7:59Ninguém perguntou, mas eu respondo

de Carlos Castelo

GOSTO

1. Das minhas crônicas e aforismos.
2. De vinho.
3. Filme de terror barato.
4. Feijoada.
5. De criança que é criança de verdade.
6. Canetas.
7. Música de cantautor.
8. Do sotaque maranhense.
9. De mulher bonita.
10. De piada inteligente.

DETESTO

1. Fila.
2. Check-in.
3. Criança precoce.
4. Truculência.
5. Lavar louça.
6. Bebida doce.
7. Sujeitos hipócritas.
8. Ir ao médico.
9. Salada.
10. Peça infantil.

7:43JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Se Rosangela Moro for anunciada como  vice de Ney Leprevost amanhã, Deltan Dallagnol, que apoia Eduardo Pimentel, vai ter de combinar com o seu parça Sergio Moro um distanciamento maior do que o espaço que há entre Paranaguá e Foz do Iguaçu.

7:38Moro e o coronelismo

Sergio Moro já quis se candidatar a presidente da República e trocou o domicílio eleitoral para São Paulo. Não deu certo. Ao voltar ao Paraná, sua terra, por decisão da Justiça Eleitoral, se elegeu senador com uma montanha de votos e descobriu que pode até pensar em ser um coronel da política da província. É o que tem demonstrado na campanha para as eleições municipais sob o manto do União Brasil. Se for eleito governador em 2026, vai demonstrar que chegou lá. Ele é novo – a presidência, quem sabe, pode esperar. Tudo isso se não for moído pela máquina dos opositores que têm planos idênticos e estão achando que seu caminhão não comporta tanta areia. A conferir.

7:12Festa de Paris será de todos

por Elio Gaspari, na FSP

Evento poderia ensinar ao mundo a gostar e cuidar de suas cidade

Na sexta-feira as delegações de 204 países desceram pelo rio Sena. Melhor que isso, só se em 1840 os restos mortais de Napoleão tivessem chegado de barco. Ele vinha da ilha de Santa Helena, onde havia morrido em 1821 como prisioneiro dos ingleses.

Coisas ruins acontecem em todos os países do mundo, mas os franceses dão a volta por cima como nenhum outro.

As Olimpíadas de Paris poderiam ensinar ao mundo a gostar (e cuidar) de suas cidades. Só os franceses são capazes de ter um Arco do Triunfo para um general corso derrotado.

As Olimpíadas de Paris têm tudo para ser um grande espetáculo. Graças a elas, revitaliza-se o bairro de Saint-Denis, assim como Londres ressuscitou uma parte degradada da cidade. Era como se fizessem parte das competições em São Gonçalo. (O Rio fez as Olimpíadas na Barra da Tijuca e deu no que deu.)

Os franceses amam Paris e desse amor resultou também a paixão do mundo pela cidade. Em 2024 todo mundo gosta da Torre Eiffel. Em 1887, quando seu projeto foi anunciado, os escritores Alexandre Dumas e Guy de Maupassant, mais o pintor Ernest Meissonier (autor da inspiração do “Grito do Ipiranga”, de Pedro Américo), assinaram uma petição condenando-o. Chamavam-na de “Torre de Babel”.

A bandeira da França foi hasteada na torre em março de 1889. Semanas depois nasceu Adolf Hitler, que teve a sua suástica hasteada em 1940 e em junho visitou-a.

Quatro anos depois, no dia 25 de agosto, as tropas aliadas retomaram a cidade. No dia seguinte, o general De Gaulle subiu heroicamente a avenida dos Campos Elíseos. (Nos escalões avançados não havia soldados negros.)

Londres saiu maior das Olimpíadas e tudo indica que com Paris acontecerá o mesmo. De Barcelona, nem se fale.

O Rio saiu igual, com um espeto de bilhões de reais. É melhor fazer de conta que aquelas Olimpíadas não aconteceram.

QUESTÃO DE ESTILO 1

A França usou as Olimpíadas para divulgar suas marcas, como a Louis Vuitton. O Comitê Olímpico Brasileiro contratou um uniforme para os atletas no escurinho da cartolagem.

Como bem definiu Joanna Moura, “formam um conjunto desatualizado, com um design não apenas conservador como preguiçoso.”

Algumas jaquetas parecem peças de Maria Bonita, a mulher do cangaceiro Lampião.

É uma questão de estilo. No século 19, Louis Vuitton fornecia as malas da imperatriz Eugênia, mulher de Napoleão 3º. Até aí, era mais um fornecedor.

Louis Vuitton ia além. Quando ela precisava, ele ia ao palácio e arrumava as malas da senhora.

19:14O velho índio

de Jamil Snege

O velho índio foi encontrado vagando pela floresta, aparentemente perdido. Perguntaram-lhe. Respondeu cheio de brios: “Perdi foi minha casa; não consigo encontrá-la”. Quanta lição, Senhor. O homem pode perder sua casa, sua rua, os rostos que ama – sem jamais se perder de si mesmo.

13:22No quarto de hotel

O governador Ratinho Junior postou no Instagram um vídeo do encontro dele, Eduardo  e Paulo Martins com o ex-presidente Jair Bolsonaro num hotel em Porto Alegre. Agradeceu a acolhida do líder do PL. Filipe Barros e o general Silva e Luna estavam presentes. Isso é campanha!

11:09JORNAL DO CÍNICO

Do Filósofo do Centro Cínico

Se depender da publicidade e do ufanismo da Globo, o Brasil vai trazer um container de medalhas de ouro de Paris. Hoje, na esgrima, quando a atleta brasileira quase teve um piripaque e perdia para a adversária, a narradora inventou um “colocou o coração na ponta do florete”.