8:38O perfil do eleitor de cada pré-candidato a prefeito de Curitiba

Do blog Paraná Político, de Vanderlei Rebelo

Analisamos o perfil típico do segmento do eleitorado em que cada um dos principais pré-candidatos a prefeito de Curitiba tem seu melhor desempenho, segundo o detalhamento da Paraná Pesquisas divulgada na sexta-feira.

Eduardo Pimentel (PSD): Homem com diploma de ensino superior e idade acima de 45 anos

Luciano Ducci (PSB): Homem com ensino fundamental e idade entre 35 e 44 anos

Ney Leprevost (UB): Mulher com ensino fundamental e idade entre 45 e 59 anos

Beto Richa (PSDB): Mulher com ensino médio e idade entre 16 e 24 anos

Roberto Requião (Mobiliza): Homem/Mulher com ensino fundamental e idade entre 45 e 59 anos

Maria Victória (PP): Mulher com ensino médio e idade entre 16 e 24 anos

Cristina Graeml (PMB): Mulher com ensino superior e idade entre 25 e 34 anos

Tirar conclusões a partir destes dados é função da marquetagem política. Mas uma informação salta à vista: o eleitorado tipicamente vinculado ao status quo é aquele identificado com Eduardo Pimentel. Ao menos é este o público de mais alta renda, tem diploma universitário e mais de 40 anos.

8:23Esquerda, direita e Olimpíadas

O Gaiato da Boca Maldita também vibrou com a vitória da esquerda na eleição da França. Se esbaldou com o choro dos radicais de direita de lá e daqui. Depois, ao tomar um cafezinho assistindo tudo quanto é propaganda na Globo, não se conteve: “Quando começam as Olimpíadas de Paris? É o que interessa.”

7:50As pensões dos ex

Quinze estados pagam pensão a ex-governadores ou às viúvas destes. O levantamento foi feito pela CNN. Somando tudo, os governos estaduais gastam R$ 12,2 milhões por ano com o pagamento normalmente amparado por leis locais. No Paraná a ex-governadora Cida Borghetti apelou recentemente ao STF para ter garantida a aposentadoria vitalícia recebida por ex-governadores do estado.

7:41Fim de férias, começo de tudo

A eleição para a prefeitura de Curitiba começa a tomar contornos definitivos a partir da próxima segunda-feira. É o que diz um veterano sábio da política dos bastidores do Centro Cívico. O motivo? O governador Ratinho Junior retorna dos EUA onde foi passar férias com a família. A conferir.

7:28Minhas sessões de terapia no hipermercado

por Giovana Madalosso, na FSP

Logo trocarei todos os selos que acumulei com minha angústia por um jogo de panelas

Toda quarta à tarde é a mesma coisa. Entro no meu carro às 15h50 e dirijo duas quadras até o hipermercado do bairro. Eu poderia ir a pé mas isso não atenderia a minha necessidade. Depois de passar pela cancela, faço o contrário do que qualquer cliente faria: procuro a vaga mais distante da porta de entrada. Tiro o cinto de segurança e fico esperando pela ligação.

Tudo começou na pandemia, quando passei a fazer minhas sessões de terapia online. Depois que o isolamento social acabou, por questões geográficas, tive que continuar nesse formato. Durante um tempo, tentei fazer as sessões dentro de casa, mas às vezes era interrompida pela minha filha chorando —filha, quem está pagando para chorar agora sou eu! Ou pela diarista que interrompia minhas divagações dizendo que acabou o sabão em pó. Sem falar no meu companheiro, que eu temia estar me ouvindo com um copo grudado à parede —claro que ele não fazia isso, e é justamente por essas e outras que preciso fazer terapia.

Tentei fazer as sessões na garagem do prédio, mas o sinal oscilava muito. Fui para uma vaga de rua. Quase fui assaltada durante a sessão, tendo que arrancar o carro no meio da conversa. E assim fui avançando bairro afora, até parar no local descrito no começo desta crônica.

Na primeira sessão, despertei a desconfiança do vigia do hipermercado. Obviamente, esperava que, após estacionar, eu descesse do carro. Como ele não parava de me observar, resolvi inventar uma desculpa. Abri o vidro e menti que estava esperando pelo meu marido para fazer as compras. Depois continuei a sessão. Acho que o vigia viu quando, num determinado momento, comecei a falar mais alto, a me exaltar. Deve ter pensado que eu brigava com meu marido por ele ter me dado o cano no romântico programa de adquirir papel higiênico a dois.

A partir desse dia, nunca mais me fitou com insistência, nem me importunou. Me vendo conversar, rir e chorar dentro do carro, deve imaginar que, depois que levei aquele cano do meu marido, arrumei um amante online com quem, por motivos insondáveis, converso todas as quartas-feiras.

Livre dos olhares de desconfiança, passei a desfrutar da atmosfera de desolamento inspiradora que o local oferece. Há algo de comovente nos splashes de oferta desesperados por atenção. Nos consumidores que passam com compras massivas, como se estivessem em direção a um bunker no apocalipse. Nos carrinhos que às vezes se movimentam sozinhos, dando ao cenário um quê fantasmagórico. Sem falar naquela aura algo deprimente que, a despeito dos letreiros alegres e também por causa deles, cerca toda meca de consumo.

Ao fim da sessão, quando preciso validar o tíquete, entro para comprar alguma coisa. Já percebi que as compras dizem muito sobre a sessão que fiz. Saí com o carrinho abarrotado no dia que descobri que deveria cuidar mais de mim mesma, me dar mais prazeres. Comprei uma caixa de lenços —que já fui abrindo antes de chegar ao caixa— quando percebi o quanto ainda tenho dificuldade para amar. Comprei uma garrafa de vinho no dia em que cogitamos minha possível alta, depois de anos de análise.

