12:12A morte de Elerian do Rocio Zanetti, o Toco

Da Agência Estadual de Notícias

O governador Carlos Massa Ratinho Junior manifesta grande pesar pela morte do diretor Comercial da Sanepar Elerian do Rocio Zanetti, carinhosamente conhecido como Toco, ocorrida na noite deste sábado (1). Estava com 73 anos e foi vítima de infarto.

Ex-prefeito de Campina Grande do Sul, Toco ocupava a Diretoria Comercial da Sanepar desde 25 de fevereiro de 2019 e implementou importantes mudanças visando a melhoria do atendimento ao cliente. Continue lendo

9:18Briga pelo Parceiro

Ontem os deputados da Oposição na Assembleia protocolaram um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná para barrar a tramitação do projeto de lei sobre o Parceiro da Escola, de privatização do gerenciamento de 200 escolas. Uma das irregularidades na tramitação da matéria seria o fato de o projeto não ter passado pela Comissão de Finanças. Neste sábado a Justiça também suspendeu o início da greve dos professores que estava marcada para começar nesta segunda-feira por causa do projeto. A conferir.

 

8:29Acostumados e acomodados

por Tostão

…Além da tragédia do Rio Grande do Sul, convivemos diariamente no futebol e no país com problemas permanentes, algumas tragédias, que assolam o Brasil. Fala-se muito sobre o assunto e muito pouco se faz para resolvê-los. Passam a ser curiosidades e até atrações turísticas.

Acostumamo-nos e nos acomodamos a problemas frequentes, crônicos no futebol, e nada é mudado: como o péssimo calendário, os gramados ruins, o excesso de faltas, o tumulto durante as partidas, os muitos erros dos árbitros, a demora do VAR para tomar decisões, o comportamento raivoso de alguns treinadores durante os jogos. Discute-se muito sobre tudo isso e nada é mudado. A tão esperada liga dos clubes nunca chega.

Acostumamo-nos e nos acomodamos à miséria e à desigualdade social, com o vergonhoso número de residências sem saneamento básico e sem água potável. Fala-se muito sobre isso, mas os progressos são muito pequenos. Há dinheiro para outras coisas, como para as enormes emendas parlamentares, mas não há para resolver a falta de esgoto.

Acostumamo-nos e nos acomodamos a algumas ultrapassadas maneiras de jogar que ainda existem no futebol brasileiro. O fantasma do 7 x 1 completará dez anos em 8 de julho e ainda continua vivo. Repito, não foi por acaso. Enquanto o Brasil enchia o ataque de jogadores, deixando um enorme vazio no meio campo, os alemães colocaram mais meio-campistas para ter o domínio da bola, do jogo, envolver o time brasileiro com troca de passes e fazer os sete gols. Continuamos desvalorizando o meio campo.

Acostumamo-nos e nos acomodamos à absurda violência, que aumenta a cada dia. As milícias e o crime organizado que dominam o Rio de Janeiro se espalharam pelo Brasil. Ainda não vi um forte planejamento para diminuir o problema.

Acostumamo-nos e nos acomodamos às mentiras. Todos criticam as redes sociais e quase todos as procuram. Para muitos é a única fonte de informação. As redes sociais passaram a ser formadoras de opiniões.

Acostumamo-nos e nos acomodamos à medíocre e ultrapassada discussão sobre o que é mais importante, o resultado ou a qualidade e a beleza do jogo. O Manchester City, dirigido por Guardiola, melhor técnico do mundo, joga bem, bonito e quase sempre vence.

Guardiola é bastante pragmático e acredita que para vencer é preciso ter a bola, o domínio do jogo, trocar muitos passes e esperar o momento de envolver o adversário e fazer o gol.

Precisamos nos desacomodar e nos desacostumar às palavras e às ações que se repetem. Necessitamos ser mais criativos, solidários, sem perder a disciplina, a estratégia e o planejamento.

