por Cláudio Henrique de Castro
O 13 de maio deveria ser o grande feriado nacional, mas foi superado por outros muito menos importantes, escolhidos para moldar a imaginação coletiva brasileira.
Quem determina o que se deve pensar, na agenda das comemorações?
As instituições atuam para moldar a sociedade e, mais recentemente, a tecnologia aliada da informática.
Essas escolhas são feitas por poucos, e as que as obedecem, são milhões.
Pensar numa sociedade sem preconceitos religiosos, étnicos e de classes sociais é uma utopia no Brasil, tão marcado por abismos econômicos e históricos.
Alguém disse que a normalização da barbárie começou com a escravidão: pelos castigos, pela submissão, por tudo que os livros de história não contam ou narram de forma açucarada.
O imaginário popular tem um tanto de escolha literárias de um povo. Vejam a grande influência da obra Os Miseráveis, de Vitor Hugo, em França.
As obras que podem mudar nossa realidade ainda não foram escritas e as que foram editadas, caíram no esquecimento. Quem lê Machado de Assis na atualidade brasileira, inundada pelas redes comerciais sociais e aparelhos celulares ?
As redes deixaram a ciência, a história e a consciência coletiva, nas cordas.
O império da mentira prevalece; é da versão construída nas redes e não da realidade científica ou histórica.
A negação do racismo brasileiro, que é uma realidade, esconde tantas outras, mas a principal é a negação dos direitos.
Dependendo da classe social, da cor da pele e da posição econômica, uns tem muito mais direitos que outros.
Embora a Constituição e as leis prevejam igualdade, ela não existe, é um projeto em eterna e inacabada construção.
Algo como: vamos deixar para o futuro; ainda não foi possível; depende de outros fatores; sempre foi assim, e todas aquelas frases que a adiam indefinidamente os direitos e as garantias constitucionais.
Como uma cebola, os preconceitos têm várias camadas, que são construídas com o vagar das gerações. Só uma sólida educação, feita de forma horizontal e igualitária, pode reconstruir uma nação.
Os países que reverteram seus atrasos sociais e econômicos apostaram nisso e tiveram como resultado o domínio sobre aqueles que continuam na ignorância coletiva e pelo desprezo à ciência.
Descobrir as razões do quarto de empregada; do elevador de serviço; dos espaços de poder reservados para a nossa elite do atraso, marcados pela completa ausência da pluralidade racial – é a reflexão do dia.