente entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB). A conferir.

7:18A morte de um gênio

por Marcos Barrero

Neste 13 de outubro morreu um dos mais criativos e geniais brasileiros. Inovou, ousou, transgrediu. Ninguém fez como ele. Seu nome está entre um antes e depois na arte do país.
Gasta-se com imprudência a palavra gênio (sobretudo seu conceito) a cada defunto anunciado. Basta que o extinto desfrute de certo prestígio em sua caixinha de atuação. A estridência não raro é obra de cornetas e clarins de amigos, apaniguados e bajuladores profissionais.
Desta vez, porém, é verdade: morreu um gênio.
Neste 13 de outubro, 56 anos atrás, o mundo perdeu o maior poeta brasileiro: Manuel Bandeira.

6:41No Brasil corrupto, falar em defesa da democracia virou jargão dos piores

por Luiz Felipe Pondé, na FSP

Quando ouço alguém dizer expressões desse tipo, já sei que vem algum truque político ou jurídico

Começo com um aviso: como hoje a recepção de conteúdos beira o absurdo no que se refere ao entendimento, devo dizer que profissionais da palavra pública como eu são justamente aqueles mais interessados em regimes democráticos, porque sem a liberdade de expressão e do contraditório não pagamos os nossos boletos —claro, afora aqueles que trabalham somente como um hobby.

Vale dizer que não creio que o absurdo referido acima acerca do entendimento dos conteúdos seja apenas fruto de dificuldades de interpretação. Penso que a maioria desses absurdos é fruto de má-fé mesmo por parte dos receptores das mensagens da mídia.

Claro que há toda uma gama de pessoas que falam nas redes sociais sobre diversos assuntos, principalmente política, que usufruem da liberdade de expressão. Entretanto, afora os profissionais da palavra pública, o restante continuaria a exercer suas funções dentro das cadeias produtivas, mesmo que não existisse liberdade de expressão. Médicos, advogados, engenheiros, técnicos em geral, funcionários públicos —estes nem tanto, devido às baixarias que caracterizam esse universo da dependência direta do Estado e do governo.

Hoje, quando ouço alguém dizer expressões do tipo “em defesa da democracia”, já sei que vem algum truque político ou jurídico. Essa expressão virou um jargão para reduzir o escopo do entendimento das coisas. Numa sociedade como a contemporânea, que tende mesmo à entropia, isso é péssimo. Nunca foi tão evidente a imperfeição do mundo quanto nos últimos 200 anos, devido à farsa de progresso moral ou político que caracteriza esses últimos dois séculos.

No caso do Brasil em especial, país atravessado pela corrupção em todos os níveis, “em defesa da democracia” serve como marcador de truculência institucional facilmente. Usar essa expressão virou um jargão dos piores. Regulação das redes é fácil no caso de Marçal e suas mentiras, principalmente acerca de Boulos. Fácil tirar isso do ar, apesar de que as pessoas que gostam de um candidato não estão nem aí se há alguma verdade entre as versões contraditórias —mesmo que uma dessas versões venha do Judiciário, que é tão parte da solução quanto do problema.

Por exemplo, quem gosta de Bolsonaro pouco se importa se ele, durante a pandemia, foi um irresponsável e ignorante. Pouco importa se ele está ou não metido em corrupção como as rachadinhas —que no mundo dos políticos é o equivalente a batedores de carteira. Por outro lado, amantes de Lula nunca acreditaram na versão de que havia corrupção na Petrobrás ou, se havia, que ele tivesse algo a ver com ela. E hoje, na sua condição de passar de condenado a presidente, ninguém se lembra mais de nada. A democracia é um circo.

E Brasília é o maior picadeiro.

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18:21Washington Olivetto, adeus

Da FSP

Morre o publicitário Washington Olivetto, criador do garoto Bombril e da Democracia Corinthiana, aos 73

Premiado, publicitário foi um dos maiores nomes da categoria, com criações como o casal Unibanco, o cachorrinho da Cofap e o primeiro sutiã, da Valisere

Washington Olivetto era o maior garoto-propaganda de si mesmo. E poderia haver alguém melhor? O publicitário, que morreu neste domingo (13), às 17h15, aos 73 anos, seduzia (“Publicidade é sedução”, costumava dizer), provocava e alegrava o Brasil com seu trabalho e sentia um prazer especial em falar sobre sua vida, sua história e seus feitos —que não são poucos.

O publicitário ficou quase cinco meses internado no hospital Copa Star, no Rio, por complicações pulmonares. Morreu de falência múltipla de órgãos.

“Washington Olivetto não é apenas um ícone da publicidade em todo o mundo, mas uma figura popular do Brasil. Um dos publicitários mais premiados de todos os tempos. Conquistou mais de 50 Leões no Festival de Publicidade de Cannes, apenas na categoria filmes, e é o único latino-americano a ganhar um Clio em 2001”, anunciava-se assim, em sua página oficial na internet.

