A menina com lágrimas nos olhos, no meio da chuva, sem saber para onde ir, investiga as possibilidades de sair de suas próprias tempestades. A água que cai do céu a encharca de esperança e ela se sente novamente no útero de sua mãe natureza. Pede aos mistérios que apresentem um novo caminho para a busca de sua alma abandonada e rejeitada. Há tempos lembra que um dia a guardou em uma pequena caixa de presente e a deixou dentro daquela escrivaninha onde nunca mais sentou para escrever. Sabia que na hora em que estivesse pronta, abriria a gaveta e a caixa para nunca mais esquecer quem ela era. Porém, por um descuido, ela se desfez da mesa. E sua alma foi embora. Não soube mais de seu destino, mas sabe que ela ainda existe. Hoje, o coração a recordou novamente deste dia. Por isso, chorou. E, por isso, partiu. Baterá em todas as portas com cuidado e investigará o paradeiro de sua alma. Quando a reencontrar, haverá a simbiose de duas partes que se buscam eternamente. E então a chuva cairá novamente, as lágrimas secarão e a vida celebrará o reencontro da alma e do ser que por ela chama.
Essa é a história daqueles que ouviram o chamado. E retornaram ao seio materno de sua ancestralidade. E, assim, se tornaram livres. Para sempre.