11:25As cataratas do governador

Do enviado especial

Sobre o futuro museu em Foz do Iguaçu, o governador Ratinho Junior falou o seguinte: “Arrisco dizer que o Museu George Pompidou em Foz do Iguaçu é quase que a mesma importância que uma cataratas tem hoje para o Paraná e para o Brasil”. Então, tá!

10:39Familiar

O Gaiato da Boca Maldita acha que no primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Curitiba vai ficar escrachado o ambiente familiar. “Será como numa reunião de condomínio de luxo”, acredita.

10:31JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

No cartaz em que o governo do Paraná anuncia o Museu Internacional de Arte de Foz do Iguaçu, uma parceria com o Centre Pompidou, de Paris, aparece a Torre Eifel e, embaixo, as cataratas (ver abaixo). Nada do museu original, que tem uma arquitetura mais que modernosa com seus tubos à mostra. Nessa onda,  fazer  uma réplica da Eifel até que não seria má  ideia. Las Vegas tem isso e muito mais cópias. Motivo: logo Foz do Iguaçu terá um mar de cassinos com a liberação tramada em Brasília. Já poderia começar a concorrer com a cidade da jogatina no meio do deserto. Continue lendo

9:47NELSON PADRELLA

Sonhe com os zelotes, que são os guardiões de Deus. Deus precisa de guardiões porque é muito bobinho e vai na onda desses falcatruentos que se alimentam de pix. Pix com aliche, pix margheritta, pix quatro queixos…

9:30Vale do Jucá

de Siba

Era um caminho quase sem pegadas
Onde tantas madrugadas folhas serenaram
Era uma estrada, muitas curvas tortas
Quantas passagens e portas ali se ocultaram

Era uma linha, sem começo e fim
E as flores desse jardim, meus avós plantaram
Era uma voz, um vento, um sussurro
Relampo, trovão e murro nos que se lembraram

Uma palavra quase sem sentido
Um tapa no pé do ouvido
Todos escutaram
Um grito mudo perguntando aonde
Nossa lembrança se esconde
Meus avós gritaram

Era uma dança
Quase uma miragem
Cada gesto, uma imagem dos que se encantaram
Um movimento, um traquejo forte
Traçado, risco e recorte
Se descortinaram

Uma semente no meio da poeira
Chã da lavoura primeira
Meus avós dançaram
Uma pancada, um ronco, um estralo
Um trupé e um cavalo
Guerreiros brincaram

Quase uma queda, quase uma descida
Uma seta remetida, as mãos se apertaram
Era uma festa
Chegada e partida, saudações, despedidas
Meus avós choraram

Onde estará aquele passo tonto
E as armas para o confronto, onde se ocultaram?
E o lampejo da luz estupenda que atravessou a fenda
Que tantos enxergaram
Ah se eu pudesse, só por um segundo
Rever os portões do mundo que os avós criaram

8:42A vida dupla de Adônis

por Carlos Castelo

De acordo com a mitologia grega, o jovem e belo Adônis foi morto por um javali. Após a tragédia, passava metade do ano com Afrodite no mundo dos vivos e a outra metade com Perséfone abaixo da terra. O submundo grego era acessível apenas por cavernas ou através de rios. Tratava-se de um lugar sombrio e silencioso, onde as almas dos mortos levavam uma existência monótona. A luz do sol nunca alcançava o chamado reino de Hades.

Quando Adônis estava com Afrodite, a terra florescia e era fértil (primavera e verão), e quando ele estava com Perséfone no submundo, a terra ficava estéril e fria (outono e inverno).

Ao saber dessa história, me perguntei: e se a divisão dos casais acontecesse hoje?

PERSÉFONE E ADÔNIS

– Essa alegria toda, Adônis, é por que falta uma semana pra primavera, não é?

 – Como assim, Sessé? Alegria, eu? 

 – Alegria, sim, senhor. E, além disso, não vai à pia lavar uma louça faz um tempão, hein?

 – Desculpa, amor, estava formatando o laptop para curtir uns games novos lá no mundo dos vivos.

 – Videogame? Ah, vá…Pensa que acredito que vai jogar enquanto está com a Afrodite?

 – Não começa com a ciumeira, por favor.

 – Ih, meu filho, eu sou mais eu! Só não gosto que me enrolem com conversinhas.

 – A gente não tinha combinado de não mencionar meu período off?

 – Período off, que nome mais ridículo. O certo seria dizer: os seis meses que você passa com a outra, Adônis.

 – Relaxa, meu bem, isso tudo é coisa da Assembleia dos Deuses. Por mim, a vida seria só Perséfone, outono e inverno. O resto é anedota do Diógenes.

 – Jura?

 – Juro por Zeus.

 – Ah, meu javalizinho, vem cá, vem…

AFRODITE E ADÔNIS

– Outono taí, Adônis.

 – É mesmo? Puxa, nem me liguei, Didi.

 – Também, passou quase um semestre jogando Mario Bros…

 – Exageraaaada!

 – Realista, apenas realista.

 – Nem vem. Continue lendo

7:29Ocupado

No meio da disputa de Ducci e Requião para ter o PDT de Goura como aliado, alguém sugeriu a Beto Richa que ele telefonasse para o deputado estadual. Sabe-se apenas que na primeira tentativa deu ocupado.

7:08Código de Ética do STF: regras

por Conrado Hübner Mendes, na FSP

Deveres e limites para o antes, o durante e o depois do mandato

Princípios gerais de ética judicial poderiam dar conta de disciplinar conduta de ministros do STF. Seus significados, afinal, já se estabilizaram nos costumes judiciais de democracias pelo mundo. Num ambiente magistocrático, dedicado a escapar de interpelação ética, regra mais detalhada traz clareza sobre o lícito e o ilícito.

