por Zeca Corrêa Leite
Eu era um sobrevivente. Explico porque.
Trabalhava no Correio de Notícias. Pois foi numa noite, depois do expediente, nas laudas do jornal, que escrevi uma longuíssima carta ao Agnaldo contando que era fã dele desde criança. Contei tudo, em detalhes. O Bittencourt (amado Bitenca) me deu um endereço dele, que mais tarde vim a saber que era da Rádio Mulher, na Granja Julieta, e o Ag tinha programa lá. Bem, o Agnaldo ficou tão emocionado que leu as seis laudas (seis ou oito…) na íntegra para as ouvintes. Recebeu tantos telefonemas que nos dias subsequentes voltou a ler mais duas vezes, pelo que me consta. E assim ele me ligou um dia, uma tarde, e eu não sabia quem era que estava do outro lado da linha. Quando ele falou que era ele foi um choque, quase desmaiei; era de tarde e eu ali no jornal conversando com meu ídolo! Ninguém percebeu, discrição total. Foi então que me tornei um sobrevivente. O coração quase parou. Bem, meses depois fui até a emissora onde ele tinha seu programa, de lá para a chácara onde morava, em Itapecerica da Serra, e tal. Cachoeiras da vida.