10:33Dia da Consciência Negra

por Cláudio Henrique de Castro

O 13 de maio deveria ser o grande feriado nacional, mas foi superado por outros muito menos importantes, escolhidos para moldar a imaginação coletiva brasileira.

Quem determina o que se deve pensar, na agenda das comemorações?

As instituições atuam para moldar a sociedade e, mais recentemente, a tecnologia aliada da informática.

Essas escolhas são feitas por poucos, e as que as obedecem, são milhões.

Pensar numa sociedade sem preconceitos religiosos, étnicos e de classes sociais é uma utopia no Brasil, tão marcado por abismos econômicos e históricos.

Alguém disse que a normalização da barbárie começou com a escravidão: pelos castigos, pela submissão, por tudo que os livros de história não contam ou narram de forma açucarada.

O imaginário popular tem um tanto de escolha literárias de um povo. Vejam a grande influência da obra Os Miseráveis, de Vitor Hugo, em França.

As obras que podem mudar nossa realidade ainda não foram escritas e as que foram editadas, caíram no esquecimento. Quem lê Machado de Assis na atualidade brasileira, inundada pelas redes comerciais sociais e aparelhos celulares ?

As redes deixaram a ciência, a história e a consciência coletiva, nas cordas. 

O império da mentira prevalece; é da versão construída nas redes e não da realidade científica ou histórica.

A negação do racismo brasileiro, que é uma realidade, esconde tantas outras, mas a principal é a negação dos direitos.

Dependendo da classe social, da cor da pele e da posição econômica, uns tem muito mais direitos que outros.

Embora a Constituição e as leis prevejam igualdade, ela não existe, é um projeto em eterna e inacabada construção.

Algo como: vamos deixar para o futuro; ainda não foi possível; depende de outros fatores; sempre foi assim, e todas aquelas frases que a adiam indefinidamente os direitos e as garantias constitucionais.

Como uma cebola, os preconceitos têm várias camadas, que são construídas com o vagar das gerações. Só uma sólida educação, feita de forma horizontal e igualitária, pode reconstruir uma nação.

Os países que reverteram seus atrasos sociais e econômicos apostaram nisso e tiveram como resultado o domínio sobre aqueles que continuam na ignorância coletiva e pelo desprezo à ciência.

Descobrir as razões do quarto de empregada; do elevador de serviço; dos espaços de poder reservados para a nossa elite do atraso, marcados pela completa ausência da pluralidade racial – é a reflexão do dia.

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