10:07Promessa é promessa

Do Goela de Ouro

A promessa de dinheiro para a campanha de Ney Leprevost, segundo políticos com longa experiência, pode acontecer de ficar só nisso, como já aconteceu em outros casos. Uma garantia de que o cofre será mesmo aberto seria o apoio aberto de senador Sergio Moro, que até agora não abriu a boca em favor do companheiro de União Brasil.

9:57JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Toda vez que a Polícia Federal deflagra operação como a de hoje contra a Abin paralela, inclusive com mandado em Curitiba, há uma voz que suspira nostálgica lembrando o tempo do policial Rasera e o aparelho de escuta chamado Guardião.

9:52Trombada

Não convidem para o mesmo cafezinho Ratinho Junior e Luis Felipe Cunha, suplente do senador Sergio Moro que tem disparado abertamente mísseis contra o governador que, por isso, não gosta nem de ouvir falar o nome do braço direito de Sergio Moro.

Ao ler a nota acima, Luis Felipe Cunha enviou a seguinte mensagem:

“Tenho imenso respeito pelo Governador Ratinho Júnior, sendo inverídica a afirmação divulgada pela coluna no sentido de que tenho “disparado mísseis” contra o representante do povo paranaense no Palácio Iguaçu. Como Suplente e aliado do Senador Sérgio Moro, afirmo a intenção de trabalhar pelo desenvolvimento do Paraná. Nosso grupo sempre esteve e estará à disposição do Governador para atuarmos em prol do Estado e de sua população.”

 

9:40Oriovisto sem censura

“A liberdade de expressão é imprescindível a qualquer ambiente onde, sem censura nem receios, opiniões e ideologias diversas possam ser manifestas e contrapostas, caracterizando um processo de formação do pensamento político em sentido amplo”

Do senador Oriovisto Guimarães (Podemos/PR), ao dar parecer favorável à PEC 67/2023, de autoria do senador Rogério Marinho (PL/RN).

8:01Na cadeirinha

Amigo do blog acordou e ligou a tv no noticiário. Viu que o repórter foi fazer uma matéria pra crianças numa sala de brincadeiras para as férias. Ai sentou numa cadeirinha pra criança. Quando ele ficou balançando os pés, o amigo desligou a tv e tentou dormir mais um pouco como barulho da chuva.

7:47O casal na espera

O casal Moro espera a confirmação se o partido deles, o União Brasil, vai mesmo descarregar dinheiro e apostar na candidatura de Ney Leprevost para prefeito de Curitiba. O senador e a deputada federal estavam de olho esticado para as tratativas que incluíam a desistência de Leprevost em troca de uma vaga cobiçada na mesa diretora da Assembleia Legislativa na próxima gestão. Se o espaço fosse aberto, Rosângela, que voltou a ter domicílio eleitoral em Curitiba, poderia entrar na disputa – o que também seria um movimento para anabolizar o marido para a disputa do governo do Paraná em 2026. A conferir.

7:15Do jogo bonito ao jogo dos bonitos

por Sergio Rodrigues, na FSP

Terapia que o futebol brasileiro precisa fazer inclui ajustes de linguagem

No domingo escrevi na Ilustríssima, a propósito do aniversário do 7 a 1, que o futebol brasileiro precisa de terapia se quiser retomar o caminho virtuoso que transformou nossa seleção na mais vitoriosa da história.

Escrevi aquilo antes da eliminação na Copa América, onde mais uma vez a equipe de amarelo apresentou um futebol ralo e inseguro, com raros lampejos individuais e jogo coletivo pobre. Mas ninguém precisa ser profeta para ver que o futuro não anda sorridente.

Se houver alguma verdade na tese de que recalcamos o 7 a 1, evitando o necessário luto à base de piadinhas histéricas, a eventual superação da fase braba vai exigir revolver traumas e reorganizar a linguagem que construímos em torno do jogo.