8:12É possível preparar as cidades para lidar com inundações extremas?

Nas últimas semanas, assistimos perplexos, e até certo ponto impotentes, ao transbordamento dos principais rios do Rio Grande do Sul. Fruto de um fenômeno climático extremo, as chuvas castigaram praticamente todo Estado, em especial as bacias contribuintes dos rios Guaíba, Jacuí, Uruguai, Caí, Taquari, rio dos Sinos e Gravataí, elevando em todos eles as cotas de inundação a limites muito acima do aceitável, causando destruição, mortes, e deixando desabrigadas milhares de pessoas.

O veredito parece unânime: especialistas e a mídia apontam as mudanças climáticas provocadas pela ação irresponsável do homem no planeta como a causa do fenômeno que provocou as fortes chuvas na região. Previsões apontam para eventos semelhantes, ou ainda de maior intensidade, no futuro.

Conscientizar a população mundial para a necessidade de uma mudança drástica de atitude com relação às emissões de carbono na atmosfera, e a adoção de outras práticas sustentáveis, é urgente e necessário. Mas, a curto prazo, não resolverá nossos problemas.

Sejam lá quais forem as causas de volumes extremos de chuvas nas bacias contribuintes dos rios que cruzam as cidades, não há muito a fazer no que diz respeito à micro drenagem urbana. Dificilmente, as cidades poderão conter as vazões que ali vão chegar como resultado do violento transbordamento dos rios.

Mas o que as cidades podem fazer, então, para mitigar os riscos envolvidos?

A primeira ação seria uma avaliação criteriosa dos riscos de inundação. No mínimo, as cidades precisam desenvolver um mapa de cheias. Idealmente, deveriam ter uma visão completa do quadro de inundações, para planejar e adaptar-se aos futuros cenários de alterações climáticas.

Mapear a localização das inundações passadas na cidade, talvez, seja uma opção tecnicamente simples e de baixo custo, que pode basear-se em registros de danos causados pelas cheias anteriores. As cidades que avaliam áreas expostas a inundações pela primeira vez podem utilizar esta abordagem como ponto de partida.

Outro aspecto é o mapeamento de áreas da cidade suscetíveis a inundações com base na sua geografia. Esses mapas são produzidos a partir de estudos hidrológicos, elementos topográficos de relevo e dados que estimem o escoamento superficial da água, identificando, dessa forma, áreas com probabilidade de inundação. Isto pode ser sobreposto com informações sobre grupos populacionais vulneráveis e bens patrimoniais, como parte de uma avaliação abrangente dos riscos da inundação.

Essa análise combina os dados sobre áreas propensas a inundações, com informações sobre pessoas vulneráveis e bens construídos, para possibilitar a identificação das áreas mais ameaçadas, e sobre as quais deverão ser previstas as ações mitigatórias prioritárias, além de determinar espacialmente a exposição a perigos, as fragilidades e as probabilidades da ocorrência de determinados eventos.

É possível também desenvolver uma modelagem sofisticada para previsão das inundações. Essa modelagem utiliza a análise hidrodinâmica, que considera dados de precipitação, características dos cursos de água e das bacias contribuintes, sistemas de drenagem, uso do solo e, muitas vezes, dados geo-hidrológicos.

A cidade de Nova York, por exemplo, realizou uma modelagem abrangente de inundações para desenvolver mapas que mostram áreas vulneráveis num cenário de inundação extrema, o que permite o desenvolvimento de um plano com ações específicas e contínuas, à medida que determinados níveis de alerta são atingidos.

É fundamental estabelecer uma estrutura de governança para a gestão de emergências de inundação, a partir de mecanismos de cooperação entre os governos federal, estadual, municipal, e agências meteorológicas, deixando claro o papel de cada um na gestão dos riscos, e durante a implantação das operações de emergência.

