20:07Botafogo ilumina o futebol brasileiro ao conquistar a Taça Libertadores

Quem não torceu para que o Botafogo ganhasse hoje, no Monumental de Nuñes, seu primeiro título da Libertadores da América? Quem não vai torcer para que leve para General Severiano a taça do Campeonato Brasileiro? Sim, os adversários diretos, como os do Atlético Mineiro de hoje e o Palmeiras de terça-feira passada, mas não é de se duvidar que até o mais fanático torcedor destes times, lá no fundo da alma machucada, não concorde que, sem dúvida, o Botafogo merece tudo. O motivo é simples: é um time que, na pasmaceira geral onde se arrasta o futebol brasileiro, acendeu a chama que é só nossa e iluminou as seleções brasileiras campeãs e uma não campeã, mas mágica (1982), e times como o Santos da era Pelé, o Palmeiras de Ademir Ghia, o Internacional de Falcão, o Flamengo de Zico. O Botafogo carregou por anos o peso do sofrimento irreversível – e isso aconteceu depois de ter encantado qualquer ser humano que ame o futebol ao ter como estrelas Nilton Santos, Didi e Garrincha, estes mesmos que ainda estão aplaudindo lá de onde estão seus herdeiros Almada e Luiz Henrique. Os monstros sagrados do passado não sabiam que a decisão de hoje seria épica, mas depois do 3 a 1, concordariam com o gênio Nelson Rodrigues, torcedor do Fluminense, que um dia registrou para sempre uma definição perfeita para a conquista de hoje: “Toda grande vitória é anterior a si mesma. Começa quarenta anos antes do Nada, e vem desabrochar em nossos dias”. Com um jogador expulso aos 40 segundos do jogo, começava ali para o Glorioso o ato que dignifica esse apelido, berrado abusivamente pelo narrador da Globo. Com dez em campo, o balé apresentado em toda temporada teve de dar lugar à determinação, ao equilíbrio emocional e, porque não ?, à comunhão com os deuses do futebol que abençoaram o time nos momentos de perigo, principalmente no fim do jogo. Os dois gols marcados no primeiro foram a prova do poder. O gol tomado no início do segundo complementou o ato da expulsão, e este time que encanta um país desencantado, se defendeu como se soubesse que haveria, sim, o ato final, o gol da vitória na prorrogação, para emocionar botafoguenses e amantes deste esporte que é arte, alegria, tristeza, encantamento, desespero – e onde ela, a soberana bola, é protagonista principal. Nilton Santos, bicampeão mundial, a enciclopédia da bola, uma vez disse que a tratava com amor, carinho, respeito e, às vezes, dormia com ela. Perguntaram o motivo. Ele: “Para nunca ser traído”. Foi o que aconteceu hoje com os jogadores do Botafogo, na sequência de um ano em que a Estrela Solitária brilhou para a torcida brasileira. Merece aplauso e agradecimento.

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