A alta acabou não acontecendo. Já virei cliente cadastrada no programa fidelidade. E logo trocarei todos os selos que acumulei com minha angústia por um jogo de panelas antiaderentes.

17:03Poema em linha reta

de Álvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

11:10oberlan rossetim

Havia um casal de passarinhos naquele fio de luz. Fio, o limite, o precipício.
Ocupei-me deles até a minha restauração, a criação de defesas contra o abismo do domingo. Vazio deste ar que incendeia por não haver e não definir caminhos.
Eu aceno afogado na minha impossibilidade de absorver a luz das aves para construir o meu escudo contra o que me invade. E eu deixo invadir, pois amo. E transbordo. E sou o que me fere. A tristeza que me joga para detrás de mim mesmo, tem por costume me reduzir às minhas descrenças, que custam a passam, por denso que fico. Mas logo tudo voltará ao normal. Haverá decantação. O cotidiano repousará no coração como uma gota de sangue intrusa, deslocada da artéria.
O amor nos salva do abismo, nos dá repouso.
Estavam pousados, amados.
Deixaram no domingo uma sensação de esperança.
E o domingo foi ficando cada vez mais suportável, com uma presença mista de asas e pouso sob o abismo que me divide e me joga aos ventos, com ou sem repouso para a minha parte ferida pela tensão da luz.

11:03Ele mobiliza

Requião faz campanha na periferia e mantém dois dígitos nas pesquisas. Mais que um séquito de eleitores, continua com energia que faria Joe Biden sair do sarcófago. Além de tudo, fez surgir um partido que ninguém conhecia, ou seja, ele mobiliza por existir. Só isso já valeria a campanha. A conferir até onde vai.

10:48Sobre o pobre futebol sul-americano que era dos pobres

“O que aconteceu com o futebol? Com o futebol, que é propriedade popular essencialmente… Por que? Os pobres têm muita pouca capacidade de acesso à felicidade porque não dispõem de dinheiro para comprar felicidade. O futebol, como é gratuito, é de origem popular. Esse futebol, que era uma das poucas coisas que os mais pobres mantinham, já não tem mais, porque aos 17 anos Endricks vão, o “winger de Palmeiras” (Estevão)… que lástima que eu tenha que dizer hoje algo que só vai me trazer críticas”.

de Marcelo Bielsa, técnico do Uruguai, um dia antes de eliminar o Brasil da Copa América

10:17Meu encanto pelo litoral

por José Maria Correia

Ontem estive na maravilhosa Paranaguá, terra dos meus ascendentes Correias.

Célula Mater do Paraná,

Chegamos há quase cinco séculos nos primeiros barcos, lá por 1540 vindos de Santos , Cananeia e Peruíbe , terras do Correia Velho.

Lá estavam somente os pacíficos índios Carijós em suas ilhas, na Cotinga e na magnífica baía que tanto encantou portugueses e espanhóis e os que vieram depois, desde os tempos de Saint Hilaire.

Italianos, árabes , japoneses e emigrantes da Europa e de países africanos também.

Lá ficava eu com meu pai , alto funcionário da Bolsa de Café de Paranaguá, isso antes que a terrível “ geada negra “ destruísse em 1975 toda a cafeicultura, o nosso Ouro Verde

E foi um pouco do que tive oportunidade de falar para os candidatos a vereadores e vereadoras de todo o litoral em uma reunião suprapartidária com mais de trezentas pessoas.

Contei da minha experiência para os candidatos e como fui o mais votado edil de Curitiba entre os novos e o segundo geral em 1982.

Concorrendo em uma vaga de desistência faltando apenas dois meses para as eleições em uma grande mobilização de servidores públicos .

E disse o que se pode fazer de importante em um mandato, como quando criei a Guarda Municipal.

Havia muita resistência da PM e das corporações militares, entretanto hoje a Guarda já supera o número de policiais nas ruas.

E sem elas não há mais segurança possível.

1.500 em Curitiba, 350 guardas em Paranaguá, 400 em Araucária e uma centena em Matinhos, também criada por mim.

Todas com modernas centrais de vigilância , viaturas e câmeras de monitoramento.

E assim pelo Brasil todo.

Na próxima etapa com a PEC constitucional se transformarão em polícias municipais e cidadãs para melhor servir e proteger com treinamento, respeito e integração com as comunidades.

Paranaguá é um museu aberto e onde se respira história, infelizmente mal conservado em seu patrimônio de quase quinhentos anos que foi muito agredido e vandalizado.

Mas emociona ainda mais falar do nosso Porto criado por Dom Pedro II , da antiga Santa Casa, a velha Câmara, e os casarões da Rua da Praia, e o forte histórico da Ilha do Mel construído para resistir aos piratas e aos invasores.

E a sinuosidade da ferrovia com sua estação restaurada e o trecho da Serra do Mar considerado um dos mais ousados e difíceis do mundo todo transpondo abismos.

Tragicamente foi nela que fuzilaram e executaram o Barão do Serro Azul , hoje um dos heróis da Pátria .

Foi em 1894 no quilômetro 65 no trecho do Pico do Diabo.

Morto por defender Curitiba de ser saqueada pelos Maragatos e que havia sido abandonada por Vicente Machado.

Discorro também sobre a histórica Estrada da Graciosa, também obra de Dom Pedro, um monarca intelectual que foi convidado para ser rei até nos Estados Unidos e que foi deposto por uma quartelada para morrer no exílio em um humilde hotel em Paris.

Muito brevemente falei do olhar amoroso e diferenciado do PMDB e de outros partidos e líderes para o litoral.

Tudo de forma plural e ampla , como deve ser. Continue lendo