Esta coluna tenta dar início ao processo com outra hipótese: a de que o futebol brasileiro, cujo estilo já foi chamado mundo afora, com intensa admiração, de jogo bonito (“beautiful game”), se transformou no “jogo dos bonitos”.

A origem da expressão jogo bonito é controversa. Há quem diga que o primeiro a usá-la foi o genial Didi, meia do Botafogo e da seleção que em 1958 conquistou a primeira Copa para o Brasil. De todo modo, nunca pegou realmente por aqui. “Futebol arte” é um equivalente próximo, mas não idêntico.

O comentarista inglês Stuart Hall também reivindicou a paternidade da expressão, dizendo que a empregou ao analisar uma partida do Manchester City no mesmo 1958. É possível que “jogo bonito” já estivesse em circulação antes disso.

O que parece incontroverso é que o maior responsável por sua popularização foi Pelé, numa autobiografia publicada em 1977 em inglês e que teve o jornalista Robert L. Fish como ghost-writer — “My Life and the Beautiful Game” (Minha Vida e o Jogo Bonito).

“O jogo bonito”, com artigo definido, nasceu para designar o próprio futebol, praticado por jogadores de qualquer nacionalidade. No entanto, acabou associado principalmente ao estilo vistoso, ao mesmo tempo lúdico e cheio de autoridade, da seleção pentacampeã do mundo.

Faz tempo que nosso jogo não anda lá muito bonito, como se sabe. Acredito que não por coincidência, nesse mesmo período histórico nossos jogadores, mais ricos do que Didi e Pelé jamais sonharam ser, se tornaram pródigos em sinais de vaidade, ostentação e deslumbramento.

Um marco fundador do “jogo dos bonitos”, consistente com o diagnóstico de que o 7 a 1 foi um trauma mal-elaborado, data de 2018. O ano do inacreditável penteado com que Neymar entrou em campo em nossa partida de estreia na Copa da Rússia, contra a Suíça, no dia 17 de junho.

Sem moralismo algum, aquele frondoso topete louro escovado talvez fosse ridículo em qualquer campo de futebol, em qualquer época. No momento em que a camisa mais pesada da história fazia sua reentrada numa Copa depois da completa humilhação de 2014, era também um sintoma de grave desconexão cognitiva e emocional.

Quem poderá dizer que tanta boniteza capilar não teve influência no fato de que Neymar saiu daquela partida marcado para sempre, aos olhos de grande parte do mundo, como um fanfarrão, um cai-cai desprezível? O Brasil empatou em 1 a 1, com gol de Coutinho, mas nosso maior craque teve ali seu 7 a 1 particular.

O jogo dos bonitos nunca mais foi embora. É algo que está na alma, na mentalidade, pairando sobre questões técnicas, táticas e físicas. Esse tipo de coisa muda lentamente, mas muda. Que não demore muito.

7:03Recuperando a memória de Joselito

por Célio Heitor Guimarães

Quando escrevi e publiquei, em 2020, HQ – A Arte que Está no Gibi, esqueci, lamentavelmente, de incluir um dos personagens favoritos da minha infância – o Pituca, criação genial de Joselito Mattos. Deles, claro, só se lembrarão os leitores de Vida Infantil, Vida Juvenil e Sesinho, das décadas de 40-60.

Agora, a Editora Noir, sob o comando editorial de Gonçalo Júnior, recupera a história de Joselito e Pituca, em um trabalho minucioso de pesquisa do jornalista Marcos Massolini, Joselito Mattos Solta seus Bichos. Ali estão, por inteiro, Joselito, Pituca e outras criações do talentoso artista baiano, como Lourolino e Remendado, o sapo Salomão, o galo Budika, o besouro Junga, o porquinho Birunga e Champanhota, um gato boa vida, com ares aristocráticos, mas que não passava de um pobretão. 

Simpático e carismático, o macaco Pituca trajava boina, macacão, luvas e botinas e se destacava pela malandragem, com uma característica especial: no final, sempre levava a pior. Seu nome, segundo o autor, veio da gíria argentina que significa “grã-fino”.

