6:11Moro, a exigência e o jogo do bicho

Para apoiar o deputado estadual Tiago Amaral, do PSD, na disputa pela prefeitura de Londrina, o senador Sergio Moro, do União Brasil, exigiu a criação de um “departamento de combate à corrupção e compliance”. Um venenoso do Centro Cívico ficou espantado: “Ele quer uma divisão anti-roubo na prefeitura, mas votou a favor do Jogo do Bicho e Cassinos no Brasil!”.

5:53O observador

por Demétrio Magnoli, na FSP

Enviado por Lula à Venezuela verificará se Maduro é capaz de aceitar derrota eleitoral

Maduro prometeu vencer as eleições “por bem ou por mal”. A Venezuela é uma ditadura singular, descrita pelo ditador como “união cívico-militar-policial”. Faltou esclarecer que a “união” é gerida por uma máfia cleptocrática apoiada na intimidação, na violência e em extensas redes de clientelismo. Celso Amorim, enviado por Lula, observará se o regime é capaz de aceitar, por bem, a derrota eleitoral avassaladora indicada pelas pesquisas.

O chavismo nasceu das urnas, numa revolução nacionalista pacífica concluída pela Constituição de 1999. Nela estavam as sementes da lenta transição da democracia representativa à democracia plebiscitária, ou seja, à tirania da maioria. Foi isso que Lula caracterizou, com uma ponta de inveja, como “democracia até demais”.

Na etapa inicial, Chávez representava a maioria, utilizando-a para enfeixar poderes crescentes, subordinando o Judiciário, as forças armadas, o serviço público e os veículos de comunicação. À sombra do ciclo internacional de commodities, o petro-regime chavista conservou a hegemonia social sem recorrer à violência sistemática. Lula ofereceu-lhe amparo político e diplomático, tornando-se cúmplice da longa operação de erosão democrática.

O encerramento do ciclo econômico e a morte de Chávez, em 2013, inauguraram a era Maduro. O “bolivarianismo” perdeu sua base popular, sedimentando-se como ditadura devastadora. A falência venezuelana tem muitos índices, mas deve ser sintetizada num número: 7,7 milhões, um quarto da população total, fugiram do país na última década, num êxodo maior que o deflagrado pela guerra na Síria.

Nas últimas eleições competitivas, realizadas em 2015, para a Assembleia Nacional, a oposição triunfou com 56% dos votos, contra 38% para o chavismo. Dois anos depois, o regime extirpou a Assembleia de seus poderes, substituindo-a por uma Constituinte oficialista. Maduro decidiu que vencer “por mal” era a única solução. Lula seguiu fiel ao companheiro ditador.

O Acordo de Barbados, firmado entre o regime e a oposição, começou a ser costurado em maio de 2023, quando Lula recebeu Maduro em Brasília. A ditadura cambaleante precisava livrar-se das sanções dos EUA para reativar o setor petrolífero – e prometia, em troca, patrocinar eleições livres. Biden e Lula vestiram o figurino de fiadores diplomáticos do acordo, abrindo a via para o pleito deste domingo (28/7).

Maduro nunca pretendeu honrar o compromisso. Violando-o seguidamente, proibiu o acesso de observadores europeus, vetou a candidatura de Corina Machado e de sua substituta, Corina Yoris, providenciou ordens de prisão contra dezenas de opositores e bloqueou os sites independentes venezuelanos. Cada um desses passos foi admitido, com silêncio resignado ou murmúrios ambivalentes, pelo fiador brasileiro. Contudo, apesar deles, as sondagens sugerem acachapante vitória de Edmundo Urrutia, o discreto diplomata convertido, na hora final, em candidato opositor.

A qualidade distintiva da democracia é a garantia de que os governantes derrotados não enfrentarão a vingança arbitrária dos oposicionistas triunfantes. Ditadores não têm o hábito de ceder o poder pacificamente pois temem a justa punição por seus crimes. É por isso que Maduro proclama a seus associados mafiosos que triunfará “por bem ou por mal”. Se o passado serve como bússola, Celso Amorim, o observador brasileiro, pouco se importa com a segunda alternativa.

Urrutia e Corina Machado descortinaram nos últimos dias, talvez tarde demais, uma proposta de anistia e reconciliação nacional. Os próceres da ditadura enfrentam acusações criminais nos EUA e no TPI. Lula poderia ter usado sua influência na articulação de um perdão internacional aos chefões chavistas, contribuindo para uma transição pacífica. Não o fez, confiando no triunfo de Maduro. Agora, resta-lhe apenas observar.

