8:18JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

A propaganda política do PSD é tão feérica que o eleitor pode pensar que até o dia da eleição não vai ter mais nada para se fazer depois de escolhido o novo prefeito.

7:41Carlos Cabral

por Carlos Castelo

Certa vez, Millôr Fernandes saiu-se com esta frase: “Depois de perder o bonde e a esperança, perdemos também o trem e a vergonha, o navio e o espírito público, o jato e a capacidade de indignação.”

De fato, se indignar, em nosso tempo, virou peça de museu. Ou até motivo para ser cancelado nas redes sociais (leia-se Moderna Inquisição).

Em vez de praticar cross fit, venho procurando fortalecer os músculos que me provocam raiva. Em várias áreas, diga-se, mas hoje falarei sobre gastronomia.

Quando passei a me entender como gente, para início de conversa, não usávamos esta palavrinha. No máximo, era culinária. E, olhe lá, por vezes era “a comida de fulano” ou “os pratos de sicrano”. Depois que a tal gastronomia entrou na conversa corrente, começou o pedantismo.

Agora estamos diante de uma empáfia nos bares e restaurantes que chega a intoxicar o fígado. Eu mesmo tenho preferido comer em domicílio a presenciar certas afetações. Dou um exemplo: se o garçom diz que o molho é uma redução, meu apetite já se reduz na hora. E a cavaquinha? Agora, tudo é cavaquinha, e não me refiro aos shows do pagodeiro Mumuzinho.

Foi num instante encolerizado assim que me lembrei daquele restaurante do consultor de vinhos Carlos Cabral, em São Paulo. Ficava na sobreloja de uma loja de vinhos, nos Jardins, e só servia bacalhau. Apenas umas três receitas do peixe. E o espaço devia ter, se muito, seis mesas. Era o suficiente para agradar gregos e lusitanos.

Ao entrar no térreo do estabelecimento, o cliente elegia sua garrafa nas prateleiras e subia aos domínios de seu Cabral. Ali, ouvia as particularidades de cada receita e era só esperar para se regalar. Nada de retrogostos, chiffonade, bisque e… cavaquinha.

Por outro lado, seu Cabral podia não contar com os maneirismos desses chefs millenials, mas era bastanteminucioso. E, se me permitem uma rima infame: cabal no bacalhau.

O melhor de tudo, porém, era o pós-almoço. Antes da “bica”, lá vinha o homem com uma garrafinha de Porto. Na última vez em que estive na casa, lembro-me de uma de suas histórias. Quando fui pegar a taça, ele me disse:

— Vai tomar com a mão direita ou a esquerda?

Fiquei embatucado com a pergunta, assim, de chofre. Seu Cabral então demonstrou todo seu conhecimento:

— Tome com a mão que quiser. Mas, no tempo de El-Rei, na távola dos nobres de Portugal, tomava-se o Porto somente com a esquerda. E a razão era simples: a destra precisava ficar livre para, em alguma circunstância emergencial, poder puxar o punhal da bainha.

Quando hoje me irrito com a pretensão das tascas contemporâneas, é porque tive o privilégio de conhecer cozinhas de grande simplicidade, mas sem nenhum simplismo, exatamente como a do seu Cabral.

(Publicado no O Dia)

7:31A direita parlamentar parece ter perdido sua bússola moral

por Oscar Vilhena Vieira, na FSP

Lira e seus liderados têm de explicar por que tanta violência contra meninas e mulheres

Com o objetivo de adular a extrema direita e constranger o governo, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, facilitou a aprovação de regime de urgência para votação do infame PL 1904/24, que equipara a prática de aborto ao crime de homicídio, mesmo nos casos autorizados por lei, se realizado após 22 duas semanas de gestação.

Conferiu urgência também ao mal dissimulado PL 4372/16, que pretende impedir a homologação de acordos de delação premiada de réus presos.

A movimentação parlamentar causou perplexidade mesmo entre aqueles que não mais se deixam surpreender pela voracidade e soberba do centrão e da extrema direita na promoção de interesses mais mesquinhos e pautas obscurantistas, em detrimento do Brasil.

O PL 1904/24 nada tem a ver com a proteção da vida. Trata-se apenas de uma medida hipócrita, voltada a restringir, ainda mais, o direito e a autonomia das mulheres. Como sabemos, a legislação penal brasileira apenas autoriza o aborto nas hipóteses de risco de vida para a mãe, gravidez decorrente de estupro e feto anencéfalo.

