17:46JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Lula cancela viagem à Rússia depois de sofrer acidente doméstico. Não, não foi o corte na nuca que sofreu ao cair em casa. O problema mesmo foi a tunda que o PT levou nas eleições municipais.

11:29Velho de guerra com Cristina

Do enviado especial

Não passou despercebido a um ex-emedebista velho de guerra o fato de o ex-vereador Cesar Pelosi aparecer num programa de TV pedindo voto para a candidata a prefeita Cristina Graeml. Pelosi foi da velha guarda requianista no movimento de associações de bairro. Para um atento observador…pode ser tudo, pode ser nada, como diz o titular deste blog

8:19LEROS

de Carlos Castelo

§ Assisti a “Motel Destino”, de Karim Aïnouz. Diretor mais badalado que sino da Catedral da Sé — indicado à Palma de Ouro e à Queer Palm em Cannes. A história é assistível, mas não se distancia muito das pornochanchadas dos anos 70 e 80. Parece que o DNA do cinema brasileiro ainda carrega esse traço, junto com a fotografia chapada e o áudio inaudível. Claro, o roteiro é bem superior aos do Ody Fraga, tem um subtexto que faz pensar, mas continua re(metendo) às mesmas metidas de 40 e tantos anos atrás. E o Fábio Assunção de caftan? Sei lá, melhor nem comentar. Mas aquele bigode cenográfico não ornou. Já imagino os politicamente corretos e as igrejinhas me malhando. Só que, no fundo, o cinema nacional continua transando com o passado, enquanto muitos fingem que isso é modernidade.

8:08O bom rapaz

O cantor Wanderley Cardoso faz show hoje em Curitiba. Será às 19h no teatro Bom Jesus. O espetáculo tem o nome do seu maior sucesso: “O bom rapaz”. Se bobear vai ter gente achando que isso é campanha para o candidato do PSD à prefeitura de Curitiba.

7:55DR. ZURETA

A humanidade continua a despejar gases de efeito estufa na atmosfera, a poluir o meio ambiente, a extinguir a fauna e a flora, a produzir armas de destruição, a criar vírus a torto e a direito e, o pior de tudo, a produzir milhares de políticos que só se preocupam com os eleitores em época de eleição.

7:48Debate agressivo

E o debate da RICtv entre os candidatos à prefeitura de Curitiba? Como era esperado, foi muito agressivo neste início de reta final da eleição do segundo turno, principalmente porque das três pesquisas divulgadas horas antes do confronto, em duas houve empate técnico e na outra uma pequena vantagem para o candidato do PSD. Na próxima sexta-feira (25) acontece o último debate entre Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) – será na RPC TV. O relato a seguir é de Letícia Martins para a CNN Brasil. Isso é campanha! Continue lendo

6:53Beatles

por Antonio Prata, na FSP

Bota ‘Blackbird’ pra tocar e por alguma razão misteriosa, em cérebros tão distintos: chuva de serotonina

“Falo em palestras que uma missão plausível para os artistas é fazer com que as pessoas apreciem, ao menos um pouquinho, o fato de estarem vivas”, disse o escritor Kurt Vonnegut. “Então me perguntam se sei de artistas que conseguiram. Eu respondo: ‘Os Beatles conseguiram'”.

Quando os Beatles lançaram o primeiro single, “Love Me Do”, em 5 de outubro de 1962, minha mãe tinha 9 anos, a idade do meu filho mais novo, Daniel. Quando fizeram o primeiro show nos EUA, disparando a beatlepandemia, minha mãe tinha 11 anos, a idade da minha filha mais velha, Olivia. Quando eu nasci, em 1977, tinham terminado já fazia quase uma década. E na última quarta Paul McCartney conseguiu fazer com que eu, a Olivia e o Daniel cantássemos, em uníssono, a mesma música prensada naquele vinil, exatos 62 anos e 11 dias atrás.

“Mágica” é dessas palavras esgarçadas pelo abuso e mau uso, como “lúdico” ou “potente”. Desconfio que seja por isso que João Gilberto, ao gravar “Me chama”, do Lobão, omitiu o verso “mágica no absurdo”. (Na versão banquinho e violão, só as “lágrimas no escuro” é que nem sempre eram vistas). Qual outro termo usar, no entanto, para explicar que determinados acordes e versos, encadeados em determinadas sequências, sigam fazendo sentido a tantas gerações através das décadas, por todos os continentes?

O mundo mudou demais de 1962 pra cá. Não nos cansamos de discutir as diferenças entre baby boomers, geração X, millennials, zennials e sei lá quem veio depois. Mudaram as relações amorosas, a forma de encarar o trabalho, as famílias, as amizades. Mas bota “Blackbird” pra tocar e por alguma razão misteriosa, em cérebros tão distintos: chuva de serotonina.

Quem tem filhos pequenos, sabe. Aos três, quatro anos de idade, entre “Galinha Pintadinha“, “Cocoricó”, “Palavra Cantada”, “Tiquequê”, as crianças começam a gostar de “Yellow Submarine”, “Day Tripper”, “Here Comes The Sun”. Esta última, aliás, a Olivia suou para aprender no piano, dois anos depois de ter desistido do instrumento, pra uma apresentação da escola. Em outros anos teve apresentação de bossa nova, de “Saltimbancos”, de clássicos do samba. Ela nunca se envolveu. Aí entram Lennon & McCartney e a “mágica” acontece.

