10:46DALTON TREVISAN

Casei com uma puta do Passeio Público. Tinha tanto piolho que, uma noite dormia de porre, botei um pó no cabelo dela. Dia seguinte, lavou a cabeça e ficou meia cega.

8:35O silêncio de Ducci

Do Goela de Ouro

Luciano Ducci e seu time de esquerda está quieto demais. Isso fez um adversário pensar que, na verdade, por trás do silêncio, há até uma tentativa de convencer Roberto Requião a sair da disputa  – para não tirar votos, mas que isso é praticamente impossível.

8:29Numa esquina do mundo

Eu acredito que os objetos vivem se divertindo comigo, para me castigar da minha distração. Eu passo boa parte do dia procurando: seja o pente, os óculos, a piteira, às vezes mesmo os fios de meus pensamentos. Já me ocorreu perder minha alma, numa esquina do mundo. (Vinicius de Moraes)

7:49Moro nas amarelas

O senador Sergio Moro é o entrevistado das páginas amarelas na nova edição da revista Veja. Na última pergunta admitiu ser candidato ao governo do Paraná em 2026 porque, ressalta, “não vai deixar o estado cair nas mãos do PT ou aliados”. Na penúltima descartou ser candidato à presidência e disse que o país tem nomes que se apresentam para tal, mas citou apenas Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que pertence ao seu partido, O União Brasil. Ratinho Junior? Pelo jeito, não passou pelo pensamento do senador. Isso é política!

7:27Uma PEC sem-vergonha

por Hélio Schwartsman, na FSP

Proposta de anistia a partidos por infrações eleitorais desgasta a democracia

Se fizermos uma pesquisa entre cientistas políticos perguntando qual é o princípio mais fundamental das sociedades civilizadas, são grandes as chances de que a resposta majoritária seja “o império da lei” (“rule of law”), a noção de que todos, incluindo governantes e legisladores, estão sujeitos às mesmas leis.

É o que assegura um mínimo de igualdade entre os cidadãos e previne o exercício arbitrário do poder. De forma mais pragmática, é o que possibilita um mercado razoavelmente competitivo de ideias, que tem favorecido os avanços tecnológicos e o aumento da produtividade econômica.

É contra esse império da lei que nossos congressistas conspiram ao aprovar a chamada PEC da Anistia. A proposta já passou pela Câmara, mas ainda pode ser barrada no Senado. A PEC é uma maldisfarçada licença para que os partidos políticos violem regras eleitorais.

A proposta perdoa irregularidades variadas cometidas pelas legendas, notadamente o descumprimento de cotas de financiamento para candidaturas minoritárias. O detalhe perverso é que a maior parte das normas violadas são leis aprovadas por representantes desses mesmos partidos (a outra parte são determinações da Justiça Eleitoral, que obviamente também precisam ser obedecidas).

O apoio à PEC foi bem ecumênico. Irmanou legendas antípodas como o PT de Lula e o PL de Bolsonaro. Apenas o Novo e o bloco PSOL-Rede se posicionaram contra a proposta, que passou na Câmara pelo elástico placar de 344 contra 89.

Como eu já disse aqui, a aprovação dessa anistia representará uma tripla canelada na democracia. De um só golpe, os parlamentares conseguem desmoralizar a ideia de que leis devem ser cumpridas, esvaziar a autoridade da Justiça Eleitoral e trazer ainda mais descrédito para a imagem do Congresso.

Até crianças da 5ª série sabem que o jogo de futebol só funciona se todos concordarem em seguir as regras sem recorrer a artimanhas.

7:21Cronicaforista

de Carlos Castelo

Minha frase favorita é a que eu ainda não consegui fazer. Afinal, um pensamento maiúsculo é sempre minúsculo. E os aforismos são como absinto: é preciso apreciá-los aos poucos.
Pedir para explicar um aforismo é ainda pior do que pedir para recontar uma piada. Qualquer um pode fazer um aforismo, mas poucos conseguem fazer um buquê de pensamentos. Mais: a caneta não faz a oração, nem com reza braba. Teclados produzem dígitos e letras, não reflexões. Nem toda máxima é o máximo.
O bom aforismo parece efêmero, mas é eterno. A Bíblia, por exemplo, é uma porção de aforismos cercada de citações por todos os lados. Não existe frase antiga, existe frase mal-feita. As de hoje são como as do passado, com a diferença de que um computador as criou. A boa frase, por fim, não é a que faz pensar, mas a que faz parar o pensamento.
O aforismo, nós sabemos, é o território do imprescindível. Quando a margem de manobra da oração é limitada, ou ora-se ou obra-se. Porque a máxima é que nem o lingerie: sem concisão, perde a graça. Escrever é cortar palavras e pretensões. E é sempre bom lembrar: quando não há nada a ser escrito é que se deve escrever.
Sim, a classe média é feita de frases feitas. Porém, se apresentar como autor de estultilóquios não faz de ninguém um erudito. Hoje, o maior predicado de um sujeito é ser oculto. E a única forma de viver é sendo hipócrita como esta frase.
“Faça-se a luz!”. E a luz foi feita”. Entendeu por que os aforismos são mais eficientes do que os tratados? A boa máxima deve ser mínima. Por essas e outras é que o aforista é um filósofo portátil. Afinal, o que as palavras querem ser é Via Láctea. E, para o verdadeiro aforista, fazer frases não é uma fase. Dê uma palavra a um aforista e ele não moverá o mundo, mas o comoverá.
Agora, se tem uma coisa que me tira a inspiração é uma frase inspiracional. A palavra é o oposto do dinheiro: quanto menos você usa, maior o poder de fogo. O peso de um epigrama não se mede em gramas. E a boa citação não cita.
Hipócrates curou mais gente inventando os aforismos do que clinicando. Por isso, os maiorais temem as menores frases.

(Publicado no O Dia e Tempos Crônicos)

 

16:25Retrato

de Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

15:22Enquanto isso, no fervo das campanhas…

Do Analista dos Planaltos

A estratégia que vinha sendo construída cuidadosamente pelos crânios do Centro Cívico em torno da pré-candidatura de Eduardo Pimentel (PSD) balançou nos últimos dias.

Ney Leprevost (União) não sucumbiu às pressões e resolveu bater o pé: declinou do convite para ocupar a poderosa 1º secretaria da Assembleia e viajou a Brasília para anunciar a candidatura com o apoio do diretório nacional e do senador Sergio Moro, esse de olho em 2026.

Paulo Martins (PL), o vice ideal para Pimentel na visão dos marqueteiros do Palácio Iguaçu, estaria em dúvida e fala-se que vem sendo estimulado por emissários de Brasília para ser o candidato do bolsonarismo em Curitiba. O retorno de Ratinho Junior vai resolver isso.

Enquanto a turma da direita divide espaço e bate-cabeça, o pré-candidato Luciano Ducci (PSB) vem alinhando os partidos da base de Lula e deixou praticamente certa a vice para o deputado Goura (PDT).