Só a atuação de Fernanda Montenegro, sem dizer uma única palavra em poucos minutos no final “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, já valeria a pena para assistir ao filme. O que ele retrata, de forma pesada, real, é um retrato triste de que pouca gente tinha conhecimento durante o período da ditadura militar no Brasil. É cinema puro que o cacarejar dos que tentam empanar o brilho da arte de contar uma história humana se resume apenas nisso – um cacarejar ideológico. Fernanda Torres, como Eunice Paiva, dignifica a personagem na busca do marido, Rubens Paiva, cujo corpo nunca foi encontrado depois de torturado e morto nas masmorras do poder – e também a mãe, de quem herdou o talento de representar.