8:05JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Com 11 candidatos a prefeito em Curitiba, eles poderão gastar cerca de R$ 160 milhões na corrida eleitoral. É uma dinheirama que, logo após o resultado oficial apontando o vencedor, vai para aquele departamento de esquecimento com a desculpa de que faz parte do jogo homologado pela lei.

 

7:41No início da semana

Ninguém duvida que o candidato do PSD à prefeitura de Curitiba no mínimo vai para o segundo turno com o apoio do governador e do atual prefeito. As pesquisas divulgadas até agora reforçam isso. A novela sobre quem vai ser o vice, que envolve também o apoio de mais partidos à chapa, será resolvida nessa semana. Palavra de quem está no comando da campanha. “Ainda estamos em conversa, mas no início da semana vamos decidir”.

7:30República de Curitiba

Em 2014 alguns çábios poderosos espetaram grampos na cela do contraventor Alberto Youssef. Foram descobertos e denunciados. Em vão. Passados dez anos, a defesa do cidadão conseguiu o acesso a 210 horas de conversas. Mais uma cruz para ser carregada pelo doutor Sergio Moro e sua equipe de voluntariosos procuradores. Só falta que do funeral da Lava Jato saia mais um herói, o doutor Youssef. (Elio Gaspari)

7:20O melhor marqueteiro do universo

por Ricardo Araújo Pereira, na FSP

O Senhor forneceu a Trump o máximo de martírio com o mínimo de dano

Segundo Donald Trump, “foi Deus que impediu que o impensável acontecesse”, no atentado de que foi alvo. Ou seja, foi o Criador que evitou que a bala do atirador trespassasse Trump, o que seria impensável, fazendo com que ela fosse antes atingir um antigo bombeiro, cuja morte é bastante mais pensável.

Deus, nos intervalos de governar o universo, acompanha as eleições americanas, provavelmente através da Fox News, e não deixou que o candidato republicano fosse abatido a tiro. Em 1914, Deus não interferiu no homicídio do arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo, e em 1963 não objetou a que Kennedy fosse assassinado, em Dallas.

Mas, desta vez, o Senhor resolveu salvar a vida de um candidato presidencial. No entanto, Deus fez muito mais do que isso: montou a maior operação de marketing político da história.

A campanha que Ele concebeu é excelente — e, tendo em conta o que um bom marqueteiro político costuma auferir, barata. Ao permitir que a bala raspasse na orelha de Trump, o Senhor forneceu-lhe o máximo de martírio com o mínimo de dano.

Trump pode dizer que levou um tiro, que sobreviveu a uma tentativa de homicídio, que derramou o seu sangue. O preço a pagar por isso foi: uma feridinha na orelha.

Eu já tive lesões mais graves a jogar futebol com os amigos. Mas Deus quis fazer de Trump uma vítima sem lhe infligir sofrimento significativo. Curiosamente, este tem sido um procedimento habitual do Senhor.

Toda a vida de Donald Trump tem decorrido exatamente assim: ele obtém o maior benefício despendendo o menor esforço. Trump começou com uns milhões de dólares oferecidos pelo pai, e quase não paga impostos sobre os rendimentos que tem.

Os escândalos em que se envolve não o beliscam, e nem sequer as condenações em tribunal o afetam. Em princípio, Deus tem tido um papel crucial em todas essas peripécias. E agora esta extraordinária ação de campanha eleitoral.

Trump, fazendo jus à sua inclinação para afirmações categóricas, pode dizer que foi vítima do melhor atentado de sempre. Um centímetro mais para a esquerda e Trump teria sido tanto uma vítima de atentado como todos os espectadores ali presentes. Seria apenas uma pessoa junto da qual uma bala tinha passado. Um centímetro mais para a direita e teria morrido.

É como se o Senhor estivesse a protegê-lo por ter um plano para ele. Fico mais descansado. Talvez isso signifique que a eleição de Donald Trump seja, no entender de Deus, a maneira mais eficaz de evitar uma guerra nuclear.

Ou então faz tudo parte de uma estratégia para cumprir o que vem escrito no livro do Apocalipse. Seja como for, Deus parece saber o que está a fazer. Haja alguém.

16:17O União aposta no segundo turno

O deputado federal Felipe Francischini, presidente estadual do União Brasil, aposta firme que Ney Leprevost, candidato do partido a prefeito de Curitiba, vai para o segundo turno – e com chances de ganhar. Não diz quem será o adversário, mas fica claro que é Eduardo Pimentel, mesmo porque o grupo do PSD fez de tudo para tirar Leprevost da disputa. “No primeiro turno, o peso dos partidos, da máquina, do tempo de TV é muito grande. Mas no segundo turno é dez minutos diários para cada um (na propaganda eleitoral). A máquina consegue levar até um determinado ponto para a pessoa ficar conhecida, só que no segundo turno é ‘tête-à-tête’, candidato a candidato”, analisou. Isso é campanha!

12:47JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Nas próximas duas semanas acontecerão acordos e desacordos nos bastidores das campanhas para prefeito de Curitiba. Para o povão que elege não vai mudar nada. Os principais titulares serão os mesmos que estão aí mostrando a cara sem inteligência artificial.