Códigos de ética se preocupam com o antes, o durante e o depois. O que um jurista fez antes do mandato não deve afetar a integridade do que fará como ministro; o que fizer depois do mandato não deve afetar a integridade do que fez como ministro.

Regra de entrada: “Ministro egresso da advocacia deve encerrar atividades de seu escritório, sendo vedado transferir carteira de clientes a parentes em até segundo grau”.

Regra de saída: “Ministro que se aposenta do STF deve cumprir quarentena de dois anos para ingressar na advocacia. Não deve advogar para clientes sobre os quais já tomou decisão quando ministro. Ex-ministro não deve gozar, quando na advocacia, de privilégios no tribunal”.

Quanto ao que fazem no curso do mandato, ministros se sujeitam a regras de três tipos: as que disciplinam o relacionamento com advogados, atores políticos e econômicos, parentes, imprensa ou esfera pública, e todo tipo de recurso privado material ou imaterial; as que regulam sua postura nas decisões de procedimento; as que regulam sua postura na tomada de decisões de mérito.

“Ministro deve levar conflitos de interesses a sério, evitar eventos de lobby disfarçados de encontro social ou acadêmico na presença de advogados, empresários e atores políticos que, por definição, têm interesses presentes e futuros no STF”; “ministro deve se declarar suspeito quando decide casos em que parente em até segundo grau se beneficie como advogado”; “ministro deve dar transparência a sua agenda”.

“Ministro não deve falar em off com repórteres que lhe oferecem o microfone da intriga, do recado e da fofoca”; “ministro não deve emitir juízos prévios de constitucionalidade”; “ministro deve ter compostura no seu comportamento público, nas suas falas e gestos”.

“Ministro não deve aceitar doações, presentes e mimos de atores privados”; “viagens, traslados, hospedagens, refeições e férias pagas por terceiros se enquadram no conceito de ‘doações’”; “ministro não deve frequentar espaços e grupos que comprometam a institucionalidade de sua função”.

Sobre a postura na tomada de decisões de procedimento:

“Ministro deve respeitar a dignidade das partes e de todos os atores que atuam numa causa do tribunal, sem discriminar arbitrariamente quaisquer deles”; “a discricionariedade procedimental exige um juízo prático justificado e não arbitrário”; “ministro não deve obstruir casos por meio de pedido de vista. Pedidos de vista devem ter fundamentação específica e concreta, não motivação genérica”.

Sobre a postura na tomada de decisões de mérito:

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6:57Tiro na orelha

por Célio Heitor Guimarães

O nosso ensandecido Bozo está fazendo escola. E Donald Trump ganhou o seu Adélio Bispo. Só que nos States o pistoleiro tirou apenas uma casquinha da orelha direita do topetudo e foi morto pelas forças de segurança. Sabe-se que, lá, nesses casos, não se deixa atirador vivo.

Thomas Matthew Crooks, 20 anos, engenheiro recém formado, teria sido o autor do disparo em Trump. Utilizou um fuzil AR-15 semiautomático, comprado por um familiar. Ele era filiado ao Partido Republicano de Trump.

Ao condenar o atentado, o atual presidente Joe Biden afirmou que nos EUA as divergências são resolvidas nas urnas e não pelas armas. Nem sempre é assim, excelência. Remember Lincoln, Garfield, McKinley, Roosevelt, Kennedy e Regan.

Ainda não se sabe quais serão os efeitos do(s) disparo(s) de Crooks no pleito eleitoral norte-americano. De todo modo, há diferenças entre o facada de Adélio Bispo no abdômen do Bozo e o disparo de Crooks. Uma delas: o tempo. Ainda faltam mais de três meses para as eleições americanas, enquanto que a facada brasileira ocorreu praticamente às vésperas das eleições locais. Outra: Bozo era uma figura praticamente desconhecida, com uma carreira militar desabonadora e uma trajetória política obscura. A facada de Adélio deu-lhe visibilidade nacional e atraiu para sua controvertida figura a simpatia e a comoção dos eleitores.

Há ainda uma terceira diferença entre as eleições americanas e brasileiras, lembrada pelo cientista político e colunista de CartaCapital Josué Medeiros: “No Brasil, o antipetismo da direita abriu uma avenida para a extrema-direita”. E alavancou o golpista JMB.

Por enquanto, nos EUA, as reações ao atentado têm sido desencontradas. Enquanto a turma da esquerda descrevem-no como “uma operação falsa, encenada para fazer Trump parecer invencível e reforçar suas perspectivas eleitorais”, o pessoal da direita atribui o ato a “um complô interno”.  

A verdade é que, em terras de Tio Sam, o grande eleitor de Trump chama-se Joe Biden. O candidato democrata é mil vezes melhor do que o adversário republicano, mas tem sofrido com a senilidade. E isso não foi só constatado no debate presidencial de junho, mas no dia-a-dia do presidente. Os casos mais recentes ocorreram quando ele apresentou o presidente Zelensky, da Ucrânia”, como “presidente Putin” (da Rússia), e quando chamou a sua vice-presidente Kamala Harris de “Trump”.

Diante disso, talvez nem precisava a ação de Matthew Crooks.

Agora, com todo o respeito, que Donald ficou uma gracinha ao posar de vítima com um mimoso curativo na orelha direita, na convenção do Partido Republicano, isso ficou!

 

 

17:14Viver sem mim

de Jamil Snege

Conserva-o assim, Senhor.
Mesmo que ele me atrapalhe,
mesmo que
me obrigue a ceder
no momento em
que preciso ser duro e inflexível,
conserva-o comigo.
E se um de nós não voltar,
Senhor, que seja eu – não ele.
Posso viver bem melhor
sem mim.