Enfim, o objetivo seria desenvolver protocolos de emergência eficientes contra inundações intensas, e criar sistemas de alerta que possam, com a precocidade necessária, indicar as operações essenciais, além de desenvolver, dentre outras ações, modelos de bombeamento adequados que possam operar de forma preventiva ou emergencial, mitigando as situações extremas. Ou seja, desenvolver e implementar um plano de resiliência a inundações, para se antecipar e originar ações que possam proteger vidas e bens.

Este é o momento apropriado para compreender que os planos de recuperação devem aproveitar a oportunidade da reconstrução para edificar comunidades mais seguras e mais resilientes, que tenham a capacidade para resistir melhor às inundações no futuro.

16:11JAMIL SNEGE

Quando menino, nascido
serra acima, o que
mais eu desejava era o mar.
Eu queria apenas o mar
a mais nada – para nele
desfraldar meus
sonhos marinheiros.
Fui crescendo e ampliando
meus desejos.
Uma casa junto ao mar,
um barco a motor, festas,
empregados, piscina.
Obtive tudo isso, Senhor.
Mas aí então o mar dentro de
mim já havia secado

9:42Fim de semana

Fim de semana; nunca tantas pessoas, em tantos veículos, trafegaram em tantas vias, e tantas direções, com tanta velocidade, indo a tantos lugares, pra voltar logo, cansados e arrependidos. (Millôr)

9:30JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Rafael Greca canta tango em Buenos Aires e do outro lado do Atlântico Eduardo Pimentel faz coro – e ainda dá uns tímidos passos na dança da eleição.

9:20Dúvida

O Gaiato da Boca Maldita até pagaria para saber se um candidato ao ver uma pessoa andando na rua enxerga gente ou a possibilidade de mais um voto.

8:50O motorista de dois mundos

por Carlos Castelo

Por onde dirigirá José Alberto, o popular J.A.?

J.A. era um sujeito magrelo, alto como um bambu, que expelia mais fumo pela boca do que o vulcão Krakatoa em dia de erupção. Eram maços e maços de Lincoln por dia. Os mais íntimos o chamavam de Zé Bagaço, por ter pouco mais de 30 anos e aparentar uns 50.

Nos tempos mais prósperos de minha família, quando eu devia contar com uns 15 anos, ele motoristou o Opala de minha mãe. Levava-me à escola, fazia compras de supermercado, e mantinha a viatura limpa e abastecida.

Mas não ficou só nisso. Na verdade, J.A. foi uma espécie de guru ou eminência parda. No longo trajeto do City Butantã até o colégio na Vila Mariana, aprendi mais sobre a vida com aquele indivíduo do que com todos os livros que havia consumido.

Dentre tantas coisas, J.A. me ensinou não só a dirigir automóveis, mas todos os macetes para realizar ultrapassagens arriscadas, fechar carros de desafetos e despistar tais ações dos marronzinhos do DSV. As lições aconteciam, pelas amplas avenidas da Universidade de São Paulo, nas tardes em que eu decidia cabular aulas.

Em períodos semelhantes a esses (e não foram poucos), J.A. me apresentava outras facetas da existência que, na qualidade de almofadinha de classe média alta paulistana, jamais poderia acessar. Foi assim com as prostitutas do Jóquei Clube, as bocas de fumo, as sinucas das favelas, os terreiros, os cinemas pornô da rua Aurora.

Como se não bastasse, conseguiu me incluir nos quadros de um time juvenil do bairro do Campo Belo chamado Caramuru Futebol Clube. O detalhe curioso é que o elenco treinava num terreno de chão batido, encostado à cabeceira da pista do aeroporto de Congonhas. Não poucas vezes, a pelota, ao ser chutada em direção ao gol, era impedida de entrar pelo deslocamento de ar dos reatores de um Electra decolando.

Nada abalava J.A., que vivia com um sorriso 2 x 2 nos lábios. Ao sairmos para algum canto no Opalão branco, minha mãe logo vinha lhe rogando que redobrasse a atenção comigo e que nunca corresse demais.