É tudo verdade. Não mentiu, não aumentou. No universo da publicidade, Olivetto foi um dos maiores da história. E sabia disso, o que não significava que fosse soberbo, “nose up”, para usar uma expressão em inglês que ele facilmente trocaria por outra, em português: o bom e velho “nariz em pé”.

Isso ele não era, mas deixava claro que sabia de sua capacidade criativa e da importância que teve para a publicidade nacional e mundial. “Me acho um sujeito humilde, mas não o modestinho”, afirmava.

Era um bon vivant, que via a mesma graça no sanduíche de linguiça de Milton Gonzalez, o Uruguaio do Posto Nove de Ipanema, quanto na bouillabaisse do bacanésimo Tetou, em Cannes, fechado desde 2018. Olivetto vivia lá. Ele também era habitué do Frevo e do Ponto Chic , em São Paulo, e do Beco do Rato, bar popular com roda de samba, no bairro carioca da Lapa.

E do finado Astor de Ipanema, bairro onde tinha um apartamento à beira-mar (de frente para a barraca do Uruguaio, exilado político no Brasil, de quem acabou virando amigo e escreveu a orelha de sua biografia). Ele sabia que esse mix lhe dava um background importante para quem faz propaganda.

Não aguentava gente da área que só falava em trabalho e frequentava os mesmos lugares sofisticados, sem se misturar.

“Sempre tive o mesmo interesse por aquilo que é considerado intelectualizado e por aquilo que é considerado vulgar, sempre fui do útil ao fútil”, escreveu, em sua biografia “Direto de Washington”.

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17:44Pesquisa Quaest para presidente mostra Marçal à frente de Tarcísio e traz má notícia para Lula

por Lauro Jardim, no O Globo

Pablo Marçal não é um fenômeno circunscrito à capital paulista. Virou um personagem nacional. Mais do que isso, com potencial eleitoral Brasil afora.

A constatação é de uma pesquisa nacional de intenção de voto para presidente feita pela Quaest entre 25 e 29 de setembro com dois mil eleitores. Marçal não só divide a direita, como numericamente está à frente de Tarcísio de Freitas (e atrás de Lula) numa hipotética disputa em 2026.

O coach assumidamente é candidato à presidência. Não escondia tal ambição nem durante sua tentativa de ser prefeito de São Paulo.

Quando a Quaest perguntou “se a eleição fosse hoje, e os candidatos fossem estes (Lula, Marçal e Tarcísio), em quem você votaria?”, Lula obteve 32% das preferências, Marçal 18% e o governador, 15% (branco, nulo e “não sei” somaram 18%).

O coach superou Tarcísio em todas as regiões do país, exceto no Sudeste, onde recebeu o apoio de 16% dos eleitores, contra 20% do governador. Já Lula o bate em todas as regiões, mas no Sul há um empate, se for considerada a margem de erro: 25% a 23%.

Sim, a pesquisa foi feita na semana anterior ao episódio da maior fake news da campanha deste ano, propagada é óbvio por Marçal, e também antes de o coach não ir ao segundo turno. Ainda assim, com desinformação e tudo, conseguiu votos de praticamente um terço do eleitorado de São Paulo no dia 6. Marçal, tudo indica, caminha para se considerado inelegível pelo TSE. Porém, enquanto a Justiça Eleitoral não cassar os seus direitos políticos, vai pairar como uma sombra sobre a direita.

A pesquisa da Quaest mostra também a força de Marçal na resposta à pergunta: “caso Bolsonaro não seja candidato, quem é o candidato mais forte contra Lula?”. Mais uma vez, ele aparece na frente numericamente, com 15% — ainda que em empate técnico com Tarcísio (13%) e Michelle Bolsonaro (12%). E , de novo, ganha de Tarcísio em todas as regiões do Brasil, exceto o Sudeste. Ratinho Júnior, Romeu Zema e Ronaldo Caiado aparecem com 4%, 3% e 4%, respectivamente. A propósito dessa pergunta, há mais duas informações relevantes. Primeiro, que o “não sabe” e o “não respondeu” somam 49% do total. E depois que Michelle alcançava 28% neste quesito em maio. Teve, portanto, uma queda pronunciada em apenas quatro meses.

E, finalmente, uma má notícia para Lula. A Quaest quis saber se o brasileiro acha que “Lula deveria se candidatar à reeleição em 2026?”. O “não” foi a resposta de 58%; e o “sim” de 40%. Em julho, também numa pesquisa nacional, a Quaest fez a mesma pergunta e, àquela altura, 45% disseram “sim” e 53%, “não”.

É um quadro de piora inequívoca de Lula. Mas o que impressiona mais é a opinião dos brasileiros que ganham até dois salários mínimos. Em julho, a maioria (57%) achava que o presidente deveria concorrer à reeleição; na pesquisa de setembro esse percentual caiu para 44%. Hoje, mais eleitores desse extrato querem Lula sem tentar um novo mandato em 2026: 56% (eram 40% em julho).