por Renato de Faria, na coluna Filosofia Explicadinha do jornal O Estado de Minas
O capitalismo encontrou sua mercadoria mais barata: o ser humano, formatado, pronto para usar – e agora, plenamente convencido de que tudo isso foi escolha sua
Estamos diante do maior experimento de comportamento humano da história. Chamamos isso de “behaviorismo”, a mesma técnica utilizada para condicionar ratos a darem respostas planejadas e satisfatórias – lógico, nunca para eles mesmos, sempre para os donos do experimento.
Essa experiência se chama Redes Sociais. Aliada aos algoritmos e, agora, à Inteligência artificial, essa teia nos prende e condiciona comportamentos planejados que interferem em nossas decisões pessoais, sociais, pedagógicas e políticas. Engana-se quem se preocupa com o conteúdo veiculado nas redes. Para os “anjos tronchos do vale do silício, desses que vivem no escuro em plena luz”, como cantou Caetano, o meio é mais importante do que a mensagem.
Eles sacaram, de imediato, a fórmula teórica de Marshall McLuhan, intelectual canadense esquecido em nossas academias. Ele propõe que a forma como a informação é transmitida (o meio) tem mais impacto em nós do que o próprio conteúdo da mensagem. Em outras palavras, ele sugere que cada meio de comunicação — seja a televisão, o rádio, a internet ou até uma pintura — altera a nossa percepção e molda a sociedade, independente do que está sendo comunicado.