Massolini conta que o nome de Joselito chamou a sua atenção e passou a constar de seu caderno de anotações históricas desde o dia em que conseguiu em um sebo duas encadernações da revista Sesinho de 1953. Ficou maravilhado com os desenhos ágeis, chamativos e detalhistas, e passou a se perguntar como um artista de tal qualidade pôde ficar de fora ou ser citado de forma tão rasa em livros estudos? Lamentou também que Joselito sequer tenha verbete na Wikipédia ou nas enciclopédias especializada em artes gráficas.

Visto a carapuça e, pela minha parte, peço desculpas. Massolini tem razão. Nada justifica o esquecimento do talentoso Joselito, que, além de desenhista de quadrinhos, ilustrou livros, capas de discos, cenários de peças de teatro e estilista de moda feminina. Foi um dos grandes do seu tempo, comparável a J. Carlos, Alceu Penna, Ziraldo e outros mestres do pincel e da pena.

Vale acrescentar que o sucesso dos personagens de Joselito levou a indústria a criar brinquedos, como Cine Projetor Barlam Infantil. Era um projetor de baquelite, com manivela para rodar historinhas contidas em rolinhos de papel,  defronte a uma lâmpada, que projetava os desenhos na parede ou em uma superfície clara e lisa. O girar da manivela fazia os personagens moverem-se na “tela”. Pituca era atração principal. Tive o meu projetor Barlam e dele tenho ainda saudade. Custava, na época, Cr$ 295,00. Cada “filme”, Cr$                                                               6,00.

Depois dos quadrinhos, Joselito Mattos enveredou pelo teatro de revista, contratado pelo empresário Walter Pinto, para o qual passou a criar cartazes de espetáculos e desenhar cenários e os figurinos para as coristas. Certo dia, surpreendeu a todos, entrando em cena e fazendo uma imitação de Carmen Miranda, sua diva. 

Da companhia de Walter Pinto, Joselito passou para o Teatro Follies, tornando-se também decorador de ambientes, sem se afastar dos figurinos e dos cenários teatrais, frequentando, rotineiramente, a lista dos melhores do ano. Intensificou também a sua atividade de capista de discos e fotógrafo.

Um resumo da personalidade de Joselito foi feito por Terezinha Rubia, filha da vedete Mara Rúbia, frequentadora do Posto 4 em Copacabana: “Ele era suave, delicado, conversava com todo mundo, dia muita piada. Não havia quem não gostasse dele”. Era “uma pessoa que tornava agradável, leve, satírico, com seu bom humor, qualquer lugar”.

Joselito de Oliveira Mattos faleceu em 14 de junho de 1989, aos 65 anos de idade, vitimado por um infarto do miocárdio, no momento em que se submetia a uma cirurgia no coração, no Hospital São Camilo – Unidade Santana, na capital paulista. Foi enterrado no Cemitério Jardim da Saudade, bairro Sulacap, próximo a Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

Faço, por fim, um destaque especial à revista Sesinho que, com O Tico-Tico, foram as minhas primeiras companheiras quadrinizadas. Editada pelo Sesi (Serviço Social da Indústria) entre 1947 e 1960, Sesinho foi fundada pelo Vovô Felício, pseudônimo do mineiro Vicente Guimarães, jornalista, escritor e educador, tio de Guimarães Rosa. Já fizera muito pela literatura infanto-juvenil, a partir da revista Caretinha, em Belo Horizonte, e, em seguida com a publicação Era Uma Vez, também na capital mineira. Com ele, levou suas ideias e seus personagens, como João Bolinha. Impressa no Rio de Janeiro, Sesinho chegou às bancas em dezembro de 1947, com o slogan “A revista da criança inteligente”. Como todo projeto de Vicente Guimarães, era didático e dedicado ao Brasil. Grandes nomes do desenho e dos quadrinhos passaram pelas páginas de Sesinho, entre os quais Ziraldo, Edmundo Rodrigues, Gil Brandão, Fortuna, Ivan Wasth Rodrigues e, claro, Joselito.