por Mário Montanha Teixeira Filho
Alguns dias atrás, fiz a leitura da denúncia da Procuradoria-Geral da República contra os articuladores do golpe de Estado do dia 8 de janeiro de 2023, que fracassou. A peça foi divulgada em 18 de fevereiro deste ano, e Jair Messias Bolsonaro está entre os acusados. O documento explica, com riqueza de detalhes, como se deu articulação do grupo de “patriotas” que pretendia “reeditar” o AI-5, impor a censura, cometer atentados, anular eleições e prender e assassinar adversários políticos. Digerir tanta informação medonha não seria tarefa simples, e isso eu confirmei à medida que meus olhos acompanhavam o desenrolar da novela.
Minha primeira ideia seria avaliar os aspectos jurídicos que envolvem a questão. Fiz vários destaques no texto, e eles permanecem lá, à espera de comentários que não farei agora. Motivos não faltam. Primeiro, porque minha opinião não mudará o curso da história, e não interessa ao mundo. Depois, porque os fatos são públicos, propagados escandalosamente pelo pequeno fascista e seus discípulos, orgulhosos dos crimes sistemáticos que cometeram. Finalmente, porque a discussão tende a se restringir a detalhes processuais e regras de competência, e eu me sinto desatualizado para emitir juízos a respeito – algo, afinal, que ninguém pediu.
Restrinjo-me, enfim, à condição de expectador. Um expectador cansado da miséria institucional em que o país se lançou há dez anos, pelo menos, na sequência devastadora de crises deflagrada pela cassação de Dilma Rousseff. O ódio venceu, e é planetário, entranhado em seres que perderam a capacidade de raciocínio e o senso de humanidade. Não sei o que vai acontecer, mas espero o óbvio: que os criminosos apontados na denúncia, fardados ou não, sejam banidos da vida pública. Sobram provas para condená-los, para que retornem ao esgoto de onde nunca deveriam ter saído.
Estamos juntos, meu prezado Da Montanha.
Vão ser condenados, vão ficar presos por menos de dois anos, aí o STF anula tudo e voltam, como sempre acontece.