A maior perversidade do PL 1904/24 foi estabelecer às mulheres vítimas de estupro que decidirem pela prática do aborto após 22 semanas uma pena maior do que aquela atribuída aos homens que as estupraram. Sabemos que as principais vítimas são meninas e adolescentes estupradas por parentes e pessoas próximas, que encontram enorme dificuldade em denunciar abusos e recorrer aos serviços de saúde para realizar o aborto.

Como as experiências recentes de Portugal e Uruguai demonstram, retirar o aborto da clandestinidade e promover políticas públicas de prevenção da gravidez constitui a melhor ferramenta para reduzir abortos e proteger a vida de milhares de mulheres.

Essas mesmas forças parlamentares, que não se acanharam covardemente em propor maior punição a mulheres vítimas de estupro que optam pelo aborto do que a homens que cometem estupros, também não tiveram nenhuma cerimônia em propor medida legislativa voltada a facilitar a vida das organizações criminosas. Ao decepar o instituto da delação premiada, fizeram a festa de narcotraficantes, milicianos e corruptos, assim como militantes de grupos radicais que atentam contra a democracia.

O PL 4372/16, proposto originalmente por parlamentares de esquerda, à época da Operação Lava Jato, foi adotado e turbinado pela atual direita parlamentar, preocupada com delações de golpistas e milicianos que eventualmente atinjam Bolsonaro, familiares e simpatizantes envolvidos em outros crimes, como o assassinato da vereadora Marielle Franco.

O abuso de prisões provisórias para obtenção de delações, que motivou originalmente o PL, não depõe contra esse instrumento indispensável ao combate ao crime organizado, senão contra os magistrados que abusaram de suas prerrogativas para a obtenção de delações.

Como bem explicou editorial desta Folha, o instituto da delação premiada funciona como um forte incentivo para que membros de organizações criminosas contribuam com as investigações em troca de benefícios penais. Daí a sua relevância no combate de uma criminalidade cada vez mais organizada.

Cumpre ao presidente Lira e seus liderados explicar por que tanta condescendência com o crime organizado e tanta violência contra meninas e mulheres, mesmo quando vítimas de estupro.

Há algo de errado com a direita parlamentar brasileira, que parece ter definitivamente perdido sua bússola moral.

14:20Ciro Nogueira no PP do PR

Do enviado especial

Na segunda-feira (17) o PP realiza a convenção estadual em Curitiba com a participação do presidente nacional da legenda, senador Ciro Nogueira. O partido já anunciou pré-candidatos em mais de 150 cidades, entre elas Curitiba (Maria Victoria), Ponta Grossa (Joce Canto), Cascavel (Marcio Pacheco), Londrina (Maria Tereza), Maringá (Silvio Barros) e Foz do Iguaçu (Paulo Mac Donald). O evento está marcado para as 18h30 no Clube Urca.

14:15Ao narrador das escolhas

Do Analista dos Planaltos

Narrador das escolhas, Beto Richa está para receber aquele conselho dos mais tranquilos que sabem que o povão pode confundir tudo com soberba e até com uma dose de rancor pelo passado recente – o que sempre resulta de forma negativa. Além do mais, o deputado federal tem história boa pra contar como prefeito e governador – o que é muito para manter a calma. E a propaganda do PSDB é tão boa que abriu um leque de interpretações que pesam mais positivamente.

10:39O lado feroz de Luciano Ducci

Se enganam os militantes da esquerda que não estão engolindo Luciano Ducci como candidato a prefeito. Se cutucarem seu lado feroz… Exemplo: quando era secretário da saúde de Curitiba virou manchete de jornal ao dizer que era favorável à pena de morte para os bandidos que falsificavam e vendiam remédios iludindo quem tinha esperança de cura.

10:15Alep, Micheletto e União Brasil no pano verde

Do Goela de Ouro

O deputado Marcel Micheletto é o nome forte para assumir a primeira secretaria da Assembleia Legislativa na próxima gestão que tem tudo para ter como presidente Alexandre Curi. Se ele resolver ser candidato a prefeito na sua Assis Chateaubriant, aí sim a possibilidade se abre totalmente para o União Brasil em Curitiba.

9:39Dúvida

Com a nova viagem do Lula e da Janja, que vão se hospedar em hotel de R$ 67 mil a diária, o Gaiato da Boca Maldita ficou com uma dúvida: será que o governo vai começar só depois da lua de mel?