– A senhora pode deixar, dona, tando comigo, tá com Deus! – repetia, se persignando.

De certo modo, a convivência com J.A. era um momento divino. Algo completamente diverso do núcleo que eu coabitava com os parentes. Havia risco, adrenalina, passagem por ambientes impensáveis. E, acima de tudo, um tipo de alegria bem diferente do tímido enlevo da nossa casa. Era uma felicidade entusiasmada a dele; e a gargalhada, um trovão.

Certa tarde, J.A. não apareceu para me levar ao colégio. O tio foi no lugar em seu Chevette uva. No meio do caminho, perguntei o porquê daquela ausência. Titio se fazia de desentendido e não soltava nada. Depois de muita insistência, abriu o verbo:

«Foi negócio de dívida. Acharam, agora de manhã, o J.A. pendurado numa corda na cozinha da casa dele.»

É como diz o outro: José Alberto foi, mas ficou.

 (Publicado no O Dia)

8:27POESIA

por Nilson Monteiro

Poesia é crime. Tentativa de assassinato do primarismo formal, da exaltação piegas ou da pretenciosa guerrilha da palavra. Proposta do assassinato da leviandade, do xerox criativo, da miudeza artística. Seu sangue está no antidogmatismo, tinta rubra entre as veias. A dúvida é o motor do mundo. Poesia é dúvida. Dúvida sensível, osso, nervo exposto, provocação, polifonia, eletricidade, mansidão, borrasca, sonho, interpretação, música. Sensibilidade. À flor ou a recheio da pele.
A poesia é a arte do conflito. William Carlos Willians, médico e um dos maiores poetas americanos, escreveu que “os poetas são malditos e não são cegos. Eles enxergam com os olhos dos anjos”. Enxergam também com olhos dos arrenegados, acho. Quer crime mais belo?
Poesia é aventura. Criação. Espinhos no cérebro. Valem as experimentações conteudistas e formais. Valem as espécies, os mistérios, os segredos e a dialética. De haikai a sonetos, de concisos a caudalosos, de frases a transes, de românticos a pontiagudos, de parnasianos a simbolistas, de musicais a áridos, de quilométricos a ciscos, de complexos a simples, multiplicam-se as interpretações, códigos e signos. Valem. Ou pouco valem.
“Cada poeta representa um momento” disse-o, e certo, Leminski.
Impossível fechar os olhos para a poesia dentro ou fora dos livros, no cinema, na pintura, na música, no dom, na publicidade, no jornalismo, na rede, no áudio, no som, no teatro, na dança, no sacro, no carrilhão, no laico, no velho, no contemporâneo, no moderno, no concreto, no cafona, na energia, no letreiro, na lama, no berreiro, no silêncio, na parabólica, no tanto e no nada, no líquido, no ar.
Impossível deixar de notar milhões de versos, muitos sem letras para parar em pé. Outros ainda mais anêmicos. Valem o crime ou a aventura? Ou um tênis furado aquece melhor os dedos e a alma?
Poesia é desconstrução. Poesia é miragem. Poesia é contravenção. Poesia é comunhão. Poesia é trabalho. Suor de amor, de ódio, de agonia, de saudades, de raiva, de paz, de paixão, de solidão, de pureza, de amargura, de beleza, de infinitos, de trágico, de dentes trincados contra o banal…De leviano basta o mundo. De vazio basta o saco. O lixo deveria ser o destino.
Do que adiantam a inspiração estéril, a escrita asfixiada ou a arrogância de pretenciosos? Burilar, mexer, reescrever, transmutar, ressuscitar, renegar, rasgar, apagar, viver e um caminhão ou um trem de verbos são células de poesia, fazem parte dessa arte. Rimam. Ou desanimam.
Tecer poesia não é fácil. Onde achar espigas de sol, bagos de terra, nacos de céu?
Que sei eu dessa aventura?
Nomes? Seria injusto.