5:35Abraçado ao meu temor

por Carlos Castelo

Talvez tenha sido a pandemia. Aqueles longos meses dentro de casa. Não sei vocês, mas eu, depois disso, mudei certos hábitos.
Antes, saía bastante. Sempre que era convidado para festas, jantares, casamentos, eu ia. Era uma chance de conhecer pessoas legais, quem sabe até namorar depois. Porém, por questão de segurança, limei os encontros amorosos de vez. Como não pretendo mais sair para locais distantes do meu bairro, nem socializar com ninguém, vendi o carro. Veio-me também a ideia de que, com a quantidade de acidentes no Brasil, eu poderia acabar entrando para a estatística dos mutilados ou mortos.
Resumi também as saídas, a pé, para mercado ou farmácia. Se preciso de mais alguma coisa, peço no Ifood. No início, me dirigia ao Petz ou Cobasi por causa do meu cãozinho, mas o doei. Pretendo me responsabilizar unicamente pela minha existência, não pela de terceiros.
Mesmo as curtas caminhadas diárias me trazem pensamentos desagradáveis. A começar pelo elevador. E se, de repente, ele para e acontece um incêndio no prédio? A solução é descer, e subir, os dez andares pelas escadas de emergência.
Na rua, os sentimentos angustiantes não cessam. Certo dia, mirei o céu e vi a quantidade de fios elétricos; muitos de alta tensão. Pensei no ato: se um deles se solta e me acerta, babau.
Foi a partir dali que comecei a andar olhando para cima o tempo todo. Por vezes, movia rapidamente o pescoço para o nível da calçada, a fim de checar se um poste poderia estar mal enterrado, ou se uma árvore desenraizada oferecia risco de cair sobre mim. Por causa do ritual, demorava quase meia hora para chegar ao local das compras, apesar de serem quase vizinhos ao meu condomínio.
No dia em que assisti na TV o ataque de pitbulls a uma mulher indefesa, comprei um taco de baseball e só ando com ele. Viver só é perigoso para quem não se previne.
Minha prevenção, aliás, fez com que eu assinasse todos os streamings. Salas de cinema, apesar das inocentes pipocas e refrigerantes, são sabidamente perigosas: de possíveis catástrofes a psicopatas atirando na audiência. Amo filmes, no entanto, prezo mais a minha vida.
Estou há mais de dois anos assim. Seria perfeito e seguro, caso eu não desenvolvesse a fobia de me sentir trancado no apartamento. A novidade apareceu numa noite quente, daquelas de El Niño. Eu ressonava no sofá, a TV ligada no Família Soprano. De repente, baixou uma opressão, ficou tudo escuro, eu visualizava apenas um pensamento: e se a fechadura quebrar e não abrir nunca mais?
A aflição foi tamanha que agora escrevo este texto, em posição fetal, num cantinho do lavabo. Só sei que estou vivo por causa das dúzias de mensagens de telemarketing pelo celular oferecendo empréstimos, internet via fibra e Jogo do Tigrinho. Às vezes, o lado bom da vida vem de lugares absolutamente detestáveis.
(Publicado no Estadão)

18:45JAMIL SNEGE

Para onde vai o canto,
depois que os
lábios se fecham?
Para onde vai a prece,
depois que o coração silencia?
E os rostos que amamos
para onde vão, senhor,
depois que nossas
pupilas se transformam
em gotas de lama?
Ontem vi uma andorinha
que devia ter uns
cinco milhões de anos.
Será que eu também
sobreviverei
ao que restar de mim?

18:40Moro com Leprevost

Assim veio:

O senador Sergio Moro (União Brasil/PR) irá conceder entrevista à imprensa, nesta segunda-feira (29), às 15 horas, para anunciar apoio político nas eleições de 2024 no Paraná.
Na oportunidade, estará presente o pré-candidato do União Brasil a prefeitura de Curitiba, Ney Leprevost, que também concederá entrevista.

13:36Paraná nas páginas

Dois tijolaços da revista Veja sobre o Paraná:

  • CNJ apura suspeita de venda de decisões no Tribunal de Justiça do Paraná. Investigação da Polícia Civil também apontou indícios de antecipação de votos de desembargador e orientação jurídica para uma das partes, o que é ilegal.*
  • Disputa em Foz do Iguaçu começa com acusações de interceptações telefônicas ilegais e disputa entre os candidatos favoritos. Ambos são aliados do ex-presidente Bolsonaro.**

* Nomes envolvidos e revelados pela revista: desembargador Tito Campos de Paula e o assessor Jean Carlos Pereira.

** Denúncia feita por Paulo Mac Donald. Seu adversário direto é o general Silva e Luna.

11:04A convenção do União Brasil de Leprevost

Da assessoria de imprensa do União Brasil

O União Brasil confirmou para a próxima quinta-feira, dia 01 de agosto, a convenção que vai aclamar o deputado estadual Ney Leprevost como candidato da legenda a prefeito de Curitiba. O encontro, que contará com as principais lideranças do partido, pré-candidatos a vereador e demais filiados, será realizado na sede do União Curitiba, localizada no Campo Comprido.

“O que já está bom, nós vamos melhorar ainda mais. Os desafios que não foram enfrentados pela atual gestão nós iremos encarar com eficiência, solidariedade e criatividade”, afirmou o pré-candidato Ney Leprevost. Continue lendo