de Carlos Castelo
§ Eu tenho medo da Melania. Não um medo racional, desses que fazem alguém correr de uma onça ou fugir de fiscais da Receita Federal. Não, é um medo diferente. Talvez porque Melania tenha essa habilidade de conjugar elementos que, juntos, formam uma sinfonia de horror.
Comecemos pelo chapéu do Zorro. Ele é grande, ele é preto, ele lança uma sombra ameaçadora, como se a própria morte estivesse fazendo cosplay de cavaleiro de capa e espada. Quando Melania entra em um ambiente, aquele chapelão não apenas chega primeiro, ele reivindica território, estabelece um campo gravitacional próprio, puxando para dentro de si todas as esperanças de casualidade. Tudo se torna teatral, pesado, gélido.
E então há o olhar. Não há nada de humano naquele vislumbre de personagem de “O Conto da Aia.” Sim, Melania não olha; ela escaneia.
Há quem diga que a primeira-dama é uma máquina de estilo, uma musa enigmática que transcende a moda. Eu diria que ela é a personificação de um presságio. E ele não é nada bom.
Por isso, morro de medo da Melania. Medo de que um dia acorde, olhe no espelho, e perceba que fui sugado para aquele universo sem cor e sem alma, onde cada expressão deve ser medida e cada opinião destilada. Deus nos livre de Melania, amém!