por Aldair Rizzi*
Exercer atividade política, na acepção abrangente e universal que a ela se denomina, seja na representação eletiva ou não, na ocupação de cargos públicos ou fora deles, se reveste, nestes tempos, em um maior desafio e preocupação para se evitar que distorções prevaleçam como regras.
Desafio maior nesta quadra, junto com a determinação inarredável e inegociável na defesa de princípios éticos, morais e de entendimento da atividade política que a determina, é impedir que a intolerância seja institucionalizada no País, com todas suas danosas e deploráveis consequências e pelas quais viceja o ódio, onde o exercício da liberdade de pensamento e de defesa de valores e de conceitos sociais são desprezados e considerados crimes de consciência.
Sabemos todos em que desaguadouro se deposita a intolerância institucionalizada, dela se servem os regimes de governos totalitários, os únicos que se beneficiam, não importam seus matizes, são por princípios já condenáveis pela representação da supressão da liberdade, da eliminação dos direitos e do desprezo pela condição humana de uma vida com dignidade e respeito aos valores e direitos individuais.
Esse é um desafio que permeia a condição humana não é de hoje, mas que se faz agora de forma mais pungente e inadiável, ainda mais inusitado diante da intensidade voraz, criminosa, inconcebível e inaceitável do retrocesso civilizatório. Como já aconteceu em tragédias humanitárias do passado, às quais temos obrigação e responsabilidades de impedir que se repetiam, cada um com sua contribuição, por maior ou menor que sejam.
A História já é repleta de exemplos no que resultou o totalitarismo de Estado. Exercício plítico se faz com a necessidade de interlocução entre partes desiguais, não apenas pelo estabelecimento de um credo incontestável ou imutável, ela se nutre também de divergências nas quais muitas vezes se fundamentam como gêneses de novos conceitos e de práticas em benefício do bem comum, o derradeiro fim a que se destina.
Natural e necessário o exercício do contraditório, estabelecido ele no esteio da tolerância, da disposição ao convívio diverso e no respeito mútuo, porque não há outro amparo aos princípios da evolução, da formação e da apropriação do conhecimento.
Formar e se apropriar do conhecimento requer a disposição e a busca incansável e abnegada do senso de justiça e do bem comum em sua forma mais orgânica, pela expressão que se constitui também em conceitos filosóficos e em diretrizes de pensamento ideológico, na disposição de se fazer deles objetos de um pragmatismo em defesa da cidadania e da dignidade humana. Se não em plenitude no modo de pensar individual, ao menos repartido e compartilhado na forma do desprendimento pela busca do que represente a união e composição do que é possível pela construção contínua da dignidade humana. O que também demanda a construção e fortalecimento de partidos políticos que recuperem a essência precípua de sua natureza, com o pragmatismo pelo bem universal e coletivo, sem o exercício distorcido e condenável do benefício pecuniário ou de outras práticas condenáveis. Este se torna outro grande desafio, a impedir que pela omissão e vulgaridade, também seja ou continue sendo prática institucionalizada no país. O Brasil espera por isso!
*Aldair Rizzi é Presidente do Diretório Estadual do Partido Rede de Sustentabilidade, Doutor em Economia e ex-Secretário de Ciência e Tecnologia do Paraná.