por Sergio Brandão
Como todas as manhãs, entre 8 e meia e 9 horas, saí para o meu passeio com Helena, minha filha de 2 anos e 2 meses. Caminhamos dois quarteirões. De casa até a Igreja do Rosário – para ver as pombas, gente dormindo pelas calçadas e o “cavalo babão”, que distraem ela.
Na sexta-feira, saindo da Trajano Reis, chegando na esquina da Igreja, um carro da polícia estaciona em cima da calçada. Descem do carro dois. Penso em voz alta: estes caras podiam parar como todo mundo, no meio fio. Tem lugar, não há nenhum fato que justifique o carro em cima da calçada. Isso é abuso, completei meu raciocínio, resmungando. A Helena repete exatamente o mesmo texto quando passamos em frente aos dois policiais. Fiquei sem graça, claro. Embora fosse engraçado uma baixinha daquelas que nem fala direito dando esporro em dois galalaus, não pegou bem. Não esboçaram nenhum sorriso. Ainda me olharam com cara de quem repreende o adulto que carrega a criança. Como se eu tivesse mandado ela dizer aquilo.
Segui meu passeio com Helena até finalmente chegar ao “cavalo babão”. Ali ela desfila pela beirada do chafariz. Sabe que a água é suja e que cair não seria um bom negócio. Por isso, me dá a mãozinha para ser conduzida até completar a volta toda. Um dos policiais, o maior deles, vem atrás e se aproxima de nós. Helena, no reflexo diz: “Aiaiai, moço… vai caí(r)! Não podiii. Tem que da(r) a mão pro papai”. Fiquei imaginando aquele parrudo de mãozinha dada comigo, passeando pelo chafariz. Acho que ele também pensou o mesmo. Finalmente Helena arranca um sorriso do policial, mas ele não me deu a mão. Saiu dali direto para dentro do carro. Era mais seguro. Em menos de 3 minutos já tinha tomado duas broncas.