8:09Quem iria se dar bem com o golpe?

por Cláudio Henrique de Castro

Na malta que articulou o golpe estavam: um padre, um argentino, o neto de um ditador e até agora, na conta, 19 militares ao lado do Messias.

Num futuro próximo a trama merece um filme documental. Quem seriam os atores globais a interpretar esses papéis? Difícil adivinhar.

Os então ministros e seus assessores estavam a redigir e revisar a minuta do golpe, um padre fez parte do núcleo jurídico, embora o papelucho não tinha sequer uma linha de direito canônico. Ele apenas serviria para abençoar os novos heróis nacionais.

Com o discurso de conter a crise, iriam suspender o estado constitucional.

Seria preciso construir uma nova ordem legal, com força ao ditador e seus cúmplices, – a mesma história da carochinha que, tristemente, o país vivenciou por diversas vezes.

A quem interessaria o golpe?

Certamente às economias concorrentes do Brasil no comércio internacional, aos acólitos dos partidos da base política do ditador; aos antivacinas; à terra plana; à vendinha de joias da Arábia Saudita; aos futuros compradores da Petrobras, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, e de tantas outras estatais que ainda sobraram.

Mais vinte cinco anos de escuridão, torturas, exceções processuais penais e toda sorte de transgressões à Constituição, que seria rasgada no mesmo dia.

Novas leis, emendas constitucionais, o bacharelismo de sempre sustentando a legalidade do ilegal, a resistência possível, o exílio de alguns, e tudo que as elites do atraso adoram: o poder sem limites para a extração as riquezas do país, a seu bel prazer.

O retorno do beija-mão aos políticos biônicos, os que não passam pelas urnas. Com uma vantagem: o ditador teria sucessores diretos, seus filhos e toda aquela parentela que já está acostumada com os corredores do poder.

Voltariam à cena os mesmos setores que engordaram com a ditadura de 1964, os filhotes da ditadura, os empresários, financistas, classe média conservadora e o principal, os que defendem a pena de morte como solução para tudo e todos.

Campos de concentração seriam construídos novamente, como aqueles do Dops e tantos outros aparelhos repressivos que foram elogiados pelo então candidato.

O destaque vai para o argentino marqueteiro do presidente vizinho, que gosta de ouvir tangos enquanto fabrica notícias falsas para disseminá-las para população portenha, isso segundo a resistência democrática argentina.

No momento, reina o silêncio dos apoiadores do golpe, sempre com a velha frase da política: passarinho na muda não pia.

O pulso do golpe, ainda pulsa. É necessário agir com a celeridade processual que as leis permitem e a sociedade exige. 

E o principal: fazer uma profunda reforma nas forças armadas, a começar pela inelegibilidade.

Por pouco, a catástrofe não ocorreu. Por una cabeza, cantaria Gardel.

2 ideias sobre “Quem iria se dar bem com o golpe?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.