Em “I’ve Got a Feeling”, John Lennon apareceu gigante nos telões e fez um dueto, diretamente da laje dos estúdios da Apple, em 1969, com Paul, em 2024, no Allianz Parque, coração das Perdizes, onde meus filhos foram concebidos. Em vez de “Here Comes the Sun”, o que veio foi chuva de lágrimas sob os meus olhos. Um furacão Milton emocional que, meia semana depois, ainda deixa destroços de sua passagem.

Confesso que os dias correntes estão propícios a tais precipitações. O apocalipse climático bafejando na nossa nuca. Guerras por todo lado. Violência país adentro. Bufões despontando como líderes. Um medo danado do mundo que deixarei pros meus filhos. Aí vem o Paul, e, depois de tudo, termina o show com o último verso da última música gravada pelos quatro Beatles, em estúdio: “And in the end, the love you take is equal to the love you make”. Não sei se acredito. Nem se me trouxe, exatamente, esperança. Mas me fez apreciar, junto ao Daniel e à Olivia (mais do que um pouquinho), o fato de estarmos vivos.

18:06O paradoxo do coxo

por Ricardo Araújo Pereira, na FSP

Princípios universais não costumam admitir exceções

Não há nenhum paradoxo do coxo. A única coisa estranha na expressão “paradoxo do coxo” é que duas palavras acabadas em “oxo” se pronunciem de modo tão diferente. O que é esquisito, mas não propriamente paradoxal. Paradoxo a sério é o seguinte: estávamos na aula quando o professor de filosofia disse: “O pensamento crítico é a coisa mais importante que vos posso ensinar. Vocês devem questionar tudo o que vos disserem.” Eu perguntei: “Será?”

O professor não pareceu muito satisfeito. Eu estava seguindo o seu conselho ou pondo em causa o seu conselho? É possível que pôr em causa o seu conselho seja seguir o seu conselho, mas como é que posso seguir um conselho se o ponho em causa? Talvez o professor devesse ter dito “Questionem tudo o que vos disserem, exceto esta indicação”, mas isso havia de gerar alguma desconfiança, porque os princípios universais não costumam admitir exceções.

É um problema antigo. Na carta a Tito, São Paulo escreve que “cretenses são sempre mentirosos”. E a seguir acrescenta, concordando: “Este testemunho é verdadeiro.” O problema é que o autor da frase que São Paulo cita é Epimênides, e Epimênides também era da ilha de Creta. Ora, quando um cretense diz que os cretenses são sempre mentirosos, há duas hipóteses: ou está mentindo, e por isso está dizendo a verdade; ou está dizendo a verdade, e por isso está mentindo. A declaração é falsa se for verdadeira e é verdadeira se for falsa.

Portanto, quando São Paulo conclui que o testemunho é verdadeiro, é difícil saber o que é que está deduzindo. Já no século 5, num sermão sobre o salmo 116, São Jerônimo detém-se no versículo 11: “Eu dizia na minha agitação: todo o homem é mentiroso.” Se é verdade que todo o homem é mentiroso, pensa São Jerônimo, então o salmista, que também é um homem, está mentindo. Porém, se ele está mentindo, a frase “todo o homem é mentiroso” não é verdadeira. Logo, pergunta São Jerônimo, ele está mentindo ou dizendo a verdade?

Considerando tudo isto, é possível retirar uma conclusão bastante perturbadora: a de que um homem que é santo, como São Jerônimo, formula mais ou menos as mesmas perguntas que um reles engraçadinho que deseja apenas irritar o professor de filosofia. O que, curiosamente, constitui mais um surpreendente paradoxo.

12:50Quaest em Curitiba: Pimentel tem 42% e Graeml 39%

Do G1PR

Margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos. Levantamento, contratado pela RPC, foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-08766/2024.

A pesquisa Quaest, encomendada pela RPC, e divulgada neste sábado (19) com a intenção de votos para a disputa à Prefeitura de Curitiba, no segundo turno das eleições 2024, mostra o candidato Eduardo Pimentel (PSD) com 42% e Cristina Graeml (PMB) com 39%.

Considerando a margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, os candidatos estão empatados tecnicamente.

Este é o cenário estimulado, ou seja, os nomes e partidos dos candidatos são apresentados para os entrevistados.

A pesquisa também revela que 4% dos entrevistados estão indecisos, enquanto 15% optaram por branco, nulo ou não pretendem votar.

A pesquisa Quaest, contratada pela RPC, realizou 900 entrevistas com eleitores de 16 anos ou mais entre os dias 16 e 18 de outubro. A margem de erro máxima para o total da amostra é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número PR-08766/2024.

Pesquisa espontânea

A Quaest também pesquisou a intenção de votos espontânea, em que os nomes dos candidatos não são apresentados. Veja os resultados:

  • Eduardo Pimentel (PSD): 32%
  • Cristina Graeml (PMB): 30%
  • Indecisos: 34%
  • Brancos/nulo/não vai votar: 4%

9:12Homem comum

de Ferreira Gullar

Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
Ando a pé, de ônibus, de táxi, de avião
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.

Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o guarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons,
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei