10:56J. Borges, adeus

Da FSP

Morre J. Borges, poeta e artista considerado mestre da xilogravura, aos 88 anos

Poeta só frequentou a escola por um ano e foi carpinteiro e pedreiro antes de se encantar com arte com as histórias do pai

O artista plástico e poeta J. Borges morreu na manhã desta sexta-feira (26), aos 88 anos, em Bezerros, cidade onde nasceu, no Pernambuco.

Segundo a comunicação do Memorial J. Borges, que cuida de sua obra, o artista, que já tinha problemas cardíacos, foi internado na semana passada para receber medicações para o coração, mas logo teve alta. Ontem, o artista chegou a visitar seu ateliê e parecia estar bem. Na manhã desta sexta-feira, o enfermeiro que o acompanhava estava com ele quando seu coração parou, pouco antes das 7h.

Borges será velado amanhã (27), no Centro Artesanal de Pernambuco, em Bezerros, próximo localizado na Rodovia Luiz Gonzaga, a BR-232. O horário ainda será confirmado.

José Francisco Borges nasceu em 1935 na zona rural de Bezerros, a 100 km da capital Recife. Borges só frequentou a escola por um dez meses, aos 12 anos, quando aprendeu a ler, e foi carpinteiro, pedreiro, mascate, pintor de parede e oleiro antes de se apaixonar pela arte. Ele atribuía às histórias de seu pai, um agricultor, a origem do seu interesse pela poesia de cordel.

“O cordel era o jornalismo dos sítios, pois só os comerciantes ricos e os fazendeiros tinham rádio. Quando fui para a escola, meu intento era ler cordel”, disse em uma entrevista à Folha em 2023.

Nos anos 1950, ele compra um lote de folhetos de cordel e vendê-los em feiras populares. Em 1964, Borges escreve seu primeiro folheto, “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”, grande sucesso que vende cinco mil exemplares em dois meses.

Sem ter quem ilustrar seu segundo cordel, “O Verdadeiro Aviso de Frei Damião sobre os Castigos que Vêm”, Borges produz sua primeira xilogravura, inspirada na fachada da igreja de Bezerros.

“Eu fazia umas gravuras muito tronchas. E pensava: “Só podem comprar por gozação, porque isso é muito malfeito”. Depois conheci outros artistas primitivistas e descobri que arte moderna é essa loucura. Arte popular também podia ser feita daquela maneira. Se fizesse bem feito, ninguém ia gostar.”

Ele então adquire máquinas tipográficas e começa a editar folhetos de outros autores.

Nos anos 1970, as encomendas de J. Borges começam a aumentar, e ele passa a fazer ilustrações não só para cordéis. O artista cria a gráfica Casa de Cultura Serra Negra e passa a ensinar a xilogravura para seus filhos, como o também artista J. Miguel, e para outros interessados.

Na década seguinte, seu trabalho começa a ganhar reconhecimento formal. Em 1990, ele ganhou a medalha de honra ao mérito da Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Em 1999, ganhou outra insígnia de honra, dessa vez do Palácio do Planalto, em Brasília, e foi nomeado Patrimônio Vivo Imaterial de Pernambuco, título que o rendeu uma bolsa vitalícia que possibilitou a criação do Memorial J. Borges.

Entre suas láureas, estão ainda a Ordem do Mérito Cultural do Brasil e a oportunidade de ilustrar obras de José Saramago, Eduardo Galeano e os Irmãos Grimm.

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10:14JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Em Paris os aloprados de sempre sabotaram as estações de trem no dia da abertura dos Jogos Olímpicos. No Brasil não aconteceria isso porque a sabotagem existe, de longa data, mas é do do próprio sistema ferroviário sucateado.

 

9:53Na boa, mas de olho em 2026

Na prefeitura de Curitiba gente próxima ao prefeito Rafael Greca jura de mãos postas que ele aceitou na boa a unção de Paulo Martins como vice na chapa de Eduardo Pimentel. Pode ser tudo, pode ser nada, mas se aconteceu isso, Greca pensou primeiro em 2026, quando vai querer suceder o governador Ratinho Junior, o avalista de seu ex-assessor especial do PL.

9:40Programa Mais Cargos

Da coluna de Leandro Mazzini, no O Sul

A esposa de um importante deputado do PT é funcionária comissionada dos Correios, com um alto salário. Até aí, praxe do cabide de empregos de Governos. O porém é que a madame circula como rainha, dizem colegas, e tem mandado mais que um gerente e diretor. Isso incomoda muita gente lá dentro.

8:17Para não deixar dúvida

Para não deixar dúvida, o Cidadania de Curitiba reuniu ontem a Executiva Municipal e reafirmou apoio a Eduardo Pimentel (PSD) na eleição para prefeito de Curitiba. O partido, aliás, foi o primeiro a fazer isso no começo do ano. Isso é campanha!

 

7:44O general de Foz vai a Bolsonaro

O general Silva e Luna, ex-diretor da Itaipu e presidente da Petrobras, voa hoje cedo para Porto Alegre onde vai se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro. O retorno será no fim do dia. Ele é pré-candidato a prefeito de Foz do Iguaçu pelo PL e vai conversar com o “capitão” sobre o fortalecimento do partido no município e também a estratégia para a campanha. Luna também deve convidar Bolsonaro para retornar à cidade que tanto visitou durante o mandato presidencial. O general ficou em segundo lugar na mais recente pesquisa divulgada. Foz é um dos berços do bolsonarismo no Paraná. Isso é política!

