por Vanderlei Rebelo, no Paraná Político*
A candidatura de Cristina Graeml (PMB), representante da direita mais conservadora de Curitiba, foi a grande surpresa do primeiro turno da eleição. Ela atropelou candidatos tradicionais (que tinham tempo no horário eleitoral e muito mais recursos financeiros para a campanha) e chegou ao segundo turno contra o candidato oficial, Eduardo Pimentel (PSD).
Mas agora, na reta final da eleição, ela perde força e, de acordo com todas as pesquisas eleitorais registradas no TSE, está atrás de Pimentel além da margem de erro estatística. Políticos, jornalistas e curiosos em geral ouvidos pelo blog apontam as razões do esmorecimento da candidatura da direita mais extrema no momento mais delicado da campanha.
Em primeiro lugar, Graeml não teve como responder às sistemáticas alegações feitas contra o seu vice, Jairo Ferreira Filho, acusado de participação em esquemas financeiros que prejudicaram ao menos três pessoas – incluindo uma senhora idosa – e de omitir bens de sua propriedade no registro da candidatura.
Isso enfraqueceu os argumentos de que sua candidatura lutava contra o “sistema político viciado” pelo jogo de partidos tradicionais, o que incluía a associação que ela buscou fazer entre o candidato do PSD e o ex-governador Beto Richa (PSDB), que foi quem indicou Pimentel para a vice de Rafael Greca (PSD) nas eleições municipais de 2016.
Sua ausência em várias entrevistas em emissoras de rádio e televisão e sites de notícias, sob alegações de perseguição pela “mídia tradicional”, se não a prejudicou, também não a ajudou a expor suas propostas e se defender dos ataques de Pimentel. Foi um espaço importante de inserção que Graeml simplesmente desdenhou, sem medir as consequências.
Outro favor relevante foi a autossabotagem que a candidata cometeu ao anunciar propostas polêmicas, como a revisão do atendimento de moradores de municípios da Região Metropolitana nos postos de saúde de Curitiba – uma iniciativa discriminadora que muitos qualificaram como odiosa.
Outra proposta polêmica – e a que mais prejudicou sua candidatura – foi a da cobrança da tarifa de ônibus por km rodado. Por mais que ela tentasse se explicar depois, alegando que não se tratava de elevar o preço da passagem, e sim de baixá-la, prevaleceu a impressão de que isso prejudicaria os moradores da periferia e dos bairros mais longínquos da cidade.
Isso foi exaustivamente explorado pela propaganda de Eduardo Pimentel, em prejuízo de sua oponente, pois os moradores das periferias são a grande maioria dos usuários do transporte público.
Também não a ajudou em nada o anúncio de que uma médica de Porto Seguro (BA), chamada pejorativamente de Dra. Cloroquina – por não priorizar as vacinas no combate à pandemia de covid –, seria a sua secretária de Saúde. Continue lendo