 

7:34Altar para Marta

O passe de Marta para o gol de Gabi Nunes, na vitória do Brasil contra a Nigéria, e a bola que mandou na trave num chute sem ângulo da ponta esquerda, fizeram a população de Dois Riachos, no interior de Alagoas, pensar em erguer um altar para a riachense que colocou aquele paupérrimo município de 11 mil habitantes no mapa do mundo.

7:26Pesquisa suspensa

Da assessoria de imprensa do PP

Justiça aponta irregularidades e suspende divulgação da pesquisa Linear em Curitiba

A juíza eleitoral Giani Maria Moreschi concedeu liminar impedindo a divulgação da pesquisa do instituto Linear em Curitiba. A decisão foi publicada nesta quinta-feira(27), a divulgação da pesquisa estava marcada para a segunda-feira (29).

A liminar foi solicitada pelos advogados do Partido Progressistas que apontaram vícios no questionário ao excluir de forma aleatória quatro pré-candidatos das pesquisas estimuladas. A pré-candidata Maria Victoria aparecia em apenas um dos cenários levantados.

Segundo a magistrada, “está demonstrado pela presença de vícios no registro da pesquisa que comprometem sua legalidade e confiabilidade”. Continue lendo

7:25Despoluição

Hoje o país vai para ver a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. O Rio Sena despoluído será uma dose televisiva de esperança os brasileiros que acreditam que o Brasil é um país sério. Se Rebeca Andrade ganhar medalha de ouro com o novo salto que pode ser batizado com nome dela, pra que imaginar uma despoluição geral da nossa exuberante e sofrida natureza – e no comportamento geral de quem recebe o aval da ninguenzada nas eleições para tratar o país com dignidade? Mais fácil é ficar ligado na Globo – e seja o que Deus quiser.

7:05Paris simboliza o mundo

por PVC, na FSP

Nas duas semanas de Olimpíadas, a palavra-chave não é vitória, é solidariedade

O rio Sena divide Paris. A margem direita, “rive droit”A esquerda, “rive gauche”.

O mundo não se baliza assim, ou pelo menos não deveria.

Na Assembleia Nacional, durante a Revolução Francesa, os jacobinos sentavam-se à esquerda do Parlamento e os girondinos, à direita.

A Paris do rio Sena divide-se entre sul e norte, não de forma tão caótica quanto o túnel Rebouças segrega a população do Rio de Janeiro.

A cerimônia de abertura dos 33º Jogos Olímpicos acontecerá na noite parisiense desta sexta-feira (26), pela primeira vez fora de um estádio, e de forma inédita com delegações embarcadas no Sena.

À margem direita, se verá a Torre Eiffel e sua imponência. O Jardim de Luxemburgo, a Sorbonne, o Musée des Invalides, a região mais cara da cidade mais charmosa.

À margem esquerda, a avenida Champs-Élysées. Um plebeu em São Paulo chamou um bairro paulistano, quase homônimo, de Campo dos Elíseos, em vez de Campos Elíseos.

Não, não… Esqueça Tarcísio de Freitas.

Voltemos a Paris.

A Cidade Luz é suficientemente luminosa, para não ser separada entre sua margem esquerda e direita, embora se saiba que o rive droit tem os hotéis mais caros e os restaurantes mais refinados. Tudo poderia ser assim, iluminado, não dividido.

Mas é.

Se você teve a sorte de viajar à França, aterrissou no aeroporto Charles de Gaulle e pegou o metrô, em vez de entrar num uber, entendeu a diversidade como característica da França de hoje. É na capital dos franceses que vivem descendentes de marroquinos, argelinos, senegaleses, congoleses, ganenses, camaroneses, negros, brancos, árabes e judeus.

Aqueles que a música preconceituosa da seleção argentina chamou de angolanos.

São franceses de fato, direito e orgulho.

No Brasil, você talvez também já tenha ouvido dizer que Zidane é argelino. Nasceu em Marselha, é ídolo de quem vive a França e sobrevive ao preconceito.

A abertura dos 33º Jogos Olímpicos é um símbolo. O Sena mostrará muito mais do que a divisão entre sua margem esquerda e direita, a necessidade de pensar sobre convivência, tolerância, empatia.

Também sobre o meio ambiente que só nos permitirá viver mais alguns séculos sobre ele se conseguirmos respeitá-lo, o que também significa nos respeitar uns aos outros, independentemente de cor, credo, orientação sexual e condição social.

A razão não está à esquerda nem à direita, mas no meio do rio, em que a prefeita de Paris mergulhou nesta semana. O Sena não era tão saudável havia 108 anos e não é que já seja totalmente confiável. É que vale o símbolo de mergulhar nas questões sociais e ambientais.

Nas quadras, campos, pistas e piscinas, o Brasil tenta repetir seu crescimento, depois de suas duas melhores participações nos Jogos, no Rio (19 medalhas, 7 de ouro) e Tóquio (21 totais, 7 de ouro).

A 12ª colocação no quadro de medalhas contrasta com a 89ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O sonho de ser um país olímpico só será realizado quando o esporte estiver nas escolas e 100% dos brasileiros tiverem acesso a elas.

Não exclui que, nas próximas duas semanas, o país comemore resultados expressivos no iatismo, judô, surfe, skate, vôlei de praia, no vôlei, que torça pelo basquete, representado pelos homens e pelas mulheres, e no futebol, bicampeão ausente no masculino e que sonha voltar ao pódio no feminino após 16 anos sem sucesso.

Nestas duas semanas, a palavra-chave não é vitória. É solidariedade.

É o grande valor dos Jogos.

Não é o Sena que divide Paris. A falta de empatia é que separa o mundo.